NOITE ILUMINADA PELO LUAR

Após renascer neste mundo, tudo foi de fato um saco. Totalmente diferente do que havia pensado, o que foi uma enorme quebra de realidade para mim. . . Desde o meu parto, levou alguns dias para meus olhos finalmente se abrirem, mas minha vista ainda estava completamente inútil. Então, passou mais um tempo até que pudesse finalmente voltar a ver tudo com clareza. Mas havia outra coisa bem interessante, após voltar a enxergar melhor novamente, a escuridão da sala em que me encontrei não atrapalhava em nada minha vista, era como se meus olhos fossem adaptados a enxergar até mesmo no escuro. Contudo, minha surpresa foi completamente quebrada quando um grande som de porta velha se espalhou pelo lugar em que eu estava, e uma Luz extremamente reluzente invadiu o lugar.

No primeiro momento, fiquei cego pelo brilho grandemente forte que vinha de fora da sala, no entanto, depois de um tempinho, meus olhos começaram a se acostumar com a luz emitida pelo ambiente do local, pude vê-la claramente. Bem na minha frente, entrando pela porta, havia uma linda mulher que aparentava ter entre seus 29 e 30 anos. Ela veio caminhando até estar frente a frente comigo, olhando para mim com um lindo sorriso no rosto. Ela estendeu seus braços em minha direção e me pegou no colo com enorme cuidado e carinho.

Logo depois de ter me pego no colo, pude ver um homem que parecia meio estúpido que vinha logo atrás dela, junto de outra mulher que era bem parecida com aquele homem estúpido. Naquele momento, uma imagem que jamais esqueceria se gravou na minha mente... Pois, aquelas três pessoas eram as mesmas silhuetas que havia visto antes, eles são a minha nova família nesse mundo.

Tudo estava normal, até que percebi algo, que me fez pensar... "Acho que finalmente fiquei senil só pode ser isso, estou vendo coisas agora!", pois aquelas três pessoas diferiam de tudo que poderia imaginar, diferente da silhueta anterior a qual não havia tantos detalhes, agora com a visão lúcida e clara pude facilmente observar cada detalhes de seus rostos.

A linda moça tinha umas características peculiares, tipo orelhas de Lobo bem no topo de sua cabeça... sua boca era completamente chamativa, pois nela havia uma presa canina que estava à mostra, por fora dos lábios, mesmo sendo fofa. E também suas unhas das mãos eram um pouco grandes e pontiagudas, quase como se fossem as garras de um lobo. Além disso, seu cabelo era de tonalidade violeta-escuro e seus olhos eram da cor de vinho.

Para ser honesto, ela tinha um corpo que seria invejável, para qualquer mulher do mundo de onde vim, com peitos enormes, cintura bem acentuada, quadril largo, mas sem exagero. Além disso, a musculatura dela era completamente demarcada, do tipo que ficaria bem em uma mulher de tal estatura. Se fosse para explicar em detalhes, levaria um tempinho, mas resumindo, ela se parecia com uma modelo famosa. Além do seu estilo mais refinado, uma coisa era fato: "Ela provavelmente tinha problemas com a costa, graças àqueles balões que ela carregava"

Suas orelhas eram tão realistas que senti que, se as tocasse, poderia sentir os pelos sedosos. Por um momento, pensei que a garota fosse algum tipo de cosplay ou aquele tipo de pessoa que gosta de se fantasiar de personagens, mas minha teoria foi refutada poucos segundos após isso.

Pois, ao olhar para o lado da bela moça, havia aquele homem que de início parecia ser bem estúpido. Porém, quando visto de perto, até parecia ser um cara bacana, ele tinha uma estatura um pouco acima da média, algo em torno de 1,87 de altura. Sua musculatura era bem definida e fibrada, seu cabelo era bastante comprido, chegando até sua cintura e também era ruivo a ponto de ser praticamente carmesim, seus olhos eram caramelados, bom, levando literalmente, ele é o grande e infame cara bonitão.

De certa forma, pensei assim, porém, quando olhei para a cabeça dele, percebi que ele também tinha orelhas de lobo, e suas presas também eram grandes e pontiagudas, mesmo que ainda maiores em relação às pressas da linda mulher. E as unhas dele eram igualmente compridas e afiadas, e ele se vestia com algo que era semelhante a uma armadura.

