Alguns dias se passaram, e a rotina continuava a mesma.
Oliver trabalhava em suas ilustrações e Evelyn permanecia enrolada no sofá, protegida do frio pelo cobertor.
O som das teclas do teclado e do leve zumbido do ar-condicionado eram as únicas coisas que preenchiam o ambiente.
Mas então, Oliver saiu do quarto.
Ele havia terminado aquela comissão muito mais rápido do que o esperado.
Seu ritmo estava diferente, quase como se tivesse atingido outro nível em sua arte.
Satisfeito com o progresso, decidiu ir até a cozinha pegar uma gelatina de café.
Enquanto ele rasgava a tampa do pote, Evelyn se lembrou de algo que vinha adiando: seu peso.
Sem hesitar, saiu do sofá e caminhou até a balança que ficava ao lado do espelho do corredor.
Subiu nela e esperou os números aparecerem. Assim que viu o resultado, franziu a testa.
Estava um pouco acima do normal.
Nesse exato momento, Oliver apareceu na porta da cozinha, segurando a colher com um pedaço da gelatina.
Seus olhos pousaram nela, e então na balança.
Evelyn sentiu o olhar dele e se virou lentamente.
Os dois ficaram ali, se encarando em silêncio.
Oliver, sem pressa alguma, colocou a colher na boca e mastigou calmamente.
Seu olhar não demonstrava nada em particular, apenas uma neutralidade quase irritante.
Evelyn franziu ainda mais a testa.
Ele sabia.
Mas não disse nada.
Aproveitando que ainda havia luz do dia, Evelyn decidiu que era hora de começar uma caminhada.
Oliver, observando-a enquanto terminava sua gelatina de café, arqueou uma sobrancelha.
— Isso é mesmo necessário?
Evelyn cruzou os braços, lançando um olhar firme para ele.
— Obviamente.
Oliver suspirou, mas não insistiu.
— Se cuida.
Sem perder tempo, Evelyn foi até o quarto, trocou de roupa e, determinada, partiu.
Sua ideia era correr por uma grande parte da cidade, sem nenhuma rota específica, apenas deixando seus pés guiarem o caminho.
Enquanto caminhava, sentiu o celular vibrar no bolso.
Ao olhar a tela, viu uma mensagem de Oliver:
[ Se precisar de algo, só chamar. ]
Ela soltou um leve riso pelo nariz antes de guardar o celular novamente.
Então, começou a andar.
Caminhou por um tempo, sentindo o vento frio bater contra seu rosto, mas logo percebeu que apenas andar não era suficiente.
O que a motivava tanto ainda era um mistério, mas algo dentro dela queria mais.
Então, começou a correr.
No início, o ritmo era leve, controlado. Mas, pouco a pouco, ela foi acelerando, empurrando seu corpo além do que estava acostumado.
Não importava o desconforto, não importava a queimação nos músculos.
Ela parava apenas para comprar garrafas de água, bebendo rapidamente antes de retomar a corrida.
A dor se instalava, os pulmões ardiam, mas Evelyn não parava.
Oliver sabia que isso aconteceria. Ele conhecia bem o jeito impulsivo dela e já havia deixado tudo preparado para quando ela voltasse.
Evelyn, no entanto, não pensava no que viria depois.
Ela apenas corria.
Evelyn continuou correndo, ignorando o cansaço que se acumulava em suas pernas.
Seu coração martelava no peito, e o suor escorria por suas têmporas, mas ela não parava.
Cada passo ecoava na calçada enquanto sua respiração se tornava cada vez mais pesada.
Ela não sabia exatamente por que estava tão motivada, só sabia que precisava continuar.
Talvez fosse uma maneira de extravasar a raiva acumulada nos últimos dias, ou talvez quisesse provar algo para si mesma.
Mas seu corpo tinha limites.
Depois de um longo tempo correndo, suas pernas fraquejaram, e Evelyn precisou se apoiar em um poste para recuperar o fôlego.
Seu peito subia e descia rapidamente, e a dor nos músculos finalmente começou a cobrá-la por sua imprudência.
Enquanto Evelyn respirava com dificuldade, apoiada em um poste, seu celular vibrou novamente.
Ela pegou o aparelho com os dedos trêmulos e olhou a mensagem.
[ Fica onde está. Tô indo te buscar. ]
Oliver.
Evelyn franziu a testa, sentindo um misto de surpresa e irritação.
Como diabos ele sabia que ela estava exausta?
Ela olhou ao redor, percebendo que, no ritmo que estava, provavelmente demoraria muito para voltar sozinha.
Por mais que seu orgulho gritasse para recusar a carona, suas pernas doíam tanto que só de pensar em continuar andando já parecia um castigo.
Sem outra escolha, ela soltou um suspiro cansado e encostou-se melhor no poste, esperando.
O ronco familiar da moto cortou o silêncio da rua poucos minutos depois.
Evelyn ergueu a cabeça e viu Oliver estacionando na sua frente, usando sua habitual jaqueta e capacete.
Ele tirou o capacete com uma mão e a olhou de cima a baixo, com a expressão calma de sempre.
