As mãos de Layos começaram a brilhar em um tom amarelo intenso, irradiando uma luz tão forte que os monstros ao redor foram forçados a fechar os olhos, soltando rosnados de desconforto. O brilho pulsava como se estivesse vivo, crescendo e diminuindo em intensidade, como uma chama alimentada pela sua própria determinação.
Marcas negras rasgaram a pele de suas mãos, serpenteando como tinta viva. Símbolos desconhecidos se contorciam, formando palavras que jamais poderiam ser lidas. Mas Layos sentia: algo dentro dele estava despertando. As letras se contorciam e mudavam de forma, impossíveis de serem decifradas, mas Layos podia sentir algo diferente dentro de si. Um poder desconhecido.
Os monstros, mesmo sem entender o que estavam vendo, começaram a recuar instintivamente. Eles não sabiam o que aquele brilho significava, mas seus instintos gritavam que havia algo perigoso diante deles. Algo que não deveriam subestimar.
Takeshi, ainda tentando recuperar o fôlego, conseguiu se erguer com dificuldade. Seu corpo tremia, e sua respiração era pesada, mas ele se recusava a cair novamente.
Layos, ao vê-lo se levantar, instintivamente deu um passo em sua direção, mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, a voz de Takeshi o interrompeu.
— Me escuta, Layos — a voz de Takeshi saiu rouca, mas sem hesitação. — Eu tô bem. De verdade. Agora vai. Cuida dos monstros. Eu não morro tão fácil.
Os olhos de Takeshi estavam afiados, transbordando determinação. Ele sequer parecia notar o brilho intenso que envolvia Layos. Para ele, pouco importava qualquer coisa naquele momento—sua única preocupação era que Layos continuasse lutando.
Layos sentiu algo dentro de si se firmar. O medo que o dominava antes estava se transformando. Takeshi acreditava nele. E agora, ele precisava acreditar em si mesmo.
"Ele precisa aprender a lutar... Eu não estarei sempre aqui. Agora é com você, Layos."
Takeshi se encostou na parede e deslizou até se deitar ali, fechando os olhos. Sua respiração, antes pesada, agora começava a se acalmar. Ele levou a mão esquerda ao peito, sentindo o próprio ritmo voltar ao normal.
Layos voltou seu olhar para os monstros à sua frente. Mesmo receosos, eles ainda estavam determinados a atacar.
Um deles fez seu rabo crescer rapidamente, lançando-o contra Layos, enquanto o outro direcionou seu golpe para o corpo de Mark. Vendo isso, os demais monstros imitaram a ação, disparando todos os seus rabos ao mesmo tempo, mirando Layos como um enxame de lanças prestes a perfurá-lo.
Layos reagiu no instante certo, saltando com toda a força para cima. Os rabos passaram direto, cortando o ar com violência e atingindo o chão, rachando o piso com o impacto.
No meio do salto, Layos percebeu algo importante: os rabos eram incrivelmente largos, o que tornava quase impossível enfrentar os monstros à distância. Além disso, quando eles estendiam os rabos, os espinhos diminuíam de tamanho. Aquilo poderia ser uma abertura que ele precisava explorar.
Layos não perdeu tempo e desceu com um soco poderoso, mirando diretamente nos rabos dos monstros. O impacto foi brutal, esmagando-os com facilidade. Sangue roxo se espalhou pelo ambiente, e os monstros gritaram em dor, se contorcendo no chão.
Mas, entre o caos, Layos percebeu algo estranho. O único rabo que ainda se movia era o que havia atacado Mark. Ele olhou em volta, desesperado, mas Mark havia sumido, desaparecendo após o impacto. Será que ele... estava morto?
"Onde está ele?!" pensou Layos, o pânico tomando conta de seu corpo.
O monstro que atacou Mark mostrou um sorriso maléfico, como se soubesse de algo que Layos não entendia. Mesmo assim, ele sabia que não podia parar. Takeshi ainda estava ali, e ele precisava protegê-lo.
Os monstros começaram a abrir a boca, e uma onda de líquido marrom brilhou nas gargantas deles. Layos percebeu o que estava prestes a acontecer e, em um impulso, correu o mais rápido que pôde.
Um raio marrom passou tão perto de seu cabelo que ele sentiu o calor da rajada. A força do ataque era imensa, capaz de destruir não só as portas de ferro, mas até mesmo as paredes ao redor.
Layos desviou por um triz, mas quando se virou para olhar, seu coração gelou. Ele percebeu, tarde demais, que um dos raios estava indo diretamente em direção a Takeshi, que ainda estava deitado no chão.
O raio marrom acertou Takeshi com uma velocidade brutal. Layos viu tudo acontecer em um instante, mas foi como se o tempo tivesse parado. O impacto foi tão intenso que o corpo de Takeshi desapareceu diante de seus olhos, engolido pela luz do raio. Quando a energia começou a diminuir, e o raio se dissipou, o corpo de Takeshi não estava mais ali.
