1 dia após o capítulo anterior
Cael, Klara, Lorenzo e Juan vão para o aeroporto, pois possuem uma missão para realizar em Oslo. Os quatro pegam suas bagagens e embarcam no avião. Na primeira classe, se sentam em seus devidos lugares até que um homem misterioso se senta ao lado de Cael. O avião decola e, após dez minutos da decolagem, o homem se vira para Cael e diz:
"Prazer, me chamo Aziel, e eu não imaginava encontrar você na minha terra natal."
Cael olha de canto de olho e, desconfiado, decide puxar assunto.
"Desculpa aí, patrão, tô sem caneta pra dar autógrafos." — diz em tom sarcástico.
"Não sou um fã seu nem nada, apenas vim falar sobre a recompensa que colocaram na sua cabeça." — responde Aziel.
"QUE?!"
"Você literalmente chacinou um grupo religioso influente, não deveria ficar tão surpreso..."
"E tu veio aqui atrás do meu toba é?"
"Relaxa, eu não seria tão estúpido de lutar estando a mais de 6.090 metros do chão. E mesmo que você tentasse lutar comigo, eu facilmente o derrotaria..."
"Quando o avião pousar tenta a sorte então, palhaço!"
"Como eu já falei, pode ficar tranquilo, eu vim aqui a trabalho... Bom, meu trabalho era outro, mas estou muito interessado no seu passado."
"E?"
"Me conta mais sobre ele. O que te levou a fazer aquilo?"
"Aquele culto era formado por fanáticos religiosos. Acontece que eu sou o único ser humano do planeta a liberar carga negativa e, por isso, fui levado por esse culto pra ser sacrificado..."
"Autodefesa então?"
"Quase isso... Bom... Eu realmente não me importava de morrer naquele momento. Minha família inteira me chama de demônio, mas... Naquele dia, eu senti medo de morrer. Eu queria morrer, mas... Eu não queria morrer sem ao menos saber o que era ter uma vida tranquila, uma família que me amasse, essas boiolagens do tipo."
"Ainda bem, você não é uma má pessoa... Bom... Tu ainda matou 76 pessoas, mas ao menos tem um bom motivo. Se incomodaria de falar exatamente como foi?"
"Tá suave, patrão! Bom... Quando eu tava prestes a morrer, senti minha energia fluir firme dentro de mim. Não sei como, mas consegui me levantar depois de ter vários órgãos vitais danificados... Eu só me lembro de ver o sangue na minha mão e o corpo do líder deles no chão."
"E sobre sua arma espiritual? Ela tem um pacto vinculativo com você, né?"
"Ah, ela apareceu no meio dos corpos chamando meu nome... Sobre o pacto, ela meio que fez contra minha vontade..."
Uma voz no interfone avisa que o avião está prestes a pousar. Cael olha para o lado e percebe que Aziel sumiu, deixando somente um bilhete: "Bom, na real eu vim chamar vocês para um estágio na empresa que eu trabalho. Se possível, gostaria que um de vocês me encontrassem na rua Lorenskog."
"Eu vou." — diz Klara.
Cael se assusta, se vira para Klara e a segura pela gola da camisa.
"Tá maluca, porra! Faz isso não!"
"Aquele cara é meio suspeito. Se o que ele falou sobre você não ter chances for verdade, seria bom que eu fosse pra caso seja uma emboscada."
"Pera... Tu ouviu tudo?"
"Na verdade, todos nós ouvimos." — responde Lorenzo. "Aquele gajo não era lá muito inteligente, sabes? Tipo, nós quatro comprámos assentos próximos, ele parecia ser esperto, mas é um bocado distraído."
"Agora que você falou... Ele esqueceu as chaves de casa no assento..." — diz Cael desapontado.
"Eu fico com isso..." — diz Klara de forma neutra.
Mais tarde em Barcode - Oslo
Os personagens estavam deitados em camas super luxuosas. O quarto de hotel era bem iluminado e tinha bastante espaço. Klara estava saindo do banho, se preparando para sair. Cael, incomodado com algo, vira para Klara e diz:
"Precisava ter pago um hotel de luxo? Tipo, a gente vai ficar aqui por um diazinho só."
"Mas só tem quatro estrelas..." — respondem Lorenzo e Klara ao mesmo tempo.
"Cês têm consciência de classe zero, né?"
"O que é isto?" — pergunta Lorenzo.
"Deixa pra lá..."
"Klara! Vai precisar de ajuda?" — pergunta Juan.
"Pode ficar tranquilo, nada que eu não resolva sozinha."
Klara então sai fechando a porta gentilmente. Juan aponta para um fliperama, Lorenzo e Cael se encaram e levantam os ombros com uma cara de "Por que não?"
Visão de Klara
Klara caminha pela rua de Lorenskog à procura de Aziel. O mesmo aparece e vai falar com ela. Ele andava silenciosamente e se aproximava devagar. Após finalmente se aproximar, olha no rosto dela e decide puxar assunto.
"Caramba... Eu acabei esquecendo de pôr uma hora e ponto exato. Estou aqui desde quando saí do aeroporto, haha. Eu ia ficar aqui até alguém aparecer, estou até com fome agora."
