Pedido

Era mais um dia comum na escola. Hina e Seike estavam conversando tranquilamente quando Kawe se aproximou, o olhar carregado de seriedade.

— Ei, Seike, precisamos conversar... — anunciou Kawe, com uma firmeza que não permitia dúvidas.

— Se não for incômodo, Hina, você poderia nos dar um pouco de privacidade? — pediu Seike, num tom que misturava cautela e curiosidade.

— Claro, vou me ausentar um instante — respondeu Hina, com um toque de preocupação na voz, afastando-se para deixar os dois sozinhos.

Com a ausência de Hina, a tensão pairou por um instante até que Seike, quebrando o silêncio, indagou:

— Então, o que você queria?

— Você lembra do Misoto? Hoje, enquanto procurava a Misaka, me deparei com ele. Havia algo de muito estranho, e quando eu percebi havia um emaranhado de rabiscos nele — relatou Kawe, deixando claro que o acontecido era tão enigmático quanto alarmante.

Seike franziu o cenho, cruzando os braços.

- Então, que tipo de rabiscos eram?

Kawe com um semblante pensativo.

- Eram... estranhos. Instáveis. Não sei explicar direito, mas pareciam mudar toda hora, como se não tivessem uma forma definida.

Seike olha para cima.

- Entendo... Então, vamos descobrir por nós mesmos.

Kawe cruza os braços.

- Sim, mas sem nos envolver. Se ele estiver passando por algum apuro, devemos deixar. Considero isso... uma forma de vingança.

Kawe sorriu de forma sombria, os olhos brilhando com uma satisfação cruel. Seike observou aquilo com indiferença, mas seu tom permaneceu frio. E então disse.

- Bem, eu já não pretendia ajudá-lo mesmo. Só precisamos entender o que está acontecendo com ele... assim, conheceremos melhor seu poder.

Kawe levantou-se, decidido.

- Vou tentar descobrir mais um pouco.

Enquanto ele se afastava, Seike ficou parado, imóvel, mas seus pensamentos não paravam.

"E se ele estiver passando por algo realmente horrível? Será que estamos certos em ignorar isso? Ele foi cruel comigo, sim… mas será que isso justifica deixá-lo sofrer?"

Seike apertou os punhos, um peso incômodo crescendo dentro dele. Diferente do Kawe ele não via aquilo como uma vingança.

Kawe observava de longe. Misoto, Renji e mais um estavam encostados no muro da escola, escondidos dos professores enquanto fumavam. O sinal estava prestes a tocar, então ele decidiu voltar para a sala—mas, deu de cara com alguém.

Era a garota do grupo.

Ela o encarou por um instante antes de abrir um sorriso de canto, nada amigável.

— Corajoso, hein? Já levou uma surra deles outro dia e continua se metendo onde não deve.

Kawe tentou parecer despreocupado.

— Ah, sabe como é…

— Agora que você viu eles fumando, não posso deixar você sair espalhando por aí.

Ela estreitou os olhos, observando-o como quem avalia um problema.

Kawe cruzou os braços, arqueando a sobrancelha.

— Vai contar pra eles?

— Exatamente. Mas... se me ajudar, talvez eu esqueça esse detalhe.

Kawe sorriu de canto, sem demonstrar surpresa.

— E você acha que eu ligo? Se eles me baterem de novo, não vai ser nada novo. Mas aí vocês também teriam um problema—todo mundo saberia que vocês espancaram um aluno, e eu poderia contar sobre o cigarro. Aposto que a escola não pegaria leve com isso.

Aiko o encarou por alguns segundos, como se tentasse entender se ele estava blefando.

Kawe continuou, divertido com a reação dela:

— Mas olha... não tô a fim de apanhar. Então, se sua proposta for realmente boa, talvez eu escute.

Por dentro, Kawe já analisava a situação. "Isso é perfeito. Se essa garota precisa da minha ajuda, posso usá-la para entender o que tá rolando com o Misoto. Melhor ainda: talvez consiga uma maneira mais fácil de me livrar deles sem levar outra surra."

Ela suspirou, parecendo hesitante por um instante, mas logo retomou a firmeza na voz:

— Depois da aula. No parquinho. A gente conversa.

Kawe inclinou a cabeça levemente.

— Espero que isso não seja uma armadilha. Mas, se fosse, a única forma de me impedir de falar seria me matando. E não acho que vocês tenham essa coragem.

Ela arregalou os olhos, claramente surpresa com o que ele acabara de dizer.

— Não seja idiota — rebateu. — Eu realmente preciso da sua ajuda.

Kawe sorriu internamente." Então ela precisa de mim? Isso só melhora."

— Ah, e mais uma coisa. Qual é o seu nome?

A garota hesitou por um momento antes de responder:

— Ishikawa Aiko.

— Prazer, Aiko. Meu nome é Kawe Flitz. A partir de hoje, vamos ser bons amigos.

Ela não respondeu. Apenas virou as costas e foi embora.

Kawe a observou se afastar, sem pressa, como se nada tivesse acontecido.

Já Aiko, enquanto caminhava, repetia aquele nome em sua mente." Kawe Flitz? Então ele é estrangeiro…"

O sinal do fim da aula bate, quando o Seike, Kawe e a Hina estavam indo embora, a misaka chega neles.

- Ei pessoal, vamos comigo em lanchonete nova que abriu aqui perto.

A hina é o Seike logo aceitam, mais o Kawe acaba recusando.

- Foi mal pessoal, não vou poder tenho um compromisso agora.

Eles aceitam, então Kawe se despede do grupo, mas enquanto ele ia embora o seike o observava com um semblante desconfiado.

O parque estava vazio. O vento assobiava entre os balanços, fazendo-os ranger levemente. A luz fraca dos postes projetava sombras alongadas no chão, tornando o cenário ainda mais solitário.