— Entrar nesse ritmo do nada? Péssima ideia.
Evelyn cruzou os braços.
— Eu tava motivada.
Oliver arqueou uma sobrancelha, como se não tivesse acreditado nem um pouco na desculpa.
— Anda... Sobe logo.
Evelyn hesitou por um instante, mas seu corpo já estava esgotado demais para contestar.
Ela pegou o capacete que ele lhe estendeu, colocou na cabeça e subiu na garupa da moto.
Assim que se acomodou, sentiu Oliver puxar uma das mãos dela para que segurasse em sua cintura.
— Não quero que caia no meio do caminho.
Evelyn ficou em silêncio, mas segurou firme.
Sem dizer mais nada, Oliver acelerou e os dois sumiram pelas ruas da cidade, voltando para casa.
Quando chegaram em casa, Evelyn não perdeu tempo e foi direto para o banheiro.
Estava exausta.
— A banheira já tá com água fria. — Oliver avisou, encostado na parede.
Ela nem teve forças para responder. Apenas fez um gesto rápido com a mão e entrou no banheiro, fechando a porta atrás de si.
O banho demorou quase uma hora. A água fria relaxava seus músculos doloridos, e o cansaço era tanto que quase cochilou ali mesmo.
Mas algo não saía de sua cabeça.
Todos os dias, quando dava seis da noite, Oliver trancava seu quarto.
As paredes grossas impediam qualquer som de vazar. Ela nunca tentou espiar antes, afinal, respeitava sua privacidade, mas agora, depois do que ele fez… Roubou seu primeiro beijo sem aviso.
Era justo que ela roubasse um pouco de sua privacidade em troca.
Saindo do banheiro apenas envolta na toalha, Evelyn foi até a porta do quarto dele e abriu-a lentamente.
O que viu a quebrou um pouco.
O que viu depois a quebrou ainda mais.
Oliver fazia flexões no chão, o corpo impecavelmente alinhado.
Um celular estava posicionado à sua frente, registrando cada repetição, e a contagem… estava perto das três mil.
Evelyn sentiu um arrepio percorrer sua espinha.
Seus olhos deslizaram até o notebook, que estava sincronizado ao celular e exibia um programa de treino.
A tela mostrava estatísticas absurdas: abdominais, polichinelos, prancha, tudo em números ridiculamente altos.
Ela não sabia o que era pior: a quantidade insana de exercícios ou o fato de Oliver fazer tudo isso sem demonstrar esforço.
Saindo de fininho, fechou a porta sem que ele percebesse.
Mas algo não fazia sentido.
Se Oliver tinha feito tudo aquilo… por que ele não estava fedendo a suor?
Pouco tempo depois, Oliver saiu do quarto, agora vestido casualmente. Sem dizer nada, foi até a cozinha e pegou mais uma gelatina de café, como se nada tivesse acontecido.
Evelyn, por outro lado, tinha outra preocupação.
Ela queria saber se toda aquela correria que fez no dia valera a pena.
Caminhou até a balança e subiu novamente.
O peso havia descido.
Mas… desceu muito pouco.
O desânimo foi imediato. Ela murchou os ombros, frustrada.
Tanto esforço para isso?
De repente, sentiu um beliscão na cintura.
— Ei! — Ela se virou, irritada.
Oliver estava ali, segurando sua gelatina, com a mesma expressão neutra de sempre.
— Em pouco tempo não vai ter tantos resultados. — Ele comentou, dando uma colherada na gelatina. — E sinceramente…
Antes de completar a frase, ele segurou a cintura dela com firmeza e a ergueu do chão com facilidade.
Evelyn travou completamente.
Seu cérebro simplesmente parou de funcionar.
Foi então que Oliver finalizou:
— Sinceramente, você deveria parar de se comparar com as outras mulheres.
Evelyn apenas piscou, perplexa.
Evelyn ainda estava paralisada.
O mundo parou por um momento enquanto ela tentava entender o que havia acabado de acontecer.
Oliver a levantara com uma facilidade absurda, como se não pesasse nada.
— O… O que você pensa que está fazendo?! — Ela tentou soar indignada, mas sua voz tremeu no final.
Oliver, no entanto, apenas a colocou de volta no chão com suavidade, como se nada tivesse acontecido.
— Só provando um ponto. — Ele disse, comendo mais uma colherada de gelatina.
Evelyn sentia seu rosto queimar.
— Provando um ponto?!
Ela cruzou os braços e desviou o olhar, tentando ignorar o calor no rosto.
— Isso não prova nada…
Oliver arqueou uma sobrancelha, inclinando levemente a cabeça.
— Não? Então posso levantar de novo.
— NÃO!
A resposta foi imediata.
Evelyn apertou os braços ao redor de si, como se quisesse se esconder.
Oliver apenas deu de ombros e voltou a comer sua gelatina de café, saindo da cozinha tranquilamente.
Evelyn permaneceu ali, tentando recuperar a compostura.
— Esse homem ainda vai me matar do coração…
Evelyn respirou fundo, tentando acalmar os batimentos acelerados.