Porém, enquanto analisava a situação, aquele cara parecia inquieto, ele me olhava de forma desconcertante e séria, até senti um pequeno frio na espinha, parecia que ele estava prestes a pular em cima de mim e me estraçalhar... Em algum momento, achei que ele iria me abandonar ou me matar, pois o olhar dele era totalmente um olhar amedrontador.

O motivo pelo qual aquele cara estava tão inquieto era totalmente o contrário do que eu imaginava. Pois logo após me olhar tanto, o homem se aproximou da bela moça e a abraçou. Ele parecia feliz, muito feliz mesmo, era quase como um cachorrinho, abanando o rabo, mas mesmo assim ele segurava suas expressões. Após o abraço, ele selou a boca da moça com um grande e demorado beijo que me deixou verdadeiramente muito desconfortável. Cheguei até a pensar:

"Droga, esse maldito sortudo só pode estar zombando de mim, mesmo que pareça um bebê, agora eu ainda sou um homem!".

O homem, que tinha uma cara séria até pouco tempo atrás, inesperadamente acabou soltando um sorriso de lado. Depois de ter soltado a pobre mulher que provavelmente já estava sem fôlego. Aquele louco me pegou no colo sem nenhuma delicadeza, e se soltou como uma flor no outono, me dando beijinhos na testa e rosto todo. Por um momento, fiquei até tímido, mas depois, quando me lembrei de que ele era um homem, acabei ficando enojado com aquele rosto nem um pouco delicado esfregando em minha barriga. Não que tivesse preconceitos, eu só precisava manter a aparência de durão naquele momento, mas isso não me impediu de sentir vergonha.

E acabei ficando um pouco irritado com a situação, mas relevei, afinal ele me via como filho dele. Como já tinha curiosidade sobre aquelas orelhas, joguei meu braço em direção à orelha dele, mas para minha surpresa, era totalmente real aquelas duas orelhas de lobo. Sem conseguir acreditar, com os pesamentos, uma bagunça, pensei: "Espere um minuto... Está quente, é fofo e até posso sentir um pequeno pulso... Mas como? Isso não era para ser uma fantasia?" Pensei após ter apalpado as orelhas do homem.

Assim que olhei para frente, as minhas mãos haviam ficado bem pequenas quando comparadas às orelhas dele, além de que minhas unhas eram igualmente grandes e afiadas, assim como as dele e as da mulher?".

Quando percebi, aquilo foi algo esplêndido, como se uma mula tivesse me jogado de um penhasco com um coice na Ponta do Queixo. Tentei analisar esta situação de diversas maneiras, mas simplesmente era aceitável, afinal havia reencarnado, algo desse tipo era esperado... Esse é o novo mundo no qual iria reencarnar. Devem ser uma raça diferente dos humanos, tipo híbrido, e este com certeza é o meu novo corpo, acho que agora não se pode, mas dizer que sou humano mesmo.

Então esse maluco aqui na minha frente deve ser o meu pai, então a moça bonita ali é minha mãe. Bom, isso é certeza porque se os dois estavam se beijando, são provavelmente um casal... não tem outra resposta, eu nasci em uma família completamente anormal.

Já a moça que estava com meu pai, pude deduzir que ela deveria ser minha tia ou algo assim, considerando que ela era completamente semelhante ao meu pai, só que mais bonita e feminina, e delicada também. . . Mal conseguia acreditar que a irmã de meu pai era o completo oposto dele, a conclusão a que cheguei foi que ambos os 3 presentes ali eram meus parentes.

Então fui me acostumando a esse novo estilo de vida, e as pessoas que estavam ali. . . E o tempo passou rapidamente, a essa altura já haviam se passado em torno de uns 3 meses... e já havia aprendido a engatinhar e até a ficar de pé, mas ainda era difícil controlar completamente meu corpo todo.

Depois disso, decidi coletar informações sobre este mundo. Esta é realmente a coisa mais comum a se fazer para alguém reencarnado como eu. Eu não tenho conhecimento algum sobre este mundo, o clima, as raças que habitam este lugar, civilizações e religiões. Além disso, minha localização é um mistério para mim mesmo, descobrir tudo sobre este mundo era minha principal preocupação no momento, mas por ainda ser um bebê, toda forma de obter conhecimento era limitada. Nem mesmo havia saído para qualquer lugar distante. A única vez que estive fora de casa foi durante minha apresentação para a vila assim que fiz 8 meses de vida, no qual os vizinhos me conheceram.

