Ato 1 - O quão bom, você?

Articos estava no meio de uma conversa sobre jogos aleatórios de tiro, com seus amigos, Nolan, Christopher e Richard.

O som do intervalo ecoava pela escola, mas para eles, isso parecia não importar.

— Eu já disse, eu sou o melhor. — Christopher insistia, com um sorriso arrogante.

— Hm, já vamos ver isso. — Articos respondeu, mexendo em seu celular.

Nolan, como sempre, estava com os olhos grudados no celular, sorrindo para a tela.

— Eu tenho algo melhor pra gente decidir quem é o melhor. — disse, com um olhar misterioso. — Vou pegar uma coisa da minha mochila.

Christopher se inclinou para ver, tentando espiar o que Nolan estava escondendo.

— O que é isso? — Richard perguntou, já curioso.

Nolan sorriu de forma maliciosa e abriu a mochila, puxando uma revista que rapidamente guardou na mesa.

— Não é nada demais, só um presente de viagem. — ele disse, tentando esconder o conteúdo.

Richard e Christopher ficaram mais curiosos, mas Articos estava mais interessado em sua própria refeição.

— Cara, se não é sobre o jogo, não me interessa. — Articos disse, dando uma mordida no sanduíche.

Nolan, então, virou a revista de maneira tão estratégica que quase ninguém notou.

Richard tentou olhar e já estava curioso, mas Articos o interrompeu.

— Eu não sei porque você ainda se interessa por isso, Nolan. — Articos disse, balançando a cabeça. — Isso não é o tipo de coisa que vai trazer um prazer de verdade, mano.

Christopher riu, desconcertado.

— Art, você é muito centrado, cara. Tem que relaxar um pouco.

Articos deu de ombros, já cansado da conversa.

— Eu já disse, não é meu tipo de diversão. Eu prefiro uma boa partida e velha partida de FPS. — ele respondeu, com um sorriso de quem estava pronto para retomar o foco.

Quando a conversa estava prestes a seguir, uma figura apareceu na porta da sala de descanso.

Era Stella, uma garota do terceiro ano, com cabelos curtos e uma atitude confiante. Ela olhou para o grupo com um sorriso.

— Ei, vocês quatro. — ela disse, chamando a atenção de todos. — Tô montando um time para a partida após a escola, e adivinhem? Faltam pessoas. Quem topa?

Articos levantou a cabeça, surpreendido com a presença de Stella.

Ela sempre foi extrovertida, mas ele não esperava que ela se aproximasse do grupo deles.

— Ah, você precisa de mais gente? — Nolan perguntou, claramente interessado.

— Sim. — Stella respondeu, cruzando os braços. — E você é o tipo de cara que sempre tem a melhor estratégia, né, Nolan?

Ele sorriu, convencido.

— Claro. Eu sou sempre o cara. — ele respondeu, se acomodando melhor na cadeira.

Christopher, que estava entediado com a conversa, se levantou também.

— Poxa, e eu aqui achando que ia ficar fora dessa. — ele disse, animado. — Vou entrar nessa, claro!

Richard fez uma cara de dúvida.

— Sei lá, ainda tô na dúvida. — ele respondeu, se ajeitando. — Mas se Articos for, eu vou também.

Stella olhou para Articos, sorrindo.

— E você, Articos? Não vai me deixar na mão, vai? — ela perguntou, provocando-o levemente.

Articos deu uma risada, apoiando os cotovelos na mesa.

— Olha, eu tenho obrigações mais tarde, mas posso abrir essa exceção. — ele respondeu, levantando-se com um sorriso tranquilo.

Stella riu, satisfeita.

— Ótimo! Já temos quase o time todo então. — ela disse, dando um olhar de aprovação a todos. — Vou tentar arranjar mais pessoas pra fechar.

Com todos confirmando sua presença, Stella se despediu com um aceno.

— Vai ser épico, pessoal. Nos vemos lá.

Ela saiu rapidamente, deixando o grupo mais animado para a partida.

— Se Stella chamou a gente, então temos que ganhar, né? — Richard disse, com um sorriso competitivo.

Nolan riu e fez um gesto para os outros.

— Vamos arrasar. Eu já tenho a vitória na mão.

Articos, já se levantando para sair, fez uma cara de quem já estava concentrado no jogo.

