Julgamento (3)

Depois do inevitável desfecho, tivemos um tempo para pegarmos ás coisas delas já que iriam partir em viagem.

Graças ao meu [Vazio Dimensional] muita coisa grande pode ser transportada facilmente e com elas apenas seus itens básicos.

Stark não havia muitos pertences nesse país, inclusive cheguei á me questionar se ele realmente morava aqui, mas depois de hoje isso seria tolice da minha parte.

— Olha, mesmo com o nosso acordo sinto muito por vocês serem punidos por minha causa. (Satouma)

— Já havíamos conversado antes Satouma-San, seguiremos você para onde for. (Nizalia)

— Isso, não foi uma punição tão severa, já que fizemos um acordo. (Tifi)

— Além do mais qualquer lugar seria melhor, ao seu lado pelo menos somos respeitadas. (Tifi)

Isso não me alivia muito mas já é alguma coisa.

Apesar de que nossas acomodações não possam ser das melhores para novos visitantes, mas vamos melhorar isso agora que tenho vocês colaborando conosco. 

— Stark? Se sente culpado por me apoiar? (Satouma)

— Hmph, a aposta ainda continua Senhorita Satouma, devo dizer falar abertamente com vossa majestade foi uma atitude ousada, mas não impressionante ao ponto do que você havia prometido. (Stark)

— Certo, mas não foi isso que eu quis dizer. (Satouma)

— Sendo honesto, eu não tenho mais pendências em Norgriw, sempre vagava por aí observando tudo o que esse mundo tinha á oferecer, ao seu lado acho que isso não seria tão diferente. Posso lhe ajudar no que for preciso, me use assim como você usaria nossas companheiras. (Stark)

— Então, conto com você. (Satouma)

Em sinal de respeito demos um aperto de mãos, ter um anão sábio como ele ao meu lado é uma oportunidade que não posso desperdiçar. 

O que me leva á pensar.

— Malark, mesmo você sendo um conhecido meu, você não recebeu uma pena, foi inocentado, ainda assim vai nos acompanhar? (Satouma)

— Foi como eu lhe disse, eu aceitei sua proposta, não volto atrás com minhas promessas. (Malark) 

— Pfft, seja honesto é porque somos ás únicas pessoas que toleram seus caprichos. (Tifi)

— Hey, cale a boca orelhuda! (Malark)

Ele falava aquilo em um tom de orgulho mas foi cortado por Tifi e sua língua afiada. 

— Em todo caso milady, você havia me falado sobre sua situação mas Stark e eu nos aprofundamos um pouco mais, estou disposto á seguir com esse desafio.(Malark)

— Será um prazer recebê-lo também. (Satouma)

Bem, consequentemente utilizei mais uma vez o [Vazio Dimensional] e absorvi suas malas, ele não estava exagerando quando disse que eram muitas.

Estávamos nos aproximando do portão, mas estranhamente havia uma multidão de guardas enfileirados ao lado daquela saída.

O tal Dimbert se aproximava de nós.

 — Dimbert? (Stark)

— Stark...Satouma, por favor cuide do meu velho amigo. (Dimbert)

— Dou a minha palavra. (Satouma)

— Agradeço por isso... e eles também... (Dimbert)

Ele ergueu sua mão e prontamente todos os guardas tiraram suas espadas da bainha e as ergueram para o alto.

 AGRADECEMOS PELA SUA CONTRIBUIÇÃO! ( Anões) 

— Eles são..? (Satouma)

— São aqueles que você salvou, eles não tiveram tempo de se expressar, mesmo com a sentença fizeram questão de dar sua gratidão, inclusive eu mesmo. (Dimbert)

Ele me saudava se curvando brevemente.

— Por ordem da rainha vocês estão deportados de Norgriw! Agora saia daqui e não cause mais encrencas em nosso país! (Dimbert)

 Após nosso exílio e uma despedida um tanto calorosa os portões foram fechados para nós.

— Vamos indo? Nossos companheiros nos aguardam. (Satouma)

— Certo, devo confessar será uma longa viagem, não devíamos ter pego um pouco mais? (Nizalia)

— Acredite, nossa viagem será rápida. (Satouma)

Quando chegarmos na floresta iremos ver uma amiga que estava nos esperando há bastante tempo.

