Capítulo 10: O campo

Layos, depois de chorar por um tempo, finalmente se entregou ao cansaço e adormeceu nos braços de Takeshi. Takeshi, vendo que ele estava completamente exausto, o colocou com cuidado nas costas, como um gesto de carinho e gratidão.

Com Layos agora seguro, Takeshi começou a caminhar, seguido por Mark. O ambiente estava tenso e silencioso, como se até o vento soubesse que algo grande havia acontecido.

Depois de um momento, Takeshi quebrou o silêncio com uma voz séria.

— Mark, você pode levar Layos à frente? — seus olhos estavam sérios, como se houvesse algo mais a ser feito. 

Mark percebeu o tom no olhar de Takeshi e, engolindo seco, respondeu com um aceno.

— Está bom... — com isso, ele pegou Layos com cuidado e o colocou nas costas, pronto para seguir o caminho à frente.

Mark foi caminhando para frente devagar. Takeshi se virou de costas e seguiu o outro lado onde aconteceu a briga de Layos com os monstros.

Ele chegou ao local e observou os monstros sem desviar os olhos. Um sorriso discreto surgiu no canto de sua boca. Uma mensagem brilhante em azul apareceu diante dele.

『600 moedas foram obtidas por matar os monstros.』

Ele olhou para a mensagem e, com um leve sorriso, disse:

— Já estava na hora. 

A janela ficou parada por um momento e então respondeu:

『Como assim já estava na hora? E como você estava esperando por isso?』

Aquela maldita janela não sabia que, naquele ponto, eu já tinha percebido algumas coisas. 

Primeira: existe um limite de poder para cada tarefa, e não só isso, ele afeta os status. Segunda: há uma loja de itens, já que Mark comprou uma adaga. Terceira: Os monstros mortos ainda me deram moedas, mesmo sem ter matado eles sozinho... Isso significa que as recompensas não são divididas, mas sim dadas a todos que participaram.

— Isso não interessa agora — sua voz saiu seca e agressiva. — Antes de você ir de novo, eu tenho umas perguntas. 

 『Quais são elas?』

Takeshi suspirou levemente e continuou:

— Por que eu não tenho um moderador? E por que a janela de Layos não sabe sobre algumas coisas enquanto a janela de Mark sabe sobre outras?

A razão pela qual perguntei isso era algo que já estava me irritando. A janela de Layos nem explicou para ele que ele poderia ficar mais forte com as moedas, mas falou sobre o moderador.

A janela de Mark, por outro lado, provavelmente explicou a ele sobre a loja de itens desse mundo. E, além disso, a habilidade de Mark não era nada normal — como alguém saberia usar uma habilidade tão bem logo no início?

A janela azul ficou em silêncio por um momento. Era como se não esperasse aquela pergunta, mas, então, respondeu:

『Você quer saber por que não tem um moderador? Hmm… Talvez seja porque nem eles acham que você vale a pena.』

As palavras cravaram fundo na mente de Takeshi, afiadas como lâminas. Ele sentiu um peso no peito, uma sensação amarga tomando conta dele. Mas, antes que pudesse se perder naquele pensamento, a janela azul continuou:

『Quanto às janelas… bom, isso é normal. Algumas sabem de certas coisas, outras não.』

Enquanto absorvia as informações, algo 

inesperado aconteceu.

"Eu tô com fome."

O ronco alto de sua barriga quebrou o silêncio.

"Droga... como eu não pensei nisso antes?"

Havia tanta coisa acontecendo que ele nem sequer considerou a fome. Suspirou, frustrado. Não queria fazer aquilo, mas não tinha escolha.

Takeshi se abaixou próximo aos corpos dos monstros, observando-os com hesitação. A ideia era insana, mas...

A janela azul brilhou levemente e comentou com um tom curioso:

『Oh… você realmente vai fazer isso? Que interessante.』

Takeshi lançou um olhar afiado para a janela azul, sua paciência se esgotando.

— Cala a boca — sua voz saiu firme, carregada de irritação.

A janela brilhou intensamente, quase como se estivesse indignada.

