Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento de Recursos Humanos – UNHRDO
Esta é uma organização criada com o objetivo de fornecer recursos humanos de altíssima qualidade, desenvolvendo e capacitando indivíduos talentosos para ocupar cargos importantes na manutenção e operação de organizações privadas e até mesmo de agências públicas governamentais — abrangendo tanto o poder estatal quanto os direitos sociais.
A Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento de Recursos Humanos (UNHRDO) é a sucessora da Organização Internacional para o Desenvolvimento de Recursos Humanos, fundada em 1946.
A UNHRDO tem como missão o envio, transferência e disseminação de recursos humanos em diversas áreas (Ciências Naturais, Sociedade, Cultura e Artes, Geral, etc.) para fins não lucrativos.
A sede da agência fica em Nova York, nos Estados Unidos, com filiais na Europa, Ásia, Austrália e América do Sul. Essas filiais estão localizadas em Berlim (Alemanha), Hong Kong (China), Canberra (Austrália), Joanesburgo (África do Sul) e São Paulo (Brasil).
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Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento de Recursos Humanos: Filial da Ásia
Assim que Jeong Taeui chegou ao aeroporto de Chek Lap Kok, avistou um carro esperando por eles. Um homem alto, que em nada parecia um motorista, caminhou em silêncio até seu tio e colocou a mala dele no porta-malas. Jeong Taeui, por sua vez, carregava apenas sua única bagagem: uma pequena mochila Boston. Colocou-a ao lado da mala do tio, abriu a porta do carro e sentou-se ao lado dele.
O panfleto que seu tio lhe entregara trazia descrições breves sobre o local para onde estavam indo, acompanhadas de algumas fotos. A verdade é que esses materiais promocionais sobre assuntos exteriores raramente continham informações realmente úteis — bastavam alguns minutos para absorver todo o conteúdo. Ainda assim, antes de partir, ele tentara fazer uma rápida pesquisa sobre o lugar.
O carro deixou o aeroporto enquanto Jeong Taeui terminava de ler o livreto e o usava para se abanar. O tio, sentado ao lado, tomou o livreto de sua mão, folheou algumas páginas e sorriu. Certamente, também achava que aquela impressão não passava de um desperdício de papel.
— Para colocar de forma mais simples, é um centro de treinamento para funcionários de organizações públicas e privadas de diferentes países ou instituições, onde são preparados para cargos estratégicos.
— Falando de maneira tão bonita, no fim das contas, é só um mercado que forma e vende pessoas para organizações estrangeiras, não é?
— Que besteira. No fim, tem uma fila enorme de gente querendo ser "vendida" assim.
Mesmo sem intenção de criticar, seu tio respondeu sem qualquer incômodo.
Jeong Taeui pegou de volta o livreto que o tio lhe entregara. Em vez do texto entediante, seu olhar se prendeu às fotos: homens alinhados em fileiras, com expressões sérias; uma sala de treinamento equipada com tecnologia de ponta.
— Algum desses caras na foto faz o seu tipo?
O homem ao lado inclinou-se ligeiramente, observando o livreto junto com ele, e sorriu. Jeong Taeui franziu a testa e balançou a cabeça.
— Meu gosto não é tão simples assim… Não quero abraçar esses caras altos, grandes e com esse cheiro másculo todo. Gosto de alguém delicado e adorável, com cheiro de sabonete ou leite. Mas acho que uma pessoa assim provavelmente não existe nesse meio.
— Com cheiro de sabonete ou leite… Fazer sexo com um menor é ilegal até na China. Vamos ver, basta passar pela cerca de ferro da filial e é de fato uma jurisdição extraterritorial[1]. Mas também não há menores lá. Quanto ao resto, sinta-se à vontade para tocar.
— …Tio. Como é que um homem decente se transforma em um criminoso que molesta menores num piscar de olhos assim? Eu nunca me envolvi com ninguém menor de idade. Nem com adolescentes.
Changin riu baixinho. Jeong Taeui o encarou com atenção, depois ergueu a voz e comentou com naturalidade:
— Se você tivesse vinte anos a menos, talvez fosse exatamente o meu tipo.
O sorriso do tio desapareceu por um instante. Ele piscou, lançando-lhe um olhar estranho, mas logo voltou a rir. Deu de ombros, como se tivesse entendido, e mudou de assunto.
— Quando chegarmos lá, você vai descobrir. Alguma dúvida?
— Vejamos… para fazer perguntas, eu teria que saber alguma coisa, mas como não sei nada, é melhor só seguir o fluxo.
Jeong Taeui pousou o livreto sobre os joelhos e olhou pela janela. O caminho do aeroporto até o centro da cidade sempre parecia o mesmo. A rodovia se estendia limpa e sem nada de especial para ver. Sem pensar muito, ele falou:
— O hyung também trabalhou na sede dos Estados Unidos antes, não foi?
— Jaeui? Sim. Aquele garoto é tão inteligente que até hoje o Brain House ainda cobiça ele.
Jeong Taeui lançou um olhar breve para o tio.
— O que é Brain House? A sede e as filiais são divididas assim?
