Ato 16 - Duas Caras

Um dia se passou.

Oliver estava como sempre, olhar neutro, mas toda vez que Evelyn passava perto, fazia o de sempre.

Gerarld estava dormindo no sofá, então Oliver fez um grande café da manhã para os dois irmãos.

Assim que Gerarld acordou e viu o casal comendo, logo se juntou.

Oliver puxou assunto sobre a organização na empresa.

— Então, como vamos fazer isso? — Oliver perguntou, pegando mais café.

— Preciso que os documentos estejam alinhados para evitar problemas no futuro. Você tem um método específico?

Oliver deu de ombros.

— Eu posso organizar de várias formas, depende do que você quer priorizar.

Gerarld ficou pensativo.

— Qual seria a forma mais eficiente?

Oliver sorriu.

— A mais eficiente pode não ser a mais prática pra você. Mas vou ver isso quando chegarmos lá.

Gerarld assentiu, terminando o café.

Logo depois, seu celular vibrou.

[ Bom dia, dormiu bem? ]

Era uma mensagem de Cynthia.

Gerarld quase engasgou com o café. Evelyn percebeu e arqueou uma sobrancelha.

— O que foi?

— Nada!

Oliver, ao contrário, apenas sorriu de canto, sabendo exatamente o que estava acontecendo.

[ Sim, e você? ]

Ele respondeu rapidamente, tentando disfarçar.

Evelyn continuou observando com desconfiança.

— Hm... Sei.

Oliver riu baixo.

— Vamos logo antes que a gente perca o dia.

Eles chegaram na empresa, onde Gerarld explicou a Oliver tudo o que precisava ser feito.

Oliver pegou um monte de documentos e começou a separá-los rapidamente, sua eficiência deixando Gerarld impressionado.

— Como você faz isso tão rápido?

— Habilidade natural.

Gerarld cruzou os braços.

— Você não tem nenhuma habilidade sobrenatural, tem?

Oliver apenas sorriu.

— E se eu tivesse?

Gerarld suspirou.

— Eu não duvidaria.

O trabalho seguiu rápido, e em questão de horas, Oliver já tinha colocado tudo no lugar.

Gerarld olhou para a pilha organizada e depois para Oliver.

— Você é um monstro.

Oliver deu de ombros.

— Eu sou eficiente.

Gerarld riu.

E então, seu celular vibrou novamente.

[ Vamos sair hoje novamente, certo? ]

Ele sentiu um frio na barriga.

Evelyn, que estava de longe, viu sua reação e sussurrou para Oliver:

— Aposto que é dela.

Oliver riu.

— Óbvio.

Mas algo estranho aconteceu.

Na empresa, um boato havia se espalhado.

E não era nada legal.

Era algo pesado sobre Oliver.

Gerarld ficou sabendo disso e olhou para Oliver, que, sem se importar muito, apenas queria ir embora.

Evelyn percebeu o olhar tenso do irmão e franziu a testa.

— O que foi?

Gerarld não respondeu de imediato, mas antes que pudesse dizer algo, alguém se aproximou.

Era Lucas.

O homem que antigamente era chefe na parte que Oliver trabalhava.

— Oliver.

Oliver ergueu o olhar, sem demonstrar muita emoção.

— Lucas.

O ex-chefe cruzou os braços, sua expressão séria.

— Você sabe o que estão dizendo por aqui, não sabe?

Oliver suspirou.

— Não.

Lucas estreitou os olhos.

— Estão dizendo que você só conseguiu crescer na empresa porque puxou o saco das pessoas certas.

Evelyn arregalou os olhos.

— O quê?

Lucas continuou.

— Que você se aproveitou de conexões para subir rápido. Que nunca teve o mérito real pelo que fez.

Oliver permaneceu em silêncio por um momento.

Então, apenas suspirou.

— Isso é tudo?

Lucas franziu a testa.

— Você não parece surpreso.

Oliver deu de ombros.

— Já falaram tanta coisa sobre mim... Se eu ligasse pra cada boato, já teria explodido essa empresa.

Gerarld ficou observando em silêncio.

Evelyn, por outro lado, não parecia nada contente.

— Quem foi que espalhou essa merda?

Lucas suspirou.