『Como ousa me mandar calar a boca, humano inútil?!』

As veias de Takeshi saltaram em suas pernas. Ele estalou os dedos devagar, o som seco ecoando pelo ambiente. Seu olhar ficou frio como gelo ao encarar a janela brilhante à sua frente.

— Humano maldito? — ele soltou uma risada seca — você não passa de uma maldita janela falante. No fim, você não pode fazer absolutamente nada — sua voz carregava desprezo puro, como se estivesse esmagando qualquer autoridade que aquela entidade achava que tinha.

A janela ficou em silêncio, mas estava claro que aquilo a irritou. Seu brilho tremulou levemente, como se tentasse conter uma resposta.

Takeshi observou a reação dela e abriu um sorriso frio.

— O que foi? Ficou sem palavras porque sabe que é verdade, não é? 

Ele se levantou lentamente, seus passos ecoando no ambiente silencioso. Aproximou-se da janela sem desviar o olhar, sua presença carregada de algo ameaçador.

— E tem mais uma coisa… — sua voz soou baixa, mas carregada de firmeza — eu vi o que você disse para Layos.

O brilho da janela oscilou novamente.

Takeshi inclinou levemente a cabeça, seu olhar vazio perfurando a entidade brilhante à sua frente.

— Melhor você nunca mais fazer isso. 

O ar ao redor parecia pesar, mesmo que a janela não fosse algo vivo. Por um instante, era quase como se ela tivesse sentido medo.

Takeshi abriu um sorriso maléfico, seus olhos brilhando com algo quase sádico.

— Como funciona a loja? 

No instante seguinte, sua expressão mudou completamente. O sorriso sombrio desapareceu, dando lugar a um semblante mais tranquilo, quase animado, como se a aura assassina de antes nunca tivesse existido.

A janela hesitou por um momento. A mudança repentina parecia tê-la pego de surpresa. Seu brilho oscilou antes de finalmente responder.

『A loja serve para você comprar itens, comidas, artefatos, vender algo ou trocar com alguém.』

Takeshi observou a resposta com um olhar afiado, como se estivesse analisando cada palavra.

Takeshi olhou para a janela com um sorriso travesso.

— Então abra a loja, quero ver uma água e uma carne para comer. 

Quem diria que aquela janela parecia hesitar. Eu sabia que ela estava com medo, uma reação que eu jamais esperaria de algo como ela. Sabe, pensei que naquele momento eu poderia muito bem morrer, mesmo tendo todo aquele conhecimento de jogos ou de algumas estratégias que eu aprendi com pessoas ao longo do tempo. 

Ainda assim, existiam regras que eu nem sequer imaginava. Mas, de alguma forma, estava satisfeito. Ela caiu na minha armadilha. Aquelas palavras que ela usou com Layos foram um jogo duplo — boas e ruins. Layos quase morreu, mas isso o fez mais forte.

A janela azul finalmente revelou o painel com o que eu pedira. A primeira imagem mostrava uma garrafinha de água, simples, mas o que me parecia extremamente suspeito era o fato de ser uma garrafa de plástico, algo tão comum, mas completamente fora de lugar em um mundo tão estranho. 

A outra imagem era de um bife de tamanho médio, mas parecia incrivelmente suculento na foto. A saliva escorreu pela minha boca só de olhar, e eu mal podia esperar para comprar logo.

『1x Água = 5

 1x Carne = 10

 Deseja confirmar a compra?』

Takeshi observou atentamente o painel, sentindo a urgência de satisfazer sua fome.

Ele confirmou a compra. Quando fez isso, no seu lado direito começou a aparecer o que ele havia pedido. A garrafa de plástico estava normal, mas o bife estava embalado numa sacola simples, provavelmente para protegê-lo, já que se estivesse exposto ao chão, o gosto estaria contaminado pelos monstros.

Takeshi pegou tudo com as mãos. Primeiro, abriu a tampa da garrafa e tomou a água com pressa. Quando a água tocou seus lábios, foi como se sua alma fosse aquecida. Ele sentiu uma energia renovada, um prazer indescritível ao finalmente matar a sede. A água descia pela garganta como um alívio, fazendo-o se sentir vivo novamente.

