Depois de nossa estadia em Norgriw nos reunimos no local planejado adentro da floresta com Anthalia e ás outras formigas.
Naturalmente Nizalia e suas irmãs assim como Malark se assustaram ao vê-las, afinal de contas para eles se tratavam de monstros selvagens, mas falei para eles que eram nossas aliadas então não precisariam se preocupar com algum perigo.
Ainda assim dado ás nossas condições tive que pedir para Anthalia manter o ritmo constante e não apressasse ás coisas como foi há alguns dias atrás.
Então utilizamos dois dias afim de chegar na metade do caminho, no ritmo anterior teríamos utilizado o terceiro para chegar em nosso objetivo.
Nizalia, suas irmãs e Malark constantemente ficavam enjoados em viajar nas costas das formigas, uma delas era capaz de carregar ás três irmãs tranquilamente porém sua velocidade era considerável.
Era como se eles tivessem andando em um tipo de motocicleta pela primeira vez então é normal esse sentimento de vertigem.
Stark estava acostumado, assim como Dait que inclusive estava viajando sem minha ajuda, isso é ótimo, caso precisa ajuda dele com uma tarefa da qual precise de uma delas ele está apto.
Nessa altura do jogo, não importa o ritmo e o tempo que levaremos para chegar, afinal o real objetivo da jornada foi conquistado.
Ainda assim o pouco tempo que passei em Norgriw não foi tão bem aproveitado.
Gostaria de ter ao menos visitado á Sede da Guilda da qual Stark havia mencionado, ou quem sabe visitar alguma outra loja de equipamentos e também descobrir outros métodos manuais do qual são utilizados nesse mundo.
Entender os métodos e assimilar ao meu conhecimento seria extremamente útil, eu não tenho ideia dos tipos de ferramentas que esse mundo possuí, claro que não verei algo do tipo, como uma furadeira ou uma máquina que vire cimento mas a tecnologia desse mundo não deixa á desejar.
Mas não foi de tudo ruim, ainda temos conosco 50 moedas de ouro, conquistando o ouro uma expressão que jamais pensei em utilizá-la.
Enquanto estávamos seguindo no caminho eu estava mentalizando, costumo pensar muito quando estou divagando ainda mais quando estou fazendo uma longa viagem.
Vou precisar apresentar Nizaliia e os outros para os Orcs afinal vão trabalhar juntos, eu não sei como será essa aproximação, mas aparentemente Orcs não tem nenhuma desavença com Yonders espero que se deem bem futuramente.
[...]
O segundo dia havia se encerrado e naquela noite fizemos uma pausa.
Eu não estava cansada, muito menos ás formigas mas nossos quatro convidados precisavam de um tempo.
Gostaria de conversar com Nizalia e ás outras á respeito de suas funções, aprender um pouco mais porém elas já estavam dormindo.
Malark aparentava estar bem enjoado com o ritmo constante, ele realmente não sai muito de casa, então fiz questão de curá-lo e o mandei descansar de imediato, ele acabou aceitando sem falar muito e rapidamente dormiu.
Falei para Dait tirar um cochilo, mesmo estando bem eufórico, aiai, o calor de um espírito jovem chega á ser estimulante ás vezes.
A viagem seria longa no dia seguinte, para incentivá-lo disse á ele que poderia escolher á próxima rota para sua aldeia.
Como os Orcs são excelentes em localizar o seu bando ele acabou se empolgando e dormindo com um sorriso no rosto.
Aproveitei o momento e me sentei ao lado de Anthalia por um momento enquanto ás outras formigas estavam á nossa volta descansando pedi para ela me falar o que estava fazendo enquanto estávamos fora.
Para ás formigas não havia muito o que se fazer, como elas estavam sob meu comando acataram bem á minha ordem de permanecer por perto.
Em meio á floresta elas se alternavam para caçar seu próprio alimento, mesmo tendo deixado uma quantidade considerável para elas não era o suficiente para o tempo em que eu poderia demorar, elas estimaram que poderiam ficar por aqui por meses se necessário, logicamente falei à ela que isso era um exagero.
Fora ás rondas nas florestas constantemente elas observavam os arredores de Norgriw, afinal á qualquer momento segundo Anthalia eu poderia dar alguma ordem e solicitar seu auxilio e das outras.
Fizeram bem em manter a vigília, aproveitei para perguntar se elas haviam encontrado algo perigoso na floresta para tomarmos algum cuidado pelo caminho, elas não notaram nada mas ela disse ter tido a impressão de sentir uma presença sombria por um breve momento e observou um rastro escuro no chão do qual haviam um tipo de mineral bem resistente, ela julgou ser bem perigoso então ela realocou ás outras formigas para o local mais seguro.
