Capítulo 6 João Ricardo e o Clube das Ex Malucas
João Ricardo tava no limite.
Depois do escândalo com Cíntia, Melissa e Bia, ele finalmente conseguiu se esconder na biblioteca.
Pelo menos ali ninguém ia surtar em cima dele.
Ou era o que ele pensava.
Enquanto tentava recuperar o fôlego, sentiu alguém se aproximando.
— "Joãozinho..."
Ele arregalou os olhos.
OUTRA?!
Se virou devagar.
E lá estava Patrícia.
Uma das meninas do clube de xadrez.
Com olhos brilhando de paixão.
Ele já sabia o que ia acontecer.
— "A gente já namorou antes, né?"
Ela sorriu.
— "Namorou? Joãozinho, meu amor..."
E então, abriu um caderno.
Cheio de desenhos e anotações sobre ele.
João sentiu o sangue gelar.
— "O que é isso?!"
Ela corou.
— "Nosso diário de casal, claro! Eu escrevi TUDO! O primeiro beijo, nosso aniversário de namoro, a viagem que fizemos pra Paris..."
— "A GENTE FOI PRA PARIS?!"
Ela fechou o caderno com um sorrisinho misterioso.
— "Foi mágico. Você me prometeu que ia me amar para sempre."
João passou as mãos no rosto.
— "Eu não aguento mais essa loucura..."
Antes que pudesse responder, outra voz surgiu.
— "Parem tudo!"
Ele suspirou, derrotado.
Outra?!
Dessa vez era Gabriela, do time de vôlei.
Alto, cabelo preso em um coque e cara de poucos amigos.
Ela olhou direto nos olhos dele.
— "João Ricardo, seu desgraçado."
Ele engoliu seco.
— "O que foi agora?"
Ela apontou o dedo na cara dele.
— "Você me abandonou, seu canalha!"
Patrícia olhou confusa.
— "Ei, mas ele é MEU namorado!"
Gabriela riu debochada.
— "Querida, ele me pediu em casamento ANTES de você."
João Ricardo levantou as mãos.
— "Pelo amor de Deus, eu não pedi ninguém em casamento!"
Tati apareceu flutuando, rindo igual uma maluca.
— "HA! O Clube das Ex Malucas tá crescendo!"
João Ricardo só queria sumir.
E percebeu que a coisa tava ficando cada vez pior.
O Inferno das Memórias Falsas
João Ricardo não tinha mais paz.
Toda vez que achava que a situação não podia piorar, outra maluca aparecia.
Agora, na biblioteca, ele estava cercado.
De um lado, Patrícia, a obcecada que anotava tudo no diário.
Do outro, Gabriela, a atleta brava que jurava que ele a pediu em casamento.
E ele no meio, tentando entender como sua vida tinha virado uma novela mexicana.
— "Tá vendo, João?" – Tati sussurrou no ouvido dele. – "Isso que dá ser gostoso."
Ele fechou os olhos, respirou fundo.
— "Tati, cala a boca antes que eu te jogue no lixo."
Ela riu.
Gabriela cruzou os braços.
— "Vai falar o quê agora, hein? Vai negar nosso amor também?"
Patrícia bufou.
— "Ele nem lembra de você, sua impostora!"
— "Impostora é você! Ele me deu essa pulseira aqui como prova do nosso compromisso!"
E ergueu o braço, mostrando uma pulseirinha barata de feira.
João piscou.
— "De onde você tirou isso?!"
— "Você me deu na praia, aquela noite incrível sob as estrelas..."
— "MEU DEUS, EU NUNCA FUI PRA PRAIA COM VOCÊ!"
Patrícia abriu o diário dela.
— "Isso é mentira! João tava comigo naquela noite, a gente tava jogando xadrez e—"
— "QUE XADREZ, MULHER?! EU TAVA EM CASA DORMINDO!"
As duas começaram a se encarar mortalmente.