Depois, ele pegou o bife da sacola com as duas mãos, trazendo-o até os lábios. Quando deu a primeira mordida, a explosão de sabor quase fez sua mente sair do lugar. A felicidade tomou conta de seu rosto, uma calma que ele não sentia há muito tempo. Cada mordida era como se ele estivesse saboreando a melhor refeição de sua vida.

Quando terminou de comer, seus olhos estavam relaxados, um sorriso tranquilo se formando em seu rosto. A fome finalmente estava saciada, e uma sensação de cansaço confortável tomou conta dele, quase como se tivesse a necessidade de descansar após o lanche.

Quando bocejou e já estava prestes a dormir, Takeshi percebeu que ainda havia a tarefa pendente e que Layos e Mark também precisavam de comida. Ele bateu no próprio rosto, como se acordasse de um transe, e disse:

— Ae! Eles ainda precisam de mim. Quanto tempo falta para a tarefa acabar? 

 『30 minutos.』

Takeshi ficou completamente surpreso com o tempo, mas rapidamente se ajeitou para ir atrás deles. Foi então que a janela azul falou:

『Se você quiser, eu posso usar minha comunicação para falar com as janelas deles e pedir para virem até aqui. O que você acha?』

Takeshi sorriu com a atitude da janela. Agora que ela havia entendido a situação complicada dele, parecia mais disposta a ajudar. Ele percebeu que as janelas também tinham sentimentos, o que confirmava algo que ele já suspeitava.

— Pode ser. 

Takeshi caminhou na frente enquanto a janela azul enviava a mensagem para as janelas de Layos e Mark. Ele estava correndo com um único objetivo em mente: o tempo da tarefa estava se esgotando, e ele não podia perder mais tempo. Agora, a corrida para o vale começava.

Depois de correr por alguns segundos, Takeshi encontrou Mark, que ainda estava carregando Layos.

— Oi, eu vi a mensagem — Mark disse, com um sorriso leve.

Takeshi suspirou de leve e respondeu, ajustando sua postura.

— Precisamos agir rápido, o tempo está acabando. Fica tranquilo, Mark, eu aprendi uma coisa também.

Mark ficou surpreso com a novidade, mas logo fez uma outra pergunta:

— Tá. Eu ganhei moedas do nada também, isso é normal?

Takeshi, com um olhar mais sério, explicou como funcionavam as moedas e o motivo de ele ter recebido aquelas. 

Ele também falou sobre a loja de comidas e como seria uma boa ideia ele pedir algo para comer, pois isso poderia ajudar muito no combate. Mark ficou surpreso com a opção da loja de itens, pois não sabia que isso era possível.

— Não sabia que dava para fazer isso… Vou pedir algo então — Mark disse, ainda um pouco desconcertado.

Takeshi assentiu, percebendo que ainda havia muito para aprender sobre esse novo mundo, mas o tempo não estava a seu favor. Eles precisavam agir rapidamente, mas pelo menos agora estavam mais preparados.

Ele pegou Layos, que estava nas costas de Mark gentilmente para não acordá-lo, e o colocou nas suas costas para transportá-lo com mais facilidade. Mark, por sua vez, estava tomando água num corpo de matéria. Ele estava comendo três pães, sentado no chão, e depois de terminar, bateu as mãos e deixou o copo ali.

— Você vai levar Layos com você mesmo? Tem certeza que consegue? — Mark perguntou, preocupado.

— Fica tranquilo, eu agora tenho moedas, posso seguir um pouco mais rápido — Takeshi respondeu com um sorriso confiante.

Mark pegou a sua adaga com o braço direito e respondeu.

— Está bom. Olha, essas informações foram muito boas. Quando Layos acordar, ele vai precisar comer também. 

Takeshi apenas concordou com a cabeça e, depois, falou:

— Eu vou upar duas vezes a velocidade e colocar um ponto em força, stamina e defesa. 