— Não sabemos exatamente, mas algumas pessoas da administração estão comentando.

Oliver olhou para ele.

— E você acredita nisso?

Lucas não hesitou.

— Nem por um segundo.

Oliver sorriu de leve.

— Bom saber.

Evelyn ainda estava irritada.

— Oliver, você não vai fazer nada?

Ele a encarou.

— E o que você quer que eu faça? Exploda a empresa de verdade?

Ela bufou.

— Não, mas...

Lucas interrompeu.

— Eu só queria te avisar. Mas fique atento, porque boatos assim podem ser perigosos.

Oliver assentiu.

— Valeu pelo aviso.

Lucas deu um último olhar para ele antes de se afastar.

Evelyn cruzou os braços.

— Isso me deixou com raiva.

Oliver riu baixo.

— Relaxa.

Gerarld, que havia ficado quieto até então, finalmente falou.

— Você pode não ligar, mas talvez seja bom descobrir de onde isso veio.

Oliver sorriu de canto.

— Ah, eu já tenho uma ideia.

Evelyn e Gerarld se entreolharam.

Aquele sorriso...

Oliver não demonstrava pressa, mas sua mente já trabalhava para resolver aquilo.

Ele já tinha uma ideia de quem poderia estar por trás do boato.

E se fosse quem ele pensava, aquela pessoa teria um problema grande.

— Vocês dois podem ir na frente. Tenho algo pra fazer.

Evelyn estreitou os olhos.

— Você vai focar nisso agora?

Oliver deu um meio sorriso.

— Não precisa se preocupar. Só vou dar uma olhada.

Ela suspirou.

— Você sempre fala isso.

Ele riu, mas não respondeu.

Gerarld cruzou os braços.

— Precisa de alguma coisa?

— Não. Isso é rápido.

Gerarld assentiu e deu um tapinha no ombro de Oliver antes de se afastar com Evelyn.

Oliver então voltou seu olhar para Lucas, que estava de pé, coçando a nuca e evitando contato visual.

— Quer me dizer logo, ou eu vou ter que adivinhar? — Oliver perguntou, cruzando os braços.

Lucas respirou fundo e forçou um sorriso.

— Olha, Oliver... Você sabe como são as coisas por aqui. As pessoas falam, e às vezes as coisas saem do controle.

Oliver manteve o olhar fixo nele.

— Então você realmente espalhou essa merda.

Lucas piscou algumas vezes, fingindo surpresa.

— Ei, ei, não precisa levar para esse lado. Eu só... fiz alguns comentários e... bom, o pessoal interpretou do jeito deles.

Oliver riu, mas não havia humor ali.

— "Alguns comentários"?

Lucas engoliu em seco.

— Você sabe como é... As pessoas começaram a perguntar como você cresceu tão rápido aqui, e eu só...

Ele não terminou a frase.

Não precisava.

Oliver deu um passo à frente, fazendo Lucas recuar instintivamente.

— Você ainda tem essa mania, né? Falar merda pelas costas quando não consegue ser melhor do que alguém.

— Não é isso! — Lucas ergueu as mãos. — Eu só disse que você teve... vantagens.

Oliver inclinou a cabeça levemente.

— Vantagens?

— Você... conhecia as pessoas certas. Foi isso que eu quis dizer.

Oliver riu de novo.

— Interessante. Porque eu me lembro de ter conseguido tudo isso sozinho.

Lucas abriu a boca para retrucar, mas Oliver ergueu a mão, silenciando-o.

— Você pode falar o que quiser, Lucas. Não me importo com xingamentos, se não fosse o incomodo causado em certas pessoas, eu nem estaria aqui, mas... Se por algum motivo, passar de uma certa linha, não vai ter volta.

Lucas tentou manter a postura, mas sua expressão entregava o nervosismo.

Oliver então deu um tapinha no ombro dele, mas a pressão fez Lucas dar um passo para trás.

— Tenha um ótimo dia, Lucas.

E com isso, Oliver se virou e saiu do local, deixando Lucas parado, sem reação.

Aquilo seria o suficiente para calá-lo.

Mas, se não fosse...

Oliver não teria problema nenhum em resolver aquilo, mas... Faria em público?