Klara tenta perfurar Aziel com seu tridente, porém Aziel desvia dando um pulo para trás. Klara fica confusa e então pensa: "O tiro de água... Cadê?". Então, percebe que todas as três pontas do tridente haviam sido completamente congeladas. Tomada por um mal pressentimento, gira seu tridente de cabeça para baixo enquanto uma aura cobre seu corpo e seus olhos brilham em um azul celeste.
"Manifesto! Ta..."
Aziel, desesperado, começa a gritar: "Ei! Não quero lutar não, calma aí!"
Klara para seus movimentos e a aura se dissipa.
"Se você não é um inimigo, por que veio se aproximando de forma tão estranha?"
"Esqueci como se puxa assunto." — responde Aziel neutro.
"Fala logo o que é esse estágio. O grupo não tem o que fazer depois dessa missão, então apenas resuma."
"Ah, sobre isso... Bom, eu sou um pesquisador em uma empresa chamada Yggdrasil. Ela é só uma loja de talheres à primeira vista, mas em seu subterrâneo são fabricados equipamentos para médiuns..."
"Vai logo direto ao ponto."
"Tá bom, tá bom! Em resumo, a gente queria pesquisar sobre a carga negativa. Porém, é difícil demais extrair de entidades, e a gente quer distância de demônios. Como o Cael é humano e produz ela..."
"Ok, já saquei, mas tem uma condição."
"Só contar!"
"Vocês não podem machucar o Cael em hipótese alguma."
"Isso eu posso te garantir. As pesquisas costumam extrair a energia já exposta pelo usuário, não usamos extração forçada."
"Pega isso!"
Ela joga as chaves para Aziel. Ele as pega e, com um sorriso no rosto, olhando para o pingente do chaveiro, se sente muito agradecido.
No dia seguinte...
— Tivemos de lutar contra uma criatura de nível ômega, e se não fosse a Klara a parti-lo ao meio, já tínhamos ido desta para melhor... — Dizia Lorenzo
Cael passou a mão pelo rosto suado e assentiu.
— A gente tem que agradecer o Juan também. Se não fosse por ele, a Klara ia encontrar a gente mortinho lá.
Lorenzo virou-se para Juan, com um olhar sincero de gratidão.
— Pois é, verdade. Obrigado, Juan. Se não fosses tu a atacar sem parar, já estávamos todos mortos.
Juan sorriu, ainda tentando controlar a respiração acelerada.
— De nada!
Cael estreitou os olhos, observando Juan com atenção.
— Juan...
O garoto ergueu as sobrancelhas, curioso.
— Oi...
Cael inclinou a cabeça levemente para o lado, como se estivesse ponderando algo.
— É impressão minha ou você tava ficando mais forte conforme lutava?
Juan pareceu hesitar por um instante antes de dar de ombros.
— Ah! Isso aí... Bom, eu não sou humano.
Lorenzo cruzou os braços e bufou.
— Isso já sabemos, mas as entidades espirituais não têm aumentos de força tão grandes como tu tiveste...
Cael franziu o cenho.
— Sem falar que você pode ser visto por pessoas normais...
Antes que pudessem continuar a discussão, Klara surgiu do nada e desferiu um soco certeiro nas cabeças de Cael e Lorenzo.
— Maldita! — protestou Cael, massageando o local atingido.
Klara sorriu de maneira provocativa, as bochechas levemente coradas.
— Vai agredir uma garota fofa, é?
Cael revirou os olhos.
— Sai fora! Tu não tem porra nenhuma de fofa!
Lorenzo e Juan assentiram ao mesmo tempo.
— Verdade!
A cena seguinte se desenrolou rapidamente. Cinco minutos depois, Cael e Lorenzo estavam cobertos de hematomas e ferimentos superficiais no rosto. Juan observava os dois com um meio sorriso divertido.
Lorenzo gemeu de dor, tocando o rosto inchado.
— Sortudo és tu, que te regeneras...
Juan riu.
— Ainda dói, tá?
Klara cruzou os braços, voltando ao assunto anterior.
— Sobre o Juan, vocês vão descobrir o que ele é uma hora ou outra. Mas vamos esperar um momento mais adequado. O Aziel está vindo para nos levar à instalação, e a procedência do Juan é algo que não quero que vaze pra essa tal associação.
Lorenzo resmungou.
— Está bem, mas explica-me lá porque é que magoaste mais a mim do que ao Cael?
Klara soltou um suspiro exasperado.
— A gente acabou de voltar da curandeira, e aquela mulher tem uma das curas mais lentas que já vi...
Cael ergueu uma sobrancelha.
— Pelo visto, super atributos não são a única vantagem da restrição...
Antes que pudessem continuar, a porta do quarto se abriu lentamente, e Aziel entrou com passos tranquilos.
— Todos prontos? — perguntou ele, a voz firme e sem emoção.
Klara, Lorenzo, Cael e Juan responderam em uníssono:
— Sim!
Uma luz intensa cobriu todo o ambiente e, num piscar de olhos, os quatro desapareceram. Quando a claridade se dissipou, eles estavam em um escritório elegante e silencioso. O ambiente era soturno, apenas uma lâmpada iluminava parcialmente o espaço.
Uma cadeira girou lentamente, revelando um homem misterioso sentado atrás de uma mesa. Ele sorriu de forma enigmática e, com um tom arrastado, disse:
— Olá! Eu estava esperando vocês.
Continua...