— Não exatamente, mas, no geral, funciona mais ou menos assim. A sede é chamada de Brain House porque, mesmo que um membro tenha alguma deficiência física, se tiver uma mente brilhante, ainda pode entrar. Para entrar em uma filial, no entanto, é preciso ter força física… Mas isso não significa que basta saber brigar sem ter cérebro. Resumindo, a filial treina pessoas no estilo MacGyver[2].
— MacGyver… Não tenho confiança para chegar nesse nível.
— Ora, é só rolar por lá alguns meses que você se acostuma.
Jeong Taeui olhou para o tio, que falava animadamente, com uma expressão entediada.
— Então as filiais não são tão diferentes assim, certo?
— Hum, é isso mesmo. O processo de treinamento é o mesmo. Mas, dependendo da situação, podem acontecer treinamentos conjuntos entre filiais. No entanto, cada uma tem sua própria atmosfera. Os sul-americanos são meio malucos, a filial da África é extremamente cruel, os da Austrália são um pouco azarados e os europeus… bem, esses são todos muito azarados.
O tom animado contrastava com o conteúdo peculiar da fala. Jeong Taeui exclamou mentalmente.
— Essa filial tem uma relação ruim com a europeia?
— A relação entre a sede e as filiais já não é das melhores, assim como entre as próprias filiais. No fundo, todos são competitivos. Mas, entre elas, a filial asiática e a europeia têm a pior relação. Todo ano há um treinamento conjunto de quinze dias… muito sangrento, mas vale a pena assistir.
Esse tio… em vez de achar que a filial europeia era só azarada, parecia genuinamente entusiasmado com o derramamento de sangue.
Como dizer… Changin já não tinha uma aparência amigável, mas, além disso, suas ideias e seu jeito de pensar eram absurdamente distintos de sua aparência. Às vezes, até Jeong Taeui, que o conhecia há anos, ficava sem palavras.
Afundou-se no assento, satisfeito por finalmente ter um lugar confortável o suficiente para tirar um cochilo. Seu tio chegou como um furacão e o arrastou junto. Já estava há dias sem conseguir descansar direito. Se fechasse os olhos agora, dormiria na hora.
Talvez percebendo isso, Changin falou em um tom mais suave:
— Se adaptar rápido não é tão fácil. Por mais que eu queira te dizer para fechar os olhos e descansar agora, vamos chegar ao cais daqui a pouco. Você provavelmente vai ficar ainda mais cansado se dormir agora.
— Cais?
Jeong Taeui virou a cabeça. Sem perceber, os carros já haviam entrado na área urbana, e as ruas estavam tomadas por prédios. Placas espalhadas por todo lado competiam pelo espaço com edifícios antigos, similares aos da vizinhança onde ele morava. Lojas brilhantes e cheias de luzes se alinhavam entre prédios descascados, rachados e com varais cheios de roupas recém-lavadas pendurados nas janelas.
— A filial asiática fica na Ilha de Hong Kong?
— Não.
— Mas então por que estamos indo para o cais?
— Precisamos pegar um barco.
— …Então é em Macau?
O tio caiu na risada. Jeong Taeui o encarou de lado, desconfiado. Estavam indo para Kowloon, então, se não era a Ilha de Hong Kong, o único outro nome que lhe veio à mente foi Macau.
Changin balançou a cabeça.
— É uma ilha. Fica relativamente longe da Ilha de Hong Kong. Administrativamente, pertence a Hong Kong – China, mas, na prática, é uma jurisdição extraterritorial. A filial asiática da UNHRDO está lá.
— Ha… parece coisa de prisioneiros, isolados em uma ilha remota para que não escapem, como nos velhos tempos.
— Não dá para dizer que essa ideia não passou pela cabeça de alguém na hora de escolher o lugar.
Changin sorriu, lançando-lhe um olhar.
— A troca de turnos acontece a cada duas semanas. Das 17h de sexta-feira até as 17h de domingo, os membros ficam livres para sair, então aproveite para se divertir nesse período. Para atender os funcionários, há barcos disponíveis para a Ilha de Hong Kong e para a Península de Kowloon nesses dias.
— Ouvindo você falar…
— Hm?
— Só existe a filial asiática da UNHRDO lá, certo?
— Bingo.
Jeong Taeui sorriu com amargura e balançou a cabeça.
Após atravessarem a avenida no coração da cidade e dobrarem a esquina de um hotel imponente, ele avistou o cais ao longe.
Enquanto olhava distraidamente para a Ilha de Hong Kong, facilmente visível dali, de repente virou a cabeça.
— Tenho mais uma curiosidade.
— Hm?
— Como devo te chamar lá?
O tio riu. E, com uma expressão que mesclava o semblante de um parente e o de um superior, respondeu:
— Oficial Jeong Changin. Ou, para simplificar, instrutor.
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NOTAS:
1. Jurisdição extraterritorial (ETJ): a capacidade legal de um governo de exercer autoridade além de seus limites normais. Isso significa que fora dos limites territoriais da filial, as leis da UNHRDO não são aplicadas.
2. MacGyver: Série de 1985 que acompanha o agente secreto Angus MacGyver, interpretado por Richard Dean Anderson. Ele trabalha como solucionador de problemas para a fictícia Fundação Phoenix, em Los Angeles, e como agente do Departamento de Serviços Externos, uma agência do governo dos Estados Unidos.