Assim que Oliver estava chegando perto de Evelyn e Gerarld, uma voz irrompeu pelo ambiente.

— VOCÊ NÃO MERECE NADA DISSO, SEU MERDA!

Lucas.

E ele não parou por aí.

— COM CERTEZA FOI A PUTA DA EVELYN QUE CONSEGUIU ISSO PRA VOCÊ!

O silêncio que se seguiu foi absoluto.

Era como se o próprio tempo tivesse parado por um instante.

Mas então, algo aconteceu.

O som de passos pesados.

Gerarld avançou como um touro enfurecido.

Seus olhos estavam frios, e seu punho já estava erguido, pronto para ensinar a Lucas o significado de erro irreversível.

O desgraçado nem sabia no que tinha se metido.

Mas antes que sua mão pudesse conhecer o rosto de Lucas, uma voz ecoou da entrada.

— PARE.

Cynthia.

Ela caminhava com calma, mas sua postura carregava um peso que ninguém ali podia ignorar.

— Isso não é certo.

Gerarld respirava fundo, mas manteve o olhar furioso em Lucas.

Cynthia parou ao lado dele e continuou:

— Mesmo que você esteja certo, ele teria uma vantagem nisso. Você é o chefe dele, Gerarld. Se bater nele aqui, você dá um motivo para ele te ferrar depois.

Lucas abriu a boca para dizer algo, talvez zombar, mas não teve tempo.

O som de um tapa ressoou pelo ambiente.

Forte.

Rápido.

Preciso.

Lucas caiu no chão como um saco de batatas.

Cynthia abaixou a mão devagar, olhando para ele sem um pingo de arrependimento.

— Mas eu não sou chefe de ninguém aqui.

Oliver apenas sorriu de lado.

Evelyn cruzou os braços, satisfeita.

E Gerarld?

Ele apenas sorriu.

— Eu te amo, sabia?

Cynthia revirou os olhos, mas seu sorriso denunciava que tinha gostado do elogio.

E Lucas?

Bem…

Ele não levantaria tão cedo.

Lucas ainda estava no chão, piscando repetidamente, tentando entender o que tinha acabado de acontecer.

Os funcionários ao redor começaram a murmurar, alguns segurando o riso, outros chocados com o tapa que Cynthia havia desferido.

Oliver suspirou, levando uma das mãos ao bolso, e então olhou para Lucas, sua voz carregada de um tédio absoluto.

— Você terminou seu showzinho ou quer mais atenção?

Lucas grunhiu, levando a mão ao rosto.

— Você… seu merda arrogante…

Antes que pudesse terminar, Cynthia se abaixou na frente dele, sua expressão completamente neutra.

— Você não faz ideia do que acabou de fazer, né?

Lucas a encarou, ainda segurando o rosto.

— Vá se ferrar.

Cynthia sorriu.

— Você chamou a mulher mais competente desta empresa de "puta" em voz alta, na frente de dezenas de funcionários.

Lucas congelou.

Evelyn, que até então estava em silêncio, sorriu de forma perigosa.

— Eu deveria processar você por difamação, sabia?

Os murmúrios aumentaram.

Lucas começou a suar.

— Eu…

— Eu não faria isso se fosse você. — Gerarld disse, cruzando os braços. — Quanto mais você abrir a boca, pior fica pra você.

Lucas olhou ao redor, finalmente percebendo que todos ali estavam contra ele.

Ele então se levantou rapidamente, apontando o dedo para Oliver.

— VOCÊ! VOCÊ ACHA QUE É MELHOR DO QUE TODO MUNDO!

Oliver arqueou a sobrancelha.

— Sei disso não.

— E se ele for? Qual seria o problema? — Evelyn diz retrucando.

Os funcionários que estavam segurando o riso não conseguiram mais segurar.

Lucas rangeu os dentes, mas antes que pudesse dizer qualquer outra coisa, uma voz ecoou no ambiente.

— O que diabos está acontecendo aqui?

Era o chefe do setor, um homem de presença intimidadora.

Lucas empalideceu.

Cynthia se virou para ele, sorrindo de maneira profissional.

— Apenas uma pequena discussão, mas acredito que tenhamos um problema de conduta grave aqui.

