O céu estava limpo, mas João Ricardo sabia que os deuses estavam assistindo.
Eles sempre estavam.
Mas agora, ele não ia mais jogar no tabuleiro deles.
Agora, ele ia virar a mesa.
Tati cruzou os braços, pensativa.
— "Se a gente quer enfrentar os deuses, primeiro precisamos entender o que estamos enfrentando."
Daniel arqueou uma sobrancelha.
— "Vocês realmente querem fazer isso?"
João olhou para ele com determinação.
— "Se eu não fizer nada, eles vão continuar brincando com a gente."
Ele apontou para Bia e Melissa, que ainda estavam confusas com as sensações estranhas.
— "Elas não lembram de nada, mas ainda sentem o que o feitiço causou. Isso é injusto."
Tati assentiu.
— "Além disso, se os deuses acharem que os humanos não conseguem lidar com o amor sozinhos…"
Daniel completou:
— "Eles vão tomar o controle."
O silêncio caiu entre eles.
João respirou fundo.
— "Então a gente precisa impedir isso."
Primeiro Passo: Descobrir as Regras Ocultas
Tati olhou para Daniel.
— "Você é o oráculo. Tem algo que não nos contaram?"
Daniel sorriu de canto.
— "Claro que tem."
João trincou o maxilar.
— "Então começa a falar."
Daniel suspirou.
— "Os deuses só podem intervir diretamente se provarem que os humanos falharam no teste."
João franziu a testa.
— "E o que significa 'falhar'?"
Daniel o encarou com seriedade.
— "Significa que você precisa provar que pode lidar com o amor e o caos sem ajuda divina. Se você perder o controle da situação… eles ganham."
Tati ficou em silêncio por um momento.
— "Então, se o João conseguir resolver tudo sozinho…"
Daniel assentiu.
— "Os deuses não vão poder intervir."
João sentiu uma onda de alívio.
Ele tinha uma chance.
Mas então, Daniel sorriu de um jeito estranho.
— "Só tem um problema."
João estreitou os olhos.
— "O que foi agora?"
Daniel deu de ombros.
— "Os deuses não vão deixar você ganhar tão fácil. Eles vão fazer de tudo para que você falhe."
João sentiu um arrepio.
Os deuses iriam dificultar tudo.
Mas ele não ia desistir.
Ele tinha um plano.
E pela primeira vez… ele não estava apenas reagindo ao jogo dos deuses.
Ele ia jogar do jeito dele.
– O Contra-Ataque Começa
João Ricardo sentiu o peso da responsabilidade nos ombros.
Os deuses estavam assistindo, esperando que ele falhasse.
Mas ele não ia dar esse gosto para eles.
Ele olhou para Daniel, que mantinha aquele maldito sorrisinho no rosto.
— "Então os deuses querem que eu falhe?"
Daniel deu de ombros.
— "Claro. Se você não conseguir resolver essa bagunça, eles ganham o direito de intervir."
Tati soltou um suspiro irritado.
— "Eles sempre fazem isso. Criam um jogo com regras injustas e esperam que os humanos percam."
João trincou o maxilar.
— "Então a gente precisa virar esse jogo."
Passo 1: Impedir Que as Memórias Voltem
Bia e Melissa ainda estavam ali, confusas, sentindo um vazio que não entendiam.
Se elas continuassem buscando respostas… poderiam acabar lembrando de tudo.
E se isso acontecesse… o feitiço poderia voltar.
— "A gente precisa impedir que elas tentem recuperar as memórias." — João disse.
Tati assentiu.
— "Mas como?"
Daniel sorriu.
— "Você vai ter que preencher esse vazio com algo novo."
João franziu a testa.
— "Como assim?"
Daniel deu um passo à frente.
— "Elas estão sentindo falta de algo, mas não sabem o quê. Se você criar novas memórias com elas… elas vão parar de buscar o que foi apagado."
Tati arregalou os olhos.
— "Então você tá dizendo que o João precisa…"
Daniel sorriu ainda mais.
— "… fazer elas se apaixonarem de novo. Mas desta vez, sem feitiço."
João sentiu o rosto esquentar.
— "VOCÊ TÁ DE BRINCADEIRA?!"
Tati caiu na gargalhada.
— "Ah, João, essa eu quero ver!"
João passou as mãos no rosto, exasperado.
— "Eu não acredito nisso…"
Daniel apenas continuou sorrindo.
— "A escolha é sua, João. Mas se você não fizer nada, o vazio vai crescer… e eventualmente, as memórias podem voltar."
João sabia que ele estava certo.
Ele não podia deixar que o feitiço voltasse.
Se ele queria vencer os deuses… teria que jogar esse jogo do jeito certo.
Ele respirou fundo.
— "Tá bom. Vamos fazer isso."
Tati sorriu.
Daniel apenas cruzou os braços, satisfeito.
— "Então o contra-ataque começa agora."
Corrida Contra o Tempo
O relógio corria impiedoso.
Se João Ricardo não agisse rápido, as memórias poderiam voltar.
E se isso acontecesse… ele perderia o jogo.
