O vento soprava suave na quadra vazia.
João Ricardo sentia um peso estranho no peito.
O feitiço tinha sido desfeito.
Mas… por que ainda havia rastros dele?
Tati, ao seu lado, parecia perdida em pensamentos.
— "E agora?" — ela murmurou, abraçando os próprios braços.
João respirou fundo.
— "Agora… a gente precisa descobrir o que exatamente ficou para trás."
Ele olhou na direção por onde Daniel tinha ido.
Aquele garoto era um problema.
Mas, ao mesmo tempo… ele podia ser a chave para entender o que ainda estava errado.
O Estranho Comportamento de Bia
No dia seguinte, João percebeu que algo estava diferente.
Bia Montenegro costumava ser discreta.
Mas agora… ela estava inquieta.
Durante a aula, ela olhava para os lados como se estivesse procurando alguém.
E, quando seus olhos encontraram os de João, ela franziu a testa.
— "Você parece estranho." — ela disse do nada.
João se engasgou com a própria saliva.
— "O quê?"
Bia encarou ele com seriedade.
— "Eu não sei… parece que eu deveria te conhecer melhor do que conheço."
O coração de João disparou.
Isso não era bom.
Tati tinha dito que o feitiço foi apagado completamente.
Mas agora… parecia que algo estava tentando voltar.
Um Novo Mistério
Na hora do intervalo, João e Tati se reuniram no pátio.
Ele contou sobre o que Bia disse.
Tati ficou pálida.
— "Isso não pode estar acontecendo…"
— "Mas tá."
Tati mordeu o lábio.
— "Se o feitiço foi apagado, mas algumas emoções ficaram…"
Ela hesitou.
— "Pode ser que as memórias comecem a tentar se reconstruir."
João sentiu um arrepio.
— "Quer dizer que, se isso continuar, elas podem lembrar de tudo?"
Tati assentiu lentamente.
— "E se isso acontecer… o feitiço pode tentar se restabelecer sozinho."
Os dois ficaram em silêncio.
E, naquele momento, João percebeu uma coisa:
O reset não foi um fim.
Foi só um recomeço.
O Jogo dos Deuses
A verdade nunca vem de maneira gentil.
E João Ricardo estava prestes a aprender isso da pior forma possível.
Ele e Tati ainda tentavam entender como o reset não foi completo.
Mas, enquanto discutiam no pátio, um arrepio percorreu a espinha de João.
Foi como se algo invisível passasse por ele.
Ele olhou ao redor. Nada.
Mas então, Daniel apareceu do nada.
E, com um olhar sério, disse algo que fez João congelar.
— "Eles estão assistindo."
João franziu a testa.
— "Quem?"
Daniel sorriu de lado.
— "Os deuses."
Tati ficou pálida.
João sentiu o estômago afundar.
— "Do que você tá falando?"
Daniel suspirou.
— "Eu não sou um cara normal."
Ele olhou para Tati.
— "E você sabe disso, não sabe?"
Tati engoliu seco.
João olhou de um para o outro.
— "Alguém me explica o que tá rolando?!"
Tati murmurou baixinho:
— "Ele… é um oráculo."
João piscou.
— "O quê?"
Daniel riu.
— "Agora faz sentido, né?"
Ele cruzou os braços.
— "Os deuses me deram esse papel. Eu sou o teste."
O Teste dos Deuses
Tati parecia mais tensa do que nunca.
— "Eles querem saber como João vai lidar com um novo caos sem a interferência direta do Reino Celestial…"
Daniel assentiu.
— "E também querem ver se você, Tati, mesmo sem seus poderes, consegue resolver as coisas sozinha."
João sentiu um gosto amargo na boca.
— "Então… todo esse reset foi planejado?"
— "Em parte." — Daniel respondeu.
— "O feitiço foi apagado, sim. Mas eles deixaram um rastro de propósito."
Ele olhou diretamente nos olhos de João.
— "Eles querem saber o que você vai fazer agora."
João ficou em silêncio.
E então, uma coisa ficou clara em sua mente:
O caos estava voltando.
E agora, ele teria que enfrentá-lo sozinho.
O Caos Começa de Novo
O mundo de João Ricardo parecia ter virado um tabuleiro de xadrez.
Os deuses estavam no alto, assistindo.
Daniel era a peça deles.
E João? O peão que precisava encontrar um jeito de virar rei.
Ele respirou fundo, tentando processar tudo.
— "Então, deixa eu ver se entendi." — ele apontou para Daniel. — "Você é um oráculo, enviado pelos deuses pra testar a gente?"
Daniel sorriu de canto.
— "Basicamente."
João sentiu a raiva crescer.
— "E você sabia o tempo todo que as memórias do feitiço iam tentar voltar?"
Daniel deu de ombros.
— "Não sabia exatamente como ia acontecer, mas sim, eu sabia que alguma coisa ia sobrar."
João cerrou os punhos.
— "Então, no final, tudo isso é um jogo pra eles?"
Tati, ao lado dele, parecia dividida entre a raiva e a frustração.
— "Não é só um jogo, João." — ela disse, sua voz carregada de preocupação. — "Se os deuses acharem que você não consegue lidar com isso… pode ser que façam algo ainda pior."