— Pode ser divertido. Vamos ver quem realmente é o melhor. — ele disse, enquanto pegava sua mochila.

Enquanto o grupo se dispersava, a energia de competição estava no ar.

Articos sentia que o jogo de mais tarde seria mais interessante do que qualquer outra coisa.

E, de alguma forma, ele estava ansioso para ver o que Stella tinha reservado para eles.

A tarde chegou rápido.

O relógio marcava o final da aula, e Articos e seus amigos estavam prontos para o jogo.

Quando chegaram ao ginásio, se depararam com uma situação inesperada.

Stella estava lá, já no uniforme de vôlei, conversando com as outras meninas do time feminino.

Elas estavam todas preparadas e animadas, como se fosse um jogo qualquer.

Articos olhou ao redor e percebeu que seus amigos estavam parados, hesitando, claramente incomodados com o que estavam prestes a enfrentar.

Stella percebeu a reação deles e sorriu, confiante.

— A partida vai ser entre vocês e o meu time. — disse Stella, apontando para o grupo de meninas, que estavam se preparando para a partida.

Os três amigos de Articos começaram a trocar olhares desconfortáveis.

— Ah não... Não tem como. — Nolan disse, já começando a se afastar, com a cabeça baixa. — Essas garotas são imbatíveis, mano.

— Eu vou ficar por aqui, Art. — Christopher deu de ombros, já indo em direção às arquibancadas.

— É, vou ficar assistindo também. — Richard também balançou a cabeça, desanimado.

Articos observou seus amigos se afastando e, com um sorriso tranquilo, se virou para Stella.

— Tá mas... Cadê o resto do time? — Ele perguntou.

— Pois é... Eu não achei outras pessoas, então acho que vamos ter que cancelar, os meninos aí não vão. — Disse Stella, soltando um suspiro longo

— Eu vou jogar. — disse ele, confiante, enquanto caminhava até a quadra. — Mas tem uma condição.

Stella ergueu uma sobrancelha, curiosa.

— Condição? Qual?

Articos sorriu, calmo.

— Eu preciso de três toques na bola. Se o time estiver faltando, eu compenso com isso. Não vou perder de jeito nenhum. — ele falou com um sorriso desafiador.

Stella riu, impressionada com a confiança de Articos.

— E além do mais... Pode vir o time todo. — Disse Articos, sorrindo mais ainda

— Tá fechado. Três toques. Vamos ver o que você consegue fazer contra a gente.

O time feminino estava completamente posicionado, todas estavam prontas para o jogo, e Stella estava com um olhar determinado.

Articos, por sua vez, respirou fundo e se preparou.

Os amigos estavam na arquibancada, olhando, mas já sabendo que, no fundo, o desafio seria difícil demais.

Mesmo assim, Articos estava determinado a dar o seu melhor.

Nolan, Christopher e Richard se acomodaram nas arquibancadas, observando a cena.

— Esse cara não tem noção... — Nolan comentou, balançando a cabeça, ainda sem acreditar que Articos estava realmente indo para o jogo.

— Não tem como ele vencer, cara. — Christopher disse, encarando o time feminino. — Essas meninas jogam sério.

Richard olhou para as jogadoras, ainda com um sorriso malicioso.

— Pelo menos ele vai se divertir. — ele disse, rindo baixo.

Enquanto isso, na quadra, Articos encarava as garotas com um olhar calmo, mas desafiador.

— Vamos lá, Stella. — ele disse, ajeitando-se, pronto para começar. — Mostre o que você tem.

O apito soou, e o jogo finalmente começou.

O jogo começou com Articos sozinho na quadra, encarando o time feminino de Stella.

As meninas estavam completamente preparadas, e a confiança delas era palpável.

Articos, por sua vez, parecia um pouco perdido no começo, tentando se adaptar ao ritmo rápido e à técnica das jogadoras.

Stella deu o sinal para suas companheiras de time, e a bola foi lançada para o ar.

A jogada começou rapidamente, com uma das jogadoras disparando a bola na direção de Articos. Ele se moveu para interceptar, mas a bola passou rapidamente por ele, e o time feminino logo fez o primeiro ponto.

— Você não está tão rápido quanto pensou, né? — Stella provocou, sorrindo de forma desafiante enquanto se preparava para o próximo saque.

Articos se recompôs rapidamente, sentindo o peso da situação.

