Capítulo 6: Um maluco

Depois que a mensagem apareceu, a janela da cela, que antes iluminava o ambiente, começou a piscar fracamente até perder seu brilho. Com a luz, o ambiente parecia minimamente seguro, mas agora, mergulhado na escuridão, lembrava uma floresta densa e desconhecida durante a noite.

A janela rapidamente se solidificou, tornando-se parte da própria parede da cela.O ambiente foi tomado pela escuridão como uma neblina.O silêncio era absoluto; a única coisa audível era a respiração irregular de Takeshi e Layos. O cheiro horrível de vômito e sangue se espalhava cada vez mais, tornando cada respiração um desafio. 

Agora, o ar se transformara em um veneno invisível. Cada respiração era uma sentença de morte.

"Caramba. Janela maldita!….Por que agora começou uma nova tarefa?" Takeshi ergueu a mão direita, cobrindo o nariz na tentativa desesperada de filtrar o cheiro sufocante.

Ele fez isso para tentar prender um pouco do ar limpo em sua mão, mas sabia que não funcionaria por muito tempo. Cada tempo que passava ali parecia o inferno presente no momento.

Layos tremeu violentamente, seu peito subindo e descendo em um ritmo descontrolado. Seus olhos percorriam o ambiente, como se buscassem uma saída inexistente. Layos não parecia incomodado com o cheiro, mas havia algo mais o afetando.

"Não, não, não, não quero morrer aqui… eu não aguento isso..eu não quero isso." Layos colocava suas mãos no rosto quando tentava segurar as lágrimas.

Vendo Layos nesse estado, Takeshi se aproximou, tentando acalmá-lo:

— Fica tranquilo Layos, a gente vai conseguir sair vivo — ele colocou a sua outra mão na costa de Layos.

Takeshi também estava com medo. Seus pelos se arrepiavam, o suor escorria por todo o corpo, e suas pupilas tremiam. O medo naquele momento seria a pior coisa para eles. Quando o cheiro saiu por um instante de Takeshi. Ele pensou.

"Pera, porque estou com tanta medo assim? Na verdade, essa tarefa secundária só me ajudou.", uma alegria cresceu dentro dele.

Claro, claro, claro, quase esqueci meu plano naquela hora por causa do cheiro horrível dessa merda de cela. Eu e Layos só precisamos quebrar as paredes, só que o único problema é que ele está quebrando por dentro.

O odor só ficava mais forte, tornando impossível pensar com clareza. Takeshi sabia que, se não agisse logo, ele e Layos morreriam ali. Mas o cheiro estava tão forte que a cabeça de Takeshi começou a latejar.

Diante de um momento onde nenhum erro era permitido, algo apareceu para atrapalhar Takeshi. Um brilho surgiu no meio do lugar escuro. O brilho era como um Deus vivo ali no lugar.

 『Você até agora não fez nada! Realmente você é inútil!』

Takeshi apertou os punhos com força ao ouvir a janela azul falar com uma voz irritante. 

Naquele momento, eu estava feliz. Tudo estava acontecendo exatamente como eu queria. Eu tinha Layos ao meu lado, alguém capaz de me ajudar a derrubar as barreiras que me cercavam. E aquela janela... mal sabe ela o que eu tenho preparado.

 『Vamos logo! Seja rápido. Outras pessoas já estão fazendo algo no desafio. Está tendo muitas mortes e batalhas, e você ainda não está fazendo nada!』

Takeshi ignorou aquelas palavras que soavam como ordens de seu chefe, voltou sua atenção para Layos, que mergulhava no desespero. Emocionalmente, Layos estava em colapso, como se tudo tivesse sido jogado no lixo.

— Layos, vai ficar tudo bem. Nós vamos conseguir sair dessa situação. Você tem a minha palavra — disse Takeshi, com firmeza nas palavras. Logo acrescentou: — Eu sei que estamos num momento muito difícil, sei que dá medo — ele falou isso enquanto se lembrava do ataque dos caras sem rosto. — Mas vamos conseguir sair dessa juntos!

Layos afastou as mãos do rosto e encarou Takeshi. As palavras dele eram tão sinceras que, por um momento, Layos esqueceu do medo. Respirou fundo, sentindo seu coração desacelerar. Os olhos de Takeshi, iluminados pela pouca luz restante, pareciam o brilho de estrelas em uma noite.

As grades da cela tremeram, um rangido metálico cortando o silêncio como um grito. Então, sem aviso, elas se dissolveram como névoa, sumindo no ar. Antes que desaparecessem por completo, um estrondo ensurdecedor ecoou pelo ambiente – um BANG metálico, como se algo tivesse sido esmagado. O som reverberou pelas paredes, gelando meu sangue.

Nossa, não sabia que as pessoas podiam ficar tão agitadas tão rápido. Enfim, meu plano está indo bem, graças a essa segunda tarefa. Mas ainda há alguns problemas. O primeiro é o cheiro. O segundo... Layos. Ele ainda está com medo. Mas chega de enrolação. Vamos logo.

