Capítulo 16 – O Retorno da Morte

O cheiro de sangue ainda pairava no ar.

Eu olhei para Sylvaine, que se levantava devagar, esfregando os pulsos onde antes as correntes a prendiam.

Ela estava magra, fraca, mas não quebrada. Seus olhos ainda ardiam em fúria.

Ela me olhou de volta, e por um instante, o silêncio se estendeu entre nós.

Eu poderia simplesmente deixar-la para trás.

Eu deveria deixar-la para trás.

Mas a traição dela… por mais que me tenha atingido como uma lâmina fria nas costas, não foi o suficiente para me fazer esquecê-la por completo.

Eu me virei sem dizer nada.

– Vamos. – Minha voz saiu mais seca do que eu esperava.

Ela hesitou por um momento antes de me seguir.

Os corredores eram escuros, iluminados apenas pelas tochas presas às paredes de pedra sujas e rachadas. Passos ecoavam ao longo. Eles estavam vindo.

Peguei minha lâmina da bainha e segui em frente. Sem medo. Sem hesitação.

Era hora de acabar com isso.

A Caçada Começa

O primeiro soldado apareceu no fim do corredor. Ele nem teve tempo de reagir antes de eu afundar minha lâmina na sua garganta.

O segundo passar pela espada, mas Sylvaine foi mais rápido, cortando sua jugular antes que ele pudesse gritar.

Nossos olhos se cruzaram.

Ela estava do meu lado, lutando ao meu lado… mas isso não exigia que eu confiasse nela.

Passamos pelos corredores como sombras assassinas, deixando um rastro de corpos pelo caminho.

A cada passo que dávamos, a resistência aumentava.

Flechas zuniam no ar. As lâminas tentaram nos cortar.

Mas eu não era o mesmo homem que fui da última vez que estive prestes a morrer.

Meu poder pulsava sob minha pele, dominado, controlado.

Eu senti a energia escura dentro de mim, como uma fera enjaulada, esperando para ser libertada.

E quando os soldados começaram a se agrupar em nossa frente, decidindo que seria melhor me cercar... eu os deixei sentir o que acontece quando me desafiam.

As sombras se ergueram.

Elas se espalharam como um manto de escuridão, devorando carne, esmagando ossos, sufocando o som dos gritos.

Sylvaine me olhou de soslaio, visivelmente tensa. Ela já tinha me visto perder o controle antes.

Mas agora eu controlava o caos.

Ela não disse nada, apenas batidas ao meu lado.

E então, chegamos ao salão principal.

Era hora de encontrar Roderick.

O Encontro com a Morte

A porta dupla do salão era grande e imponente, entalhada com símbolos que incluíam rituais de proteção.

Eu ri baixo. Não havia proteção que pudesse salvá-lo agora.

Empurrei as portas com força, entrando no salão.

Roderick estava lá.

Sentado em seu trono, segurando uma taça de vinho, como se tudo aquilo não passasse de um incômodo.

Ele me analisou com um olhar tranquilo, sem pressa.

– Então, você sobreviveu… – Ele bebeu um gole de vinho antes de continuar. – Eu diria que estou surpreso, mas mentir não é o meu forte.

Eu não respondo. Apenas dei mais alguns passos em direção a ele.

Ele não parecia preocupado.

Mas eu pude ver seus dedos segurando o braço do trono com mais força do que o necessário. Ele estava nervoso.

– Pensei que estava morto depois daquela noite – ele contínuo. – Sabe… quando entregamos sua localização para aqueles caçadores.

Os caçadores.

A lembrança da emboscada, da dor, do sangue, da sensação de estar sendo caçado como um animal…

Meus dedos tremeram.

Minha mandíbula se contraiu.

– E agora você está aqui. – Roderick abriu um sorriso. – Mas me questionou… para quê? Quer vingança? Quer me matar diante dos meus homens?

Ele riu.

– Acha que pode?

Eu continuo avançando.

Seus guardas se posicionaram à sua frente, mas não importava.

– Você acha que eu sou o mesmo homem que quase morreu naquela noite? – minha voz saiu mais baixa, quase um sussurro.

Roderick piscou. Algo em meu Tom fez sua confiança vacilar.

O chão sob meus pés tremeu.

As sombras se espalharam pelo salão.

O ar ficou pesado.

Os guardas hesitaram, percebendo que não enfrentaram um mero homem.

Eles estavam diante da Morte.

Eu sinto muito.

– Agora… você vai pagar.

E então, o massacre começou.