O sol começava a surgir através das cortinas, iluminando a mesa de café onde todos estavam reunidos.
O ambiente estava tranquilo, as conversas daquele momento do dia eram suaves, como se o peso da noite anterior ainda pairasse no ar.
Oliver estava sentado ao lado de Evelyn, ambos com os olhos focados nas xícaras de café, sem pressa de quebrar o silêncio.
Evelyn, com seu olhar perdido na espuma do café, foi a primeira a se pronunciar, embora sua voz ainda carregasse um leve tom de cansaço.
Uma de suas amigas, Elisa, observava os dois enquanto mexia na comida, e, com um sorriso brincalhão, decidiu puxar um assunto leve, tentando aliviar o clima tenso.
— Então — Elisa começou, interrompendo o silêncio com sua voz animada — todos nós já falamos sobre o que fazemos, mas e você, Evelyn? O que você faz mesmo da vida?
Evelyn sorriu, pegando um pedaço de pão para dar um trago.
— Ah, eu sou advogada, trabalho com defesa criminal, nada de muito excitante, mas é o que eu gosto.
As amigas acenaram em aprovação, e uma delas, Júlia, fez uma pergunta que estava pairando no ar.
— E você, Oliver? — Júlia perguntou, curiosa. — Eu sempre fico imaginando o que você faz, vi seu nome em um livro outro dia, mas não sei se é só isso... você trabalha com o quê exatamente?
Oliver levantou a cabeça, já esperando a pergunta.
Ele não era de se exibir ou dar grandes explicações, então respondeu da maneira mais simples possível, sem perder a compostura.
— Eu sou autor e artista — disse ele, com uma expressão calma. — Escrevo livros, ilustro e faço comissões. É um bom trabalho. Ganha bem, mas eu não sou de gastar muito, então, vou levando.
A mesa ficou em silêncio por um momento, as amigas trocando olhares furtivos entre si, tentando entender como ele conseguia viver tão tranquilamente com comissões.
Não era algo comum para alguém tão novo, mas quem estava em sua presença sabia que Oliver sempre dava um jeito de parecer estar no controle de tudo, sem fazer muito esforço.
— Como você consegue viver só com isso? — Elisa perguntou, ainda curiosa, mas com um tom de desconcerto. — Com a quantidade de trabalho que você tem, deve ser complicado, né?
Oliver apenas deu de ombros, como se a resposta fosse óbvia para ele.
— Eu sou bem organizado, então tudo funciona. E como disse, não sou de gastar à toa. Prefiro guardar.
Enquanto a conversa fluía, o som de uma notificação interrompeu o momento.
Oliver olhou rapidamente para o celular, e seu rosto se iluminou por um breve instante.
— É minha moto — Oliver disse, com um sorriso quase imperceptível. — Acabou de chegar.
Evelyn olhou para ele com um olhar de surpresa e divertimento.
— Você realmente comprou aquela moto, não é?
Oliver levantou-se, ajeitando o capacete que estava sobre a mesa, como se tudo aquilo fosse algo corriqueiro.
— Sim, uma moto melhor. Como você me sugeriu naquela vez na praia.
Elas ficaram em silêncio, observando a reação de Oliver enquanto ele se preparava.
— Você se importa de me dar uma carona? — Evelyn perguntou, sua voz suave. — Eu também estou curiosa para ver essa moto.
— Claro, vamos lá — Oliver disse com um sorriso tranquilo. Ele se dirigiu até a porta, colocando o capacete e se dirigindo para o estacionamento.
A moto, agora mais imponente do que antes, estava parada ao lado do prédio.
O som suave do motor, que antes parecia apenas uma presença distante, agora preenchia o ar com sua tecnologia, deixando todos curiosos.
Quando Evelyn se aproximou dele, já com um sorriso de quem sabia o que viria a seguir, ele a observou por um momento antes de se virar para as amigas.
— Nos vemos depois — Oliver disse de forma tranquila, como se tudo fosse parte do cotidiano. — Evelyn, vamos?
Evelyn acenou para as amigas e se dirigiu até a garupa da moto, ajeitando a posição e colocando o capacete que Oliver lhe entregou.