Takeshi segurou a mão esquerda de Layos, deixando-o sem reação. Sem hesitar, puxou-o em direção à porta de ferro. Layos, ainda incerto sobre como agir, apenas o seguiu, permitindo que Takeshi tomasse a dianteira.

Diante da porta, Takeshi parou e virou-se para encará-lo. Seu olhar sério fez Layos prender a respiração por um instante—era a primeira vez que o via daquela forma.

Apontando para uma parede não muito distante da porta, Takeshi declarou:

— É ali que vamos usar nossa força. Desta vez, vamos rápido. 

Ele afastou a mão do nariz para respirar por um momento, mas logo a colocou de volta, tentando se proteger do cheiro insuportável.

Layos engoliu em seco, hesitando por um momento. Takeshi, então, soltou sua mão e fechou os dedos em torno de seu punho, preparando-se para dar o golpe. Layos, ainda inseguro, seguiu o exemplo, apertando o punho e se concentrando.

Quando o soco de Layos foi desferido, sua velocidade surpreendeu até mesmo Takeshi.

O impacto foi brutal, e o ar ao redor pareceu se contorcer com a força do golpe. O som de tijolos quebrando ecoou na pequena sala, seguidos pelo estilhaçar de fragmentos que se espalharam por todos os lados. O impacto foi tão forte que o chão tremeu por um segundo.

Poeira subiu, cobrindo o ambiente, e os dois fecham os olhos instantaneamente, cegos por um momento. As partículas de pó se entraram em seus olhos, queimando a vista e tornando o ar ainda mais pesado. Eles permaneceram parados por um instante, respirando com dificuldade, enquanto a parede diante deles começava a desmoronar aos poucos, com a força do impacto.

Quando finalmente a poeira se dissipou, os dois abriram os olhos, tentando se acostumar com a visão. A parede, antes sólida e imponente, agora exibia um buraco grande, uma abertura violenta onde o tijolo havia sido esmagado. O cheiro insuportável da cela parecia ter desaparecido, dissipado pela força do soco.

Layos virou a cabeça lentamente para Takeshi, ainda em choque com o que acabara de acontecer.

— Eeehhh... Isso era para acontecer? — sua voz tremeu, ainda tentando compreender a magnitude do impacto.

Takeshi, com a boca aberta e os lábios secos, deu um sorriso de canto, como se a situação não fosse nada demais.

— Tá desgraça, Layos — ele se aproximou, com o olhar sério, mas o sorriso irônico ainda no rosto. — Mas sim, de qualquer forma, agora está tranquilo — disse, mostrando um sorriso largo, como se aquilo fosse apenas mais uma das suas façanhas, um pequeno passo em direção ao que queria.

— Agora vamos embora dessa cela maldita! — Takeshi disse, dando um passo à frente com uma expressão de vitória.

— Tá — um leve sorriso apareceu no rosto de Layos. Ele não conseguiu evitar achar engraçado o que Takeshi falou. Algo na forma como ele disse aquilo o fez se sentir mais à vontade.

Antes de seguir Takeshi, Layos parou por um momento, ainda com aquele sorriso bobo no rosto, e pensou:

"Que maneiro! Eu fiz algo muito legal. O Takeshi gostou disso. Que bom que consegui fazer isso!", Ele começou a mexer os dedos, batendo um contra o outro como se fosse a coisa mais natural do mundo, completamente perdido na sua alegria.

Takeshi, que já estava um passo à frente, olhou por cima do ombro e percebeu que Layos estava demorando. Ele se virou e perguntou, com um olhar curioso:

 — Está tudo bem, Layos? Você está demorando.

Com um pulo rápido, Layos parou de mexer os dedos, seus olhos se arregalaram de vergonha e ele respondeu apressado:

— Está tudo bem! Já tô indo! — ele tentou esconder o sorriso, mas era claro que estava bem mais animado do que queria deixar transparecer.

Os dois caminharam até o fim do buraco e, ao saírem, se depararam com um corredor imenso e aparentemente sem fim. O chão, feito de tijolos, tinha um tom mais escuro, como se fosse de um material muito mais resistente. O corredor estava cheio de portas de ferro espalhadas: algumas caídas no chão, outras ainda presas nas paredes de maneira torta. As portas pareciam inúteis agora, mas o espaço entre elas sugeria que o lugar havia sido bem movimentado — talvez até recentemente.

As lâmpadas a gás penduradas nas paredes iluminavam o ambiente com uma luz amarelada e tremeluzente, criando sombras dançantes nas superfícies. Mesmo com a iluminação, o ambiente parecia opressor, como se a escuridão fosse uma presença constante, sempre ameaçando engolir tudo.

Takeshi, claramente surpreso, deu um passo à frente e olhou ao redor com uma expressão de incredulidade.

 — Caramba, tem certeza que isso é uma prisão, Layos? — ele fez uma pausa, os olhos arregalados enquanto observava as portas e o corredor que parecia não ter fim. A cena era surreal para ele, como se estivesse em outro tipo de lugar, algo que não se encaixava na definição comum de prisão.

