"Senhorita Aria," um servo chamou de fora. "As Majestades requerem sua presença no grande salão imediatamente."
Adrien apertou a mandíbula, claramente descontente com a interrupção. Aria aproveitou o momento, afastando-se dele, embora suas pernas tremessem levemente por seu estado debilitado.
"Estarei lá em breve," ela respondeu, sua voz firme apesar de seu desconforto. Virando-se para Adrien, ela hesitou. Embora não pudesse abertamente desafiá-lo devido ao seu status, ela não poderia deixar sua intrusão passar sem ser endereçada.
"Senhor Adrien," ela começou, sua voz firme, mas educada. "Embora eu aprecie sua preocupação, é extremamente impróprio para você entrar nos aposentos de uma dama sem ser convidado. Confio que isso não acontecerá novamente."
Adrien levantou uma sobrancelha, claramente surpreso com sua ousadia. Por um segundo, ele quis repreendê-la ou lembrá-la de seu status inferior como princesa de nome, ousando repreendê-lo, mas ele se conteve temendo que se a questão escalasse, ele também estaria em apuros. Quanto ao motivo de ter ido à câmara de uma dama sozinho. Aria nem deu a ele a chance de replicar.
"Agora, se você me der licença, não devo fazer Suas Majestades esperarem."
Embora suas palavras fossem medidas, a nitidez em seu tom deixava pouco espaço para argumentos. Adrien deu-lhe um olhar profundo, sua frustração evidente, e saiu sem dizer outra palavra.
Quando a porta se fechou atrás dele, Aria exalou lentamente. Sua irritação persistia, mas o alívio também a inundou. Ela olhou para o amuleto no chão e o pegou. Ela não sabia por quê, mas sentia que ele tinha alguma importância.
Aria se lavou rapidamente, ciente de que não tinha tomado banho em dias desde que havia caído em febre. Ela não podia se apresentar ao rei e à rainha daquela maneira—só pioraria as coisas.
Em poucos minutos, ela estava vestida e caminhando em direção ao grande salão. Seu coração batia com ansiedade. Ela havia sido convocada logo após acordar, o que significava que era urgente.
As pesadas portas para o salão já estavam abertas, e seus passos ecoavam contra o piso de mármore polido enquanto ela entrava.
A visão diante dela era exatamente como ela esperava.
No centro da sala, sentados em tronos dourados ornamentados, estavam seus pais. As feições categóricas do Rei Alden estavam sombreadas por sua testa franzida, sua expressão uma de desprazer gélido. Ao seu lado estava sentada a Rainha Seraph, seu olhar gélido e calculista enquanto ela olhava para Aria como se ela fosse sujeira embaixo de seus pés.
À esquerda deles estavam sentados Lucien e Dario, seus irmãos adotivos que acabavam de retornar da academia real.
Lucien, o irmão do meio, recostava-se em sua cadeira, seus olhos verdes escuros brilhando com desprezo mal contido. Seus cabelos castanhos avermelhados, levemente desalinhados, davam-lhe uma aparência desregrada, mas não havia nada de encantador no sorriso zombeteiro em seus lábios.
Dario, o caçula, sentava-se mais ereto, seu cabelo preto penteado cuidadosamente. Ao contrário de Lucian, sua expressão era neutra, seu olhar se recusando a encontrar com o dela, mas sua postura rígida falava mais sobre a tensão na sala. Era como se eles estivessem olhando para uma inimiga.
A presença deles piorava tudo. Ela podia sentir o ódio deles no modo como os olhos de Lucien perfuravam os dela, zombando silenciosamente. Ela sabia de onde eles vinham, anos passados na prestigiada academia, onde eles foram elogiados e admirados, preparados para serem os herdeiros que seus pais sempre quiseram. E ali estava ela, em pé à frente deles, indesejada e não amada.
Aria parou a alguns passos do estrado e se curvou profundamente. "Vossa Majestade. Vossa Graça."
A Rainha Seraph zombou, o som suave, mas afiado o suficiente para cortar.
"Levante a cabeça," o Rei Alden comandou, seu tom desprovido de calor.
Aria obedeceu, levantando seu olhar o suficiente para encontrar seus olhares frios e inflexíveis.
O rei inclinou-se levemente para a frente, sua voz retumbante. "Como você explica a vergonha que trouxe sobre esta família?"
Aria congelou, sua garganta se apertando.
"Você desmaiou—desmaiou—no dia de sua cerimônia de noivado," ele continuou, cada palavra como um açoite. "Você tem alguma ideia da humilhação que causou? A corte inteira testemunhou seu patético espetáculo."
"Eu não pretendia—" Aria começou, sua voz tremendo, mas a Rainha Seraph a interrompeu.
