A aliança temporária.

Após perderem o ladrão de vista, o grupo parou para descansar à beira do rio. A frustração era palpável, mas Lyra sabia que precisavam manter a calma. Ela se sentou em uma rocha, observando a correnteza do rio enquanto refletia sobre o que havia acontecido.

Kaela se aproximou dela, sentando-se ao seu lado. O silêncio entre elas era pesado, mas também cheio de perguntas não ditas.

— Por que você não deixou Thalos atirar? — perguntou Kaela, quebrando finalmente o silêncio.

Lyra olhou para ela, seus olhos verdes refletindo a luz do sol.

— Porque ele pode ter informações valiosas — respondeu Lyra, sua voz calma, mas carregada de emoção. — E, porque... porque eu sinto que o conheço. Algo nele me parece familiar.

Kaela acenou com a cabeça, entendendo a lógica, mas ainda assim sentindo uma ponta de desconfiança.

— E você? — perguntou Lyra, virando-se para Kaela. — Por que você está realmente aqui? Você poderia ter fugido, mas escolheu nos ajudar.

Kaela hesitou, olhando para as águas do rio. Suas mãos brilharam levemente, como se seus poderes reagissem à sua emoção.

— Eu... eu não sei — admitiu Kaela, sua voz suave, mas cheia de incerteza. — Desde que me lembro, tenho esses poderes, mas não sei de onde vêm. Só sei que preciso encontrar respostas. E talvez ..., talvez eu possa encontrá-las ao seu lado.

Lyra estudou-a por um momento, sentindo a sinceridade em suas palavras. Ela sabia o que era carregar o peso de um destino incerto.

— Então vamos encontrá-las juntas — disse Lyra, estendendo a mão para Kaela.

Kaela olhou para a mão de Lyra, hesitando por um momento antes de aceitá-la. O aperto de mão foi firme, selando uma aliança temporária, mas cheia de potencial.

Enquanto o grupo descansava, a tensão entre Lyra e Kaela era palpável. Lyra ainda desconfiava dos poderes de Kaela, especialmente porque eles pareciam tão imprevisíveis. Kaela, por sua vez, questionava as intenções de Lyra. Será que ela realmente a aceitava, ou apenas a via como uma ferramenta para alcançar seus objetivos?

— Você não confia em mim, não é? — perguntou Kaela, quebrando o silêncio mais uma vez.

Lyra olhou para ela, surpresa pela pergunta direta.

— Eu... eu não sei — respondeu Lyra, honestamente. — Seus poderes são diferentes de tudo que já vi. Eles são poderosos, mas também perigosos. Eu só quero garantir que você não seja uma ameaça para o grupo.

Kaela baixou os olhos, sentindo um nó na garganta.

— Eu entendo — disse Kaela, sua voz quase um sussurro. — Mas eu não quero ser uma ameaça. Eu só quero ajudar.

Lyra sentiu um peso no peito ao ver a dor nos olhos de Kaela. Ela sabia que estava sendo dura, mas também sabia que precisava proteger seu povo.

— Então me mostre que posso confiar em você — disse Lyra, sua voz suave, mas firme. — Ajude-nos a encontrar a Estrela, e talvez possamos encontrar as respostas que você procura.

Kaela olhou para Lyra, seus olhos dourados brilhando com determinação.

— Eu vou — prometeu Kaela. — Eu vou ajudá-la a encontrar a Estrela, não importa o que aconteça.

Com a aliança temporária selada, o grupo se preparou para continuar a jornada. O ladrão ainda estava por aí, e a Estrela de Elyndor precisava ser recuperada. Lyra sabia que o caminho à frente seria perigoso, mas também sabia que, com Kaela ao seu lado, talvez tivessem uma chance.

Enquanto caminhavam, Lyra não pôde deixar de notar como Kaela parecia mais confiante, mais determinada. Talvez, pensou Lyra, essa aliança fosse mais do que temporária. Talvez fosse o início de uma amizade — ou algo mais.

O grupo seguiu as pegadas do ladrão, que levavam para uma região rochosa e acidentada. O terreno era difícil, com pedras escorregadias e penhascos íngremes, mas Lyra e seus companheiros estavam determinados a não perder o rastro. O sol já começava a se pôr, pintando o céu com tons de laranja e roxo, e o ar estava ficando mais frio.

— Ele não pode estar muito longe — disse Thalos, examinando as pegadas no chão. — As marcas continuam frescas.

— Mas para onde ele está indo? — perguntou Sylva, sua voz carregada de frustração. — Não há nada por aqui além de rochas e mais rochas.

Lyra olhou para o horizonte, seus olhos verdes brilhando com determinação.

— Ele está tentando nos perder — respondeu Lyra, sua voz firme. — Mas não vamos deixar que isso aconteça. Precisamos recuperar a Estrela, não importa o que aconteça.

Kaela, que caminhava ao lado de Lyra, sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Ela não sabia se era o frio da noite que se aproximava ou a sensação de que algo estava prestes a acontecer. Seus poderes pareciam mais ativos, como se estivessem tentando alertá-la sobre algo.

— Lyra... — sussurrou Kaela, tocando levemente o braço da guerreira. — Eu sinto que há algo errado. Algo... sombrio.

Lyra olhou para Kaela, sentindo a preocupação em sua voz. Ela sabia que os poderes de Kaela eram imprevisíveis, mas também sabia que não podia ignorar seus instintos.

— O que você sente? — perguntou Lyra, baixando a voz.

— Não sei ao certo — admitiu Kaela, seus olhos dourados brilhando com intensidade. — Mas é como se o próprio ar estivesse carregado de malícia.

Lyra acenou com a cabeça, considerando as palavras de Kaela. Ela sabia que o Bosque Sombrio não era o único lugar perigoso em Elyndor. Havia forças antigas e sombrias que podiam se esconder em qualquer lugar.

— Fiquem alerta — ordenou Lyra, voltando-se para o grupo. — Kaela sente que há algo errado. Não podemos descontrair.

Sabendo que não iriam alcar porque já escureceu, a lua não brilhava muito e não dava de continuar com as pistas, o que eles poderia fazer era acampar, o lugar era um pouco desértico, não havia muitas árvores apenas pedras o solo era um pouco acidentadas, mais não tinham outra escolha, teria que descansar, fizeram uma fogueira no centro do grupo, enquanto um ficava de vigia, pois estava exposto a qualquer ameaça.

Kaela apenas observava o grupo, tentando decifrar cada um, mas seus pensamentos iam mais além, buscavam respostas, enquanto Lyra a observava e sabia que seus pensamentos estavam alheios. Ela também buscava respostas, porque uma humana tinha um poder que ninguém conhecia e nem ela mesma sabia usar.