[...]

Após um tempo aquele salão estava completamente silencioso, era comum após vários julgamentos.

Ninguém poderia acredita que estava tão barulhento após a expulsão de uma única criminosa e seus comparsas.

Ali mesmo apenas permanecia á mando de sua rainha Neshim ficou ajoelhado por um tempo.

— Neshim, devo dizer que não esperava esse comportamento novamente. (Grunhild)

— Vossa majestade, com todo respeito, eu havia dito que tudo não passou de um grande mau entendido. (Neshim)

Ele suplicava diante de sua rainha que não demonstrou nenhuma emoção permanecendo em indiferença.

— Esse mal entendido acabou me custando a lealdade de alguém de confiança, estamos em tempos difíceis e se meus aliados não agem de acordo eu já não sei em quem mais eu posso confiar. (Grunhild)

— Majestade, o que a senhora está dizendo? Stark já está fora de seus serviços já tem muito tempo, a lealdade dele é tão importante assim? (Neshim)

— Tolo! Está enganado. Stark já desviou de nosso caminho há muito tempo, a pessoal de confiança que perdi foi você. (Grunhild)

Ele havia recebido um grande choque mesmo com as palavras calmas de sua rainha.

Ele pensava em inventar alguma desculpa, mas nada que poderia ser dito naquele momento faria a cabeça de sua rainha.

— Agora entende porque não esperava esse tipo de comportamento da sua parte outra vez? (Grunhild)

— Maj-majestade...com todo respeito... (Neshim)

— Chega! Eu esperava mais de você, achei que tinha se redimido! Mesmo após o incidente dos automatos de defesa! Mas agora... Veja por si mesmo.(Grunhild)

Ela havia apontado para dois itens que haviam sido trazidos por seus assistentes.

Neshim olhava para eles com uma expressão vazia.

— Saberia o que são essas coisas? (Grunhild)

Mesmo sendo uma pergunta direta ele a tratou como retórica ele não tinha mais forças para falar diretamente com sua majestade.

O assistente convocado pela rainha começou á explicar.

Uma erva naki que foi confiscada diretamente após a posse da mesma por um de seus guardas, com uma purificação perfeita.

Mesmo com a tecnologia e a disponibilidade dos curandeiros a sua pureza não passava de uma média de 70%.

Mas ali estava uma erva perfeita que poderia suprir grandes estoques de poções de cura de alto nível de um apotecário qualquer.

Neshim ficou abismado ao saber daquela informação, nem mesmo os métodos de extração ornamentais seriam capazes de realizar tal feito.

Mas suas surpresas não acabavam por ali.

Uma das espadas mágicas encomendadas por Zanith foi desviada para seu reino.

Um encantamento perfeito e uma reparação completa, fora que sua capacidade mágica foi elevada ao seu auge.

Nem mesmo os melhores ferreiros conseguiriam realizar tal proeza sem utilizar altos estoques de minérios reluzentes semi-purificados.

— Isso é impossível! Uma erva Naki com purificação total e uma espada mágica completamente reparada e sem danos evidentes! (Neshim)

Ele se chocou por um momento se questionando se aqueles itens realmente eram reais.

— Quem produziu esses itens foi aquela Draconato mas não só isso como acabou ajudando vários dos nossos, um processo de recuperação que poderia levar semanas acabou sendo resolvido em uma única tarde. (Grunhild)

Ele sabia que muitos mineradores haviam se recuperado de imediato mas não reconhecia quem foi o real responsável por aquele feito.

A sua rainha falava em um tom grave enquanto ele permanecia de cabeça abaixada.

— Perdemos a oportunidade de ter uma grande aliada do nosso lado, sabe que estamos em um momento crítico, toda ajuda para nós para lidar com o império é crucial não podemos nos dar ao trabalho de criar mais inimizades. (Grunhild)

Ela o relembrou da situação atual em que seu reino passava, a expansão do Império Oeste poderia se tornar um conflito inevitável do qual seu reino poderia ser envolvido.