"Desculpas," ela estalou. Seus olhos azuis penetrantes se estreitaram enquanto ela se inclinava para frente. "Você envergonhou esta família além da conta. Três dias você passou na cama, Acha que alguém vai respeitar uma futura rainha que desmaia diante de qualquer inconveniente?"
Aria olhou para eles, sua visão embaçada por lágrimas não derramadas. Por que era culpa dela? Era culpa dela que não fosse o menino que eles queriam? O menino de que precisavam para assegurar o trono? Por que ela havia sido negligenciada e descartada por algo além de seu controle? Seus punhos se fecharam ao seu lado enquanto perguntas silenciosas enchiam sua mente.
As próximas palavras do rei foram um golpe de martelo. "Por causa de seu espetáculo tolo, o noivado foi cancelado."
O coração de Aria despencou. "O quê?" ela sussurrou, sua voz mal audível.
"O noivado foi cancelado," a rainha disse, seu tom frio e final. "A família de Eric não quer nada com uma fracote. E, honestamente, quem poderia culpá-los?"
O quarto girou enquanto Aria lutava para processar as palavras. Eric... havia terminado? Assim, de repente? Uma pequena parte de seu coração, a parte que ela havia permitido ter esperança, desmoronou. Ela tinha confiado nele. Lentamente, ela baixou a guarda, acreditando que ele talvez se importasse com ela, mesmo que um pouco. Talvez não fosse amor, mas tinha sido algo—algo a que ela se agarrou em sua vida sem amor. E agora, tinha ido embora.
As palavras pareceram uma adaga em seu peito. "Cancelado?" ela ecoou, seus lábios tremendo. "Como, Como ele pôde?"
"Por causa de sua exibição vergonhosa," o rei acrescentou, sua voz pesada de decepção. "Você nos custou uma aliança vital."
Lágrimas embaçaram a visão de Aria, mas ela se recusou deixá-las cair. Ela tinha acabado de acordar de uma febre, e era isso que a esperava? Nenhuma preocupação, nenhum cuidado, mas culpa?
Como Eric pôde fazer isso com ela? Eles haviam passado tempo juntos, compartilhado momentos que pareciam reais. Não era amor, pelo menos, ela não achava que era, mas tinha sido algo. Ele havia sido o único a tratá-la com um pingo de bondade. Como ele pôde terminar isso tão facilmente, tão cruelmente, por algo que ela não podia controlar?
Suas mãos se fecharam ao seu lado. "Eu... eu não pretendia desmaiar," ela disse calmamente. "Eu não estava bem."
"Então você deveria ter se controlado," a Rainha Seraph sibilou. "Você acha que alguém vai respeitar uma futura rainha que desmorona sob pressão?"
"Mas—"
"Sem mas!" o rei interrompeu. "Sua falha envergonhou esta família. E você vai pagar por isso."
Aria mordeu o lábio, a picada de suas palavras cortando mais profundamente do que ela poderia suportar. Ela olhou para Lucien e Dario, esperando, orando, que um deles a defendesse.
Mas, eles apenas a olhavam com desdém.
A Rainha Seraph levantou-se de seu trono, seus movimentos afiados e precisos. "Por sua estupidez, você servirá como empregada durante a próxima semana. Talvez alguma humildade a ensine a pensar antes de agir."
O peito de Aria se apertou. Uma empregada? Ela já havia suportado humilhação suficiente. Mas ela sabia melhor do que discutir. "Sim, Vossa Graça," ela disse, sua voz mal acima de um sussurro.
"Saia," o rei comandou, acenando-a para longe como se ela fosse nada mais do que uma serva.
Aria se curvou mais uma vez e virou para ir embora. No momento em que ela saiu do salão, as lágrimas que ela vinha segurando escorreram por seu rosto. Ela acelerou o passo, desesperada para alcançar o santuário de seu quarto antes que alguém pudesse vê-la.
Uma vez dentro, ela fechou a porta atrás de si e desabou em sua cama. Os soluços vieram em ondas, cada uma mais pesada que a última.
Por que sua vida era tão diferente dos outros? Quando outros adoecem, são banhados de amor e cuidado. Por que ela era recebida com desprezo e punição?
Seus pensamentos se voltaram para Eric. Ela precisava de respostas. Com as mãos tremendo, ela pegou seu telefone e discou o número dele.
A linha tocou uma vez antes dele atender. "Aria," ele disse, sua voz suave, mas incerta.
Ela engoliu o nó em sua garganta. "Por quê?" ela perguntou, sua voz se quebrando. "Por que você fez isso comigo? Por que você terminou assim?"
Houve uma pausa antes dele suspirar. "Aria... me desculpe. Eu irei até aí e nós conversaremos."