Layos ficou parado por um momento, o vazio tomando conta dele. Seu coração parecia ter parado de bater, e tudo o que ele conseguia ouvir era o eco da ausência de Takeshi. Ele tentou gritar, mas a dor o sufocava. Desesperado, ele correu para o lugar onde Takeshi deveria estar, mas não havia nada, apenas o silêncio de um fim que ele não queria aceitar.
Sua mente estava em frangalhos. Ele sentiu como se a terra tivesse desmoronado sob seus pés. A sensação de impotência o consumia, e as lágrimas começaram a cair, queimando seu rosto.
O desespero tomava conta dele como uma tempestade sem fim.
A tristeza de Layos foi consumida pela raiva de forma visceral. Seus dentes rangiam, e sua respiração se tornava cada vez mais irregular e rápida, como se estivesse prestes a explodir.
Seus olhos, antes marejados de lágrimas, agora brilhavam com um ódio incontrolável. Ele olhou para os monstros, que ainda estavam sorrindo, se divertindo com a situação. Eles não tinham ideia do que estavam prestes a enfrentar.
— Eu vou matar todos vocês! — as palavras saíram com tanta força que pareciam perfurar o ar, carregadas de uma fúria indescritível.
Layos não pensou, apenas agiu. Em um movimento relâmpago, ele avançou. A energia amarela ao redor dele aumentou, iluminando a escuridão como um sol prestes a explodir.
Quando ele chegou diante de um dos monstros, o soco que ele desferiu foi como um meteoro atingindo a Terra. O impacto foi tão brutal que o rosto do monstro se desintegrou instantaneamente, a carne e os ossos se pulverizando no ar.
O golpe foi tão forte que gerou uma onda de choque que varreu tudo ao redor. O ar tremeu e, com ele, os outros monstros foram lançados para longe, batendo nas celas e destruindo tudo no caminho.
As paredes se romperam como papel, e o som do impacto reverberou como um trovão, deixando apenas o eco da destruição.
Layos ficou ali, respirando pesadamente, seus punhos ainda vibrando com a força de sua raiva. O sangue pulsava em suas veias, e a única coisa que ele sabia era que não pararia até que todos aqueles monstros estivessem mortos.
No instante em que o corpo de Layos caiu no chão, uma luz brilhante laranja surgiu, piscando na sua frente.
『Seu corpo está carregado… sobrecarregado.』
Layos ainda tentava se recuperar, mas, ao tentar se mover, uma descarga de eletricidade branca surgiu de seu corpo, fazendo-o se contorcer. O choque foi forte e agudo, ele quase não conseguiu manter os olhos abertos. A janela laranja apareceu novamente, sua voz parecia vacilante e tímida, como se hesitasse em dar aquele aviso.
『Seu poder… está um pouco acima da tarefa. Por isso, você está… punido… por usar ela.』
A dor aumentou. Era como se um raio estivesse atravessando suas veias. A eletricidade parecia queimar, espalhando-se por todo o seu corpo. A dor era insuportável, mais intensa do que qualquer coisa que ele já havia experimentado. Cada onda de choque era um tormento, e ele queria desesperadamente se livrar da sensação.
Em meio ao sofrimento, uma parte dele pensava que seria mais fácil deixar a dor acabar, até mesmo pela morte, do que continuar sendo consumido por esse tormento. Mas algo dentro dele gritava para resistir.
Os monstros, que foram jogados pelo ar, estavam visivelmente debilitados. A dor de perderem seus rabos os deixava quase incapazes de se manter de pé, mas a raiva e a fome por vingança ainda os mantinham em movimento. Eles avistaram Layos no chão, se debatendo em dor, e viram uma oportunidade para atacar.
Com passos pesados e dificuldade, eles se arrastaram até ele, os olhos brilhando com uma malícia renovada. Quando chegaram perto o suficiente, um dos monstros, com sua perna esquerda grossa e forte, deu um chute com toda a força em direção a Layos.
O impacto foi brutal. Layos foi arremessado pelo ar, o corpo girando e batendo no chão com um estrondo. Ele rolou pelo terreno, sentindo cada centímetro de seu corpo sendo sacudido pela força do golpe, enquanto a dor parecia se intensificar a cada movimento.
Quando finalmente parou de rolar, Layos estava completamente exausto, sem forças para se levantar ou fazer qualquer outra coisa. O peso da dor e do cansaço o esmagava, e seus músculos estavam tão entorpecidos que ele mal conseguia mover um dedo. Os monstros, agora sentindo a satisfação pela agonia de Layos, observavam com olhos sedentos, como se esperassem um momento de total rendição.