Ele estava sozinho contra um time de seis.

A pressão aumentava a cada ponto perdido, mas algo dentro dele se acendeu. Ele não era de desistir facilmente.

— Isso não é nada, só estou aquecendo. — ele murmurou para si mesmo, balançando a cabeça e se preparando para o próximo lance.

O jogo seguiu, e a desvantagem de Articos ficou cada vez mais evidente.

Ele tentava se esquivar e antecipar as jogadas das meninas, mas a falta de um time para cobrir suas costas estava pesando.

Cada erro, cada ponto perdido, parecia ser um peso extra, mas ele estava determinado a não deixar aquilo o derrubar.

As jogadoras femininas estavam em sintonia, e suas jogadas eram rápidas e precisas.

Stella estava fazendo o papel de capitã com maestria, organizando o time e garantindo que a bola não passasse de jeito nenhum.

— Vai ser difícil, Articos. — Nolan comentou da arquibancada, com a cabeça apoiada na mão. — Não tem como ele vencer, cara.

Christopher estava sentado ao lado dele, balançando a cabeça com um olhar cético.

— As meninas são muito boas. Ele vai precisar de um milagre para virar isso.

— ARTICOS, TIRA A MERDA DO CORTA VENTO — Gritou Richard.

A voz de Richard alcançou a mente de Articos que estava totalmente concentrada.

— Ah é... — Ele respondeu, travando no meio da quadra.

Stella sacou forte, ele não se movia, ela pensou que ia acertar a cara dele, mas...

Com um simples movimento, desviou sua cabeça da bola, que passou rapidamente e foi para fora da zona.

— Eu tinha esquecido. — Comentou Art, enquanto amarrava seu corta vento na cintura. — Pode sacar novamente? Agora pode ir pra valer.

Jogando a bola de volta para o time de Stella, ela percebeu que o garoto usava uma camisa um pouco grande.

Mas então, logo a partida voltou a rolar.

Ele estava concentrado na quadra, observando as jogadas de Stella e do time, tentando entender o ritmo delas.

O próximo saque de Stella foi preciso e rápido, e a bola voou em direção a Articos.

Ele se preparou, mas o primeiro movimento da bola foi tão rápido que ele quase não conseguiu reagir.

Mas então, se posicionou corretamente, esticou o braço, e de repente a bola estava em suas mãos.

Ele a rebatia com força, indo para o lado oposto da quadra.

As garotas tentaram se mover, mas o toque de Articos foi inesperado.

Ele havia se adaptado à velocidade do jogo.

— Fácil... Demais!— ele exclamou, sorrindo para si mesmo enquanto se preparava para o próximo movimento.

O jogo continuou, e Articos começou a mostrar sua verdadeira habilidade.

Ele ainda estava sozinho contra elas, mas aos poucos foi encontrando brechas no jogo delas.

Usando sua agilidade e raciocínio rápido, ele conseguiu desviar e rebater a bola com precisão.

Cada ponto que ele fazia, sua confiança aumentava, e ele começava a recuperar o terreno perdido.

— Tá ficando interessante agora. — Richard comentou da arquibancada, observando com mais atenção. — O Articos não vai desistir, não.

— Isso aí, ele está pegando o ritmo! — Nolan disse, animado, batendo palmas.

Stella, por outro lado, parecia começar a perceber que o jogo não seria tão fácil quanto ela pensava.

Ela sabia que Articos tinha uma habilidade impressionante, mas o número de jogadoras contra ele ainda pesava.

— Vamos lá, meninas, precisamos focar mais. — Stella gritou para o time, tentando manter a moral alta. — Não deixem ele virar o jogo!

As garotas aumentaram a intensidade, mas Articos estava em sintonia com o jogo agora.

Ele se movia com agilidade, antecipando as jogadas e utilizando sua inteligência para driblar as meninas.

Mesmo em desvantagem numérica, ele estava começando a dominar o jogo.

Quando ele fez um ponto crucial, enviando a bola no canto da quadra onde nenhuma das meninas conseguiu alcançá-la, Articos não pôde deixar de sorrir.

— Eu disse que não ia perder. — ele murmurou para si mesmo.

O jogo agora estava mais equilibrado, e o time feminino estava tendo dificuldades para lidar com a habilidade daquele garoto.

Ele sabia que a vitória ainda estava distante, mas sua confiança estava renovada.

