Riyeon percebeu que, nos últimos dias, Anya andava dispersa, perdida em pensamentos além dos estudos. Queria perguntar o que estava acontecendo, mas resolveu esperar. Seu relacionamento era baseado em confiança, e sabia que, no momento certo, ela compartilharia suas preocupações.
E foi exatamente o que aconteceu. Enquanto caminhavam em direção a uma loja de conveniência, Anya finalmente desabafou:
— Eu soube que meus pais estão com um problema no restaurante — disse, com o cenho franzido.
— Que tipo de problema? — perguntou Riyeon, atenta.
— Não sei ao certo, mas parece que acumularam algumas dívidas. Se não conseguirem pagar dentro do prazo, podemos perder o restaurante.
Riyeon sentiu um aperto no peito ao ver a angústia da namorada. Anya nunca costumava demonstrar preocupações sobre sua família, e seus pais sempre pareceram estáveis financeiramente. Mas, assim como qualquer negócio, o restaurante estava sujeito a desafios.
Mil pensamentos invadiram sua mente, buscando uma forma de ajudar. Oferecer dinheiro diretamente estava fora de questão, pois sabia que os pais de Anya jamais aceitariam. Então, uma ideia surgiu, mas resolveu guardá-la para si. O mais importante agora era confortá-la.
— Tenho certeza de que seus pais encontrarão uma solução, meu amor. Apenas mantenha a calma — disse, acariciando suavemente sua mão com o polegar.
Anya suspirou e assentiu, grata pelo apoio.
No dia seguinte, Riyeon chegou à escola e foi diretamente até a sala da reitora. Havia solicitado a reunião antecipadamente, o que gerou curiosidade na diretora, pois não era comum fazer pedidos.
Assim que entrou, curvou-se respeitosamente. A reitora retribuiu o gesto e indicou o assento.
— Senhorita Lee, a que devo sua visita? Estou curiosa — disse a reitora.
Riyeon organizou suas palavras antes de responder.
— Como a senhora sabe, eu recebo a bonificação financeira da academia, mas nunca utilizei esse benefício. Ele continua acumulado na conta da instituição. Por isso, pensei em destiná-lo a uma pessoa que realmente mereça e que sei que fará bom uso dele.
A reitora arqueou a sobrancelha, intrigada.
— Você deseja abrir mão desse benefício?
— Sim.
— E para qual aluna deseja transferi-lo?
— Para Anya Suphakan.
A reitora assentiu. Conhecia bem Anya e acompanhava seu desempenho desde sua admissão. Não se surpreendeu quando a jovem assumiu o segundo lugar no ranking de pontuação, logo atrás de Riyeon. Era uma aluna brilhante e determinada.
— Você quer dividir seus benefícios com ela?
— Seria possível? — perguntou Riyeon, com um vislumbre de esperança. Quando teve essa ideia, não sabia se daria certo, mas era a melhor forma que encontrou de ajudar sem que Anya se sentisse desconfortável.
— Precisarei verificar, pois esse benefício é exclusivo para você. No entanto, considerando que Anya está logo atrás de você no ranking, pode ser vantajoso para a escola investir nela também. Vocês duas juntas são um grande trunfo para nossa reputação acadêmica.
Riyeon manteve um sorriso contido. A reitora pegou sua pasta e verificou a conta de depósitos, constatando que ela nunca havia mexido na quantia acumulada.
— Agradeço sua generosidade, senhorita Lee. Tenho certeza de que isso beneficiará Anya e influenciará positivamente em seu desempenho acadêmico.
A reitora sorriu discretamente. Estava ciente dos rumores nos corredores sobre Riyeon e Anya, e, de certa forma, sentia-se feliz por ver duas mentes brilhantes caminhando juntas. Também sabia das condições financeiras da família de Anya e reconhecia o quanto esse incentivo ajudaria nas despesas.
— Muito bem, faremos assim: transferirei parte dos seus benefícios acadêmicos para Anya Suphakan e criarei uma nova conta em nome dela para os valores acumulados. Tem certeza de que deseja abrir mão desse montante?
— Sim, apenas gostaria de continuar usufruindo das regalias acadêmicas que já utilizo.
— Certo. Providenciarei tudo e comunicarei Anya e sua família em breve. Precisa de mais alguma coisa?
Riyeo ponderou por um instante antes de fazer um último pedido:
— Poderia manter em sigilo que foi uma iniciativa minha? Não quero que ela saiba que eu era a única a receber esse benefício.
A reitora compreendeu o pedido e sorriu levemente.
— Sem problemas, senhorita Lee. Manteremos isso em sigilo.
Riyeon agradeceu e saiu da sala, sentindo-se satisfeita. A reitora a observou enquanto se afastava, admirando não apenas sua inteligência acadêmica, mas também sua generosidade e empatia.