O raio que antes percorria seu corpo desapareceu, mas ainda assim, Layos estava paralisado pela dor e pela raiva que queimava dentro de si. Sua mente estava consumida pelo desejo de vingança por Takeshi e Mark, a fúria tomando conta dele enquanto observava os monstros se aproximando.
Eles se aproximaram lentamente, como predadores saboreando a antecipação da vitória, seus passos pesados ecoando na atmosfera carregada de tensão.
Todos os monstros estavam prestes a se lançar sobre Layos, suas bocas abertas, prontas para devorá-lo. O silêncio antes do ataque era tenso, carregado com a expectativa do fim iminente.
Foi então que, com um brilho repentino, uma mensagem apareceu na frente de Layos, iluminada em um tom roxo que parecia pulsar com uma energia estranha.
『A habilidade: Névoa da ilusão foi desativada.』
Layos piscou, seus olhos agora focados, e, antes que ele pudesse processar o que estava acontecendo, um corte afiado apareceu na garganta de todos os monstros simultaneamente.
As cabeças deles caíram no chão com um som pesado, como frutas podres despencando de uma árvore.
Layos olhou em choque para a cena, ainda sem entender totalmente o que acontecera. Então, uma voz familiar, carregada de raiva e desdém, ecoou, quebrando o silêncio mortal.
— Vão à merda, cachorros desgraçados! Pensam que sou fraco assim?!
A voz estava cheia de fúria, e Layos soube, naquele momento, que alguém estava ali para protegê-lo — alguém com poder suficiente para virar a maré da luta em um piscar de olhos. A surpresa e o choque tomaram conta dele, mas, ao mesmo tempo, uma sensação de alívio invadiu seu peito.
— Mark, é você? — a voz de Layos saiu fraca, quase como um sussurro, ainda surpreso com a situação.
— Sim, sou eu. Você está bem, mas está acabando — Mark se aproximou rapidamente e o ajudou a se levantar, com a mão firme em seu ombro.
Layos tentou falar, mas as palavras ficaram presas em sua garganta. Seus olhos estavam cheios de lágrimas.
— Mas e o Takeshi? Ele… ele… — sua voz falhou, a dor e o medo transbordando em seu coração.
Mark o interrompeu, com uma voz carregada de confiança, algo que Layos nunca esperava ouvir dele naquele momento.
— Ele está vivo. — Mark falou com firmeza — eu o salvei antes daquele raio pegar ele.
Aquelas palavras atingiram Layos como um alívio inesperado. Mas mesmo assim, as lágrimas rolavam pelo seu rosto, a tensão de acreditar que seu amigo estava perdido o havia destruído por dentro.
No silêncio que se seguiu, uma voz familiar e reconfortante preencheu o vazio.
— Fica tranquilo, Layos. Eu falei que não morreria fácil — era Takeshi, surgindo do lado esquerdo, perto do monstro que já estava morto, com uma leveza e segurança em seus passos.
Layos olhou para ele, incrédulo e aliviado, e não pôde deixar de sorrir entre as lágrimas.
Layos não conseguiu mais se controlar. Correu mancando até Takeshi e o abraçou com força, deixando todas as emoções se derramarem. Takeshi, surpreendido, aceitou o abraço e colocou a mão direita na cabeça dele, num gesto de conforto.
— Você foi muito forte, Layos. Você realmente é forte. Fez coisas incríveis — ele continuou acariciando a cabeça dele, com uma voz gentil, tentando transmitir toda a sinceridade.
Takeshi então olhou para Mark e disse, com gratidão:
— Obrigado, Mark, por tudo. Vocês dois realmente são incríveis. Não teria conseguido sem a ajuda de vocês.
Mark sorriu, um sorriso sincero e contente, claramente tocado pelo elogio. Ele se sentia bem por poder ajudar, mais do que qualquer palavra poderia expressar.
Enquanto isso, Layos, ainda nos braços de Takeshi, chorava mais, mas agora eram lágrimas de felicidade. Ele não só havia superado seus medos e limitações, mas também se sentia, pela primeira vez em muito tempo, seguro e aceito. Nada de ruim havia acontecido.
Mark se aproximou dos dois, que estavam em um abraço apertado, e ficou ali, observando em silêncio. Seu coração estava tranquilo, mais leve ao ver que Layos estava bem. Embora a situação tivesse sido tensa e cheia de desafios, Mark sempre acreditou neles, em Layos e Takeshi, mais do que talvez ele mesmo soubesse.
Takeshi suspirou suavemente, um sorriso de felicidade se espalhando por seu rosto, tão sincero que parecia iluminar o ambiente ao redor. Com um olhar de conforto e um toque suave na cabeça de Layos, ele falou com um tom de firmeza, mas também de alívio:
— Isso não vai acontecer de novo, Layos.
A simplicidade da frase foi como um bálsamo, um juramento silencioso de que, apesar de todas as adversidades, estariam juntos para enfrentar o que viesse.