Isso foi estranho, mas bem cauteloso, eu não quero saber de algo perigoso, mas fico feliz que ela está bem assim como ás outras, escolhê-la para coordenar o formigueiro foi a melhor das escolhas a cumprimentei por isso e ela ficou bem alegre.
Após uma conversa agradável eu me afastei dos outros, todos estavam descansando naquela hora inclusive Anthalia e ás outras, eu fiz questão de vigiar por enquanto, mas ás formigas possuem um sexto sentido qualquer sinal de perigo elas iriam perceber na hora e nos notificar.
A lua parece bem grande nessa parte da floresta, o céu está bem limpo e estrelado.
Olhá-la atentamente me lembra um pouco você, afinal você gostava de ver o brilho da lua através da janela de seu quarto.
— Problemas para dormir? (Stark)
— Hm? Stark? Achei que estava dormindo com os outros. (Satouma)
Ele se aproximou sutilmente, ele não parecia cansado após essa longa viagem, então ele me entregou o seu cantil me oferecendo um pouco de água.
— Eu também gosto disso sabia? O brilho da lua, ilumina toda á floresta e passa um certo conforto para os aventureiros perdidos. (Stark)
— Você acha? (Satouma)
— Acredite, já passei várias noites fora da Cidade com essa bela vista. (Stark)
Eu não sei bem o quanto ele viajou por esse mundo, mas através das suas pequenas pérolas de sabedoria eu posso ter uma certa noção.
Eu não sei muito de Stark, mas ele é um anão bem sociável, consegue entender todos á sua volta, captar a situação e atmosfera em seu determinado tempo e principalmente tem uma lábia bem convincente.
Me pergunto o real motivo de sua saída de Norgriw para se tornar um andarilho, com essas características ele poderia ser um excelente mercador ou quem sabe um ministro bem melhor do que aquele tal Neshim.
— Hey Stark, me responda uma coisa. (Satouma)
— Claro, pergunte-me qualquer coisa, deixe-me adivinhar é a respeito da minha idade? Em minha defesa ainda estou em meu auge, minha barba nem sequer é branca. (Stark)
— Não é sobre isso mas, valeu á informação. Eu queria saber é, quem realmente é você? (Satouma)
— Perdão? (Stark)
— Sei que pode ser pessoal de mais mas não posso deixar de perguntar. Você é um sujeito bem bacana em vários sentidos, porque alguém como você prefere desbravar por aí ao invés de estar em Norgriw, acredito que você poderia conquistar muitas coisas naquele lugar. (Satouma)
— Huhuhu, você me lisonjeia Senhorita, vaidade á parte admiro ás pessoas que me elogiam, mas não é tão simples quanto parece. (Stark)
Fiz questão de me sentar, acredito que essa história será longa e interessante.
[...]
Antes dele começar havia dito que se fosse algo extremamente pessoal ele não precisaria responder uma pergunta tola como essa para mim.
Ele disse que não seria problema, embora seu passado não fosse algo tão interessante segundo ele mesmo.
Stark era um anão nascido de uma família de mercadores, seus pais lhe ensinaram tudo relacionado aos negócios, assim como os Orcs ele não tinha um lar fixo sempre viajava de um lado para o outro mesmo pequeno, a vida de comerciantes realmente é conturbada.
Quando havia chego em sua idade adulta seus pais já haviam morrido, foram vítimas de uma guerra passada, então após a instauração de um tratado de paz ele teve que ganhar á vida sozinho á partir de então.
Dedicou-se á estudar firmemente, desde á arte dos negócios, trabalhos manuais, leis, diplomacias e outros conceitos, ele levou poucas décadas para adquirir tais conhecimentos, para um anão assim como os elfos, um século não é nada então não foi problema para ele adquirir conhecimento.
Viajando por aí ele acabou se deparando com a Floresta Langri que naquela época era menos bagunçada do que está atualmente.
Com a chegada de [Abyssal Dragon] Syphus ás coisas encaminhavam para um sistema organizado para cada espécie e nesse meio emergia das cavernas o humilde reino de Norgriw.
Naquela época eles não eram uma grande potência, ah não, era um conglomerado de anões e outras espécies que aos poucos formaram seu país naquele local remoto.
