๑ ⋆˚₊⋆────ʚ Thalia ɞ────⋆˚₊⋆ ๑
As ambições de um demônio.
Se passaram 3 dias após o dramático evento de Annaelise, depois daquilo foi só água a baixo. O palácio inteiro me tem em sua boca, o assunto principal tem sido o escândalo que a santa fez por ciúmes do imperador.
E é claro que Zeus não gostou nada disso, por isso fui chamada para uma reunião particular com ele. Sinto que essa conversa só irá me levar mais ao fundo do poço.
Me sinto nervosa pois não sei como ele pode reagir a mim, a sua adorável amante deve ser tão importante a ponto de ele querer me dar um sermão.
- Vossa Santidade. - Um guarda me chama. - A sua majestade está pronto para recebê-la.
- Agradeço. - Respondo calmamente.
Entro com o meu coração aflito por não saber o quê o futuro poderia aguardar, mas lá estava ele. Zeus estava de costas para mim enquanto estava atento a janela que parecia ter algo o atraído.
- Vossa majestade. - Dou uma simples saudação.
- Santa! Até que enfim você chegou. - Ele se vira rapidamente ao escutar a minha voz.
- Como tem passado? - Pergunta ligeiramente.
Você sabe exatamente como eu tenho passado, sei perfeitamente que o imperador sabe sobre tudo que acontece no palácio.
- Tenho tido muita saúde, desejo o mesmo para Vossa majestade. - Respondo de forma modesta.
- Se aproxime e se sente. - Ele se senta em sua cadeira.
Me aproximo calmamente e me sento diante dele, seu olhar parece querer algo de mim. O que ele deseja? Que eu implore por misericórdia?
- Bem santa, recentemente tivemos um pequeno problema. - Ele dá início a conversa.
- Foi me relatado que você agrediu verbalmente uma dama nobre, isso procede, certo? - Essa pergunta é direcionada a mim com o seu par de olhos fixos em mim.
- Eu, eu não nego, Vossa majestade.
- Não nega? - Ele pergunta confuso.
- Sim, eu agredi verbalmente a dama Rosalinde pelo desacato que ela cometeu em relação a mim. - O olho tentando não transbordar a minha mentira.
- Confesso que estou surpreso. - Ele abre um sorriso maléfico.
- Então a santa estava brigando com a minha amante, será que está começando a sentir ciúmes? - Seus olhos azuis cruéis me penetram novamente.
- Sim, não me arrependo do que fiz anteriormente. - Digo de maneira fria.
Após as minhas palavras um silêncio se instaura na sala, ele apenas fica me encarando com aqueles olhos cruéis que parecem me comer viva.
- Entendo. - Ele finalmente fala algo.
- Porém. - Ele faz uma pausa. - Se a santa implorar eu posso considerar deixar isso de lado.
Não quero que deixe isso de lado, me puna e me faça ser expulsa para a igreja católica novamente.
- Não tenho intenção de implorar por perdão, já comentei que não me arrependo.
- Santa, tenho certeza que sabe o quão desonrosa é uma noiva sair de perto de seu noivo, se você sair do palácio agora irá ser mal falada.
Eu tenho coisas mais importantes para lidar agora, preciso saber qual a sua relação com a última santa do Império. Preciso de respostas e elas são mais importantes.
- Entenda, você precisa manter a sua dignidade para não envergonhar a família imperial, só me peça para não te expulsar. - Ele diz de uma forma despreocupada.
- Eu já falei que não me arrependo nenhum pouco. - Digo decidida enquanto me levanto.
- Isso não é uma questão de sua vontade. - Ele altera um pouco o seu tom de voz.
- Eu não irei implorar por um perdão que não desejo. - Minha voz soa mais decidida.
Zeus se recosta na cadeira, observando-me com um sorriso astuto, como se meu desafio apenas o divertisse. Ele cruza os braços, seus olhos faiscando com uma mistura de provocação e algo que eu não consigo decifrar.
- Você realmente não sabe quando ceder, não é, Santa? - Sua voz é baixa, mas carrega uma ameaça velada. - Está determinada a testar minha paciência.