Ele respirou fundo e olhou para Tati.
— "Temos pouco tempo. O que eu preciso fazer?"
Tati cruzou os braços, pensativa.
— "Se o plano do Daniel estiver certo, você precisa criar novas memórias fortes o suficiente para substituir o vazio do feitiço."
João bufou.
— "E como eu faço isso?"
Daniel sorriu.
— "Você tem que viver momentos marcantes com cada uma delas. Coisas que façam o coração delas bater mais forte."
João arregalou os olhos.
— "Isso parece…"
— "Um roteiro de filme romântico? Sim." — Daniel riu.
Tati bateu palmas, animada.
— "Então já sabe o que fazer, né? Melhor começar AGORA."
João trincou os dentes.
Ele não tinha escolha.
Se queria vencer os deuses, tinha que fazer Bia, Melissa e as outras garotas criarem novas memórias.
E rápido.
Primeiro Alvo: Bia Montenegro
João foi direto para a biblioteca da escola, onde Bia gostava de passar o tempo.
Quando ele chegou, a encontrou folheando um livro, com um olhar distante.
Ela parecia perdida nos próprios pensamentos.
João respirou fundo.
— "Bia!"
Ela olhou para ele, surpresa.
— "João? O que foi?"
Ele puxou uma cadeira e sentou-se ao lado dela.
— "Você quer sair comigo hoje?"
Bia corou na hora.
— "O quê?!"
João sabia que precisava agir rápido.
— "Sem perguntas. Só vem."
Ela piscou, confusa, mas acabou aceitando.
E assim, o primeiro passo do plano estava em ação.
Segundo Alvo: Melissa
Enquanto isso, Tati correu para encontrar Melissa.
Ela estava no ginásio, praticando vôlei.
Tati não perdeu tempo.
— "Melissa! Você vai sair hoje."
Melissa parou de quicar a bola e olhou para Tati.
— "O quê?"
— "João tem algo importante para você. Sem desculpas!"
Melissa ficou vermelha.
— "O João? Mas…"
— "Sem 'mas'. Vai se arrumar!"
Melissa não teve escolha.
O plano estava se movendo.
Agora, João precisava criar momentos inesquecíveis.
Se ele falhasse… os deuses venceriam.
E ele não ia deixar isso acontecer.
O Jogo dos Deuses
João Ricardo não podia errar.
Cada segundo que passava, o risco aumentava.
Se Bia, Melissa ou qualquer outra garota tentasse lembrar do que foi apagado… o feitiço poderia se restabelecer.
Ele não podia deixar isso acontecer.
Tati sabia disso também.
— "João, você tem que ser rápido. Não adianta só sair com elas, precisa criar memórias marcantes!"
Daniel sorriu de canto.
— "E não pode ser algo forçado. Elas têm que sentir, de verdade, que aquele momento vale a pena."
João trincou os dentes.
— "Eu sei disso!"
Mas o que ele poderia fazer?
Criar momentos que substituíssem sentimentos que nem ele entendia direito…
Isso não era só difícil.
Era quase impossível.
Mas então, algo aconteceu.
1º Desafio – Bia e a Tempestade
João levou Bia para um parque no final da tarde.
O clima estava perfeito, o céu tingido de laranja pelo pôr do sol.
Bia parecia nervosa, mas também curiosa.
— "Por que você quis sair comigo assim do nada?"
João sorriu de leve.
— "Eu só queria te mostrar algo legal."
Ela arqueou a sobrancelha.
— "Algo legal?"
Antes que ele pudesse responder… o céu escureceu.
Uma tempestade se formou do nada.
João sentiu um arrepio.
— "Isso não é normal…"
Bia se encolheu ao lado dele quando os primeiros pingos caíram.
Eles correram para debaixo de uma estrutura de madeira, tentando se proteger.
— "Isso não estava na previsão do tempo!" — Bia disse, tremendo um pouco.
João olhou para o céu e sentiu que aquilo não era coincidência.
Os deuses estavam testando ele.
Era óbvio.
Eles estavam tentando sabotar o momento.
João não podia deixar isso acontecer.
Ele tirou o casaco e colocou nos ombros de Bia.
Ela olhou para ele, surpresa.
— "Você vai ficar com frio."
João deu de ombros.
— "Não posso deixar você se resfriar."
Bia corou um pouco e abraçou o casaco.
Do lado de fora, a chuva caiu com força, trovões cortando o céu.
Mas ali, debaixo da pequena estrutura, João percebeu algo.
Bia não parecia mais desconfortável.
Ela olhava para ele de um jeito diferente.
E então, de repente, sorriu.
— "Isso me lembra um livro que li uma vez."
João arqueou a sobrancelha.
— "É mesmo?"
Ela assentiu.
— "O casal principal ficou preso em uma tempestade, como a gente. E foi ali que tudo começou a mudar entre eles."
João engoliu seco.
Aquilo estava funcionando.
Bia estava criando uma nova memória.
Uma memória real.
Sem feitiço.
João soube naquele momento.
Ele ainda podia vencer esse jogo.
E essa era apenas a primeira batalha.