Enquanto subiam, os amigos de Oliver os observavam com expressões de curiosidade, mas antes que alguém pudesse perguntar mais, Oliver ligou a moto e ela disparou com um som suave, mas poderoso.
— Vocês moram próximos ou algo do tipo? — perguntou Júlia, observando os dois saindo.
Oliver, ainda com a moto em movimento, respondeu de maneira descontraída, sem hesitar:
— Sim, moramos juntos. Mas, claro, é só um apartamento.
A resposta foi dada com tanta naturalidade que ninguém pensou em questionar mais.
Quando as amigas estavam prestes a dizer algo, Oliver já estava a caminho, fazendo uma curva suave na rua e desaparecendo em poucos segundos, levando Evelyn consigo.
Evelyn ajustou seu capacete e se acomodou na garupa da moto, ainda processando tudo o que tinha acontecido.
O som do motor, suave e potente ao mesmo tempo, fazia com que a adrenalina começasse a circular por seu corpo.
Ela olhou para Oliver, que estava concentrado em controlar a moto, e não conseguiu deixar de perguntar, desconcertada.
— Isso é o que te manteve um pouco mais acordado hoje, não é? A moto... a empolgação?
Oliver olhou rapidamente para ela, sem deixar de acelerar a moto na estrada estreita, descendo a montanha.
Ele sorria, mas a expressão no rosto indicava um leve cansaço.
— Sim, confesso que estava pensando em comprar uma moto há um tempo, mas não tinha motivo, sabe? Só que agora, com ela chegando, senti que era hora de mudar um pouco o ritmo.
Evelyn riu levemente, sentindo o vento bater em seu rosto enquanto a moto avançava pela estrada sinuosa.
— Eu entendo. Uma mudança de ritmo faz bem, às vezes.
Oliver sorriu, mas logo soltou uma pergunta, sua voz tranquila, mas com um tom de diversão.
— Quer dar uma longa volta antes de voltarmos para casa? Acho que podemos aproveitar o tempo.
Evelyn hesitou por um segundo, mas logo aceitou a proposta com um sorriso.
— Claro, por que não? — respondeu, se segurando na cintura dele com mais firmeza, enquanto a moto ganhava mais velocidade.
Eles começaram a descer mais rapidamente pela estrada íngreme que levava até a cidade.
O vento parecia intensificar, e o som do motor ressoava forte, quase como um rugido, ecoando por toda a montanha.
Era uma sensação única, quase inebriante, e até mesmo as amigas que estavam dentro da casa de Thomas, alguns quilômetros acima, podiam ouvir o barulho da moto.
A velocidade estava impressionante, como se Oliver estivesse dominando a estrada com uma destreza única.
A medida que desciam a montanha, a moto de Oliver parecia estar em perfeita harmonia com os contornos da estrada, fazendo curvas de forma impecável.
Era como se ele tivesse feito aquilo mil vezes, cada movimento fluindo naturalmente.
Quando se aproximaram do sinal vermelho, Oliver diminuiu a velocidade com uma precisão impressionante, parando perfeitamente na linha de marcação, sem quebrar nenhuma regra.
Parecia que ele tinha uma habilidade única de controlar a moto, respeitando o trânsito, mas ao mesmo tempo acelerando quando era necessário.
— Isso é... — Evelyn começou, ainda um pouco impressionada. — Incrível. Você realmente tem um controle ótimo sobre a moto.
Oliver deu uma olhada rápida para ela, com um sorriso sutil.
— É questão de prática. Além disso, eu gosto de manter tudo sob controle, sem pressa, mas também sem perder a diversão.
Eles seguiram pela estrada, agora mais rápidos e com uma sensação de liberdade no ar.
Evelyn se sentiu confortável e segura na garupa, ainda se apoiando na cintura de Oliver, enquanto o vento soprava contra seu rosto.
A sensação de velocidade, o som da moto e a paisagem passando rapidamente ao redor eram tudo o que ela precisava para esquecer o resto do mundo, pelo menos por aquele momento.