- Testar sua paciência não é meu objetivo, Vossa Majestade - respondo, mantendo minha postura firme. - Mas não irei comprometer meus princípios para agradá-lo.
- Princípios? - Ele ri, um som que ecoa pela sala. - Diga-me, Santa, o que você realmente busca? Justiça? Respeito? Ou está apenas jogando seu próprio jogo?
Eu hesito por um instante, mas me recomponho rapidamente. Não posso permitir que ele veja qualquer fraqueza.
- O que busco é algo que vai além das intrigas deste palácio. Não estou aqui para satisfazer egos ou participar de disputas mesquinhas. - Minha voz é firme, mas meu coração bate acelerado.
Zeus se inclina para frente, apoiando os cotovelos na mesa entre nós. O sorriso desaparece, dando lugar a um olhar sério e inquisitivo.
- E o que exatamente você busca, Santa? - Sua voz é quase um sussurro, mas há um peso nela que faz minha respiração falhar por um momento.
Seus olhos me prendem, e por um instante, sinto que ele vê mais do que eu gostaria.
- Isso não lhe diz respeito à sua majestade.
O silêncio que se segue é ensurdecedor. Zeus me observa por longos segundos, seu rosto inexpressivo, mas seus olhos... Seus olhos brilham com algo perigoso.
- Ah... Então é isso. - Ele murmura, recostando-se novamente. - Você quer brincar com fogo.
- O que eu faço ou não faço não é de sua conta, você não tem porque se meter em meus assuntos e intrigas. - Digo firmemente enquanto apoio minhas mãos em sua mesa.
Zeus fica em silêncio por mais alguns instantes, e então, para minha surpresa, ele sorri. Não um sorriso cruel ou zombeteiro, mas algo mais sombrio, mais profundo.
- Muito bem, Santa. - Ele finalmente diz, levantando-se de sua cadeira e caminhando até a janela. - Então isso significa que não precisa de mim, cesto?
Meu coração acelera com suas palavras. Ele agarra um dos meus pulsos com força enquanto aproxima do meu rosto a ponto de estarmos muito perto.
- Está disposta a pagar pelo preço das suas escolhas? - Ele pergunta, sua voz carregada de intenções que eu não consigo decifrar.
- Eu não sou mais uma criança, Vossa majestade. - Engulo em seco, mas não desvio o olhar.
Ele sorri de forma maliciosa, até que ele se aproxima mais do meu rosto a ponto de nossos olhos e bocas estarem perto demais. Quando dou por mim, ele joga todas as coisas de sua mesa no chão e me faz deitar em cima da mesa de uma forma involuntária.
- O que você está fazendo?! - Grito.
- Você disse que está disposta a pagar o preço, Vossa Santidade. - Ele sussurra em meu ouvido. - O preço desse nosso acordo é o seu corpo.
- Você não pode ditar um preço tão alto, o meu corpo só é de posse do meu pai. - Tento não transparecer o meu medo.
- Hoje eu irei fazer com que ele seja totalmente meu. - Ele responde enquanto os seus lábios estão próximos dos meus.
- Você também deseja isso desde aquele dia quando nos encontramos no seu aniversário de 15 anos.
Em uma tentativa de mostrar o meu descontentamento e fúria, cuspo em seu rosto.
- Acha que só isso é o suficiente? - Ele murmura enquanto lambe a bochecha que estava suja com a minha saliva.
- Por sua culpa, eu não consigo me deitar com outras mulheres por causa do desejo que sinto por você.
- Recebi informações contrárias sobre isso, me falaram que você não tem dificuldade alguma em se deitar com prostitutas. - Digo de forma sarcástica.
- Bem, pra manter a minha reputação dentro desses muros imorais é necessário criar tais rumores. O quê você acha que as pessoas pensariam de um imperador que não se deita com nenhuma mulher?
O quê? Então o fato de ele dormir com várias mulheres é apenas um rumor inventado, não consigo acreditar nisso.
- Naquele dia em que você me encontrou com aquela prostituta, foi uma tentativa falha de tentar ter os meus desejos de volta. Mas quanto mais eu tento correr atrás dos meus desejos mas longes eles estão de mim.
- Não consegui deitar com nenhuma mulher durante anos, mas quando te vi em seu auge de mocidade... algo em mim despertou, algo quente que me consome todos os dias.