Tati mordeu um pedaço de pipoca invisível.
— "Vixe, vai dar treta..."
João sabia que precisava sair dali.
Ele disparou para a saída da biblioteca.
Mas então outras vozes chamaram seu nome.
Ele congelou.
Mais meninas.
Mais "ex-namoradas" que ele nunca teve.
Era um pesadelo sem fim.
— "Ai, Joãozinho, por que você sumiu da nossa vida?"
— "Você não disse que a gente ia casar?"
— "Eu ainda guardo o bilhete de amor que você me escreveu!"
Ele olhou para Tati, desesperado.
— "TATI! ME TIRA DAQUI!"
Ela só riu.
— "Boa sorte, campeão!"
E sumiu no ar.
João Ricardo fechou os olhos.
Respirou fundo.
E saiu correndo.
Com um monte de meninas atrás dele.
A escola inteira parou para assistir.
Os alunos se perguntavam:
Como esse cara conseguiu tantas mulheres?
E João só queria acordar desse pesadelo.
João Ricardo corria como se sua vida dependesse disso.
E na verdade, dependia.
Porque atrás dele, um batalhão de meninas apaixonadas gritava seu nome.
— "JOÃOZINHO, ME ESPERA!"
— "VOLTAAAA, MEU AMOR!"
— "VOCÊ PROMETEU QUE SERIA SÓ MEU!"
Os alunos no corredor pararam pra assistir.
— "Caraca, o João é um monstro no romance!"
— "Como ele pegou TANTA menina?!"
— "Deve ser perfume de feromônio!"
João virou um corredor, pulou um banco, desviou de uma professora, mas elas não desistiam.
E então, ele viu a porta do ginásio aberta.
Era sua chance.
Ele disparou para dentro.
E assim que entrou, fechou a porta com tudo.
SILÊNCIO.
O barulho das meninas ficou do lado de fora.
João encostou na parede, ofegante.
— "Meu Deus... isso é um inferno..."
Tati surgiu flutuando ao lado dele, com um copo de suco.
— "Nossa, João, você deveria entrar pro atletismo. Eu nunca vi um humano correr tanto!"
Ele olhou mortalmente pra ela.
— "VOCÊ PODIA TER ME AJUDADO!"
Ela deu de ombros.
— "E perder esse show? Nem morta."
João respirou fundo.
Ele precisava de um plano.
Não podia continuar fugindo para sempre.
Tinha que descobrir um jeito de reverter esse feitiço.
E então, ele ouviu um barulho atrás dele.
Ele se virou devagar.
E viu...
Melissa.
E Bia.
E elas não pareciam felizes.
Melissa estalou os dedos.
— "Temos que conversar."
Bia cruzou os braços.
— "Agora."
João Ricardo engoliu seco.
— "E se eu disser que prefiro fugir?"
Melissa sorriu perigosamente.
— "A gente te pega de qualquer jeito."
E então, as duas deram um passo à frente.
João percebeu.
Não tinha saída.
Ele estava nas mãos delas.
João Ricardo estava encurralado.
Melissa e Bia fechavam o cerco, olhando para ele como duas predadoras analisando a presa.
Ele sabia que correr não adiantava.
— "Tá bom, tá bom! Eu me rendo! O que vocês querem?"
Melissa cruzou os braços.
— "Você tem ideia do caos que causou?"
— "EU causei?! Eu nem sabia que esse feitiço existia!"
Bia suspirou.
— "A gente também foi pega nisso, João. Mas ficar fugindo não vai resolver nada."
Ele levantou uma sobrancelha.
— "Então vocês têm um plano?"
Melissa deu um sorrisinho.
— "Mais ou menos. Mas vamos precisar da sua ajuda."
João sentiu um calafrio.
— "Não sei se gosto disso..."
— "Você prefere continuar sendo perseguido pela escola inteira?" – Bia rebateu.
Ele pensou por um segundo.