Depois de dar uma volta pelas ruas da cidade, desfrutando da liberdade da moto, Oliver finalmente diminuiu a velocidade à medida que se aproximava de seu prédio.
Eles chegaram à garagem, e Oliver estacionou a moto com precisão, cuidadosamente a guardando em seu lugar.
O som do motor cessou, mas o eco da adrenalina parecia ainda pairar no ar.
Quando ele retirou o capacete e se virou para Evelyn, seu rosto tinha voltado ao estado usual, neutro e sem emoção, como se todo o entusiasmo que havia demonstrado antes tivesse sido apenas uma fachada.
O que antes era um sorriso e uma energia tranquila, agora parecia ser algo como um teatro que ele havia encenado para ela, como se não fosse nada além de uma rotina.
Evelyn percebeu a mudança instantaneamente, mas optou por manter o silêncio.
Ela sabia que questioná-lo sobre isso não levaria a lugar algum, e preferiu simplesmente seguir em frente, sem pressões.
— Vamos, — disse ele, já indo na direção da entrada do edifício.
Evelyn o seguiu, um tanto observadora, mas não disse uma palavra. Eles adentraram o prédio, e o que parecia ser um dia comum ganhou uma leve reviravolta.
Os elevadores, que estavam fora de serviço há algum tempo, finalmente voltaram a funcionar.
A luz verde acendeu no painel, e a porta se abriu com um suave zumbido.
— Parece que finalmente consertaram os elevadores, — comentou Oliver, sua voz sem grandes variações, como de costume.
Evelyn, aliviada com a conveniência, não perdeu tempo.
Ela entrou no elevador, e Oliver a seguiu logo em seguida.
Quando a porta se fechou, um silêncio confortável se instalou entre eles enquanto o elevador subia.
Não havia mais palavras a serem ditas, apenas o som suave do movimento mecânico e o leve toque da brisa que passava pelas frestas das janelas.
Evelyn observava a expressão de Oliver, que permanecia inalterada.
Ele era bom em esconder o que sentia, mas Evelyn já estava começando a entender seus pequenos sinais.
Talvez ele apenas não quisesse mais demonstrar nada, talvez tivesse suas próprias razões para manter aquele controle.
Quando o elevador parou no andar deles, a porta se abriu, e ambos saíram, sem pressa, mas com uma sensação de que o dia ainda tinha algo mais por vir.
Evelyn jogou-se no sofá, esticando as pernas e deixando-se afundar no conforto do estofado.
Seus pensamentos estavam longe, a mente divagando sobre tudo o que aconteceu naquela noite.
Ela ainda sentia a adrenalina do resgate, o momento em que ele a salvou e a segurou com firmeza, como se estivesse disposto a proteger qualquer coisa que fosse importante para ele.
Mas, de algum modo, o momento que mais a perturbava era o de quando, finalmente, dormiu perto dele. A sensação de estar tão próxima a Oliver, mas ainda assim em uma distância que ela não sabia como ultrapassar.
Evelyn fechou os olhos por um instante, revivendo a cena na sua mente. Mesmo com toda a seriedade de Oliver, ela conseguia perceber uma suavidade que ele parecia esconder.
Mas por que ele fazia isso? Ele realmente não via o que acontecia entre eles? Será que ele não sentia nada?
No outro quarto, Oliver estava de volta à sua rotina. O som das teclas de seu computador e o clique suave da mesa digitalizadora preencheram o silêncio do apartamento.
Ele apagou as luzes do quarto, deixando apenas a luz fria da tela iluminando o ambiente. Seu trabalho voltara à sua normalidade, sem interrupções, sem distrações.
O foco estava novamente em suas criações, como sempre acontecia após um evento.
A noite, os resgates, as aventuras... tudo se transformava em nada quando ele se sentava ali, concentrado.
Evelyn observava-o de longe, sentindo a familiaridade de sua rotina, mas também a frustração de nunca conseguir ultrapassar aquela barreira invisível que ele colocava entre eles. Sempre o mesmo ciclo.
Algo acontecia, ela se aproximava, mas ele sempre se distanciava. Não porque ele quisesse, mas porque parecia ser a única maneira que ele sabia de lidar com a situação.