Ela olhou novamente para a balança, mas dessa vez sua frustração parecia menor.
"Você deveria parar de se comparar com as outras mulheres."
As palavras de Oliver ecoavam em sua mente.
Não era como se ele fosse do tipo que dizia coisas só para agradar, e exatamente por isso aquilo tinha tanto peso.
Ainda incomodada com seus próprios pensamentos, saiu da cozinha e foi direto para o sofá, se jogando ali com um suspiro longo.
Oliver estava sentado na poltrona, olhando para o celular como se nada tivesse acontecido.
A casualidade dele a irritava. Como ele conseguia agir normalmente depois daquilo?
Ela bufou, afundando o rosto na almofada.
— Você tem alguma coisa para fazer amanhã? — perguntou, a voz um pouco abafada.
— Algumas ilustrações para um projeto. — Oliver respondeu, sem tirar os olhos da tela.
— E depois?
Ele finalmente desviou o olhar para ela.
— Isso é um convite?
Evelyn hesitou por um instante, mas logo virou o rosto, emburrada.
— Talvez…
Oliver sorriu de canto.
— O que tem em mente?
Ela ficou em silêncio por alguns segundos antes de responder:
— Só quero sair um pouco…
Oliver assentiu.
— Tudo bem.
Evelyn o olhou de soslaio.
— Você aceita fácil demais.
— Se fosse algo perigoso, eu recusaria.
Ela estreitou os olhos.
— Está dizendo que sou problemática?
— Eu não disse nada.
Evelyn pegou a almofada e jogou nele sem pensar duas vezes.
Oliver apenas desviou com facilidade, ainda com aquele maldito semblante neutro.
— Amanhã, então. — Ele disse, tranquilo.
Evelyn cruzou os braços, se afundando no sofá novamente.
— Amanhã…
No dia seguinte, Evelyn acordou antes do despertador.
O que era raro.
Ela se espreguiçou, sentindo o corpo ainda um pouco dolorido da corrida do dia anterior.
Oliver já estava acordado, como sempre.
Ela sabia disso porque sentia o cheiro do café que ele preparava todas as manhãs.
Levantou-se e foi direto para o banheiro.
Precisava tomar um banho e se arrumar.
Se ia sair com Oliver, queria estar no mínimo apresentável.
Quando saiu do quarto, já pronta, Oliver estava sentado à mesa, mexendo no celular enquanto terminava seu café.
Ele a olhou de relance, avaliando seu visual.
— Parece que alguém acordou animada.
Evelyn pegou uma maçã da fruteira e deu uma mordida, tentando soar despreocupada.
— Não é todo dia que tenho a chance de sair com você sem precisar insistir.
Oliver deu um gole no café, indiferente.
— Eu saio quando acho necessário.
— E hoje é necessário?
Ele deu de ombros.
— Você pediu.
Evelyn revirou os olhos, mas por dentro, sentiu um calor estranho.
Ele sempre era tão direto.
— Vamos logo antes que eu desista.
Oliver se levantou, pegando sua carteira e as chaves da moto.
— Você quem manda.
Eles saíram do apartamento e seguiram para a moto.
Evelyn subiu atrás dele, segurando levemente em sua jaqueta.
— Para onde exatamente estamos indo?
Oliver ligou a moto, sem pressa.
— Você que queria sair, não eu.
Evelyn suspirou.
— Então vamos dar uma volta… Quem sabe eu decido no caminho.
Oliver acelerou a moto.
— Tudo bem.
E assim, eles partiram.
A cidade passava ao redor deles conforme Oliver dirigia a moto em um ritmo confortável.
O vento bagunçava os cabelos de Evelyn, que, aos poucos, relaxava.
Ela olhava para os lados, tentando decidir para onde ir, mas no fundo, gostava da ideia de simplesmente andar sem um destino fixo.
— O que acha de um café? — ela sugeriu.
Oliver fez um leve aceno com a cabeça.
— Tem algum específico em mente?
— Hm… Algum que seja tranquilo.
— Conheço um.
Evelyn sorriu, satisfeita, e se segurou melhor na cintura dele enquanto seguiam pelas ruas.
Pouco tempo depois, Oliver estacionou em frente a um café discreto, com uma fachada de madeira e janelas grandes.
O lugar parecia calmo, com poucas pessoas dentro.
Eles entraram, e Evelyn logo sentiu o aroma aconchegante de café recém-passado misturado com um leve cheiro de pão doce.
— Boa escolha, Oliver.
Ele deu um olhar breve para ela antes de se aproximar do balcão e pedir um café preto para ele e um cappuccino para Evelyn, já sabendo que ela preferia algo mais doce.
Eles se sentaram em uma mesa perto da janela, e Evelyn observou a rua por alguns instantes antes de se virar para Oliver.
— Você sai bastante para lugares assim?
— Só quando quero ficar em paz.
— E eu estou atrapalhando essa paz agora?
Ele tomou um gole do café, olhando diretamente para ela.
— Ainda não.
Evelyn estreitou os olhos.