Mas o pior problema é que ainda não consigo falar e nem mesmo andar firmemente, então isso dificulta meus planos, mas da forma como as coisas vão indo, minha preocupação não vai se estender muito mais. Ao que parece, semi-humanos como eu podem evoluir muito mais rápido que humanos, por isso normalmente, enquanto humanos demoram para andar. Semi-humanos em menos de 8 meses já podem andar livremente por aí, e não vejo a hora disso chegar. Sinto falta de poder andar livre novamente, mas tenho uma carta na mangá, ainda posso ler livros e coisas do tipo desde que alguém deixe eles em algum lugar que eu consiga alcançar.

Enquanto estava distraído lendo um dos livros que meu pai deixou espalhado por aí, ouvi uma discussão:

- Ei, Angie, onde está o Fuyuki? Ele deve ter pegado meu livro. Eu esqueci de guardar e deixei em cima de uma cadeira, mas quando voltei ele havia sumido! - disse uma voz, com um tom levemente áspero e irritado.

"Ah? De novo, não, esses dois já vão começar com isso? Eles fazem isso o tempo todo, mas na primeira oportunidade vão estar se agarrando nos beijos e abraços. E também esse meu pai é um cabeça de vento, mas não tenho do que reclamar. É por ele ser assim que posso ler livros que contem coisas interessantes sobre como esse mundo funciona!" Mas enquanto estava imerso em pensamentos, minha mãe, que se chamava Angie respondeu:

- E eu sei? Você deveria prestar mais atenção nisso. E nem pense em brigar com ele, afinal, a culpa é sua por ele ter mexido nos seus livros! - respondeu Angie, logo em seguida.

- Certo, então você vai agir assim, Angie? Eu pensei que você era a favor de dar uma boa educação ao Fuyuki, mas vejo que você não pensa mais assim! - argumentou meu pai, um pouco vorazmente.

- Olha só o que você diz, Raine... Você acha que eu não sei criar nosso filho? - Você é um ingrato grosseiro! Fui eu quem o pariu, quem o amamentou quando estava com fome, quem o carregou no meu estômago por 9 meses! Então, não seja hipócrita comigo! - gritou a mulher, com um tom alto e agudo, enquanto jogava uma panela em direção ao meu pai, Raine, que, parecendo um personagem de desenho animado, saiu correndo pela porta da frente, desviando desajeitadamente dos objetos que Angie lançava contra ele, quase tropeçando em si.

Por que os adultos dessa casa são tão mal-humorados? Devido a apenas um pouco de bagunça, eles começam a reclamar e brigar, mas pouco tempo depois já estão se beijando novamente, feito dois adolescentes na flor da pele, e sinceramente, pelo jeito como eles gostam de se pegar, uma hora eu ganho um irmãozinho mais novo.

Para quem não gosta de barulho, as coisas podem realmente ser um inferno. Mas o que estou ouvindo agora? Basicamente, são apenas minha mãe e meu pai discutindo sobre a melhor forma de me criar. O mais interessante é que eles só se comportam assim quando não estou por perto.

Eu estava um pouco perdido nos meus pensamentos, mas nada tão sério... A única coisa que estou fazendo é ler um livro, o que há de errado nisso? Ainda faço questão de devolver os livros exatamente no mesmo lugar de onde os peguei.

Bem, antes que ele venha para me procurar, vou me esconder com esses livros para lê-los imediatamente, depois é só colocar no lugar em que achei e fingir demência.

Dois dias atrás, encontrei um pequeno quarto cheio de porcarias enquanto engatinhava por aí, entre elas armaduras, espadas e lanças, aquela sala é separada dos cômodos quase como um antigo porão.

Quando estava lendo o livro do Raine que achei, vi uma espécie de símbolo com uma estrela de sete pontas. Este é provavelmente como um daqueles livros de feitiços malucos.

Mas, pelo que ouvi quando meu pai e os aldeões conversavam há uns dias, semi-humanos não podem usar as principais fontes de energia desse mundo, e nem mesmo podem usar o que é chamado de habilidades ou dádivas.

Espera... Parando para pensar sobre isso, tudo começou a se conectar. Minha mãe disse algo sobre as dádivas. Ela disse serem algumas habilidades adquiridas através de votos. Essas habilidades vêm com o que é chamado de {{Macularchia}}, sendo basicamente um pacote completo de habilidades desde as raras a comuns. O lado ruim é que todos os seres que possuem isso têm uma marca acoplada a alguma parte do corpo. Mas há um porém, para conseguir essas bênçãos e dádivas é preciso ter no mínimo a idade correta, os quais são entre os 11 a 12 anos.

