Riyeon sempre teve uma vida repleta de regras, compromissos e expectativas. Desde pequena, sua rotina era meticulosamente planejada, deixando pouco espaço para momentos espontâneos ou simples diversões. Mas Anya havia mudado isso. Desde que começaram a se envolver, Riyeon começou a enxergar a vida com outros olhos, percebendo a importância de pequenos gestos e momentos compartilhados.
Quando soube que um circo tinha chegado à cidade, uma ideia tomou conta de sua mente. Nunca havia ido a um espetáculo como aquele, nunca experimentara a magia de um ambiente circense, com suas luzes vibrantes, artistas habilidosos e a atmosfera encantadora que parecia transportar qualquer um para um mundo diferente. E, mais do que isso, queria compartilhar essa experiência com Anya. Queria que aquela noite fosse especial.
Ela comprou os ingressos e planejou cada detalhe. Sabia que Anya gostava de momentos simples, mas carregados de significado. E, dessa vez, seria ela quem proporcionaria algo memorável. Escolheu um restaurante aconchegante para jantarem antes do espetáculo e até pesquisou quais as guloseimas típicas do circo para que pudessem provar juntas. Queria que Anya visse um lado seu que poucos conheciam: o lado de alguém disposto a se permitir viver algo novo, a quebrar as amarras do que sempre foi imposto a ela.
Naquela noite, quando se encontrassem, Anya não fazia ideia do que estava por vir. Mas Riyeon estava determinada a tornar aquele encontro inesquecível.
A noite estava vibrante no parque onde o grande circo havia se instalado. As luzes coloridas piscavam, refletindo nos olhos brilhantes de Anya, que não conseguia esconder a empolgação. Riyeon observava-a de lado, um sorriso discreto brincando em seus lábios. Gostava de vê-la assim, tão despreocupada, tão entregue ao momento.
— Você já foi a um circo antes? — perguntou Anya, segurando a mão de Riyeon enquanto caminhavam em direção à entrada.
— Não. Nunca me interessei muito — Riyeon respondeu com sinceridade. — Mas se for com você, acho que qualquer coisa se torna interessante. Por isso, quando vi o espetáculo em cartaz, não pensei duas vezes.
Anya sentiu as bochechas corarem. Riyeon sempre sabia o que dizer para desarmá-la.
O espetáculo começou com acrobatas desafiando a gravidade, malabaristas brincando com fogo e um mágico que arrancava suspiros da plateia com seus truques impecáveis. Anya estava encantada, seus olhos acompanhavam cada detalhe com fascinação. Riyeon, por sua vez, estava mais encantada ainda pela garota ao seu lado. Ela não se importava tanto com os números do show; para ela, o verdadeiro espetáculo era a alegria estampada no rosto de Anya.
Quando os palhaços entraram em cena, Anya se inclinou para sussurrar no ouvido de Riyeon:
— Se você rir, eu vou saber que no fundo gosta de circos.
— Isso nunca vai acontecer — retrucou Riyeon com um sorriso desafiador.
No entanto, minutos depois, quando um dos palhaços tropeçou propositalmente em uma escada e caiu de maneira cômica, um riso inesperado escapou dos lábios de Riyeon. Anya virou-se para encará-la com um olhar surpreso e uma risada travessa.
— Peguei você! — disse Anya, apontando o dedo.
Riyeon suspirou derrotada, mas não parecia se importar em ser flagrada. Na verdade, gostava de como Anya a fazia baixar a guarda.
Depois do espetáculo, elas saíram caminhando lentamente pelo parque, degustando um algodão-doce que Anya insistiu em comprar. O céu estava límpido e pontilhado de estrelas. A brisa da noite era suave, tornando o momento ainda mais especial.
No meio do caminho, Riyeon parou de repente, fazendo Anya olhar para ela com curiosidade.
— O que foi? — perguntou Anya.
Riyeon não respondeu imediatamente. Em vez disso, soltou um leve suspiro e segurou o rosto de Anya entre as mãos, os polegares acariciando sua pele macia. O coração de Anya disparou, e ela sentiu seu corpo aquecer com a proximidade.
— Eu só percebi que não poderia deixar essa noite acabar sem fazer isso — disse Riyeon, sua voz suave e carregada de sentimento.
Então, sob o céu estrelado, no meio da rua quase deserta, Riyeon inclinou-se e a beijou.
Foi um beijo doce, lento, mas carregado de emoção. Anya se entregou completamente, sentindo as mãos firmes de Riyeon segurá-la com carinho, como se quisesse guardar aquele momento para sempre. As luzes do circo ao fundo criavam um cenário quase mágico, e tudo parecia parar ao redor delas.
Quando se separaram, Anya abriu os olhos lentamente, encontrando o olhar intenso de Riyeon sobre si.
— Isso foi… — Anya tentou falar, mas as palavras lhe faltaram.
— Perfeito? — completou Riyeon, sorrindo.
Anya riu baixinho, assentindo.
— Sim. Perfeito.
Elas continuaram a caminhar, de mãos dadas, enquanto o circo ficava para trás. Mas o brilho daquela noite, do beijo e das estrelas, ficaria para sempre entre elas.
O frio da noite envolvia as ruas desertas enquanto Riyeon e Anya caminhavam de mãos dadas, ainda imersas na magia do momento que compartilharam no circo. O brilho nos olhos de Anya refletia a felicidade genuína, e Riyeon sorria de forma encantadora, como se o mundo inteiro se resumisse à garota ao seu lado.
Mas, escondida nas sombras, Daehyn as observava com olhos frios e cheios de rancor. Desde que Riyeon assumiu seu relacionamento com Anya, a antiga rivalidade que sentia pela bolsista se transformou em algo muito pior: obsessão. Ela não aceitava que alguém como Anya tivesse conquistado a garota mais intocável da academia. Riyeon pertencia ao círculo dos poderosos, das famílias influentes, e não a alguém de origem simples como Anya. Isso era inadmissível.
Daehyn, depois do embate com Riyeon no banheiro, esperou que ela fosse, de fato, ceder às suas ameaças, mas isso não aconteceu. Ela continuava agindo da mesma forma e ignorava cada vez mais a sua existência. Daehyn passou a seguir Riyeon naquela semana e constatou que ela não terminaria o seu relacionamento com Anya. Então, ela tinha que cumprir o que prometeu. Riyeon, a garota perfeita e inabalável, agora tinha um ponto fraco, e Daehyn usaria isso contra ela. Um sorriso torto se formou em seus lábios enquanto assistia à distância as duas andarem de mãos dadas.
— Vamos ver até onde esse conto de fadas vai durar... — murmurou para si mesma antes de desaparecer na escuridão, já planejando o caos que semearia no dia seguinte.