— Engraçado…
— Não estou brincando.
Evelyn cruzou os braços, apoiando-se na mesa.
— Certo, então me diz, por que você sempre parece tão… impenetrável?
Oliver arqueou uma sobrancelha.
— Impenetrável?
— Sim! Você raramente demonstra algo, parece sempre neutro.
Ele girou levemente a xícara nas mãos, como se pensasse em sua resposta.
— Talvez eu só seja assim.
Evelyn suspirou.
— Você é um mistério, Nash…
— E você não gosta de mistérios?
Ela sorriu de lado.
— Talvez um pouco.
Oliver deu um pequeno sorriso, o que fez Evelyn sentir algo diferente no peito.
Eles continuaram ali, conversando de forma casual, enquanto aproveitavam o momento tranquilo no café.
O tempo passou de forma confortável no café, e Evelyn percebeu que gostava daquela sensação.
Apenas ela e Oliver, sem pressa, sem preocupações, apenas conversando e aproveitando o momento.
Por mais que ele fosse um mistério, havia algo reconfortante no jeito dele.
Depois de terminarem as bebidas, Oliver se levantou primeiro.
— Vamos?
Evelyn assentiu, pegando suas coisas. Quando saíram do café, o ar fresco da cidade os recebeu.
Oliver colocou as luvas antes de subir na moto, e Evelyn logo fez o mesmo, se segurando na cintura dele enquanto partiam.
Dessa vez, Evelyn se permitiu encostar a cabeça contra as costas dele, sentindo o movimento suave da moto pelas ruas.
Quando finalmente chegaram em casa, Oliver estacionou a moto e desceu primeiro, esperando Evelyn.
Ela tirou o capacete, ajeitando os cabelos enquanto olhava para ele.
— Valeu pela saída.
Oliver apenas fez um leve aceno com a cabeça antes de entrar.
Evelyn o seguiu, ainda sentindo o resquício daquela tranquilidade do café, mas ao mesmo tempo, seu peito carregava uma estranha sensação de curiosidade.
Ela queria entender Oliver.
Mas será que ele deixaria?
Evelyn fechou a porta atrás de si, observando Oliver caminhar até a cozinha sem dizer uma palavra.
Ele abriu a geladeira e pegou uma gelatina de café, como sempre.
Ela cruzou os braços, encostando-se na parede.
— Você realmente não se cansa dessa coisa?
Oliver olhou para ela por um instante antes de levar uma colherada à boca.
— Não.
Evelyn revirou os olhos.
— Você é uma máquina, sabia?
Ele ergueu uma sobrancelha.
— Isso é um elogio ou uma reclamação?
Ela abriu a boca para responder, mas hesitou.
De fato, às vezes parecia que Oliver era incansável.
Como se estivesse sempre um passo à frente, sempre prevendo tudo.
Evelyn deu de ombros, indo até o sofá e se jogando ali, exausta.
— Tanto faz…
Oliver continuou comendo sua gelatina em silêncio, mas sua expressão parecia dizer que entendia o que ela realmente queria dizer.
A noite seguiu tranquila. Evelyn, ainda pensativa sobre tudo que aconteceu, pegou um livro para ler, enquanto Oliver, como sempre, parecia imerso em alguma pesquisa no computador.
O silêncio entre os dois não era desconfortável.
Na verdade, havia algo natural naquilo.
Mas, no fundo, Evelyn sabia.
Cada dia que passava, sua curiosidade sobre Oliver só crescia.
O tempo passou devagar naquela noite.
O som do teclado de Oliver preenchia o apartamento, junto ao ocasional virar de página de Evelyn.
Nenhum dos dois dizia nada, mas não precisavam.
Evelyn tentava focar no livro, mas sua mente vagava.
Oliver era um mistério.
Forte, inteligente, aparentemente incansável… e, ao mesmo tempo, tão casual em tudo que fazia.
Como se nada realmente o afetasse.
Ela suspirou, fechando o livro e olhando para ele.
— O que você tanto pesquisa?
Oliver não desviou os olhos da tela.
— Nada demais.
Evelyn franziu a testa.
— Você sempre diz isso.
— Porque sempre é verdade.
Ela revirou os olhos e se levantou, indo até ele.
Oliver percebeu sua aproximação, mas não reagiu.
Evelyn se inclinou levemente para ver a tela, mas antes que pudesse decifrar algo, Oliver fechou o notebook com uma mão.
— Isso não é algo que você precisa ver.
Ela ergueu uma sobrancelha.
— Isso só me deixa mais curiosa.
Oliver soltou um suspiro leve e se recostou na cadeira, olhando para ela com um daqueles olhares indecifráveis.
— Evelyn… às vezes, é melhor não saber de certas coisas.
O tom dele era sério, mas não ameaçador.
Apenas… firme.
Ela cruzou os braços, sentindo um pequeno arrepio.
— Você fala como se fosse perigoso.
Oliver sorriu de canto.
— E se for?
Evelyn sentiu um frio na espinha. Não era a primeira vez que Oliver insinuava coisas desse tipo.