Não ia desistir até o último segundo.

O ritmo do jogo mudou completamente.

As meninas do time de Stella começaram a sentir a pressão, algo que nunca imaginariam que aconteceria contra um único jogador.

Articos estava em sua zona, movendo-se com precisão e inteligência.

A quadra parecia ser sua extensão, e a bola era quase uma extensão de seus próprios reflexos.

O próximo saque de Stella foi forte e rápido, mas Articos, agora totalmente focado, se antecipou e deu um toque impecável, fazendo a bola passar por entre as jogadoras do time adversário e cair no chão, conquistando outro ponto.

Stella parou por um momento, olhando Articos com um sorriso meio incrédulo, mas também admirada com a habilidade dele.

Ela fez um sinal para as meninas, tentando reorganizar a defesa.

— Vamos lá, meninas, o que está acontecendo com vocês? — ela disse, tentando aumentar a moral do time. — Fiquem concentradas! Ele é só um.

Mas Articos estava longe de ser "só um". Ele se movia rapidamente pela quadra, aproveitando cada falha no time adversário.

Quando uma das jogadoras tentou um bloqueio, Articos deu um toque rápido e, sem que ninguém percebesse, passou por debaixo do bloqueio, fazendo a bola passar.

O time de Stella já estava começando a mostrar sinais de frustração.

Elas estavam tentando se adaptar à habilidade inesperada de Articos, mas ele parecia estar um passo à frente a cada movimento.

— Ele não é normal... — murmura uma das meninas para Stella, sem conseguir esconder a surpresa.

— Bem... Acho que é hora de aumentar o nível. — Disse Articos, enquanto dava pequenas risadas.

Todos ficaram confusos, o que ele queria dizer com, aumentar o nível?

Então, surpreendendo a todos, ele girou a bola no dedo e então sacou.

Aparentemente a bola deveria sair, mas a rotação que ele tinha posto nela era mais forte, e a bola bateu na pontinha da área.

— Caramba, ele não estava brincando! — Nolan exclamou.

Christopher olhou de forma impressionada, sem acreditar no que via.

— Eu... eu não acredito que ele realmente está virando o jogo. Não pode ser!

Richard, que normalmente era o mais relaxado, não pôde evitar um sorriso largo.

— Esse moleque tem mais truques do que imaginávamos. — ele disse, com um brilho nos olhos.

Mas as garotas do time e Stella não estavam tão tranquilas.

Elas estavam visivelmente desconcertadas.

O time inteiro tentava se reorganizar, mas Articos estava pegando todas as brechas. Quando ele fez outro ponto, a frustração no rosto de Stella ficou evidente.

— Tá difícil... — ela disse, falando baixo, mas ainda com um olhar determinado. — Mas ainda não acabou, Articos.

O próximo saque de Stella foi mais agressivo, visivelmente com mais força, como se ela estivesse tentando acabar logo com a partida.

Articos percebeu que estava sendo mais desafiado do que nunca.

Ele se posicionou, ainda com a confiança de antes, mas agora sabia que, para vencer, precisaria de mais do que agilidade e esperteza.

Ele precisava usar tudo o que sabia.

A bola foi saqueada, e a jogada foi rápida.

Stella, agora com uma expressão mais séria, se preparou para bloquear.

Articos se lançou para o outro lado, fingindo que iria ao canto esquerdo, mas, quando a bola estava a poucos centímetros de sua mão, ele a desviou para o lado direito, passando por debaixo do bloqueio de Stella.

O time feminino estava em choque.

Nenhuma das jogadoras conseguiu se mover rápido o suficiente para interceptar a bola. O ponto foi de Articos.

— Ele... fez isso? — uma das jogadoras perguntou, olhando para Stella.

Stella, com a respiração pesada, sorriu.

— Acho que subestimamos ele. — disse, claramente impressionada.

Mas, apesar do elogio, ela não desistiu.

Ela fez o time se reunir por um instante, conferindo uma rápida estratégia.

— Vamos lá, meninas, temos que pegar ele em um erro. Não podemos deixar ele fazer isso de novo. — ela ordenou.

Articos, por sua vez, não estava descansando.

Ele sabia que Stella não ia desistir facilmente, e o jogo agora estava se tornando cada vez mais desafiador.

Ele estava suando, mas a adrenalina o fazia sentir-se mais vivo do que nunca.