Além disso, Semi-humanos, bestas selvagens e monstros não podem receber esses "presentes" por terem sangue selvagem. Exatamente por esse motivo que não podemos usar magia e nem receber habilidades... Pois, os núcleos mágicos, quando misturados com sangue selvagem, acabam quebrando.

Bem, posso estar errado, mas acho que meu pai está escondendo alguma coisa. Mas definitivamente não vai ser fácil arrancar isso de um cabeça de vento como ele.

Depois disso, já tinha lido quase todo o livro... Então, decidi aprofundar meus conhecimentos e fui para as últimas páginas do livro.

Depois de um tempinho, estudei finalmente o livro inteiro, então, quando terminei de ler todo o livro, descobri um tipo diferente de escrita de sinais na capa do livro, cada símbolo diferia e possuía um formato geométrico.

E havia uma grande imagem de uma estrela de oito pontas com a figura de um dragão. Não entendi muito sobre aquilo, então resolvi apenas deixar quieto.

Então devolvi o livro, me escondendo logo depois, e então voltei à minha rotina normal de gatinhar, fazer bagunça e fingir ser um bebê normal para não levantar suspeitas, mas uma voz havia me chamado atenção, parecia um choro.

Assim que cheguei até a voz, vi a irmã do meu pai encostada na parede sentada, ela chorava e dizia coisas estranhas... Pensei em me aproximar, mas lembrei que ainda sou só um bebê, como eu poderia fazer algo, afinal, os pensamentos não me permitiram ignorar esses eram:

"Ah! Cara, como é ruim não poder fazer nada, eu sou basicamente limitado a tudo por ser um bebê. Como eu poderia entender o que ela está sentindo, parece ser algo grave".

Assim sendo, resolvi ir gatinhar em outro canto, mas minha consciência pesou ainda mais... E no fim acabei indo até a minha tia.

Eu não podia falar nada, mas cheguei gatinhando próximo a ela e sentei ao lado dela. Que por um momento me olhou e ficou parada sem entender muito, mas depois ela me pegou no colo e começou a chorar ainda mais intensamente.

Ela começou a desabafar, dizendo coisas que eu nem fazia ideia do que seriam... Mas no fim, ela soltou uma palavra que até mesmo eu pude entender o porquê dela estar chorando.

Ela disse:

- Aquele desgraçado! Você prometeu que voltaria, que estaríamos juntos novamente. Mas você mentiu para mim... Como pode me deixar assim, de repente, sem aviso? O que eu faço agora? Como eu fico? No fim, você não passou de um mentiroso... E nossa filha, como vai ficar nossa filha agora? A criança que carrego em meu ventre, como ela vai viver sem conhecer o pai? Cada batida do meu coração dói mais do que a anterior, porque sei que você nunca mais vai voltar para nós. Destruída, perdida, sozinha... não sei se consigo continuar sem você! - Clamou ela, que chorava feito uma criança.

- Desculpe, pequeno Fu, estou molhando você com minhas lágrimas e desabafando meus problemas, mesmo sabendo que você é apenas um bebê. Eu não sei o que fazer; essa agonia não desce pela minha garganta, não importa quantas palavras eu diga. Sinto que uma parte de mim foi arrancada! - continuou a moça, entre soluços e prantos. - Como vou cuidar da Lizzie sozinha? Como vou dar a ela o amor e o cuidado que ela merece, sem seu pai? Cada vez que penso no futuro, vejo apenas um vazio onde ele deveria estar. Sinto uma dor insuportável, como se meu coração estivesse sendo rasgado em mil pedaços.

Por algum motivo, isso me deixou muito desconfortável e me senti mal... Eu acabei ouvindo algo que não era da minha conta, mas que mexeu com meu coração. Eu decidi que, quando Lizzie nascesse, eu cuidaria dela com minha própria vida.

Como será que os meus pais irão reagir a isso? A tia provavelmente vira morar conosco depois disso, afinal ela é a irmã mais nova do pai, as coisas vão por um caminho ruim... Muito ruim para ela, mas creio que ela eventualmente irá superar tudo isso. E afinal, acho que não sou o único que se ferra a todo momento na vida.

Pelo menos temos algo em comum, pensado assim, passamos um tempo olhando a lua pela janela que estava à frente e então adormecemos.