- Eu sinto vontade de te ter constantemente na minha cama, quero que você faça amor comigo pois é a única que consegue me satisfazer e aguentar o meu corpo.
- Você está completamente louco. - Começo a rir. - Eu não vou me deitar com um ser asqueroso como você.
- Não irei te obrigar a fazer isso, mas farei você mesma se entregar a isso. - Ele sorri de uma forma maléfica. - Antes eu me sentia angustiado com a espera, mas agora que você está na palma da minha mão posso esperar quanto tempo for.
- Vai ser minha de uma forma ou de outra, pois você foi feita para ser totalmente minha. Sua alma e o seu corpo, são meus. - Ele fala tamanhas barbaridades enquanto lambe o meu pulso de um jeito erótico.
Os seus olhos são amedrontadores agora, é como se ele fosse um predador perigoso enquanto eu sou apenas uma presa fácil. O quão louco esse homem pode ser?
Ele esboça um sorriso de satisfação após ver a minha insatisfação, parece que quanto mais o rejeito mas ele sente vontade de me confrontar.
- Porém Será que... - Ele faz uma pausa em sua fala. - Será que você poderia tirar a mão?
- Tirar a mão? - Pergunto confusa.
- É que você está deixando as coisas um pouco difíceis tocando dessa forma. - Ele murmura de forma baixa.
- Difíceis?
Quando paro para analisar a fala dele, percebo que sem querer toquei em algo que não deveria, de repente o desespero me toma. Se as pessoas descobrirem que toquei nisso antes do casamento eu poderia ser considerada impura.
- Me solte seu idiota! - Grito desesperada.
Finalmente me solto daquele predador feroz mas não consigo esconder a minha vergonha diante disso, aquela coisa não parecia nenhum pouco pequena e por algum motivo estava sólido. As irmãs da igreja já tinham me dado aulas secretas sobre isso, mas eu era totalmente desinteressada em relação a isso.
- E-eu peço desculpas. - Ele parece envergonhado por isso.
Mas é só disso que você está envergonhado?! Agora a pouco você estava dizendo que queria o meu corpo, seu humano indecente!
- Isso não é nada - Antes que ele possa falar algo eu o interrompo.
- Não faço ideia do que você está falando! - Tento achar uma desculpa para essa situação constrangedora.
- Não faz ideia? - Ele arqueia uma sobrancelha, um sorriso malicioso surgindo no canto dos lábios. - Então quer dizer que foi tudo... acidental?
Sinto o calor subir pelo meu rosto enquanto desvio o olhar. Não tive culpa, nem ao menos tinha ideia de onde as minhas mãos estavam! Preciso sair dessa situação o mais rápido possível.
- Exatamente! Foi um acidente! - Respondo com a voz alta demais, tentando parecer firme, mas minha voz sai tremida, denunciando meu nervosismo.
Ele dá um passo à frente, e instintivamente dou um para trás.
- Interessante como você sempre "acidentalmente" me deixa assim... - Ele abaixa o tom de voz, e sua provocação é evidente, mas também um toque de algo mais profundo, mais perigoso.
- Eu não faço isso! E-eu jamais faria isso de propósito! - Balbucio, sentindo minha dignidade escapar entre os dedos.
- Calma, Santa... - Ele sorri de novo, dessa vez com uma suavidade inesperada, o que me faz congelar. - Não estou te acusando de nada. Só acho curioso... como você me afeta.
Aquilo foi como um soco no estômago. Ele me afeta? Eu respiro fundo, tentando ignorar a sensação confusa que surge em meu peito.
- Eu não quero te afetar de forma alguma, Vossa majestade. - Digo finalmente, tentando soar resoluta.
Ele ri baixo, um som grave que faz meu coração pular.
- Talvez seja isso que te torna tão interessante. - Ele diz, os olhos fixos nos meus.
O silêncio que se segue é insuportável, pesado demais. Preciso sair dali.
- Eu tenho que ir! - Digo apressada, virando-me para sair, mas sinto sua mão segurar meu pulso, firme, mas não agressiva.
- Não fuja de mim, Santa. - Sua voz é baixa, mas cheia de intensidade.