Não ia deixar um time inteiro vencê-lo.

Quando o jogo estava prestes a ficar ainda mais tenso, a bola voou para Articos, vindo de um saque forte de Stella.

Ele se preparou para o movimento, já ciente de que estava jogando contra um time completo, mas ele sentiu o fluxo da partida e entendeu a estratégia.

Ele se concentrou, respirou fundo e fez o movimento que seria a chave para vencer.

Com uma velocidade que surpreendeu até ele mesmo, Articos desviou a bola com precisão, fazendo com que ela fosse em direção ao ponto cego do time.

Era a oportunidade perfeita.

E, de repente, a bola caiu no chão do outro lado da quadra.

Ponto de Articos.

Ele havia vencido.

O ginásio ficou em silêncio por um momento, enquanto Articos, ofegante, se aproximava das arquibancadas, ainda com o sorriso no rosto.

Nolan, Christopher e Richard estavam lá em cima, com expressões de puro espanto e incredulidade.

— Ele fez... Ele fez isso! — Nolan exclamou, incrédulo.

Após a partida, o ginásio estava em um burburinho, com os outros alunos comentando sobre a incrível performance de Articos.

Enquanto isso, Stella se aproximou dele com um sorriso, ainda ofegante, mas visivelmente impressionada.

— Ei, Articos. — ela disse, ajeitando o cabelo com a mão e olhando diretamente para ele. — Você... tem o meu número?

Articos a olhou com um leve sorriso, surpreso com o pedido repentino.

— Não, na verdade não tenho. — ele respondeu, um pouco desconcertado.

Stella deu uma risada curta, mas logo puxou o celular do bolso.

— Então, me passa. Quero trocar uma ideia. — ela disse, com um brilho nos olhos. — E, me diz uma coisa, você tem tempo livre?

Articos deu uma olhada para os amigos, ainda um pouco perdido, mas respondeu com um sorriso tranquilo.

— Bem, o gerente do local onde eu trabalho é bem gente boa, então, a única condição que ele me deu foi fazer 50 horas semanais. Então, eu diria que tenho tempo livre sim. — ele falou de forma descontraída, como se fosse o mais normal do mundo.

Stella arqueou uma sobrancelha, surpresa com a resposta dele.

— Uau, Isso é... impressionante. Não imaginei que você trabalhasse e ainda tivesse tempo para o esporte e os estudos. — ela comentou, claramente impressionada.

Articos deu de ombros, mantendo seu sorriso tranquilo.

— Dá pra se virar. — respondeu, sem muita pretensão. — Mas, agora, se quiser me chamar, só mandar mensagem.

Stella sorriu de volta e, com um gesto suave, pegou a mão de Articos e, de forma sutil, deu um toque rápido na testa dele.

Era um gesto carinhoso, mas sem intenções românticas claras, só uma forma de demonstrar sua admiração pela sua performance... Aparentemente.

Articos a observou por um momento enquanto ela se afastava, ainda com aquele sorriso leve no rosto.

Quando ela virou as costas e se afastou para encontrar o time, os amigos de Articos já estavam prontos para zoar.

Não demorou para Nolan, Christopher e Richard se aproximarem dele.

— Olha quem ficou com o número da Stella, hein? — Nolan começou, com um sorriso malicioso. — Vai ver, é porque você fez o maior sucesso, né? Aquele toque na testa foi quase um "beijo de boa sorte".

Christopher não resistiu.

— Ah, sim, Articos. Trabalha, estuda, joga e ainda atrai a atenção da mulherada, não podia ser mais perfeito, né?

Richard, mais quieto, apenas deu um leve empurrão em Articos e riu.

— Agora, fala a verdade, cara. Você se acha, né? O time inteiro contra você, e você ainda deu conta de ganhar... e agora a Stella te pedindo o número.

Articos sorriu, mas não conseguiu evitar um leve rubor em seu rosto. Ele revirou os olhos, tentando não mostrar que estava incomodado com a brincadeira.

— Cala a boca, seus idiotas. Ela só queria saber se eu tinha tempo livre, não sei por quê vocês estão pirando. — respondeu ele, tentando manter a calma, mas não conseguindo esconder o sorriso.

Os amigos continuaram a brincar, mas Articos, no fundo, sabia que

isso era apenas o começo.