Ela o observou por um momento antes de suspirar e se afastar.
— Você é um enigma, Oliver Nash.
Ele voltou a abrir o notebook, seus olhos brilhando na luz da tela.
— Eu sei.
Evelyn bufou e voltou para o sofá.
Oliver era um mistério… e, cada dia que passava, ela queria decifrá-lo ainda mais.
O silêncio voltou a tomar conta do apartamento, mas a mente de Evelyn estava longe de sossegar.
Ela tentava se concentrar no livro, mas as palavras pareciam embaralhadas.
Tudo porque Oliver sempre deixava pequenas pistas de que escondia algo, mas nunca o suficiente para ela entender completamente.
Depois de alguns minutos, ela desistiu de fingir que estava lendo e virou-se novamente para Oliver.
Ele continuava focado na tela do notebook, como se nada mais no mundo importasse.
— Você não vai dormir? — ela perguntou, tentando soar desinteressada.
Oliver não tirou os olhos da tela.
— Daqui a pouco.
Evelyn franziu a testa.
— Você disse isso ontem também.
— E estou aqui, não estou?
Ela bufou.
— Você não é um robô, Oliver.
Dessa vez, ele finalmente desviou o olhar da tela e a encarou, um brilho sutil de diversão nos olhos.
— Isso é discutível.
Evelyn o encarou por um momento, como se estivesse avaliando a resposta.
Então, sem dizer nada, ela se levantou do sofá e se aproximou.
— O que foi agora? — Oliver perguntou, observando-a se aproximar.
— Você realmente não dorme direito, né?
— Eu durmo o suficiente.
Ela se inclinou sobre a mesa e fechou o notebook na frente dele.
— Acho que não.
Oliver ergueu uma sobrancelha, mas não protestou. Evelyn cruzou os braços.
— Você já percebeu que, toda vez que te faço uma pergunta pessoal, você desconversa?
Ele deu de ombros.
— Talvez porque algumas respostas não sejam tão importantes.
— Ou talvez porque você só não quer me contar.
Oliver ficou em silêncio por um momento, apenas a observando.
Evelyn percebeu que ele estava analisando-a da mesma forma que sempre fazia, com um olhar que parecia enxergar mais do que ela gostaria.
Então, de repente, ele sorriu de leve.
— E se eu for um mistério que não pode ser resolvido?
Evelyn revirou os olhos.
— Isso é exatamente o que um mistério resolveria dizer.
Oliver soltou uma risada curta e balançou a cabeça.
— Vá dormir, Evelyn.
Ela bufou, mas não insistiu.
— Tá bom, mas se você desmaiar por falta de sono, não venha pedir ajuda.
Oliver apenas acenou com a mão, voltando a abrir o notebook.
Evelyn voltou para o sofá, mas, antes de se deitar, olhou para ele uma última vez.
Por mais que tentasse, ela sabia que não conseguiria ignorar aquela curiosidade.
Oliver Nash era um mistério.
E Evelyn estava cada vez mais determinada a decifrá-lo.
O tempo passou devagar naquela noite.
Evelyn tentou dormir, mas a inquietação não deixava.
Ela se virou várias vezes no sofá, abraçou o travesseiro com força, mas nada adiantava.
Seu olhar sempre voltava para Oliver, que continuava focado no notebook, a luz da tela iluminando seu rosto de maneira sutil.
Ela bufou, desistindo de lutar contra a insônia.
— Você não vai mesmo dormir, né?
Oliver, sem desviar os olhos da tela, respondeu com naturalidade:
— Já disse que durmo o suficiente.
Evelyn se sentou no sofá, puxando a manta para cima dos ombros.
— Você já parou para pensar que pode estar destruindo seu próprio corpo?
Ele finalmente olhou para ela, um brilho divertido no olhar.
— Você já parou para pensar que eu sei exatamente o que estou fazendo?
Evelyn revirou os olhos, mas não respondeu.
Um silêncio breve se instalou. Então, ela se jogou para trás, suspirando alto.
— Você me dá nos nervos.
— Eu sei.
— Isso não é um elogio.
— Mesmo assim, eu sei.
Evelyn pegou uma almofada e jogou nele, mas Oliver desviou sem dificuldade.
— Tá vendo? — ela apontou para ele. — Você é rápido demais. Isso não é normal.
— Eu sou normal.
— Normal o suficiente para fazer 3 mil flexões?
Oliver parou por um segundo, como se considerasse a pergunta.
— Depende do ponto de vista.
Evelyn cruzou os braços, irritada com o jeito tranquilo dele.
— Você nunca me conta nada.
Oliver inclinou a cabeça.
— Talvez porque você nunca pergunta direito.
Ela estreitou os olhos.
— Ah, então é assim?
Ele apenas sorriu de leve.
Evelyn se levantou e foi até a cozinha, pegando um copo d'água.
— Um dia eu ainda descubro tudo.
— Boa sorte.
Ela bebeu um gole e olhou para ele por cima do copo.
— Isso é um desafio?
Oliver deu de ombros.
— Talvez.