Paro no mesmo instante, meu corpo paralisado. Não sei se é pelo medo, pela raiva ou por outra coisa que prefiro não nomear.
- Eu não estou fugindo. - Minto, sem olhar para trás.
- Claro que não. - Ele diz, e consigo sentir o sorriso em sua voz. - Mas está fingindo ignorância.
- Bem, eu não sei ao certo o que era, só sei que era algo bem pequeno, então isso torna difícil a identificação. - Por que falei isso?!
- O quê? - Ele não parece estar com um semblante nada contente.
- Isso mesmo que eu falei. - Firmo a minha voz. - Agora se me der licença.
Ele de repente aparece atrás de mim enquanto estou na frente da porta destinada a sair. Ele me prende contra a porta com o seu copo e novamente eu sinto aquele negócio estranho que prefiro fingir ignorância sobre.
- Será que, você que comprovar por si mesma se esse "Objeto" é realmente pequeno? - Ele sussurra no meu ouvido.
Minha mente se embaralha diante do sussurro dele. Sinto minha pele arrepiar como se a tensão no ar tivesse vida própria, me envolvendo em um redemoinho do qual não consigo escapar.
Respiro fundo, tentando recuperar o controle da situação. Ele pode ser o imperador, mas não deixarei que brinque comigo como um brinquedo descartável.
- Chega de jogos, Vossa Majestade. - Minha voz soa firme, mas sinto a luta dentro de mim para mantê-la assim. - Eu não estou aqui para suas provocações.
Zeus ri baixo com seu hálito quente roçando em minha nuca. Ele continua cada vez mais perto de mim a ponto de não ter espaço para que eu possa respirar.
- Você acha que isso é um jogo? - Ele pergunta, com um tom mais grave e sombrio. - Isso está muito além de um jogo, Santa. É sobre o que você realmente significa.
- E o que exatamente eu significo? - Pergunto, virando-me para encará-lo. Meu olhar busca respostas em seus olhos azuis, mas tudo o que encontro é um mar de intenções que não consigo decifrar.
Por um momento, ele hesita. Sua expressão muda, quase como se a máscara de poder que sempre usa tivesse rachado por um breve instante.
- Você é a única coisa que não posso controlar totalmente. - ele diz, com sinceridade em sua voz me pegando de surpresa. - E isso... me consome.
Sinto o peso de suas palavras e o ar ao nosso redor parece se comprimir. Não sei se é um truque ou se ele realmente está me mostrando uma parte de si que ninguém mais conhece.
- Controle? - Reprimi uma risada amarga. - Tudo o que você sabe fazer é controlar as pessoas ao seu redor. E quando não consegue, as destrói.
Zeus dá um passo para trás, como se minhas palavras o tivessem atingido. Mas, em vez de se irritar, ele sorri. Não é o sorriso malicioso de antes, mas algo diferente, quase melancólico.
- Talvez você esteja certa. - Ele suspirou, desviando o olhar para a janela. - Talvez eu seja mesmo um tirano. Mas com você, Santa, eu não sei o que fazer. Você me tira do eixo, me desafia... e isso me fascina tanto quanto me enfurece.
Fico em silêncio, incapaz de processar o que estou ouvindo. Esse é o mesmo homem que há instantes parecia determinado a me esmagar sob seu poder?
- Então, o que você vai fazer agora, Vossa Majestade? - Minha pergunta soa como um desafio.
Ele se vira para mim, sua expressão séria novamente.
- Vou esperar. - Sua resposta é simples, mas carrega um peso que me faz estremecer. - Porque no final, Santa, você virá até mim por sua própria vontade.
Antes que eu possa responder, ele dá um passo para frente, abrindo a porta para que eu possa sair.
- Está dispensada, por hoje. - Sua voz soa fria agora, mas seus olhos ainda estão cravados em mim, como se quisesse memorizar cada detalhe.
Sem dizer mais nada, saio da sala, meu coração está batendo descontrolado. As palavras dele ecoavam na minha mente, misturando-se aos meus próprios pensamentos caóticos. O que Zeus realmente quer de mim?
๑ ⋆˚₊⋆────ʚ Continua ɞ────⋆˚₊⋆ ๑