O chefe franziu o cenho.

— Me expliquem. Agora.

Evelyn cruzou os braços, já pronta para contar tudo.

Lucas engoliu em seco.

Ele estava ferrado.

O chefe do setor olhou para Evelyn, aguardando uma explicação.

Ela sorriu de forma profissional, mas seus olhos estavam afiados como lâminas.

— Simples. O funcionário Lucas gritou um insulto ofensivo em voz alta, direcionado a mim e ao Oliver, na frente de toda a empresa.

O chefe fechou a cara.

— Procede, Lucas?

Lucas hesitou.

Se ele negasse, qualquer um ali poderia desmenti-lo.

Mas se confirmasse, estaria ferrado de qualquer jeito.

— Eu…

Antes que pudesse pensar em uma desculpa, Cynthia cruzou os braços.

— Se precisar, podemos verificar as câmeras.

Lucas congelou.

Ele estava encurralado.

O chefe respirou fundo, apertando o nariz como se estivesse sentindo uma dor de cabeça se formando.

— Lucas, venha comigo.

— Mas, chefe, eu só—

— Agora.

O tom de voz do chefe era firme e definitivo.

Lucas não teve escolha a não ser segui-lo, ainda lançando olhares furiosos para Oliver.

Quando ele desapareceu pelo corredor, os funcionários começaram a murmurar novamente.

— Esse cara assinou a própria sentença…

— Ele tá ferrado.

— Como ele teve coragem de falar aquilo?

Gerarld suspirou, relaxando os ombros.

— Bem, isso foi interessante.

Evelyn virou para Oliver, estreitando os olhos.

— Você ficou muito quieto.

Oliver deu de ombros.

— Porque isso já era esperado.

Ela arqueou a sobrancelha.

— Como assim?

— Você acha que esse tipo de coisa não aconteceria? — Oliver apoiou a mão no bolso — Sempre tem alguém incomodado quando outra pessoa sobe na vida.

Gerarld riu.

— Bom, agora ele vai descer bem rápido.

Cynthia sorriu de lado.

— Muito rápido.

Evelyn bufou, massageando as têmporas.

— Sabe o que eu mais odeio?

Os três olharam para ela, esperando.

Ela apontou para Oliver.

— Você nunca se abala com nada.

Oliver piscou.

— E isso é ruim?

Evelyn cerrou os olhos.

— MUITO.

Oliver apenas sorriu de canto.

— Você gosta, admite.

Evelyn corou na hora.

Cynthia e Gerarld se entreolharam.

— …Bom, acho que nossa missão aqui terminou. — Cynthia disse, segurando a risada.

Gerarld pigarreou.

— Vamos trabalhar.

Eles se afastaram, deixando Evelyn e Oliver sozinhos.

Evelyn cruzou os braços.

— Você é insuportável.

Oliver se aproximou, abaixando o rosto até ficar perto do pescoço dela.

— E mesmo assim, você me ama.

Evelyn sentiu um arrepio subir pela espinha.

— C-Cala a boca…

Oliver apenas riu e a noite chegou.

Evelyn havia organizado uma pequena festa para comemorar o relacionamento de Gerarld e Cynthia.

Nada muito extravagante, apenas um jantar agradável com petiscos, algumas bebidas e uma música ambiente suave.

Gerarld estava sentado no sofá, segurando um copo com uma bebida que Evelyn havia preparado.

— Isso tem álcool?

Evelyn revirou os olhos.

— Um pouco.

Cynthia, ao lado dele, riu baixinho.

— Você aguenta, né?

— Claro que sim. — Gerarld disse, mas bebeu devagar mesmo assim.

Enquanto isso, Oliver não estava na sala.

Ele estava no quarto, trabalhando.

A luz do monitor refletia no rosto dele, o olhar focado enquanto digitava algo rapidamente.

Ele sabia da festa, claro, mas sua mente estava mergulhada no que fazia.

De repente, a porta se abriu sem cerimônia.

Evelyn apareceu, encostando-se no batente.

— Você não vai sair daí?

Oliver continuou digitando por alguns segundos antes de finalmente parar e olhá-la.

— Estou ocupado.

Evelyn bufou.

— Você está sempre ocupado.

