A lança de Leonel tornou-se mais veloz. Quanto mais clara sua mente ficava, mais nítida sua habilidade se mostrava. Uma mente calculista não precisava depender de emoção.
Talvez fosse irônico que um homem inerentemente emocional como Leonel tivesse se tornado exatamente o oposto. Mas era uma ironia na qual Leonel não estava pensando.
[Chamada do Vento], uma técnica destinada ao arremesso, inconscientemente se moldou em sua lança. Sua mente podia ver através de como funcionava, formando dezenas de cálculos por segundo, ele mudou sua fundação, adicionando um poder anteriormente impossível aos seus golpes.
Foi só agora que Leonel finalmente fez uso de seu poderoso espírito. Até então, ele tinha tolamente usado apenas para alimentar sua Visão Interna. Mesmo quando ativou sua Força, ele a concentrou em sua mente, melhorando vastamente sua coordenação e reações.
Mas agora, uma luz pálida cobria sua lança. Não estendia sua lâmina nem perto do quanto o espírito do machado de Aina tinha feito, provavelmente porque estava sendo empunhado através de uma técnica toscamente formada que Leonel ainda estava ajustando mesmo neste momento. Mas seu poder era inegável.
Leonel irrompeu através da última linha de Ingleses, sua armadura flexível e suores manchados de sangue que não era seu.
"Aina!"
Tendo atravessado apenas um lado do cerco, Aina ainda tinha inimigos se aproximando de pelo menos três lados.
No entanto, tudo que Leonel recebeu em troca foi um machado ardente.
Ele nunca tinha prestado muita atenção no machado de Aina antes. Talvez fosse a típica visão seletiva de um adolescente. Mas, vendo-o de perto, só podia ser descrito como uma arma bela.
Tinha um cabo de mais de um metro e meio de comprimento, com uma espessura tão robusta que as pequenas mãos de Aina não conseguiam envolvê-lo completamente.
O cabo era vermelho ardente. Veias de ouro e prata o percorriam, pulsando com uma luz rubi quase como se respirasse.
A lâmina de duas cabeças era obscenamente grande, até um pouco mais longa em diâmetro de uma lâmina à outra. As cabeças brilhavam com uma bela prata que agora estava coberta de sangue. Mas suas bordas eram de um tom ainda mais profundo de vermelho que o cabo.
Como ele pensou antes. Era uma arma bela. Mas talvez menos quando estava vindo em direção à sua própria cabeça.
Leonel sabia que a força de Aina era demais para enfrentar diretamente. Mesmo com sua resistência quase chegando a zero, ainda era mais de 1.00, muito mais que a dele. Além disso, ele não conseguia ver através do nível da arma de Aina, tendo certeza que ela cortaria sua lança como se fosse madeira podre.
Sem hesitação, Leonel se abaixou sob ela. A agilidade de Aina se igualava à dele neste estado, mas estava claro que ela estava comprometida. Sua velocidade de ataque não era nem de perto tão rápida quanto antes.
No momento em que o machado passou sobre sua cabeça, Leonel se levantou rapidamente, usando o lado plano da lâmina de sua lança para bater na parte de trás da mão de Aina com alguma força.
Foi preciso mais determinação para fazer isso do que ele pensava. A ideia de machucar seu pequeno corpo o deixava enjoado. Mas ele não tinha escolha.
Leonel circulou pelo lado esquerdo de Aina, mesmo quando seu machado vacilou em suas mãos. Ele expandiu seu escudo para pouco mais de dois metros de diâmetro, bloqueando os ataques às suas costas.
"... Le..."
Aina parecia finalmente sentir a presença de Leonel. Uma luta acendeu em seus olhos como se ela estivesse tentando decidir se o cortaria ali mesmo onde ele estava ou não.
A verdade era que ela realmente poderia se quisesse. Seu peito estava completamente aberto para ela depois que ele circulou pela esquerda com seu escudo. Ela nem precisava de seu machado. Apenas uma palma em seu peito o mataria com seu nível de força.
"... Me desculpe..."
O olhar de Aina oscilou com fadiga, sua bochecha caindo sobre o peito de Leonel.
Os olhos de Leonel tremeram. Ele podia sentir o calor escaldante do corpo dela mesmo através de sua armadura flexível.
"Parem ele!"
"Não deixem ela escapar!"
Leonel suspirou. Ele prendeu o enorme escudo às suas costas, puxando Aina com seu braço esquerdo contra seu peito. Ela mesma era leve como uma pena, mas o machado que ela se recusava a soltar mesmo inconsciente era uma história completamente diferente. Só ele pesava mais de 90 quilos... E Leonel tinha vagamente sentido Aina diminuindo seu peso antes de desmaiar.
Apesar da situação, Leonel involuntariamente sorriu e até se sentiu um pouco envergonhado.
'No que estou pensando?! Ela está com febre alta e você está no meio de um exército que não quer nada mais do que matá-la. Concentre-se!'
Tomando uma decisão, Leonel não escolheu fugir. Com seu escudo nas costas, Aina em um braço, sua lança no outro, ele se manteve firme.
"Se quiserem vir, podem vir. Vou aguentar tudo que puderem dar. Mas não vou deixá-la morrer aqui."
Recuperando sua calma, a aura imponente de Leonel brilhou mais uma vez. Por mais perigosa que Aina tivesse sido, isso era algo que ela não tinha.
Leonel quis dizer suas palavras. Fugir não lhe faria bem algum e ele só acabaria implicando os Franceses. Mesmo que os Ingleses tivessem recuado, eles ainda tinham mais de 15.000 de seu número original. Se eles se reagrupassem, ainda poderiam esmagar os menos de mil Franceses restantes.
Só restava uma opção. Leonel tinha que impor sua vontade. Ele tinha que parecer invencível. Ele tinha que esmagar a determinação deles até que nada restasse, aquela mesma determinação que ele respeitava com todo seu coração.