E a cada vez, ela se perguntava se ele realmente se importava, ou se ele era apenas uma pessoa que não sabia como se entregar.
Até que, sem mais, ela se levantou do sofá e caminhou até a porta do quarto de Oliver.
O som das teclas parou por um momento, mas não o suficiente para que ela acreditasse que ele tivesse notado sua presença.
Ela hesitou na porta por um instante, indecisa. Mas a curiosidade, finalmente, venceu.
Ela entrou no quarto com um suspiro.
— Oliver, — começou ela, sua voz um pouco mais suave do que o normal, mas firme o suficiente para quebrar o silêncio.
Ele virou-se em sua cadeira, levantando uma sobrancelha.
— O que foi? — ele perguntou, a expressão de sempre, sem grandes mudanças.
Evelyn, no entanto, não desviou o olhar. Ela estava determinada a entender.
— Por que você é assim? — ela soltou a pergunta, mais por impulso do que por razão.
Mas, naquele momento, era como se a necessidade de saber a verdade fosse mais forte do que qualquer coisa que ele pudesse responder.
Oliver ficou em silêncio por um momento.
Ele parecia não saber o que responder, ou talvez estivesse esperando uma resposta simples, algo como "Eu sou assim". Mas Evelyn não queria uma resposta simples.
Ela queria entender o que ele pensava, o que ele sentia, e por que se fechava tanto, até mesmo em momentos em que parecia que as coisas estavam prestes a mudar.
Ele suspirou e, por fim, disse:
— Eu sou assim porque é mais fácil. Não complico as coisas. O que você vê é o que há.
Evelyn o observou por um momento, absorvendo suas palavras, antes de balançar a cabeça ligeiramente.
— Eu sei disso, Oliver... — ela falou, mais para si mesma, antes de voltar para a porta. — Só... queria saber se, de vez em quando, você pensa em algo a mais.
Com essas palavras, ela se afastou, deixando-o novamente no silêncio de seu quarto, com apenas o som do monitor e da mesa digitalizadora preenchendo o vazio.
A noite havia se instalado silenciosa e tranquila.
O apartamento estava imerso em sombras suaves, as luzes apagadas, e Evelyn já se encontrava deitada na cama, olhando para o teto.
Ou melhor, fingindo que estava dormindo. Mas, na verdade, ela ainda estava acordada, tentando processar tudo o que havia acontecido naquela noite. Seu corpo estava imóvel, mas sua mente não conseguia encontrar repouso.
Aquele vazio que ele sempre deixava, a distância que ele criava, parecia mais difícil de suportar agora.
Mas, como sempre, ela não queria forçar nada.
O som suave da porta do quarto se abriu, e Oliver entrou, silencioso como sempre, movendo-se como uma sombra.
Ele se sentou ao lado de Evelyn na cama, sem que ela o visse, pois ainda estava de costas para ele.
Por um momento, ele ficou ali, em silêncio, os olhos fixos na sua figura quieta.
Então, com um suspiro quase imperceptível, ele falou, sua voz baixa e calma, sem pressa de que ela respondesse.
— Olha... foi mal se fui grosso, mas não tem muito o que eu mudar. Eu sou assim, não tem como simplesmente puxar uma nova personalidade... — Ele fez uma pausa, respirando fundo, como se as palavras que estava prestes a dizer precisassem de mais coragem.
— E... sobre a sua curiosidade em saber se eu pensei em algo a mais, sim... Eu pensei... Só não vou dizer o que é.
O tom dele não era agressivo, mas o peso das palavras parecia pesar no ar.
Como sempre, havia um segredo oculto nas entrelinhas daquilo que ele dizia, algo que ele não estava pronto para compartilhar.
Evelyn manteve-se em silêncio, ainda de costas para ele, sua respiração tranquila, mas um turbilhão de emoções misturando-se em sua mente.
Oliver, então, levantou-se lentamente. A cama afundou levemente quando ele se moveu, e o som suave dos passos em direção à porta foi o único sinal de que ele estava prestes a partir.
