o despertar de Riyeon

O ambiente estava acolhedor, com o brando som de conversas ao fundo e a luz suave iluminando os rostos ao redor. Anya parecia nervosa, mas Riyeon percebia que ela estava começando a se abrir mais, o que a fez se sentir, de certa forma, satisfeita. Não demonstrava, claro, sua felicidade. Riyeon jamais permitiria que isso fosse óbvio para Anya, ou para qualquer outra pessoa. Ela sabia como manipular suas expressões, suas palavras, até suas ações. No entanto, dentro dela, havia algo diferente – uma sensação de prazer que ela não poderia ignorar.

Anya parecia mais tranquila do que antes, mas ainda se mantinha com os olhos baixados de vez em quando, como se ainda estivesse tentando se entender. Riyeon aproveitou o momento para brincar com ela, como se fosse algo simples, mas que poderia mexer com os nervos da garota.

— Eu realmente não sabia que seu pai era tão fã da minha imagem — Riyeon disse com um sorriso sutil, sua voz carregada de um tom quase provocativo. — Ele parecia mais interessado em mim do que em você.

Anya, que estava mastigando um pedaço de comida, quase engasgou ao ouvir isso. O que Riyeon disse a pegou de surpresa. Ela levantou rapidamente os olhos, um pouco corada, tentando disfarçar o desconforto.

— N-não seja ridícula. — Anya respondeu, sua voz tremendo ligeiramente. Ela tentou manter a compostura, mas era claro que ela estava um pouco mais nervosa do que queria admitir.

Riyeon observou a reação dela com um olhar divertido, mais do que satisfeita por vê-la fora de sua zona de conforto. Ela sabia exatamente o que estava fazendo, mas não podia deixar de sentir uma certa satisfação ao ver Anya ficando corada. As respostas diretas e curtas que ela dava, faziam Riyeon rir internamente, pois, ela era a única garota que a respondia de forma áspera e sem cerimônia, diferente das outras pessoas, que falavam de forma mansa e quase sonhadora.

— Ah, vai ver ele só estava tentando ser educado. — Riyeon deu de ombros, fingindo desinteresse, mas a forma como olhava para Anya com aqueles olhos provocantes deixava claro que estava se divertindo.

Anya apertou os talheres, sentindo suas bochechas ficarem mais quentes. Ela não sabia como reagir. Riyeon tinha esse efeito nela, conseguia deixá-la perdida nas palavras, deixando-a ciente de sua própria vulnerabilidade. E isso a incomodava. Ela não sabia como camuflar aquele olhar que Riyeon lançava para ela, um tipo de olhar que não sabia como decifrar. Até mesmo a sua mente brilhante, não sabia como desvendar o mistério que envolviam aquelas íris negras. 

— Eu acho que... não foi isso — Anya balbuciou, mas não conseguiu evitar o olhar furtivo para Riyeon. Cada vez que Riyeon falava com ela de maneira tão... insinuante, Anya sentia que sua confiança diminuía, como se estivesse em uma linha tênue entre conforto e desconforto. 

Riyeon percebeu o quanto Anya estava corada, o quanto ela estava tentando disfarçar sua reação. E foi isso que a fez continuar, como se estivesse testando os limites. Ela sabia que Anya, de algum jeito, se sentia atraída por ela, e isso a excitava de um jeito estranho, embora ela mantivesse o controle absoluto.

— Você realmente acha que seu pai estava interessado em me agradar? — Riyeon perguntou com uma expressão mais descontraída, seus olhos brilhando. Ela sabia que não precisava de respostas para suas provocações. Tudo estava ali, visível nas reações de Anya.

Ela não respondeu imediatamente, mas o silêncio entre elas não era pesado. Riyeon parecia estar à vontade, o que deixava Anya ainda mais constrangida. Mas, ao mesmo tempo, havia algo nela que começava a se soltar. Ela sabia que Riyeon não era o tipo de pessoa que demonstraria seu afeto diretamente, mas Anya sentia uma conexão crescente com ela. Algo nas palavras de Riyeon, no olhar, no modo como ela brincava com ela, mexia com Anya de formas que ela ainda não entendia completamente. 

Riyeon se recostou na cadeira, mas continuou a observar Anya com aquele olhar, mais suave agora, mas ainda provocador. Era quase como se estivesse saboreando o momento, sabendo que tinha ela nas palmas das mãos sem precisar forçar.

— Você sabe que, para alguém tão tímida quanto você, ficar corada é uma fraqueza bem visível. — Riyeon comentou de forma descontraída, com um sorriso leve no rosto. Anya ficou ainda mais ruborizada, tentando disfarçar, mas a reação de Riyeon não passava despercebida.

— Eu não... — Anya começou, sua voz mais baixa, mas Riyeon não deixou que ela terminasse.

— Não precisa ficar nervosa, Suphakan. Eu só estava... brincando. — Riyeon interrompeu com uma risada suave, seus olhos ainda fixos nos dela. Anya, mais uma vez, não sabia o que fazer. Riyeon parecia ler seus pensamentos, perceber seus sentimentos, e isso a deixava completamente fora de controle. Algo nela queria se afastar, mas outra parte queria ficar, continuar sentindo o calor da presença de Riyeon ao seu lado.

As palavras ficaram no ar, e o silêncio que se seguiu entre elas foi desconfortável, mas não ao ponto de se tornar opressor. Riyeon sabia que estava fazendo Anya se sentir vulnerável, ela acreditava que a jovem tailandesa precisava passar por isso, precisava se permitir.

 Afinal, ela estava começando a entender o que Riyeon representava em sua vida – não uma simples garota popular da academia, mas algo mais complexo, algo que ela não poderia mais ignorar.

A noite seguiu tranquila, mas as interações entre as duas se tornaram mais intensas de maneira silenciosa, sem que nenhuma das duas ousasse confessar o que estava acontecendo entre elas. Bonita, mas inquietante, Riyeon era um enigma, e Anya, embora confusa, sentia que havia algo mais ali – algo que ela ainda não compreendia, mas que desejava explorar.

E, no fundo, Riyeon sabia que estava perto de finalmente descobrir o que exatamente estava acontecendo com ela ao observar Anya de perto. Ela ainda não tinha certeza do que era, mas sentia que as peças estavam se encaixando lentamente. E isso, a fazia sorrir para si mesma.