O poder da amizade.

 A jornada do grupo os levou a uma região montanhosa, onde o ar era mais frio e o céu parecia mais próximo. As montanhas eram imponentes, com picos cobertos de neve que brilhavam sob a luz do sol. Era um lugar de beleza selvagem, mas também de perigos ocultos. O grupo havia acampado em uma caverna natural, protegidos do vento cortante e das criaturas que vagavam pela noite.

 Enquanto o fogo crepitava, lançando sombras dançantes nas paredes da caverna, Kaela sentou-se afastada do grupo, olhando para as chamas com uma expressão distante. Seus olhos dourados refletiam a luz do fogo, mas pareciam carregados de uma tristeza profunda. Lyra, observando-a de longe, sentiu uma pontada de curiosidade e empatia. Ela sabia que Kaela carregava segredos, mas até agora a jovem humana havia se mantido fechada.

 Decidida a se aproximar, Lyra pegou um pedaço de pão e se sentou ao lado de Kaela.

 — Você não comeu nada — disse Lyra, oferecendo o pão. — Precisa manter suas forças.

 Kaela olhou para o pão, hesitando por um momento antes de aceitá-lo.

 — Obrigada — sussurrou ela, sua voz quase inaudível.

 Lyra estudou Kaela por um momento, sentindo a tensão no ar.

 — Você parece distante — disse Lyra, sua voz suave. — Quer falar sobre isso?

 Kaela olhou para Lyra, seus olhos dourados brilhando com uma mistura de medo e esperança.

 — Eu... eu não sei por onde começar — admitiu Kaela, sua voz tremendo. — Há tantas coisas que eu não entendo.

 Lyra acenou com a cabeça, mostrando que estava disposta a ouvir.

 — Comece do início — sugeriu Lyra. — Às vezes, falar sobre o passado pode ajudar a entender o presente, a puxou para mais perto, dando apoio ao seu ombro, onde Kaela poderia apoiar sua cabeca.

 Kaela respirou fundo, como se estivesse se preparando para algo difícil.

 — Até agora, eu não sei quem realmente sou — confessou Kaela, sua voz carregada de emoção. — Preciso realmente desvendar este mistério sobre minha vida, pois busco respostas em minhas memórias e não atinjo nenhuma. E, além disso, eu não sei o que fazer, pois estou tendo visões frequentemente e não sei como o que significam.

 — Visões? — perguntou Lyra, intrigada.

 Kaela acenou com a cabeça, seus olhos distantes.

 — Sim — respondeu ela. — Vejo coisas… coisas que ainda não aconteceram, ou que aconteceram há muito tempo. Às vezes, são somente flashes, mas outras vezes são tão vívidas que eu não consigo distinguir o que é real. E há uma voz… uma voz que sussurra coisas que eu não entendo.

 Lyra ficou em silêncio por um momento, considerando as palavras de Kaela.

 Lyra colocou uma mão no ombro de Kaela, oferecendo um conforto silencioso.

 — Você não está sozinha — E, se você precisar, eu estarei aqui para protegê-la, e agora você também tem amigos e sei que eles irão te proteger também.

 Kaela estava ciente que podia confiar em seus novos amigos e em Lyra, mas o medo ainda tomava conta, principalmente quando se sentia sozinha com o medo de compartilhar o que realmente sentia, era um turbilhão de pensamentos que deixava a esquecer o quão ela estava sendo amada e cuidada pela sua nova família.

 Cada um se deitou em seus sacos de dormir, mas lyra e Kaela continuaram em seu próprio mundo, o céu estava iluminado de estrelas brilhantes enquanto elas observavam aquele senário único se viram que era um dos melhores momentos de suas vidas, mesmo com tantas coisas ma acontecendo cada vez que andavam, mas sabiam que logo isso tudo iria acabar.

 Seu encontro já estava destinado, seus desafios eram somente lições para o futuro que ainda estava por vir, tudo que passavam era para fortalecer cada vez mais e o amor iria crescendo a cada dia. Tudo que elas queriam era estar a sós, para assim espreitar uma a outra, mas isso estava longe de seus sonhos, pois o caminho era longo e teriam uma responsabilidade além de seus afetos amorosos.

O povo de Lyra estava ansioso pelo retorno da jovem e seus companheiros que estavam nessa missão pelo retorno da estrela de Lyndor.

Os anciãos da cidade faziam reuniões diárias, preocupados de o grupo não conseguir, pois sabiam que as dificuldades no caminho eram perigosas, talvez eles já teriam mortos pelo caminho.