Evelyn estreitou os olhos, mas não insistiu.
Por mais que quisesse uma resposta, sabia que Oliver só falaria quando quisesse.
Mas uma coisa era certa: ela não desistiria tão fácil.
Evelyn ficou alguns segundos apenas observando Oliver, esperando que ele dissesse algo a mais.
Mas, como sempre, ele apenas voltou sua atenção para o notebook, sem demonstrar qualquer preocupação.
Ela bufou e terminou a água, deixando o copo na pia antes de voltar para o sofá.
— Você não se cansa de ser assim?
— Assim como?
— Misterioso.
Oliver soltou um leve riso pelo nariz.
— Eu sou apenas reservado.
— Você é um enigma ambulante, isso sim.
Ele não respondeu, apenas continuou digitando.
Evelyn puxou a manta para cobrir as pernas, mas sua mente estava inquieta.
A verdade era que, mesmo sem querer admitir, ela sentia curiosidade—não, era mais que isso. Ela queria entender Oliver.
Não apenas suas habilidades absurdas, mas o próprio jeito dele de ser.
Como alguém tão meticuloso e sério podia, ao mesmo tempo, agir com tanta naturalidade em momentos mais... íntimos? Como podia roubá-la um beijo sem hesitação, mas ao mesmo tempo agir como se nada tivesse acontecido?
Ela desviou o olhar, tentando afastar esses pensamentos.
— Quando você vai dormir?
— Quando eu sentir que é necessário.
— Isso não é uma resposta válida.
— Para mim, é.
Evelyn fechou os olhos por um momento, tentando ignorar a frustração.
— Você me dá dor de cabeça.
Oliver deu um leve sorriso.
— Boa noite pra você também.
Ela apenas murmurou algo inaudível antes de virar para o lado, tentando relaxar.
Mesmo sem respostas, sabia que continuaria insistindo.
Afinal, se havia alguém teimoso ali, essa pessoa era Evelyn Marin.
A sala ficou em silêncio por alguns minutos, com Evelyn deitada no sofá, tentando esvaziar a mente, e Oliver concentrado no notebook.
O único som era o leve toque das teclas sendo pressionadas.
Ela virou de lado, apoiando a cabeça no braço do sofá e espiando Oliver de canto de olho.
— O que você tá fazendo?
— Trabalhando.
— Você já terminou a sua comissão.
— E daí?
Evelyn revirou os olhos.
— Você não tira um tempo pra descansar?
— Isso aqui é meu descanso.
Ela bufou, frustrada.
A verdade era que ele sempre tinha uma resposta pronta, e isso a irritava profundamente.
— Então seu "descanso" é ficar trabalhando ainda mais?
Oliver finalmente desviou os olhos da tela e a olhou por um momento antes de dar de ombros.
— E o seu é ficar me observando?
Evelyn sentiu o rosto esquentar e virou de costas para ele, puxando a manta até cobrir metade do rosto.
— Vai se ferrar…
Ele riu baixo, voltando ao que estava fazendo.
Por mais que quisesse continuar provocando Evelyn, Oliver sabia que ela estava exausta do dia.
Mesmo com toda a motivação repentina para treinar, era evidente que seu corpo ainda não estava acostumado com aquilo.
Depois de mais alguns minutos, ele fechou o notebook e se levantou, indo até a cozinha para pegar mais uma gelatina de café.
Quando voltou para a sala, Evelyn já estava com a respiração mais lenta, indicando que havia adormecido.
Oliver parou ao lado do sofá, observando-a por um instante.
A verdade era que ele entendia a frustração dela.
Mas sabia que Evelyn era teimosa o bastante para continuar tentando, independente da dificuldade.
Com um pequeno suspiro, pegou um cobertor extra e cobriu Evelyn melhor, garantindo que ela não sentiria frio durante a noite.
Depois disso, sem dizer nada, foi para o seu quarto.
Ele sabia que, no dia seguinte, ela voltaria com mais perguntas e mais provocações.
E, sinceramente…
Ele não se importava nem um pouco.
Na manhã seguinte, o sol entrava pela janela, iluminando suavemente a sala. Evelyn se remexeu no sofá, sentindo o calor do cobertor extra que não se lembrava de ter pego.
Ela abriu os olhos devagar e percebeu que Oliver já não estava mais por perto.
Espreguiçando-se, sentiu o corpo protestar.
Cada músculo parecia gritar em agonia pelo esforço do dia anterior.
— Isso é um sinal divino pra eu nunca mais correr tanto de uma vez só… — murmurou para si mesma.
Mas, antes que pudesse se afundar na preguiça, sentiu um cheiro vindo da cozinha.
Ela se sentou no sofá e olhou na direção da cozinha, onde Oliver estava parado em frente ao fogão.
— Desde quando você faz café da manhã?
— Desde que percebi que você ia ficar reclamando o dia inteiro se eu não fizesse.
Evelyn bufou, mas se levantou e foi até a mesa.
Oliver colocou uma xícara de café para ela e um prato com algumas torradas.
Ela pegou a xícara e a observou por um instante antes de dar um gole.