João fechou os olhos por um segundo.
Ele queria xingar alguém.
Ele queria mandar os deuses se ferrar.
Mas, no fundo, ele sabia… não adiantava.
As Memórias Estão Voltando
E, como se o universo quisesse provar seu ponto, Bia Montenegro apareceu no corredor naquele momento.
— "João!" — a voz dela soou urgente.
Ele se virou e viu que ela estava ofegante, como se tivesse corrido para encontrá-lo.
— "Eu lembrei de uma coisa!"
O coração de João parou por um segundo.
— "O quê?"
Bia franziu a testa, tentando organizar os pensamentos.
— "Eu lembrei que… tinha algo importante entre a gente. Mas tá tudo meio confuso."
Daniel observava com um olhar afiado.
— "E começou."
João respirou fundo.
Ele não tinha escolha.
O teste começou para valer.
E agora, ele precisava descobrir como impedir que o feitiço voltasse antes que tudo ficasse fora de controle de novo.
João Ricardo sentiu um arrepio subir pela espinha.
Bia Montenegro lembrou de algo.
O feitiço tinha sido apagado, mas, de alguma forma, fragmentos estavam voltando.
— "O que exatamente você lembrou?" — ele perguntou, tentando manter a calma.
Bia franziu a testa, os olhos cheios de dúvida.
— "Eu não sei explicar direito… Mas, quando vi você agora há pouco, senti que deveria lembrar de algo muito importante sobre nós."
Ela colocou uma das mãos no peito.
— "É como se tivesse um buraco aqui. Como se algo tivesse sido arrancado da minha vida."
Tati ficou tensa ao ouvir isso.
Daniel, por outro lado, apenas sorriu.
— "O jogo começou mesmo."
João lançou um olhar mortal para ele.
— "Isso não é um jogo, droga!"
Daniel levantou as mãos em um gesto de inocência.
— "Para os deuses, é."
Um Novo Caos se Aproxima
Bia parecia aflita.
Ela olhou para João, como se esperasse que ele resolvesse esse vazio em sua mente.
E isso só deixou tudo pior.
Se ela continuasse tentando lembrar… será que o feitiço voltaria?
Ou pior… será que ela começaria a criar novas memórias falsas?
João Ricardo sentiu o peso da responsabilidade cair sobre ele.
— "Bia…" — ele começou, escolhendo as palavras com cuidado.
Mas antes que pudesse continuar, outra voz interrompeu:
— "João Ricardo!"
Ele virou-se e viu Melissa, parada a poucos metros dali.
Ela também parecia incomodada.
— "Eu queria falar com você… sobre uma coisa estranha que aconteceu comigo."
O estômago de João afundou.
Tati segurou o braço dele.
— "João…" — sua voz era baixa, preocupada.
Ele já sabia.
Isso não estava acontecendo só com Bia.
As peças do tabuleiro estavam começando a se mover de novo.
E agora… ele precisava descobrir como jogar esse jogo antes que tudo saísse do controle.
Revolta Divina
João Ricardo sentiu o sangue ferver.
Os deuses estavam brincando com a vida dele.
Com a vida de Bia, de Melissa… de todo mundo.
Eles apagaram as memórias, mas deixaram os sentimentos?
Isso era crueldade.
Ele olhou para Daniel, que ainda sorria como se tudo fosse um grande espetáculo.
— "Então era isso o tempo todo?" — João cuspiu as palavras. — "Os deuses não querem só testar a gente… eles querem ver a gente sofrer."
Daniel não respondeu.
Tati deu um passo à frente, os punhos cerrados.
— "Eu devia ter imaginado."
João se virou para ela.
— "O que você quer dizer?"
Tati respirou fundo, seus olhos brilhando com raiva.
— "O Reino Celestial nunca faz nada sem um propósito. Quando eles tiraram meus poderes e me baniram, eu achei que era só um castigo."
Ela apertou os punhos com força.
— "Mas agora eu vejo… era um teste desde o começo. Eles querem saber se um humano pode enfrentar os desafios do amor sem a interferência dos deuses."
João sentiu um arrepio.
— "E se eu falhar?"
Daniel finalmente falou.
— "Se você falhar… eles podem decidir intervir de novo. Do jeito deles."
João não gostou do tom dele.
— "E o que isso significa?"
Daniel cruzou os braços.
— "Significa que se eles acharem que os humanos não são capazes de lidar com o amor sozinhos… podem decidir assumir o controle de vez."
Tati ficou pálida.
— "Eles fariam isso?"
Daniel sorriu de canto.
— "Os deuses já fizeram coisas piores."
O silêncio pesou.
João sentiu o corpo estremecer de raiva.
Ele não ia aceitar isso.
— "Se eles querem um teste…" — ele murmurou.
Ele ergueu os olhos para Daniel.
— "Então eu vou fazer do meu jeito."
Daniel arqueou uma sobrancelha.
— "E o que isso quer dizer?"
João sorriu de lado.
— "Significa que eu vou jogar esse jogo."
Ele olhou para Tati.
— "Mas a gente vai criar nossas próprias regras."
Tati sorriu de volta.
— "Então você tá falando de…"
João assentiu.
— "Um plano para parar os deuses."
A revolta divina começava agora.