Quando já estava quase fora do quarto, ele parou e se virou para ela, ainda na penumbra.
Com um pequeno sorriso, quase imperceptível, ele disse:
— Aliás... eu sei que você tá acordada.
E, antes que Evelyn pudesse responder ou reagir, ele fechou a porta suavemente atrás de si, deixando-a ali, sozinha com seus pensamentos, novamente perdida nas palavras não ditas e naquilo que ainda parecia tão distante entre eles.
Oliver não foi ver se havia mais comissões ou trabalho para fazer. Em vez disso, deixou-se levar pelo cansaço e pelo momento.
Deitou-se no sofá da sala, desligado das preocupações, e ligou a TV. Como sempre, ele buscou algo para assistir, e o que encontrou foi um anime. Suas mãos se relaxaram no controle remoto enquanto ele começava a se perder nas imagens na tela.
Logo, o som da TV se tornou um ruído distante, e Oliver acabou dormindo, o brilho da tela iluminando seu rosto enquanto ele permanecia ali, imóvel, o anime ainda rolando.
Mas Evelyn não conseguiu descansar. As palavras de Oliver, sua franqueza, ficaram ecoando em sua mente. Ela se revirava na cama, sem conseguir adormecer, tentando entender o que ele queria dizer.
O que ele pensava, o que ele realmente sentia. A curiosidade a consumia, e a tensão que ele criava entre eles a mantinha acordada.
— Ele realmente é assim... ou é só a maneira dele de se proteger — pensou ela.
Cansada de tentar fechar os olhos, ela decidiu sair do quarto.
Não queria mais pensar sozinha sobre aquilo, sentia que precisava entender melhor o que se passava na cabeça dele.
Ao sair do quarto, seus passos a levaram até a sala. O cenário estava tranquilo, a luz suave da TV projetando sombras na parede.
Oliver estava ali, ainda deitado no sofá, em um sono profundo.
Ela o observou por um momento, respirando profundamente. O silêncio do apartamento tornava tudo ainda mais intenso.
Ela não sabia o que fazer. Pensou em voltar para o quarto, mas algo a fez permanecer. Aproximou-se dele, desligando a TV com um gesto suave.
— Você realmente consegue dormir assim, né? — Ela murmurou, mais para si mesma do que para ele.
Sem pensar muito, ela puxou a parte inferior do sofá, revelando a função de cama que ele escondia.
O espaço estava estreito, mas ela se deitou ali, ainda com os olhos fixos em Oliver. Com um leve movimento, ela se ajeitou sobre ele, cobrindo ambos com o cobertor.
O toque do seu corpo sobre o dele parecia natural, e a pressão leve era reconfortante.
Ela fechou os olhos por um instante, sentindo o calor dele, respirando o ar que ele também respirava.
— Por que tudo parece tão... complicado entre a gente? — pensou Evelyn, mas logo deixou os pensamentos irem embora.
Ela não queria mais pensar tanto, só queria sentir.
Ela sabia que ele nunca falaria diretamente sobre os próprios sentimentos, mas ela também sabia que ele era assim, de um jeito que ninguém mais parecia entender.
— Eu não sei o que vai ser de nós... Mas eu estou aqui — Ela sussurrou, ainda deitada sobre ele, sem realmente esperar resposta.
Não havia mais palavras a dizer, apenas a sensação de proximidade, o peso de tudo o que ficou não dito e a calma momentânea que ela se permitiu.
No entanto, antes de cair no sono, Oliver, que estava quase dormindo, escutou cada palavra que ela disse.
Mesmo com os olhos fechados e o corpo relaxado, ele estava mais atento do que parecia.
No meio do silêncio, sua voz soou suave, mas clara, quase como um sussurro:
— Você... é a única que me entende —
E com isso, antes que ela pudesse responder ou até processar suas palavras, Oliver finalmente deixou o sono o tomar por completo, a respiração dele ficando mais leve, enquanto Evelyn permaneceu ali, sentindo o peso daquela confissão não dita de forma plena, mas mais sincera do que qualquer coisa que ele poderia ter dito antes.