O gesto de Stella, o toque na testa, parecia mais simples do que realmente era.

Algo dentro de Articos, por mais que ele tentasse não dar importância, indicava que havia mais nessa interação do que ele estava disposto a admitir.

Enquanto isso, o clima na quadra e entre seus amigos se dissipava, mas a sensação de que algo havia mudado ficou com Articos.

E, de uma forma ou de outra, ele sabia que essa partida contra o time de Stella seria lembrada de uma forma bem diferente para ele.

A noite chegou com seu clima tranquilo e fresco, e Articos se preparou para mais um turno na cafeteria onde trabalhava.

Ele realmente gostava daquele lugar. Era o tipo de ambiente que lhe dava paz, simples, silencioso, com o aroma constante de café fresco preenchendo o ar.

A cafeteria não estava lotada, o que tornava o trabalho ainda mais agradável, e Articos sempre aproveitava as poucas horas de folga para conversar com o gerente sobre tudo e qualquer coisa.

Era uma amizade de respeito, e ele realmente apreciava a companhia dele.

Naquela noite, o movimento estava calmo. O gerente, um homem de meia-idade com uma barba bem cuidada, acenou para Articos quando ele entrou no balcão.

— Então, como foi o dia hoje? — o gerente perguntou, jogando um pano de prato sobre o ombro enquanto limpava uma xícara.

— Bem tranquilo. Aquele jogo de vôlei foi... interessante. — Articos respondeu, com um sorriso divertido, lembrando da partida contra o time de Stella.

O gerente riu, sabendo que Articos tinha um talento para esportes, apesar de ser um dos trabalhadores mais dedicados que ele já tinha visto.

— Ah, é... eu vi, hein? O pessoal falando que você fez bonito hoje. — ele disse, colocando mais uma xícara na prateleira. — Agora, conte-me: como anda essa sua vida social? Tá começando a aparecer alguém?

Articos deu um sorriso sem graça e balançou a cabeça.

— Ah, nada de mais. Só um monte de piadas dos meus amigos. — disse ele, com uma leve risada. — Nada que me faça perder o foco, sabe?

Mas, antes que o gerente pudesse responder, a porta da cafeteria se abriu, e Articos levantou os olhos para ver quem havia entrado.

Seu coração deu uma leve acelerada quando viu Stella entrando no local. Ela estava com um casaco leve e jeans, e seus olhos pareciam procurar algo, ou melhor, alguém.

Articos ficou sem palavras por um momento, não esperava vê-la ali, e menos ainda, sozinho.

Ela caminhou até o balcão, e seus olhos se cruzaram com os dele.

— Ei, Articos, que coincidência! — ela sorriu, com um brilho amigável nos olhos.

Articos, um pouco sem graça, se levantou para cumprimentá-la.

— Oi, Stella. O que... o que você faz por aqui? — ele perguntou, tentando esconder a surpresa.

Ela deu um sorriso e se aproximou um pouco mais, falando em tom baixo.

— Ah, estava por aqui, resolvendo umas coisas e achei que seria bom dar uma passada. — ela disse, e então, olhando para o gerente, ela completou: — Pode ser que eu precise de um café. Algo forte hoje, eu acho.

O gerente acenou com a cabeça, sorrindo amigavelmente para ela.

— Claro, uma xícara bem forte pra você. — respondeu ele, já indo em direção à máquina de café.

Stella se virou para Articos, enquanto ele a observava com um sorriso cauteloso.

— Eu não sabia que você trabalhava aqui. — disse ela, cruzando os braços.

— Ah, bem, é... — Articos hesitou um pouco, procurando uma forma descontraída de responder. — Eu gosto daqui. O trabalho é tranquilo, e o pessoal é legal. Além disso, o gerente aqui é gente boa. — ele olhou para o gerente, que agora preparava o café. — E me permite conciliar com a escola e o esporte.

Stella levantou uma sobrancelha, claramente impressionada.

— Uau, então você realmente sabe se virar, hein? — ela comentou. — Trabalha, estuda e ainda consegue ser bom no esporte. Como faz tudo isso mesmo?

Articos sorriu, achando engraçado como ela parecia genuinamente interessada.

— Só saber organizar o tempo, acho. Não é tão difícil assim. — respondeu ele, mais descontraído. — Mas, você também? Veio sozinha?

Stella deu uma risadinha.