As pernas de Takeshi começaram a brilhar com uma aura azul forte. Elas se tornaram mais definidas e sua aparência ficou mais elegante. Seus braços ficaram um pouco mais duros e definidos. A aura azul ao redor dele proporcionava uma sensação de conforto, antes de desaparecer suavemente, como um vagalume.

— Hahahahah. Você é bastante estranho, Tokashi, mas no sentido bom — Mark comentou, rindo.

Takeshi ficou em choque com o que ele disse, seu rosto mostrando irritação.

— Espera, foi isso mesmo que eu ouvi? — ele perguntou, claramente irritado por nenhum deles saber pronunciar seu nome corretamente.

— Como assim, Tokashi? — Mark perguntou, ainda mais confuso.

Takeshi suspirou e, com um leve resmungo, desistiu de explicar, começando a caminhar em direção ao objetivo.

— Esquece, vamos logo — ele estava com uma galera de desânimo depois disso.

Os dois caminharam pelo corredor. Mark estava na frente correndo de boa. Takeshi estava conseguindo acompanhar ele um pouco já que agora seus atributos estão fortes.

Eles caminharam por algum tempo, até que finalmente encontraram algo que parecia diferente de tudo o que já tinham visto. O ambiente ao redor era inusitado. 

Eles haviam chegado a um campo aberto, onde o espaço parecia comprimido por uma sensação de densidade no ar. Ao entrarem, sentiram a água imediatamente. 

Ela estava fria ao toque, e embora cobrisse grande parte do terreno, era rasa, o que impediu que caíssem. A água se espalhava delicadamente, como um rio preguiçoso que escolheu seu próprio caminho. 

Refletia a luz ambiente, criando pequenos brilhos que dançavam nas superfícies.

O que mais chamava atenção eram as flores que flutuavam na água, suas cores intensas contrastando com o tom translúcido do líquido. Algumas eram vermelhas, vibrantes, outras de um roxo profundo, quase negro, e havia até flores roxas mais suaves, todas entrelaçadas entre si como uma tapeçaria natural. 

O chão estava coberto por essas flores, formando um tapete irregular que se estendia por onde a vista alcançava.

O campo, que parecia vazio à primeira vista, tinha uma sensação de vida calma e silenciosa. 

As paredes circulares, que eram pequenas e feitas de um material esbranquiçado e polido, pareciam surgir do nada, quase como se estivessem tentando se esconder da atenção. Elas não eram altas, mas o suficiente para delimitar o espaço e criar um ambiente de introspecção.

E, surpreendentemente, no meio de tudo isso, uma luz suave e intensa descia do teto, iluminando uma área central. A luz parecia proveniente de uma fonte desconhecida, uma espécie de abertura ou fissura no alto, deixando o ambiente com uma sensação surreal, como se fosse um lugar que transcendesse o tempo e a lógica. 

O cenário parecia irreal, quase mágico, com a água refletindo a luz da mesma maneira que as flores refletiam a tranquilidade daquele lugar.

Depois que eles ficaram de boca aberta eles viram algo que era a vitória.

Estava no canto esquerdo do lugar a Bandeira Branca. E tinha uma barreira verde envolta. E agora estava tudo respondido. O número de limites que pessoas podem entrar lá são de 5 pessoas.

Mark estava caminhando na frente, o som suave da água sendo deslocada pelos seus passos ecoando pelo ambiente. De repente, Takeshi parou ele com a mão esquerda, sinalizando para que ficasse quieto.

— Ah? O que você está fazendo? A bandeira está logo ali — Mark perguntou, confuso.

Takeshi permaneceu em silêncio por um momento, os olhos atentos, como se estivesse escutando algo além do som da água.

— Não é tão simples assim... — ele respondeu baixinho — tem algo ali. 

A água se agitou levemente, e o som distante de algo se movendo pode ser ouvido, como se a própria natureza estivesse tentando alertá-los. Takeshi apertou os punhos, ciente de que estavam prestes a se deparar com algo muito maior do que imaginavam.

O que quer que estivesse ali, eles estavam prestes a descobrir…