E lembrou das garotas malucas, dos bilhetes de amor, das memórias falsas...
— "Ok. Tô dentro. Mas qual é o plano?"
Melissa se aproximou.
— "A gente precisa descobrir o maior desejo de cada uma das meninas afetadas pelo feitiço."
— "E depois?"
Bia respondeu:
— "Se realizarmos esses desejos, o feitiço é quebrado."
João coçou a cabeça.
— "Mas isso pode piorar a situação! Vai que realizar o desejo delas faz elas se apaixonarem ainda mais?!"
Melissa deu de ombros.
— "A gente vai ter que correr esse risco."
João fechou os olhos e respirou fundo.
Era isso ou continuar fugindo para sempre.
Ele abriu os olhos e encarou as duas.
— "Ok. Como começamos?"
Bia sorriu de leve.
— "Primeiro, precisamos de uma lista de todas as meninas afetadas pelo feitiço."
Melissa completou:
— "E descobrir o que elas realmente desejam."
João Ricardo sentiu um peso nas costas.
Mas pela primeira vez, ele tinha um caminho a seguir.
Agora era questão de sobreviver até o fim dessa loucura.
João Ricardo, Melissa e Bia estavam sentados em um canto do ginásio, discutindo como fariam para descobrir os desejos das garotas afetadas pelo feitiço.
— "Precisamos de informações detalhadas sobre cada uma delas." – Bia disse, folheando um caderno que já tinha algumas anotações.
— "Isso vai ser complicado. A maioria dessas meninas tá obcecada demais para responder qualquer coisa coerente." – João suspirou.
Melissa estalou os dedos.
— "E se usarmos alguém que elas confiem? Tipo amigos ou familiares delas?"
João levantou uma sobrancelha.
— "Faz sentido… Mas quem a gente pode usar pra isso?"
Foi quando Tati decidiu dar sua opinião.
— "Eu posso ajudar! Sou um cupido, sei tudo sobre amor e desejos humanos!"
Todos se viraram para ela.
João suspirou.
— "Ah, é? Então por que não ajudou antes, ao invés de só rir da minha desgraça?"
Tati sorriu travessa.
— "Porque é mais divertido assim."
Melissa revirou os olhos.
— "Se você sabe tanto, então já deve ter uma lista de desejos, né?"
Tati travou.
— "Eeer… talvez?"
Bia arqueou uma sobrancelha.
— "Talvez?"
— "Tá bom, tá bom! Eu consigo descobrir, mas vou precisar dar uma 'espiadinha' no coração delas."
— "E como pretende fazer isso?" – João perguntou, desconfiado.
Tati sorriu.
— "Me deixa com isso. Sou profissional."
E então, Tati desapareceu em um brilho dourado.
João franziu a testa.
— "Eu não confio nem um pouco nisso."
Melissa e Bia também não pareciam convencidas.
Enquanto Isso…
Tati reapareceu no pátio da escola, onde algumas das meninas afetadas pelo feitiço estavam conversando.
Ela se preparou para usar seus poderes de cupido.
— "Só preciso dar uma olhadinha no coração delas e—"
De repente, uma voz soou atrás dela.
— "EI! QUEM É VOCÊ?!"
Tati congelou.
Ela se virou lentamente e viu uma aluna olhando diretamente para ela.
Uma aluna normal.
Um humano comum.
E ela estava vendo Tati.
Isso não era possível.
Isso NÃO podia acontecer.
Era uma das regras do Reino Celestial!
Se um humano visse um deus sem contrato, o deus seria banido do Reino Celestial e forçado a viver como humano.
Tati empalideceu.
— "Ferrou."
A aluna continuou encarando.
— "Quem… ou o que você é?!"
Tati tentou sumir dali, mas nada aconteceu.
Seus poderes não estavam funcionando.
A regra já tinha sido quebrada.
Ela engoliu seco.
— "Ok. Isso é um problema."