Capítulo 13 – Caminhos Opostos

O vento cortava minha pele enquanto caminhava pela estrada de terra, o cheiro de cinzas e podridão ainda impregnado no ar desde a última cidade que deixei para trás. Meus passos ecoavam pesados, e minha mente, antes focado na vingança, agora era um campo de batalha.

A confusão sussurrava.

Sussurrava como se fosse uma voz distante no fundo da minha consciência, tentando me dobrar. Quando perdi o controle naquela noite, percebi que esse poder era muito mais do que um fardo… Ele queria me consumir .

Eu preciso entender essa força antes que ela me transforme em um monstro de verdade.

Sylvaine

A noite era fria, mas eu já não sentia mais nada. A traição que cometi pesava nos ombros, mas a promessa que fiz a mim mesma ainda ardia dentro do meu peito.

Eu vou matá-lo.

Vou matar o homem que destruiu minha família. Não importa quantas vidas precisem ser esmagadas no caminho, não importa que agora eu tenha que fazer isso sozinha .

A hospedaria onde parei era suja e fedia a cerveja velha e suor. O taberneiro, um homem gordo e sujo, me olhou com desconfiança antes de jogar uma chave no balcão.

– Não quero confusão aqui. Se for brigar, faça isso lá fora.

– Não estou procurando briga. – Peguei a chave e subi as escadas, ignorando os olhares dos bêbados ao redor.

Minha mente ainda estava atormentada com a imagem de Alistair… Daquele olhar que ele me lançou depois que descobriu minha traição. Ele não me matou.

Por quê?

Eu balancei a cabeça e fechei a porta atrás de mim. Não era hora de pensar nisso.

Alistair

A clarareira estava vazia, apenas o som do vento sacudindo as folhas secas. Eu me ajoelhei no meio do círculo de pedra, tentando silenciar as vozes dentro da minha cabeça.

– Você está tentando se conter… – A voz veio da escuridão.

Minhas mãos foram diretas para a adaga no meu cinto.

Uma figura encapuzada emergente da floresta. Seu rosto estava coberto, mas seus olhos brilhavam como brasas.

– Se continuar fugindo do seu próprio poder, ele vai te devorar.

Meus músculos estavam tensos, prontos para atacar.

– Quem diabos é você?

O homem deu um passo à frente, retirando o capuz. Seu rosto era velho, marcado por cicatrizes profundas.

– Alguém que já passou pelo que você está passando. – com um sorriso torto e sombrio. – Se quiser respostas, venha comigo. Caso contrário… Continue lutando contra si mesmo até enlouquecer.

O poder dentro de mim rugiu , como se soubesse que esse homem falava a verdade.

Eu apertei os punhos. Talvez fosse hora de parar de fugir.

Sylvaine

Eu estava de pé no beco, esperando. O contato chegaria a qualquer momento.

– Você tem certeza de que quer ir até o fim com isso? – A voz rouca me fez virar.

Um homem vestido com roupas nobres, mas com olhos frios e calculistas, saiu das sombras. Ele não parecia alguém confiável, mas eu já tinha cruzado a linha da traição.

– Eu só quero informações sobre meu alvo.

O homem riu.

– Informações sempre têm um preço, garota. Mas eu já sei que tipo de moeda você aceita pagar.

Minha mão foi direta para o cabo da minha adaga.

– Se for dinheiro, fale o valor. Se for algo além disso, eu corto sua garganta agora.

Ele levantou as mãos, ainda sorrindo.

– Calma. Eu gosto de pessoas diretas. Seu… Está mais perto do que você imagina.

Meu coração disparou.

– Fale.

Ele se mudou, sussurrando no meu ouvido. Suas palavras foram um golpe mais forte do que qualquer lâmina.

Minha presa… estava esperando por mim.

Eu saí correndo do beco.

A vingança finalmente estava ao meu alcance.

Alistair 

Eu sigo o velho encapuzado pela floresta, sentindo a energia ao meu redor mudando. Algo nessa caminhada parecia diferente… Como se eu estivesse prestes a cruzar um limite sem volta .

Mas eu não tinha escolha.

Se quisesse minha vingança, eu precisava aprender a dominar a fera dentro de mim .

E, dessa vez, eu não hesitaria.