— Está bom? — Oliver perguntou casualmente.
Evelyn analisou o sabor, sem responder de imediato.
— Uhum.
Ele ergueu uma sobrancelha.
— Isso foi um sim ou um não?
Ela deu de ombros.
— Foi um "poderia ser pior".
Oliver riu baixo.
— Você é impossível.
— E você gosta disso.
Oliver não respondeu, apenas tomou um gole de seu próprio café, deixando Evelyn com um pequeno sorriso satisfeito nos lábios.
O dia havia apenas começado, mas já estava claro que aquela seria mais uma manhã comum na rotina dos dois.
Depois de terminarem o café da manhã, Evelyn se recostou na cadeira, ainda sentindo o peso da corrida do dia anterior em seu corpo.
— Acho que vou passar o dia descansando… — ela murmurou, fechando os olhos por um instante.
Oliver, que já lavava as xícaras, deu de ombros.
— Se acha que é necessário.
Ela abriu um olho para encará-lo.
— Você não vai me zoar por ter exagerado?
— Não preciso. Seu corpo já está fazendo isso por mim.
Evelyn bufou, cruzando os braços.
— Você é insuportável às vezes.
Oliver apenas lançou um olhar indiferente para ela antes de terminar de lavar a louça.
O silêncio se instalou por alguns minutos, até que Evelyn, ainda sentada, pegou o celular e começou a mexer nele.
— O que vai fazer hoje? — ela perguntou, sem tirar os olhos da tela.
— Trabalhar. — Oliver respondeu de forma óbvia, secando as mãos.
— Que novidade. — Evelyn riu de leve.
Oliver soltou um suspiro e começou a caminhar em direção ao seu quarto.
— Se precisar de alguma coisa, me chama.
Evelyn apenas ergueu a mão, fazendo um gesto vago de concordância, antes de se afundar no sofá novamente.
O dia seguiria normalmente, mas, no fundo, ambos sabiam que sempre havia espaço para algo inesperado acontecer.
O dia se desenrolou de maneira tranquila, Evelyn passando boa parte do tempo no sofá, alternando entre mexer no celular e cochilar, enquanto Oliver trabalhava em seu quarto.
O tempo passou rápido, e quando Evelyn percebeu, já era fim de tarde.
Ela se espreguiçou, sentindo o corpo ainda um pouco dolorido da corrida do dia anterior.
Levantando-se, ela foi até a cozinha pegar algo para beber.
No caminho, espiou para o quarto de Oliver.
A porta estava entreaberta, e ela conseguiu vê-lo sentado em sua mesa, concentrado no trabalho.
Sem fazer barulho, ela se aproximou e encostou no batente da porta.
— Não vai sair um pouco? — perguntou, cruzando os braços.
Oliver sequer desviou o olhar da tela.
— Sem necessidade.
Evelyn revirou os olhos.
— Você devia relaxar mais. Ficar só trancado nesse quarto não faz bem.
Ele parou de digitar por um momento e olhou para ela.
— Você diz isso, mas passou o dia todo largada no sofá.
— Isso é diferente! — ela rebateu de imediato, inflando as bochechas.
Oliver arqueou uma sobrancelha, claramente se divertindo com a reação.
— Diferente como?
Evelyn hesitou, percebendo que não tinha uma resposta convincente.
— Ah, cala a boca… — ela murmurou, desviando o olhar.
Oliver soltou um suspiro e se levantou.
— Tá bom, já que insiste… Vou pegar algo para comer.
Ela abriu um sorriso satisfeito e o seguiu até a cozinha.
Enquanto Oliver pegava sua habitual gelatina de café, Evelyn se encostou na bancada, observando-o.
— Sabe… Tem uma coisa que eu queria perguntar há um tempo.
— Hm? — Oliver ergueu o olhar para ela, dando uma colherada na gelatina.
Evelyn hesitou por um momento, mas então respirou fundo e perguntou:
— Por que você sempre fecha a porta do seu quarto às seis da noite?
Oliver parou de comer por um instante. Ele não demonstrou surpresa com a pergunta, apenas olhou para Evelyn com sua expressão neutra de sempre.
— E por que você quer saber? — ele perguntou, colocando a colher dentro do pote de gelatina.
Evelyn cruzou os braços e desviou o olhar.
Oliver havia esquecido que Evelyn tinha citado 3 mil flexões
— Só curiosidade… Você nunca explicou, e é meio suspeito.
Oliver suspirou, como se estivesse ponderando se deveria responder ou não.
Ele terminou sua gelatina, jogou o pote fora e então se encostou na bancada, olhando diretamente para Evelyn.
— Eu treino.
Evelyn piscou algumas vezes.
— O quê?
— Treino. Exercícios. Musculação. O básico.
Ela estreitou os olhos.
— Treino "básico", né? — disse, relembrando o que tinha visto na noite anterior.
Oliver arqueou uma sobrancelha.
— Você andou espiando?
Evelyn gelou na hora, mas tentou disfarçar.
— C-claro que não! Mas… eu imagino que não seja um treino normal.