— Alguém tem que manter as coisas funcionando.

Ela revirou os olhos, cruzando os braços.

— Pelo menos aparece um pouco. Gerarld e Cynthia estão esperando.

Oliver a encarou por um momento, depois suspirou e se levantou.

— Tá bom, tá bom.

Evelyn sorriu satisfeita.

— Viu? Não doeu.

Oliver passou por ela, dando um beijo rápido no pescoço dela antes de sair do quarto.

— Você aproveita qualquer oportunidade, né?

Ele apenas riu enquanto entrava na sala.

Cynthia sorriu ao vê-lo.

— Até que enfim.

Gerarld ergueu o copo.

— Achei que ia ficar trancado no quarto até o fim da festa.

Oliver deu de ombros.

— Mudança de planos.

Evelyn se jogou no sofá ao lado de Cynthia.

— Bom, agora podemos começar direito.

Oliver olhou para os petiscos na mesa.

— Isso tem o que?

— Coisas boas, agora senta e come. — Evelyn disse.

Ele arqueou a sobrancelha.

— Me tratando como um cachorro agora?

— Se funcionar, sim.

Oliver suspirou, pegando algo da mesa e se sentando.

— Que seja.

Gerarld riu.

— Finalmente, uma festa com todo mundo presente.

Cynthia sorriu.

— Isso merece um brinde.

Evelyn ergueu seu copo.

— Concordo.

Todos ergueram os copos, brindando a nova fase da vida de Gerarld e Cynthia.

A noite seguiu tranquila, cheia de conversas, risadas e, claro, algumas provocações de Evelyn para Oliver.

A festa continuou por um bom tempo.

Entre petiscos, conversas e risadas, o clima na casa era leve.

Gerarld contava algumas histórias do trabalho, exagerando em alguns detalhes para arrancar risadas de Cynthia, enquanto Evelyn se apoiava no ombro de Oliver, os olhos levemente vidrados devido às bebidas que havia consumido.

— Eu ainda não acredito que vocês demoraram tanto para assumir isso. — Oliver comentou, olhando para Gerarld e Cynthia.

Cynthia sorriu de canto.

— Você tem ideia de quantas vezes eu esperei ele dar o primeiro passo?

Gerarld olhou para o lado, fingindo não ouvir.

Evelyn riu, batendo levemente no braço de Oliver.

— Olha só quem fala.

Oliver estreitou os olhos para ela.

— O que quer dizer com isso?

Evelyn apenas sorriu de maneira misteriosa e tomou mais um gole de sua bebida.

O tempo passou, e conforme a noite avançava, Evelyn começou a ficar cada vez mais relaxada, até que, eventualmente, estava praticamente deitada no sofá, segurando um copo vazio e piscando devagar.

— Acho que isso é um sinal para encerrarmos. — Cynthia disse, se levantando.

Gerarld olhou para Evelyn e depois para Oliver.

— Você cuida dela?

Oliver suspirou.

— Como sempre.

Cynthia riu.

— Bom, foi uma ótima noite.

— Foi mesmo. — Gerarld confirmou.

Os dois se despediram e saíram, deixando o casal sozinho.

Oliver olhou para Evelyn, que agora resmungava algo ininteligível enquanto tentava se ajeitar no sofá.

Ele balançou a cabeça e se aproximou.

— Você realmente não sabe seu limite, né?

Nenhuma resposta coerente veio.

Suspirando, ele se abaixou e a pegou nos braços.

Evelyn se mexeu um pouco, murmurando algo, mas não resistiu.

Ele a carregou para o quarto dela e, com cuidado, a colocou na cama.

Quando se virou para sair, sentiu algo prender seu braço.

Evelyn o segurava com força, os dedos apertando sua camisa como se temesse que ele desaparecesse.

Ele parou, olhando para ela.

Seu rosto estava sereno, mas a maneira como segurava seu braço demonstrava algo profundo.

Ele tentou soltar sua mão, mas ela apertou mais.

Suspirando, ele se sentou ao lado dela na cama.

— Tá bom, eu fico.

Evelyn se aconchegou um pouco mais, ainda sem soltar seu braço.

Oliver olhou para o teto, fechando os olhos por um momento.

E assim, a noite passou.