A cidade seguia seu ritmo normal. Pessoas caminhavam despreocupadas, o burburinho das conversas se misturava ao som dos motores dos carros. O sol iluminava os prédios, e tudo parecia estar em perfeita harmonia.
Até que uma sensação estranha tomou conta do ambiente.
Um arrepio subiu pela espinha. O ar ficou pesado, denso, sufocante.
Estalo.
O som ressoou por toda a cidade, ecoando como o prenúncio de um desastre iminente.
Estrondo.
Uma lança colossal, formada por nuvens e raios, rasgou o céu. Sua descida cortava o vento, estremecendo os prédios ao redor. Apenas sua proximidade era o suficiente para estilhaçar vidraças e fazer as estruturas tremerem. Mas aquela lança tinha um alvo.
Lee Ji-Ho.
O jovem caminhava distraído pela calçada quando sentiu o perigo. Seu corpo reagiu antes mesmo de sua mente processar o que acontecia. Num movimento fluido, inclinou-se para o lado, desviando-se no último instante.
O impacto da lança no asfalto atrás dele resultou em uma explosão ensurdecedora. O chão se partiu, os escombros voaram em todas as direções. O caos tomou conta da cidade.
Outro estalo.
Outra lança.
Dessa vez, Ji-Ho estava pronto.
A segunda lança desceu com força avassaladora, destruindo por completo o que restava da rua. O ar parecia vibrar com a energia destrutiva, um som cortante que parecia rasgar a própria realidade.
Ji-Ho não hesitou. Com apenas a mão esquerda, agarrou a lança. Seu impacto o fez deslizar pelas ruas, os pés cravando trilhas profundas no solo destruído. Ele cerrava os dentes, tentando conter a força absurda da arma celestial. A pressão aumentava. O chão sob seus dedos se despedaçava.
Não podia perder tempo.
Com um rugido, ele canalizou sua força e, em um movimento explosivo, arremessou a lança de volta ao céu.
O som do lançamento ecoou como um trovão. A lança subiu, rasgando as nuvens com velocidade ainda maior do que antes. No instante em que alcançou os céus, a luz do dia foi consumida por trevas.
Um par de olhos rubros surgiu na tempestade.
A criatura se revelava.
A silhueta gigantesca feita de nuvens e eletricidade tomou forma. Seu corpo imponente parecia uma escultura de mármore negro. Seus dentes afiados reluziam com os raios que cortavam o céu. Sua presença era sufocante.
Ji-Ho ergueu o olhar, um sorriso confiante surgindo em seu rosto.
— Pode vir, seu maldito.
A criatura não hesitou. De dentro da tempestade, seu braço colossal se esticou, pronto para esmagá-lo.
Ji-Ho se moveu. Seu corpo brilhou em azul e, e sua velocidade de movimento triplicou.
O soco da entidade caiu sobre a cidade.
O impacto foi catastrófico. Prédios desmoronaram, as ruas se partiram e o estrondo se espalhou por quilômetros. A cratera formada pelo golpe parecia um abismo sem fundo.
Em apenas um salto Ji-Ho não estava ali.
Ele já estava nas alturas. Seu corpo deixava um rastro de eletricidade azulada enquanto se movimentava rapidamente para perto da criatura.
Foi então que viu.
Uma mão monstruosa, acinzentada, repleta de garras afiadas, emergiu das nuvens. Ela veio em sua direção com velocidade assustadora.
Ji-Ho não hesitou.
Uma adaga roxa se materializou em sua mão direita. Com um único golpe, ele abriu um corte profundo na carne da criatura.
O rugido de dor que se seguiu fez a terra tremer.
Todos os olhares se voltaram para o céu.
A tempestade se dissipou momentaneamente, revelando a verdadeira forma da criatura.
Arathos, o Colosso dos Deuses.
Seus olhos negros com íris vermelhas fitavam Ji-Ho com fúria. Suas mandíbulas se abriram, revelando presas tão grandes quanto edifícios. Seu braço colossal se ergueu novamente, pronto para esmagar seu inimigo.
Ji-Ho riu.
— Aí está você, desgraçado. PODE VIR COM TUDO!
Ele avançou.
No último instante, sua mão direita brilhou intensamente. Um soco carregado de energia chocou-se contra a palma do colosso, gerando uma explosão colossal.
Ji-Ho foi arremessado para um prédio distante, destruindo parte da estrutura ao pousar.
Mas Arathos não estava sozinho.
Das sombras da tempestade, harpias demoníacas emergiram, suas asas sombrias cortando os céus enquanto se lançavam na direção de Ji-Ho.
Ele observou a investida, um sorriso de escárnio surgindo em seu rosto.
— Vai apelar mesmo?
Em um instante, ele correu. Saltou sobre uma das harpias, usou-a como apoio para impulsionar-se para a próxima. No ar, girou a adaga, degolando o monstro antes de avançar para outro.
Os céus se tornaram um campo de batalha.
Enquanto Ji-Ho avançava entre as harpias, o Colosso aproveitou a oportunidade para agarra-lo.
Ao abrir a mão percebeu que conseguira apenas agarrar uma das harpias.
Ji-Ho subia em alta velocidade pelo braço de Arathos, canalizando novamente a sua energia.
— Agora será seu fim seu merda.
Com o braço energizado, Ji-Ho desferiu um soco estrondoso no rosto de Arathos, e aproveitando a guarda baixa do Colosso, da palma da sua mão conjurou uma labareda de energia.
Atingindo o ser divino.
De trás da fumaça da explosão, surge Arathos com o rosto deformado, com a carne e os músculos da face queimados, permitindo enxergar partes de seu crânio.
Arathos preparava sua cartada final. Do seu rugido tenebroso. Portais começaram a se abrir por toda a cidade.
Monstros emergiram.
O terror tomou conta das ruas. Criaturas grotescas atacavam civis, dilacerando tudo que encontravam. O chão foi tingido de vermelho.
Ji-Ho pousou, encarando o caos à sua volta. Sua expressão se tornou séria. Sem hesitação, ele correu entre os becos e ruínas, sua adaga se movendo como um borrão. Cada golpe era letal.
Os monstros sentiram sua presença. Tentaram cercá-lo. Um esquadrão avançou contra ele.
Ele não recuou.
Em um salto, seu punho brilhou novamente e, ao tocar o solo, uma explosão de energia devastou os inimigos ao seu redor.
Os Despertos chegaram.
Ryūga liderava a equipe Titã, sua presença imponente dominando o campo de batalha. Arashi, à frente da Vanguarda, mantinha os monstros longe da zona central da cidade.
Mas Ji-Ho tinha um alvo.
Arathos.
O colosso ergueu uma lança gigantesca e a lançou. O impacto destruiu uma avenida inteira.
Ji-Ho não perdeu tempo. Correu pela própria lança, usando-a como caminho até o monstro divino. Mais lanças surgiram, sendo arremessadas contra ele.
Ele pulou de uma para outra, subindo cada vez mais.
Todos os Despertos observaram, surpresos com sua habilidade insana.
Então, Ji-Ho alcançou Arathos.
Com um estalo de dedos, uma lança sombria, colossal e densa como o próprio vazio, se materializou.
Ele a segurou firme.
E então a fincou no peito do colosso.
O rugido final de Arathos ecoou pelos céus.
Seu corpo começou a se desfazer em cinzas antes mesmo de tocar o solo.
Os portais desapareceram. Os monstros se dissolveram no ar.
Ji-Ho pousou suavemente, encarando o céu limpo.
— Esse não será o único ataque dos deuses...
Ele sorriu.
— Apenas eu prevalecerei.