Ele não foi um dos pioneiros daquele reino, afinal de contas quando se instaurou em Norgriw o reino já havia se formado, governado pelo segundo rei da linhagem Tedyus Beryn, o pai de Grunhild Beryn que seria a próxima da linhagem.
Tedyus assim como sua filha segundo ele, era um homem que sabia a hora de ser condescendente e intimidador, seu governo era próspero e duradouro, tudo para o bem de sua filha quando assumisse na próxima linhagem.
Apesar de Tedyus ser um grande guerreiro o tempo não estava ao seu favor, Stark mencionou que o mesmo acabou morrendo de uma doença então sua filha assumiu o trono ainda jovem.
Ele mencionava que Grunhild era uma mulher inexperiente na época e governava na sombra de seu falecido pai, demorou um bom tempo para que ela conseguisse o respeito de todos os cidadãos.
— Agora eu entendo o motivo dela ser tão rigorosa e intimidadora. (Satouma)
— Huhu~~ Não a julgue por isso, ela não é apenas uma mulher assustadora, ela é uma alma gentil mesmo em tempos difíceis. (Stark)
— Sabe, eu não quero ser curiosa, mas acabou ficando claro naquele julgamento que vocês tinham alguma conexão. (Satouma)
— De fato tínhamos, nós trabalhávamos juntos após o falecimento de seu pai. (Stark)
— Não foi isso que eu...quer saber...continue...(Satouma)
Ele não captou a indireta, ou quem sabe o fez e acabou mudando de assunto para não se aprofundar.
Naquele tempo ele atuava como um conselheiro pessoal de Grunhild, ele a instruía a tomar ás decisões, porém ele não dava nenhuma informação, se suas decisões fossem um acerto ou um erro ele mencionava para ela que aquilo era uma lição, afinal quem governava aquele reino era ela e não Stark, então ele a orientou para ter punho firme e determinação em suas escolhas.
Claro que em decisões mais sérias ele a importunava para pensar direito, afinal se tratava do governo de um país inteiro.
Aos poucos com a formação de Norgriw e seu constante crescimento sua utilidade para o governo daquele lugar foi se tornando obsoleta, mas ele não estava triste muito menos zangado por isso pelo contrário ele estava mais do que orgulhoso em pertencer há uma pequena parte dessa história.
Ele reconhecia que não gostava do papel na política, mas aquilo foi uma grande experiência para ele.
Quando mencionou isso pude entender logo de cara, ele não é um anão limitado pelo tamanho, mas sim pela falta de experiência em várias outras coisas, para ele ser um observador é uma das suas melhores realizações
Ele não tem algo á oferecer além de seu próprio conhecimento, mas em troca ele acaba recebendo muito mais, ele é um eterno professor já que ao mesmo tempo é um eterno aprendiz, orientar, auxiliar e presenciar, isso é o motivo pelo qual ele vive.
— Posso não ter entendido muito bem suas motivações, mas parece um ótimo jeito de se viver. (Satouma)
— Verdade, mas foi esse jeito que me fez conhecer você, quem sabe o destino tenha nos unido por isso. (Stark)
— Pfft, destino, eu não acredito nisso, mas realmente, conhecê-lo me permitiu compreender muitas coisas desse lugar, sem falar que acabou me incentivando á correr atrás de meus objetivos, heh, quem sabe você seja realmente um excelente guia. (Satouma)
— Fico feliz pelo elogio Senhorita, ficarei alegre em orientá-la, desde que em troca continue fazendo o que faz de melhor. (Stark)
— Que seria? (Satouma)
— Continua nos surpreendendo. Estou curioso para os truques que você ainda tem para mostrar e qual serão ás próximas etapas de seu plano. (Stark)
— Eu também meu amigo... (Satouma)
Foi uma conversa agradável.
Ele não me contou tudo ao seu respeito como sempre mas agora eu sei muito mais sobre sua índole e quais são seus objetivos.
Não sei o que reserva para nosso futuro, mas espero que ele esteja ao meu lado para me conduzir, um anão como ele realmente é excepcional para se ter como um amigo.
[...]
A manhã havia chegado, depois de nos reagruparmos seguimos o caminho do qual Dait havia planejado.
Perguntei para todos se ás formigas poderiam intensificar o ritmo para que a viagem ocorresse bem, todos concordaram, até mesmo Malark, embora estivesse relutante.
Depois de cruzar metade da floresta eu podia ver a clareira, estávamos chegando.
— Pessoal! Estamos chegando! (Satouma)
Falei com uma certa animação, após alguns minutos nos aproximávamos e enfim nosso objetivo foi concluído, enfim voltamos para a aldeia!