No meio desse silêncio, sentada em um dos bancos de madeira, Aiko esperava. Suas mãos estavam entrelaçadas sobre o colo, e seu olhar parecia distante.

Kawe se aproximou sem pressa, com as mãos nos bolsos.

- Então, o que você quer comigo?

Ele se sentou ao lado dela, relaxando o corpo contra o encosto do banco. Aiko hesitou. Seu olhar desviou para o chão enquanto ela respirava fundo.

- A verdade é que eu preciso da sua ajuda com algo…

Kawe arqueou uma sobrancelha, então sorriu de canto. Mas não era um sorriso comum—tinha algo afiado, cruel.

- Minha ajuda? Depois de me ameaçar e ainda fazer parte do grupinho que me bateu?

Aiko mordeu o lábio.

- Eu sei… Você não tem motivos pra me ajudar. Mas não tenho mais ninguém pra pedir isso.

Ela engoliu seco, levantou os olhos e completou:

- Eu faço qualquer coisa… Por favor.

O sorriso de Kawe se ampliou. Ele ergueu a mão e segurou suavemente o rosto dela, forçando-a a olhá-lo nos olhos. Seu toque era delicado, mas seu olhar… frio e predatório.

- Qualquer coisa mesmo?

A respiração de Aiko ficou presa na garganta. Um calafrio percorreu sua espinha.

- S-sim…

Kawe a soltou lentamente, recostando-se de volta no banco.

- Tsc… Não gosto de mulheres fáceis.

Ele fechou os olhos por um momento, como se ponderasse. Então, deu de ombros.

- Mas talvez… talvez eu precise da sua ajuda no futuro.

Aiko franziu o cenho.

- Isso quer dizer que vai me ajudar?

Ele abriu os olhos e a encarou com um olhar entediado.

- Depende. Se não for nada difícil, quem sabe?

Aiko abaixou a cabeça, segurando firme a barra da própria saia.

- Bom… Não sei se você vai querer.

Kawe ficou em silêncio por um instante, avaliando-a. Então, perguntou:

- E com o que exatamente você quer minha ajuda?

Aiko hesitou. Seu olhar vacilou antes de finalmente revelar:

- Eu quero que você me ajude com o Misoto…

Kawe ergueu o olhar para o céu. Ficou assim por alguns segundos.

Então, começou a rir. Primeiro baixo, depois mais alto, até sua risada preencher o silêncio do parque.

- HAHAHAHA! VOCÊ QUER QUE EU AJUDE AQUELE MERDA?! HAHAHAHA! SÓ PODE ESTAR BRINCANDO!

Aiko cerrou os punhos e se levantou, furiosa.

- Eu sabia! Sabia que não podia contar com você!

Ela se virou e começou a andar.

Enquanto caminhava, pensava consigo mesma: "O que eu tinha na cabeça? É óbvio que ele não ajudaria…"

Mas então, atrás dela, Kawe suspirou, ainda com um sorriso no rosto.

- Tá bom. Eu vou te ajudar.

Aiko parou no mesmo instante, surpresa. Lentamente, virou-se para ele, com os olhos arregalados.

- O quê? Mas… Por quê? Você odeia ele!

Kawe baixou a cabeça levemente, seu sorriso diminuindo.

- E eu odeio. Mas, sabe… Eu sou um cara muito bonzinho.

Ele ergueu os olhos para ela e sorriu de um jeito que não combinava em nada com sua fala anterior.

- Não posso ver uma donzela em apuros sem correr para ajudar, não é?

Aiko sentiu um arrepio. Mas, ainda assim, sorriu.

- Que bom… Eu prometo que vou te ajudar no que precisar.

Kawe olhou para ela, satisfeito. Perfeito.

Enquanto ela se afastava, ele pensava consigo mesmo: "Essa situação ficou ainda melhor do que eu imaginava. Agora ela me deve um favor… E, se eu ajudar o Misoto, ele também vai me dever um. Eu terei o maior valentão da escola na palma da minha mão."

Ele se levantou e a chamou:

- Vou te acompanhar.

Aiko parou e o olhou de soslaio.

- Não precisa. Eu sei me virar sozinha.

Kawe deu um passo à frente, inclinando a cabeça de leve.

- Vamos, aceite meu cavalheirismo.

Aiko suspirou, revirando os olhos.

- Tá bom, então…

Os dois começaram a caminhar juntos, sumindo na escuridão da noite.

Enquanto isso, Seike, Hina e Misaka estavam na lanchonete conversando.

- Ahh, como é bom estarmos só nós três de novo.

- Verdade, eu estava com saudades disso... Concordava a Hina.

Seike, no entanto, não respondeu. Ele fitava o nada, absorto em pensamentos. Misaka franziu o cenho e cruzou os braços, emburrada.

- Droga, Seike! Faz tanto tempo que não saímos juntos, e você fica aí, viajando!

Então Seike despertando de seus devaneios -Ah... desculpa. Tava pensando em algo.

Hina olhando para ele com curiosidade -No quê?

Seike esboçou um sorriso, mas desviou o olhar.

- Nada não.

Hina observou seu rosto, percebendo algo diferente nele. Seu sorriso parecia esconder alguma coisa.

(Com quem será que ele foi se encontrar? Ele deve estar aprontando alguma...), pensou ela, desconfiada.

O silêncio se instalou por um momento, até que Misaka olhou o celular e arregalou os olhos.

- Ahh! Olha a hora! Se eu chegar tarde em casa, minha mãe vai me matar!

- Verdade... Já está na hora de irmos... Concordou a Hina.

Os três se levantaram e deixaram a lanchonete, cada um com seus próprios pensamentos.