O vento cortava minha pele enquanto caminhava pela estrada de terra, o cheiro de cinzas e podridão ainda impregnado no ar desde a última cidade que deixei para trás. Meus passos ecoavam pesados, e minha mente, antes focado na vingança, agora era um campo de batalha.
A confusão sussurrava.
Sussurrava como se fosse uma voz distante no fundo da minha consciência, tentando me dobrar. Quando perdi o controle naquela noite, percebi que esse poder era muito mais do que um fardo… Ele queria me consumir .
Eu preciso entender essa força antes que ela me transforme em um monstro de verdade.
Sylvaine
A noite era fria, mas eu já não sentia mais nada. A traição que cometi pesava nos ombros, mas a promessa que fiz a mim mesma ainda ardia dentro do meu peito.
Eu vou matá-lo.
Vou matar o homem que destruiu minha família. Não importa quantas vidas precisem ser esmagadas no caminho, não importa que agora eu tenha que fazer isso sozinha .
A hospedaria onde parei era suja e fedia a cerveja velha e suor. O taberneiro, um homem gordo e sujo, me olhou com desconfiança antes de jogar uma chave no balcão.
– Não quero confusão aqui. Se for brigar, faça isso lá fora.
– Não estou procurando briga. – Peguei a chave e subi as escadas, ignorando os olhares dos bêbados ao redor.
Minha mente ainda estava atormentada com a imagem de Alistair… Daquele olhar que ele me lançou depois que descobriu minha traição. Ele não me matou.
Por quê?
Eu balancei a cabeça e fechei a porta atrás de mim. Não era hora de pensar nisso.
Alistair
A clarareira estava vazia, apenas o som do vento sacudindo as folhas secas. Eu me ajoelhei no meio do círculo de pedra, tentando silenciar as vozes dentro da minha cabeça.
– Você está tentando se conter… – A voz veio da escuridão.
Minhas mãos foram diretas para a adaga no meu cinto.
Uma figura encapuzada emergente da floresta. Seu rosto estava coberto, mas seus olhos brilhavam como brasas.
– Se continuar fugindo do seu próprio poder, ele vai te devorar.
Meus músculos estavam tensos, prontos para atacar.
– Quem diabos é você?
O homem deu um passo à frente, retirando o capuz. Seu rosto era velho, marcado por cicatrizes profundas.
– Alguém que já passou pelo que você está passando. – com um sorriso torto e sombrio. – Se quiser respostas, venha comigo. Caso contrário… Continue lutando contra si mesmo até enlouquecer.
O poder dentro de mim rugiu , como se soubesse que esse homem falava a verdade.
Eu apertei os punhos. Talvez fosse hora de parar de fugir.
Sylvaine
Eu estava de pé no beco, esperando. O contato chegaria a qualquer momento.
– Você tem certeza de que quer ir até o fim com isso? – A voz rouca me fez virar.
Um homem vestido com roupas nobres, mas com olhos frios e calculistas, saiu das sombras. Ele não parecia alguém confiável, mas eu já tinha cruzado a linha da traição.
– Eu só quero informações sobre meu alvo.
O homem riu.
– Informações sempre têm um preço, garota. Mas eu já sei que tipo de moeda você aceita pagar.
Minha mão foi direta para o cabo da minha adaga.
– Se for dinheiro, fale o valor. Se for algo além disso, eu corto sua garganta agora.
Ele levantou as mãos, ainda sorrindo.
– Calma. Eu gosto de pessoas diretas. Seu… Está mais perto do que você imagina.
Meu coração disparou.
– Fale.
Ele se mudou, sussurrando no meu ouvido. Suas palavras foram um golpe mais forte do que qualquer lâmina.
Minha presa… estava esperando por mim.
Eu saí correndo do beco.
A vingança finalmente estava ao meu alcance.
Alistair
Eu sigo o velho encapuzado pela floresta, sentindo a energia ao meu redor mudando. Algo nessa caminhada parecia diferente… Como se eu estivesse prestes a cruzar um limite sem volta .
Mas eu não tinha escolha.
Se quisesse minha vingança, eu precisava aprender a dominar a fera dentro de mim .
E, dessa vez, eu não hesitaria.