Capítulo 148: Melro (Turdus merula)
O melro, ou Turdus merula, é uma ave passeriforme da família Turdidae, amplamente distribuída pela Europa, Ásia e norte da África. Introduzido em outras regiões, como a Austrália e a Nova Zelândia, o melro se adaptou bem a diferentes ambientes, sendo comumente encontrado em florestas, jardins, parques e áreas urbanas. Com 142.492 observações registradas, ele é uma das aves mais familiares para os observadores de pássaros, especialmente na Europa, onde seu canto melodioso é um som característico da primavera.
O Turdus merula é uma ave de tamanho médio, medindo cerca de 23 a 29 centímetros de comprimento e pesando entre 80 e 110 gramas. Existe um dimorfismo sexual claro: os machos são completamente pretos, com um bico amarelo brilhante e um anel amarelo ao redor dos olhos, enquanto as fêmeas e os jovens são marrons, com o peito levemente manchado. Essa diferença de coloração ajuda na identificação, mas ambos os sexos compartilham a mesma elegância discreta, com pernas esguias e um voo rápido e direto.
O melro é conhecido por seu canto, que é uma das melodias mais belas entre as aves europeias. Os machos cantam especialmente durante a época de reprodução, na primavera, para atrair fêmeas e marcar território. O canto é uma série de notas flautadas e variadas, muitas vezes descrito como "lírico" e "melancólico". Eles preferem cantar de poleiros elevados, como árvores ou telhados, e são mais ativos ao amanhecer e ao entardecer, o que lhes valeu o apelido de "despertador da natureza" em algumas culturas.
A dieta do Turdus merula é onívora e varia com as estações. No primavera e verão, ele se alimenta principalmente de minhocas, insetos e larvas, que procura revirando o solo com seu bico. No outono e inverno, quando os insetos são escassos, ele recorre a frutas e bagas, como as de sabugueiro, espinheiro e hera. Essa flexibilidade alimentar é uma das razões de sua ampla distribuição e sucesso em diferentes habitats. Em áreas urbanas, não é incomum ver melros se alimentando de restos de comida humana ou visitando comedouros de pássaros.
A reprodução do melro ocorre entre março e julho. A fêmea constrói um ninho em forma de taça, geralmente em arbustos ou árvores baixas, usando galhos, grama e lama para dar estrutura. Ela põe de 3 a 5 ovos azul-esverdeados com manchas marrons, que incuba por cerca de duas semanas. Ambos os pais alimentam os filhotes, que deixam o ninho após cerca de 14 dias, embora ainda dependam dos pais por mais algumas semanas. Um casal de melros pode ter até três ninhadas por temporada, dependendo das condições ambientais.
O Turdus merula é uma ave territorial, especialmente os machos, que defendem seu espaço com cantos e, se necessário, confrontos físicos com outros machos. Apesar disso, eles são relativamente tolerantes com humanos e frequentemente se aproximam de jardins e quintais em busca de alimento. Em algumas regiões, como o Reino Unido, o melro é um símbolo cultural, associado ao Natal e à renovação, aparecendo em canções e histórias tradicionais.
Embora o melro não esteja ameaçado, ele enfrenta desafios como a perda de habitat devido à urbanização e o uso de pesticidas, que reduzem a disponibilidade de insetos. Além disso, em áreas onde foi introduzido, como a Nova Zelândia, ele é considerado uma praga por competir com espécies nativas e se alimentar de frutas cultivadas. No entanto, sua adaptabilidade e comportamento encantador garantem que o Turdus merula continue sendo uma das aves mais queridas e reconhecíveis do mundo.