— Já tivemos essa conversa e você não mudou nada e aquilo que eu temia acabou acontecendo, perdemos uma potencial aliada por conta da sua ignorância. (Grunhild)

Esse comportamento de Neshim era algo recorrente, ela já havia o perdoado uma vez achando que o mesmo havia se redimido em relação ao seu passado, mas ela estava completamente enganada dado os acontecimentos daquele dia.

— Stark é um anão velho, mas sabe o que faz, acha mesmo que ele não está ciente de toda situação em que estamos passando? Ele pode ter tomado sua decisão seguindo aquela Draconato, mas ele tem visão, ele sabia de seu potencial, como não possuí mais vínculos com o nosso exército ele poderia ter encontrado outra maneira de fazer aproximação. (Grunhild)

O mesmo permaneceu em choque, mas sabia que sua posição poderia ser reajustada á qualquer momento por ordem de sua majestade.

— Que fique claro, se Stark tivesse aceitado minha oferta, eu teria substituído você de imediato, espero que compense á todos nós por esse erro. Fique longe da minha vista á partir de hoje (Grunhild)

Lágrimas escorriam de seu rosto, desapontou a mulher que mais admirava por conta de um problema fútil.

— Como desejar...minha rainha... 

[...]

Em silêncio ela refletia sobre ás palavras que lhe foram ditas.

— "Admitir tais frivolidades pode acabar abrindo portas das quais não podem ser facilmente fechadas" Foi o que você disse...me pergunto o que nos aguarda no futuro, Satouma... (Grunhild)

Após a saída de Neshim das sombras uma figura bem vestida utilizando um chapéu se aproximava da rainha, sua aparência era bem jovial.

— Ora, ora, refletindo sozinha novamente? (???)

A mesma o olhava com uma seriedade, sua cabeça estava cheia de preocupações e não podia conversar naquela hora.

— Eu não tenho tempo para você. (Grunhild)

Ele então volta para trás por um momento.

— Oh? Cruel! Eu venho aqui com boas novas para você e é assim que trata seu informante de confiança? Mas e então? O que achou(???) 

A mesma havia recebido informações precisas daquele homem que estava sorrindo, ele sabia que estava correto mesmo ela não dizendo nenhuma palavra.

— Suas informações estavam certas, um ser surpreendente iria pisar em meu reino. (Grunhild)

— Mesmo assim você conseguiu perder a oportunidade de conquistar um potencial aliado. *tsk* Que problema. (???)

— O que um majin como você ganha revelando isso para mim? Qual é o seu objetivo? (Grunhild)

— Eu apenas queria ver onde tudo chegaria, acontece que ela era bem mais surpreendente do que eu poderia imaginar, se quiser posso observá-la para você, mas isso vai te custar o mesmo preço. (Majin)

— Eu dispenso, não posso continuar dependendo de um ser magico como você, além do mais eu sei que você não possuí lados então não ganharia nada me ajudando na pior das hipóteses você poderia me trair. (Grunhild)

Ele então coloca os dedos em seu chapéu o segurando na ponta enquanto sorria.

— Quanta crueldade da sua parte, mas é sensato ,afinal você é uma rainha, então meus serviços com Norgriw se encerram por aqui, mas lhe darei um último aviso, por conta da casa é claro. (Majin)

Ele então joga o fragmento de um tipo de minério para ela.

Era escuro, denso e um tanto pesado.

— O que é isso? (Grunhild)

— Uma grande ameaça está se aproximando, sendo uma rainha sugiro que se atente á criar laços com os outros, seu conflito com os humanos do Império Oeste será apenas uma trivialidade comparado ao que estar por vir. (Majin)

Ela olhou focada para aquele minério por um breve momento se perguntando o que era aquilo e para que servia. 

— Se me permite, sugiro que fique de olho naquela draconato, não á conheço, muito menos sei sua origem, mas posso dizer que ela é um ser formidável. (Majin) 

— E o que está para vir? (Grunhild)

Quando fez essa pergunta nada foi respondido ela estava sozinha naquele salão.

O dia de hoje então terminou com mais alguns questionamentos em relação ao futuro de seu reino.