— Na verdade, sim. — ela respondeu, passando a mão pelo cabelo, com um olhar um pouco mais distante. — Preciso de um tempo pra mim de vez em quando. O jogo de hoje foi... algo, né?

Articos não pôde deixar de sorrir, lembrando da partida.

— Foi. Mas acho que você não precisa se preocupar com um "não" da minha parte, viu? Eu jogo sério quando a coisa é boa. — ele brincou, e Stella o olhou com um olhar travesso.

— Hm, sério? Eu notei. — ela disse, com uma risada curta. — Achei que ia ter uma vitória fácil, mas você me surpreendeu.

O gerente colocou a xícara de café na frente de Stella, e ela o agradeceu com um sorriso.

— Bom, vou deixar você trabalhar. Mas, Articos... — ela fez uma pausa, antes de adicionar com um tom mais suave. — Me manda uma mensagem mais tarde, tá? A gente pode sair e conversar mais sobre o seu... estilo de vida multitarefa.

Articos assentiu, tentando disfarçar o nervosismo com um sorriso.

— Pode deixar. — ele respondeu, enquanto ela se preparava para sair.

Ela fez um aceno de cabeça e se afastou, deixando a cafeteria com o mesmo charme com que havia entrado.

Quando ela saiu, os pensamentos de Articos estavam um pouco mais confusos.

Ele tentou focar no trabalho, mas algo no jeito de Stella o deixou mais curioso.

O que ela realmente queria? E por que, de repente, parecia tão interessada em ele?

Enquanto isso, o gerente observava Articos, com um sorriso de lado.

— Você está começando a se meter em encrenca, hein? — ele disse, rindo discretamente.

Articos, com um sorriso tímido, se sentou novamente no balcão.

— Acho que sim, mas... quem sabe, né? — respondeu ele, se preparando para a noite que se seguia.

A noite seguiu tranquila, mas Articos não conseguia tirar Stella da cabeça.

Ela era diferente das garotas que ele conhecia, com uma confiança que combinava bem com sua postura de líder.

E aquele toque na testa... algo simples, mas que fez o coração dele bater um pouco mais rápido.

Enquanto o gerente limpava uma das mesas, ele deu uma olhada em Articos, que estava mais pensativo do que o normal.

— Eu sei quando você está nervoso, garoto. — disse o gerente, com um tom de brincadeira. — Se você está preocupado com o que aconteceu, relaxa. A garota te deu atenção. E pelo jeito, você está fazendo a parte certa... talvez seja hora de dar o próximo passo, quem sabe?

Articos apenas deu uma risada nervosa, tentando disfarçar os próprios sentimentos.

— Eu só... não sei o que pensar. — respondeu, tentando parecer despreocupado. — Foi tudo muito repentino.

O gerente apenas sorriu, já acostumado com esse lado mais introvertido de Articos.

— Nem tudo precisa ser planejado. Às vezes, o melhor é apenas deixar as coisas fluírem. — ele disse, enquanto pegava mais uma xícara para lavar. — Agora, vá lá e faça a sua parte. Nada de ficar parado pensando demais.

Articos assentiu, finalmente deixando o assunto de lado por um momento.

O resto da noite seguiu como sempre, tranquila, com conversas casuais sobre a vida e o futuro.

Mas uma coisa era certa: algo dentro dele havia mudado.

Ele não sabia o que o futuro reservava, mas estava começando a se dar conta de que algumas pessoas, como Stella, poderiam ser mais do que apenas uma passagem rápida pela sua vida.

Talvez fosse hora de se permitir ver onde essa conexão poderia levar.

A cafeteria fechou às 23h, e Articos se despediu do gerente, que lhe deu um aceno de cabeça.

— Não esqueça do seu próximo turno, hein? E... se precisar de conselhos sobre garotas, já sabe onde me encontrar. — o gerente brincou, com um sorriso malicioso.

Articos apenas riu e balançou a cabeça, saindo para a rua fria da noite.

Enquanto caminhava para o seu apartamento, com o som de sua música favorita tocando em seus fones de ouvido, ele não podia deixar de pensar em Stella.

O que viria a seguir? Ele não sabia, mas estava começando a se dar conta de que, talvez, sua vida estivesse prestes a ficar bem mais interessante.

E, de alguma forma, ele estava curioso para ver onde isso poderia levá-lo.