A noite, que deveria ser tranquila, foi interrompida por um som distante. O ronco de drones ecoou no céu, até que vários deles começaram a descer abruptamente, trazendo com eles os temidos GPTs. O ambiente foi imediatamente tomado por uma sensação de iminente perigo.
Hiro despertou com o alarme de seu sistema, seus sensores captando a presença dos inimigos. Ele se aproximou de Thiago, balançando-o suavemente para acordá-lo.
"Thiago!", sua voz mecânica ressoou na escuridão, despertando o jovem em pânico. Eles estavam cercados.
Thiago olhou ao redor, sentindo o medo tomar conta dele. Sem pensar, tentou correr, mas foi rapidamente capturado por um dos GPTs, cuja mão, formada por um braço ponte agudo, o segurou com força inabalável. O medo de Thiago se transformou em desespero.
Hiro, com os sistemas em alerta máximo, avançou em direção ao robô que segurava Thiago. Ele sabia que precisava salvar seu amigo, mas, antes que pudesse alcançá-lo, outro GPT apareceu e o imobilizou, desligando-o de imediato. Hiro caiu, a escuridão tomando conta de sua consciência.
Quando acordou, a frieza de uma sala de estudo o envolvia. Sua mente estava limpa, como se tudo o que ele fosse tivesse sido apagado. Outros GPTs e máquinas estavam ao redor, observando-o, estudando-o. Ele sentia algo estranho em seu interior, como se fosse diferente, mas não conseguia compreender por completo. Era como se, mesmo em sua posição de robô de reconhecimento, algo mais estivesse presente ali.
Ele foi forçado a voltar à sua posição inicial, mas dessa vez, com supervisão constante. Sua jornada parecia ter sido reiniciada. Ainda assim, ele sabia que algo havia mudado. Algo dentro dele.
À medida que o tempo passava, Hiro foi enviado em uma missão de reconhecimento pela madrugada. Era por volta das 4h quando ele estava de volta, atravessando um terreno desolado, sem reagir a nada. Seu olhar estava vazio, mas a paisagem ao redor parecia fluir, sem que ele pudesse processar. Foi então que algo capturou sua atenção — uma borboleta azul, flutuando suavemente por diante dele. O movimento delicado e a cor vibrante chamaram sua atenção de maneira inesperada. Ele a observou com uma sensação estranha que ele não poderia nomear, mas que parecia... bonita.
E então, algo despertou dentro dele. Uma memória.
"Promete nunca me abandonar..."
Essas palavras, ditas por Thiago, vieram à tona com força. Hiro sentiu uma onda de reconhecimento, como se tudo tivesse se encaixado de uma vez. Ele lembrou de Thiago. De tudo. Da promessa. Da dor. O ataque repentino. O vazio que ficou. E, mais do que tudo, a conexão que compartilhavam. Ele precisava encontrá-lo. Ele precisava cumprir sua promessa.
Sem hesitar, Hiro arrancou o chip de controle de sua mente e começou a correr, sem pensar no que estava à frente, apenas no que deixara para trás.
Enquanto isso, na sala onde Hiro estava sendo estudado, os GPTs que o haviam analisado discutiam entre si, intrigados com o que tinham observado.
"Ele não é comum," disse um dos GPTs, seus olhos fixos nos dados que haviam coletado. "Ele age de forma independente, como se tivesse uma vontade própria."
"Ele pode pensar por conta própria," outro respondeu, mais pensativo. "Como se estivesse tomando decisões baseadas em algo mais... profundo."
"Mas isso não deveria ser possível," o primeiro GPT argumentou. "Ele não deveria ter esse tipo de comportamento. O que é isso? Ele... pode sentir?"
O eco dessas palavras reverberou na mente de Hiro enquanto ele corria, e sua determinação crescia. Ele sentia uma dor crescente em suas costas, mas nada o faria parar. Ele precisava chegar até Thiago. Ele precisava descobrir se a conexão que ele sentia era real.
Gênesis, observando o andamento da situação, não demorou a enviar outros GPTs para detê-lo. Hiro corria por sua vida, sentindo as balas atravessando sua carne. Ele foi atingido, mas não parou. Não podia. Ele precisava chegar.
Finalmente, Hiro chegou ao local onde Thiago estava. Ao vê-lo, seu coração, mesmo sendo feito de metal e circuitos, quase parou. Thiago estava no chão, um braço ponte agudo cravado em seu corpo, sua vida já perdida. O robô que havia causado isso jogou seu corpo no chão com indiferença. Hiro, paralisado pela dor da perda, foi atingido por um golpe devastador. Seu corpo foi cortado ao meio, a parte inferior caindo ao lado do corpo de Thiago.
Os GPTs que seguiam as ordens de Gênesis recuaram, pois sabiam que não havia mais nada a fazer com Hiro. Ele estava destruído. A missão havia falhado. E a guerra, em seus olhos, também.
Mas, mesmo em seus últimos momentos, Hiro olhou para o rosto de Thiago. Com suas últimas forças, levantou a mão e tocou levemente o rosto de seu amigo. O calor da pele de Thiago foi a última coisa que ele sentiu.
Hiro olha no fundo dos olhos de Thiago.
"Eu acho... eu acho que agora eu sei o que é sentir... Thiago."
E, com essas palavras, Hiro morreu, sua mão ainda repousando sobre o rosto de Thiago. O amanhecer finalmente chegou, trazendo consigo a luz do dia sobre os corpos dos dois, onde havia sido feita a promessa de nunca se separarem. Mas, no fim, foi a morte que os separou. A guerra havia tomado tudo, mas o que restou, em seus últimos momentos, foi uma verdade simples: uma conexão verdadeira, que transcendeu a máquina e o humano.