chaveiro

A feira de variedades estava movimentada, o cheiro de especiarias e alimentos frescos se misturava no ar enquanto Anya caminhava ao lado da mãe, ajudando a carregar as sacolas com suprimentos para o restaurante. Ela gostava de acompanhar a mãe nesses passeios, mesmo que fossem parte do trabalho da família. Gostava de observar as bancas coloridas, os pequenos artesãos vendendo seus produtos e o burburinho animado das pessoas negociando.

Enquanto passava por uma barraca de acessórios, algo chamou sua atenção. Em meio a dezenas de chaveiros, um em especial lhe prendeu o olhar: um delicado pingente em formato de skate. Pequeno, prateado, com detalhes minimalistas que tornavam a peça encantadora. Automaticamente, pensou em Riyeon. A lembrança da namorada andando de skate pelo parque com uma confiança despreocupada trouxe um sorriso discreto aos seus lábios.

Anya pegou o chaveiro e pagou por ele. Não era um presente grandioso, mas era algo que vinha do coração. Ela sabia que Riyeon já tinha tudo o que o dinheiro poderia comprar, mas algo simples e escolhido com carinho poderia significar muito mais.

No dia seguinte, na escola, as duas estavam sentadas juntas na sala de aula antes do início das atividades. O ambiente ainda estava tranquilo, com alguns alunos chegando aos poucos. Riyeon estava distraída mexendo em suas anotações quando Anya, um pouco hesitante, puxou o pequeno embrulho de papel da bolsa.

— Rye... Eu comprei algo para você ontem — disse, estendendo o pacote.

Riyeon arqueou uma sobrancelha, surpresa.

— Para mim? — perguntou, pegando o embrulho com curiosidade. Com calma, desfez o papel e encontrou o pequeno chaveiro de skate brilhando sob a luz da sala. Por um instante, ela apenas o segurou, analisando cada detalhe com um sorriso crescente nos lábios.

— Eu vi e achei que era a sua cara — Anya explicou, observando ansiosamente a reação da namorada.

Riyeon levantou o olhar para ela, os olhos negros brilhando com uma mistura de surpresa e carinho.

— Você comprou isso para mim? — perguntou, como se estivesse absorvendo o gesto. Anya assentiu timidamente, brincando com os dedos sobre o próprio colo.

Um sorriso sincero e raro iluminou o rosto de Riyeon. Ela segurou o chaveiro entre os dedos por mais alguns instantes, apreciando o presente, antes de pegá-lo e prendê-lo no zíper da bolsa.

— Agora ele vai sempre comigo — disse, com um tom suave que fez o coração de Anya acelerar.

Anya sentiu uma onda de calor no peito, satisfeita por ver que Riyeon realmente havia gostado. Ela nunca esperaria que um presente tão simples pudesse deixar a namorada tão tocada. Mas era isso que ela adorava em Riyeon — por trás da pose imponente e do status que carregava, havia alguém que valorizava os pequenos gestos de carinho.

— Obrigada, amor — Riyeon disse baixinho, segurando a mão de Anya por debaixo da mesa e apertando de leve. Anya sorriu, sentindo-se mais próxima dela do que nunca.

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Anya e Riyeon estavam na sala particular. Desde que começaram a ficar juntas, raramente iam ao refeitório. Preferiam a privacidade daquele espaço, onde podiam não apenas fazer suas refeições, mas também passar longos momentos envolvidas uma na outra, esquecendo-se até mesmo de comer.

As duas estavam na poltrona, com Anya sentada no colo de Riyeon. O beijo entre elas era intenso, carregado de desejo e sentimentos reprimidos. A cada dia, a dinâmica entre elas se tornava mais difícil de controlar. Os hormônios falavam mais alto, e Riyeon, embora quisesse avançar, sempre se controlava ao perceber que Anya ainda tinha seus próprios limites. Naquele dia, o clima estava quente, os toques mais ousados, os beijos mais profundos, até que Anya interrompeu para recuperar o fôlego.

— Nós viemos para almoçar e nem tocamos na comida — disse ela, ofegante, tentando se recompor.

Riyeon, ainda envolvida pelo desejo, deixou escapar um pensamento atrevido.

— Eu queria comer outra coisa, isso sim — sussurrou com um olhar sugestivo.

Anya arregalou os olhos, entendendo imediatamente o duplo sentido. Sem pensar duas vezes, deu um tapa leve no braço da namorada, que apenas soltou uma risada divertida.

— Você nunca perde a oportunidade, não é? — Anya cruzou os braços, tentando parecer séria, mas a vermelhidão em seu rosto a denunciava.

— O quê? — Riyeon fez-se de desentendida, com um sorriso travesso nos lábios.

— Deixa de ser cínica! — Anya balançou a cabeça, tentando esconder o próprio sorriso.

Mas Riyeon não estava satisfeita. Sabia que a cada dia a vontade de ambas crescia, e agora queria dar um passo adiante.

— Você quer dormir comigo hoje? — perguntou, sua voz mais baixa, carregada de significado.

Anya sentiu o coração acelerar. A pergunta simples trazia implicações profundas. Desde o primeiro beijo, ela não tinha mais dormido ao lado de Riyeon. Mas ultimamente, elas estavam cada vez mais próximas, se permitindo explorar sentimentos e sensações novas. Se aceitasse, sabia que naquela noite tudo poderia mudar entre elas. E, surpreendentemente, Anya percebeu que se sentia pronta para isso.

Um sorriso tímido surgiu em seus lábios antes que murmurasse:

— Eu adoraria.

Os olhos de Riyeon brilharam. Seu sorriso se alargou antes de ela se inclinar e depositar um beijo suave na bochecha de Anya, deixando seus lábios ali por alguns segundos a mais, como se estivesse gravando aquele momento em sua memória. O som do alarme do celular rompeu o instante mágico, indicando o fim do intervalo de almoço.

Com um suspiro, elas se separaram e começaram a recolher as coisas. Caminharam juntas de volta para a sala de aula, as mãos se tocando discretamente, os corações acelerados com a certeza de que aquela noite marcaria uma nova etapa na história delas.