Oliver soltou um suspiro e descruzou os braços.
— Você já sabe a resposta, então por que tá perguntando?
Evelyn travou. Ele a pegou. Mas não daria o braço a torcer tão fácil.
— Eu só queria que você confirmasse — ela murmurou.
Oliver a observou por um momento antes de se aproximar lentamente.
Ele se inclinou levemente, parando a centímetros do rosto dela.
— Então… você realmente me espiou?
Evelyn sentiu o rosto pegar fogo.
— Eu…! Eu só passei pelo corredor! — rebateu, dando um passo para trás. — E a porta tava aberta!
Oliver soltou um riso de canto, balançando a cabeça.
— Você é mais curiosa do que eu imaginava.
— E você é mais absurdo do que eu imaginava! — Evelyn cruzou os braços. — Como alguém normal faz tudo aquilo e sequer sua?
Oliver deu de ombros.
— Talvez eu não seja tão normal assim.
O silêncio pairou entre os dois. Evelyn o encarava, mas ele não parecia minimamente preocupado com o que ela havia descoberto.
Ela suspirou e revirou os olhos.
— Tá, tanto faz… Você ainda é um mistério.
Oliver abriu um leve sorriso.
— E você ainda tá aqui, tentando resolver ele.
Evelyn cruzou os braços e desviou o olhar, sem resposta para isso.
Evelyn olhou para a gelatina de café na mão de Oliver e sentiu um misto de emoções.
Era sua comida favorita, mas se comesse demais, acabaria enjoando rápido.
— Isso não é justo… — murmurou, desviando o olhar.
Oliver levantou uma sobrancelha.
— O que não é justo?
Ela cruzou os braços e suspirou.
— Eu gosto disso, mas se comer agora, vou acabar enjoando…
Oliver pegou uma colherada e comeu calmamente.
— Então não coma.
Evelyn fez uma careta.
— Mas eu quero.
Ele a encarou por alguns segundos antes de pegar uma nova colherada e estender para ela.
— Só um pouco, então.
Evelyn hesitou, mas no final cedeu, pegando a colher e colocando a gelatina na boca.
O sabor amargo e levemente adocicado do café se espalhou em seu paladar, e por um momento, ela fechou os olhos, apreciando o gosto.
— É bom.
— Eu sei.
Ela abriu os olhos e encarou Oliver, que a olhava com um pequeno sorriso no canto dos lábios.
— Você planejou isso, não planejou?
— Planejei o quê?
— Me fazer comer isso.
Oliver apenas deu mais uma colherada na gelatina.
— Eu só sabia que você queria, mas estava se segurando.
Evelyn bufou e se jogou no sofá.
— Tsc… tanto faz.
Oliver pegou mais uma colherada e a encarou.
— Quer mais?
Ela o olhou de canto e ficou em silêncio por alguns segundos antes de virar o rosto.
— Só mais uma.
Oliver sorriu, estendendo a colher novamente.
Evelyn pegou a colher e comeu mais um pouco da gelatina, tentando ignorar o olhar satisfeito de Oliver.
— Você se diverte me provocando, não é?
— Um pouco.
Ela revirou os olhos e cruzou os braços, recostando-se no sofá.
Oliver terminou de comer a gelatina e se levantou, indo até a cozinha para jogar o pote fora.
Evelyn o observou sair, sentindo uma leve frustração crescer dentro de si.
Ele era sempre assim.
Calmo, sereno, como se nada pudesse abalá-lo.
E ela, por outro lado, era um turbilhão de emoções sempre que estava perto dele.
Oliver voltou para a sala e se encostou no batente da porta, observando Evelyn.
— Algo errado?
Ela negou com a cabeça rapidamente.
— Nada. Só estou… descansando.
Oliver arqueou uma sobrancelha, mas não insistiu.
Em vez disso, caminhou até ela e deu um leve peteleco na testa de Evelyn, que arregalou os olhos.
— O que foi isso?!
— Você estava pensando demais.
Evelyn massageou a testa, indignada.
— E desde quando isso é motivo para levar um peteleco?!
Oliver apenas deu um meio sorriso.
— Desde que seu rosto estava tão sério que parecia que ia explodir.
Ela bufou, mas não conseguiu conter um pequeno sorriso.
— Você é impossível…
Ele deu de ombros e pegou o celular do bolso.
— Você vai querer sair amanhã?
Evelyn piscou, surpresa com a pergunta.
— Por quê?
— Você parecia bem determinada na última caminhada. Achei que quisesse continuar.
Ela olhou para ele, avaliando a proposta.
No fundo, queria continuar se exercitando, mas ao mesmo tempo, saber que Oliver estava prestando atenção nisso fez seu coração acelerar um pouco.
— Talvez…
Ele assentiu.
— Então eu te aviso amanhã.
Evelyn o observou por um momento antes de finalmente soltar um suspiro.
— Certo.
Oliver fez um leve aceno de cabeça antes de ir para o quarto.
Evelyn ficou no sofá, olhando para o teto, sentindo que seu coração estava batendo um pouco mais rápido do que deveria.