Alistair
O poder fluía dentro de mim como um rio silencioso, pronto para se tornar uma tempestade se eu o desejasse. Dessa vez, eu era o senhor dele, e não o contrário.
As ruínas me ensinaram uma lição mais importante: medo é fraqueza, e fraqueza é morte.
Os sussurros na minha mente ainda estavam lá, mas agora eles não ditavam minhas ações.
Sai daquele lugar mais forte do que nunca, pronto para dar continuidade à minha vingança.
Foi então que, ao entrar em uma cidade pequena e movimentada, ouvi algo que me fez parar.
– Ouviu a última? – Um homem murmurava para outro na praça central. – Pegaram uma garota há alguns dias… Uma mercenária. Tentou caçar Roderick, mas acabou sendo capturado.
Meu corpo enrijeceu.
Sylvaine.
Um turbilhão de pensamentos invadiu minha mente.
A sua traição… Ela me vendeu como um objeto.
Mas também lembrei das noites frias em que dividimos abrigo, das batalhas que enfrentamos juntos, das conversas silenciosas ao redor da fogueira.
Ela foi a primeira pessoa que entendeu minha fúria… porque tinha uma fúria igual à.
Meus punhos estão se fechando.
Eu poderia simplesmente seguir meu caminho. Deixá-la sofrer as consequências das próprias escolhas.
Mas, no fundo, havia um código que eu seguia: eu pago minhas dívidas.
E por mais que ela tenha me traído… eu também desviei a ela bons momentos.
Eu iria resgatá-la.
E Roderick morreria essa noite.
Sylvaine
A cela escura era sufocante. O cheiro de sangue e a umidade impregnavam o lugar, e as correntes que prendiam meus pulsos e tornozelos apertavam cada vez mais minha carne.
Mas eu não reclamava da dor.
Elas são o que me mantem consciente.
Roderick ainda não tinha me matado. Ele queria brincar antes de acabar comigo.
Ele descobriu que eu era apenas uma presa fácil.
Mal sabia que a caça sempre pode se tornar o caçador.
Mas, naquele momento, eu estava sem saída.
Se ninguém interferir… eu não teria como escapar.
E eu sabia que ninguém viria.
Eu traí a única pessoa que poderia me ajudar.
Alistair.
Fechei os olhos e suspirei.
Se eu tivesse feito uma escolha diferente naquela noite… será que as coisas estariam diferentes agora?
Alistair
A fortaleza de Roderick se ergue no horizonte, protegida por muralhas e guardas fortemente armados.
Eu caminhei sem hesitação.
Os soldados me olharam com desdém, as mãos nas espadas.
– Identifique-se. – Um deles tentou.
– Eu sou a Morte.
Antes que pudessem reagir, as sombras se ergueram.
Eu não era mais um fugitivo. Eu era um predador.
O primeiro caiu. O segundo tentei gritar, mas minha lâmina cortou sua garganta antes que ele pudesse chamar reforços.
O alarme soou.
Dezenas de homens vieram na minha direção.
Eles não eram o suficiente.
Minha energia percorreu o chão como raízes envenenadas, sugando a luz e a vida ao redor. Era a dança da destruição.
E eu estava no comando.
Meu caminho até Sylvaine estava livre.
Silvana
O som das explosões e gritos ecoou pelo corredor.
Minhas correntes chacoalharam quando levantei a cabeça.
Os guardas correram em desespero, puxando as armas.
Então, ele apareceu.
Os olhos brilham na escuridão, o corpo coberto pelo sangue dos inimigos.
Alistair.
Meus lábios se abriram, mas eu não consegui dizer nada.
Ele me olhou… e por um instante, eu vi algo diferente em seus olhos.
Ele não me odiava.
Mas também não confiava em mim.
Ele cortou as correntes com um único movimento, e eu me levantei.
– Por que você voltou? – Minha voz saiu baixa.
Ele me encarou por um instante, antes de dizer:
– Porque eu ainda lembro de quem você foi antes de me trair.
Então, ele virou-se em direção à porta.
– Venha. Temos alguém para matar.
Eu não hesitei.
Roderick morreria essa noite.