— É sim. As prisões são normalmente assim. Você nunca viu uma desse jeito? — Layos perguntou com um olhar inocente, o que tornava a cena ainda mais estranha.

Takeshi arregalou os olhos, incrédulo.

 — Claro que não! E, pra falar a verdade, ainda bem que nunca fui preso! — ele cruzou os braços, satisfeito com essa constatação. Mas, no fundo, o que mais o incomodava era a diferença absurda entre essa prisão e as que existiam no mundo normal. Lá, as coisas eram estranhas, mas definitivamente não envolviam corredores imensos e portas jogadas pelo chão.

Layos abriu a boca para falar algo, mas hesitou.

 — Mas, Tikashi… — ele ia lembrá-lo de que, tecnicamente, eles estavam presos naquele lugar. Mas, ao perceber que Takeshi simplesmente ignorava esse fato, achou melhor ficar quieto.

Até aquele momento, o plano estava indo bem. Mas uma pergunta martelava na minha cabeça: será que existe um limite para a barreira verde? Se houver... isso seria um desastre. Eu não posso deixar Layos para trás, ainda mais depois de tudo que ele fez por mim.

Takeshi seguia à frente, caminhando pelo corredor sem pressa. Layos o acompanhava ao lado, ambos observando o estado do lugar. Algumas portas de ferro estavam escancaradas, expondo um cenário grotesco. Sangue manchava as paredes, ossos humanos estavam espalhados pelo chão. Mas o pior de tudo eram os corpos secos jogados por ali, retorcidos em posições angustiantes. Alguns tinham os olhos arrancados, outros estavam com as tripas expostas ou membros dilacerados. O cheiro pútrido impregnava o ar, tornando o ambiente ainda mais sufocante.

Layos, incapaz de conter o medo, agarrou a mão direita de Takeshi, apertando-a com força. Seu corpo inteiro tremia diante daquela visão macabra.

Takeshi olhou para ele e disse, com a voz firme:

— Pode segurar. E é melhor fechar os olhos. Eu fico de olho no caminho. Você não precisa ver isso. 

Layos nem esperou e já fechou seus olhos rapidamente. Seus braços ficaram enrolandos no braço de Takeshi.

"Como pensei isso aqui agora virou uma guerra. Merda! O problema é que tem outras pessoas na prisão. Preciso cuidar de Layos ele não vai conseguir sozinho." Takeshi respirou fundo.

O medo estava me consumindo. Meu coração batia tão forte que parecia prestes a explodir. Minhas pernas tremiam, querendo ceder a qualquer momento. O corredor estava repleto de corpos, tantos que era difícil distinguir onde um começava e outro terminava. O sangue cobria tudo, formando poças escuras no chão. O ar era denso, impregnado com o cheiro metálico e podre da morte.

Mesmo assim, continuei caminhando ao lado de Layos, que permanecia de olhos fechados, apertando meu braço com força. O silêncio era pesado, quase sufocante... até que algo o quebrou.

Uma luz roxa brilhou adiante, surgindo como um fantasma no meio do corredor. O brilho estranho dançava nas paredes manchadas de sangue, tornando a cena ainda mais sinistra. Layos, sem perceber, continuava de olhos fechados, enquanto eu forçava minha visão para enxergar melhor.

Foi então que vi.

Bem à minha frente, flutuava uma janela roxa, semelhante à minha azul. O brilho sinistro pulsava lentamente, como se estivesse viva. Meu corpo ficou tenso. Um calafrio percorreu minha espinha.

 『HAHAHAHAHA. Eu sabia que você ia conseguir vencer eles. Você é o melhor.』

"Espera outra janela? Se for isso então tem uma pessoa aqui."

Takeshi acelerou o passo, mas manteve uma velocidade confortável para que Layos o acompanhasse sem dificuldade. Conforme se aproximava, sua visão ficou mais clara.

Diante deles, havia um homem de cabelos verdes, lisos e de comprimento médio, caindo levemente sobre a testa. Seus olhos cinzentos eram afiados e carregavam um olhar difícil de decifrar, como se analisasse tudo ao seu redor com frieza. Ele tinha cerca de 1,80 m de altura, com uma postura firme e confiante. Suas roupas, semelhantes às de Takeshi e Layos, estavam rasgadas em alguns pontos, mas nada que comprometesse sua aparência.

Seu corpo demonstrava boa forma física. O abdômen era bem definido, os braços possuíam músculos visíveis, e as veias sob a pele davam a impressão de força contida. As pernas, embora finas, eram ágeis e proporcionais ao restante do corpo. Sua mandíbula era angular, destacando um rosto marcante, e a pele, apesar da sujeira da prisão, mantinha um aspecto saudável. Havia algumas cicatrizes sutis nos braços e uma marca fina na sobrancelha direita, sugerindo um passado nada tranquilo.

Ele estava fixado na janela roxa quando percebeu a presença dos dois. Lentamente, virou-se para encará-los.

— Hã?! — seu olhar se contorceu em uma expressão de puro desdém. Com a testa franzida, ele perguntou num tom irritado. — Quem diabos são vocês?