acidente

A manhã transcorreu normalmente até que uma comoção se instaurou nos corredores da escola. Rumores se espalharam rapidamente: Riyeon havia se machucado durante a aula de esportes e fora levada ao hospital de sua família para receber atendimento.

Anya estava concentrada em suas anotações quando algumas colegas de classe cochicharam perto dela. Ela optou por não participar daquela aula, já que era um desastre em vôlei. Então, preferiu apenas ficar na sala junto de outras garotas repassando a aula do dia, o professor também estava em sala tirando dúvidas.

— Você ouviu? A Riyeon se machucou e foi levada para o hospital. — Uma delas comentou. Ela tinha visto no fórum da escola.

No momento em que ouviu isso, Anya congelou. Seu coração disparou, e a preocupação tomou conta de si. Sem pensar duas vezes, levantou-se bruscamente, pegou sua bolsa e saiu da sala de aula sob o olhar surpreso do professor e das colegas. Nada importava mais do que ver com os próprios olhos se Riyeon estava bem. Por coincidência, encontrou Jiwon no corredor, e ela a orientou para onde Riyeon tinha ido.

Pegou um táxi na frente da escola e, durante todo o trajeto, seus dedos inquietos apertavam a barra da saia do uniforme. Seu peito estava apertado, e cenários ruins passavam por sua mente.

Ao chegar ao hospital, Anya saiu apressada, quase tropeçando nos próprios pés. Perguntou sobre Riyeon na recepção e foi encaminhada para o andar onde ela estava sendo atendida. No corredor, viu uma mulher elegante e imponente esperando do lado de fora do quarto. O semblante sério e a postura impecável eram inconfundíveis: era a mãe de Riyeon.

Anya se sentiu tímida, mas seu desejo de ver Riyeon falou mais alto. Ela nunca tinha visto nenhum outro membro da família além de Jenna.

— Com licença… — Anya murmurou, um pouco sem jeito.

A mulher ergueu os olhos para ela, analisando-a de cima a baixo. Anya sentiu um frio na espinha sob o olhar afiado da senhora. No entanto, ao invés de repreensão, viu curiosidade. Ela usava o jaleco do hospital.

— Você é Anya, não é? — A mãe de Riyeon perguntou, sua voz firme, mas não hostil.

Anya arregalou os olhos, surpresa. Ela sabia quem era? Antes que pudesse responder, a porta do quarto se abriu, e Riyeon surgiu com uma expressão aborrecida.

— Eu estou bem, mãe. Foi só um corte no braço, não precisava de tanta comoção. — Disse, mas sua fala morreu quando seus olhos encontraram Anya. — Anya? O que você está fazendo aqui?

A tailandesa caminhou rapidamente até ela e segurou seu rosto entre as mãos.

— Como assim "foi só um corte"? Eu fiquei preocupada! Você não me avisou de nada! — Anya disse, seus olhos examinando Riyeon com intensidade, como se quisesse se certificar de que realmente estava bem.

Riyeon piscou, surpresa com o tom ansioso da namorada, e um pequeno sorriso puxou os cantos de seus lábios. Ela não esperava ver Anya ali, principalmente, sob os olhos atentos de sua mãe. Que analisava a cena sem dizer nada. Ela era tão sorrateira quanto a Jenna.

— Você saiu da escola para vir até aqui por mim? — Sua voz estava suave, e havia um brilho terno em seus olhos. A declaração pública de Anya na feira da escola na sexta, trouxe ainda mais visibilidade para o relacionamento delas. Incluindo, sua mãe, que viu um pequeno vídeo do momento. Alguém do fã-clube gravou e jogou na rede. Dando inúmeras visualizações no vídeo, ele havia tornando-se viral.

Anya desviou o olhar, percebendo o quão impulsiva tinha sido. Mas não se arrependia nem um pouco. Na hora, ela não pensou em nada, apenas no bem estar da namorada. Nem mesmo havia pedido permissão do professor.

— Claro que sim! Como eu poderia continuar na aula sabendo que você estava no hospital? — Respondeu, ainda segurando o rosto dela.

A mãe de Riyeon observava a cena com atenção, sem interferir. O brilho nos olhos da filha ao olhar para Anya, a maneira como Riyeon parecia completamente à vontade perto dela… Não havia dúvidas: Anya era a responsável pela mudança de comportamento da filha. E, ao ver o cuidado e a preocupação genuína em seu olhar, a mãe de Riyeon não disse nada. Apenas permitiu que aquele momento se desenrolasse.

— Eu estou bem, de verdade. Foi só um acidente bobo. Mas eu adorei que você veio me ver. — Riyeon segurou a mão de Anya, entrelaçando seus dedos aos dela, ignorando a presença de sua mãe ali.

Anya suspirou e abraçou Riyeon com cautela, tomando cuidado com seu braço machucado. Eles tinham colocado um curativo.

Quando a mãe de Riyeon soube que ela estava no hospital por causa de um acidente, ela imediatamente saiu de sua sala e foi conferir se era algo grave. Apesar de não demonstrar, a senhora Lee gostava de se manter por dentro do que acontecia com as filhas, e cuidava delas do seu jeito. Ela continuou observando em silêncio, assimilando tudo. Mesmo sem proferir uma palavra, um pequeno sorriso discreto apareceu no canto de seus lábios antes que ela se retirasse, deixando as duas sozinhas no quarto.

Anya afastou-se ligeiramente e cruzou os braços, olhando para Riyeon com uma expressão séria.

— Agora me conta direitinho… O que aconteceu? Como você se machucou? — Sua voz carregava preocupação.

Riyeon suspirou e desviou o olhar, foi um acidente bobo.

— Foi meio idiota, na verdade… Eu estava jogando vôlei e fui tentar rebater a bola, mas acabei encostando no vão da rede. Meu braço raspou na parte metálica e abriu um corte. — Ela fez uma careta. — Nada demais, mas como estava sangrando bastante, me mandaram para o hospital por precaução. Eu não sabia que ia ter tanta comoção assim.

Anya franziu o cenho e tocou de leve o curativo no braço dela. Riyeon parecia bem, não dando tanta importância para aquilo.

— Nada demais? Riyeon, você poderia ter se machucado pior! — Seu tom era de reprovação, mas seus olhos só mostravam alívio por saber que não era nada grave.

Riyeon sorriu de lado e puxou Anya para mais perto.

— Você fica muito fofa quando está preocupada comigo. — Ela provocou, tentando aliviar a tensão.

Anya revirou os olhos, mas não conseguiu evitar um pequeno sorriso.

— Eu realmente fiquei preocupada. Você precisa se cuidar mais. — Ela suspirou, encostando a testa na de Riyeon por um momento. — Promete que vai ter mais cuidado?

Riyeon entrelaçou seus dedos aos de Anya e sussurrou:

— Eu prometo. Agora vamos embora, antes que meu pai apareça e mande aplicar uma bolsa de sangue — Ela diz de forma divertida, se tratando dele, nada era impossível.

Elas saíram do hospital sob o olhar atento da mãe de Riyeon, cuja sala, localizada no andar superior próximo à recepção, lhe proporcionava uma visão privilegiada de quem entrava e saía.