O Duelo Continua

Os dois então retomam suas posições. Victória, confiante, nota um sorriso de canto no rosto de Lancelot, o que a intriga um pouco. Alyxzandre dá o sinal:

— Segundo assalto, comecem!

Victória investe novamente contra seu oponente, mas dessa vez é surpreendida pelo cavaleiro, que avança rapidamente. Forçada a levantar sua guarda, ela é atingida por um golpe vertical da espada de Lancelot. Ela defende-se cruzando suas lâminas duplas, mas o impacto é muito mais poderoso do que antecipara. Seus braços vibram, seus joelhos cedem, e ela é arrastada para trás, como se estivesse sendo puxada enquanto ainda mantinha sua pose.

"Tsc! Esse desgraçado, além de ágil, também é muito forte!", pensou.

Lancelot não perde tempo e põe a perna direita à frente. Com um corte diagonal, ataca-a. Victória se esquiva circulando o cavaleiro enquanto recua. Ele continua pressionando, alternando o pé de apoio enquanto desfere golpes diagonais contrários à sua postura. Ela segue se defendendo e esquivando ao redor dele, buscando uma abertura.

"Droga! Não vou conseguir continuar defendendo esses golpes por muito tempo! Vou ter que usar o peso dele contra ele mesmo..."

Antecipando o próximo movimento do adversário, ela abaixa-se habilmente, gira o corpo e, com a perna esticada, tenta uma rasteira... mas falha. No último instante, Lancelot percebe o golpe e simplesmente ergue a perna, deixando-a raspar o chão em vão. Agora exposta, Victória tenta se levantar rapidamente, mas Lancelot não perde a oportunidade. Quando ela se apoia para se reerguer, ele graciosamente inverte o jogo e a derruba com uma rasteira.

Com um sorriso descarado, Lancelot diz:

— Eu disse que revidaria! Hahaha!

— Fim do segundo assalto! — declara Alyxzandre.

Lancelot estende a mão para Victória, mas, com o orgulho ferido, ela o fita com os olhos ardendo em brasa e, com um tapa, afasta a cortesia do rapaz. Enquanto caminham para o centro da arena, ela diz:

— Não vá se achando só porque teve um momento de sorte. Agora que você me irritou... não vou me segurar!

Ele, confiante, responde:

— Minha jovem donzela, um cavaleiro juramentado sempre está pronto para tudo!

Ainda mais irritada, Victória resmunga:

— Tsc! Ainda com essas bobagens, né? Depois não vá se arrepender!

— Terceiro assalto, comecem! — proclama Alyxzandre.

Os dois disparam instantaneamente um contra o outro. Victória, mais feroz do que nunca, ataca de todos os lados com golpes ágeis e precisos. Lancelot se esquiva e defende-se em busca de uma brecha, até que os papéis se invertem. Agora, ele, com seus golpes poderosos e velozes, a ataca, cortando em todas as direções.

Alyxzandre, à distância, observa atentamente o impressionante balé que se desenha à sua frente. Entre as sequências de golpes trocados, nota uma expressão de exaltação nos rostos dos dois.

Victória se desvencilha da torrente infinita de golpes e se agacha. Sente a pulsação do seu corpo, como as batidas frenéticas de uma canção tribal. Seu sangue aquece, seus músculos se expandem, suas coxas contraem e, então, ela dá um magnífico salto no ar, preparando seu poderoso ataque aéreo.

Lancelot, sem alternativa, é forçado a fazer um rolamento para esquivar-se do extraordinário ataque. Por um fio, o golpe passa ao lado dele e atinge o chão com força assombrosa, gerando ondas de choque no ar.

Victória não perde a chance e parte para o próximo ataque. Dessa vez, eles cruzam as espadas em um embate de força e resistência. Agora, perigosamente próximos, trocam olhares. A determinação em seus rostos é nítida.

O impasse de força continua, ora pendendo para um lado, ora para o outro. Confiante em sua força, Lancelot pressiona ainda mais, buscando uma abertura. Victória sabe que não pode enfrentá-lo diretamente por muito tempo e arrisca uma jogada derradeira. Engenhosamente, afrouxa sua postura, fazendo com que Lancelot se desequilibre e dê um passo à frente. Nesse instante, ela gira elegantemente o corpo, posicionando-se atrás dele.

Ela partiria para a submissão.

Antes que ele pudesse reagir, Victória já o agarrara pelas costas. Posiciona seu braço contra o pescoço dele, buscando um mata-leão. Lancelot se defende, mas a garota continua pressionando. Reunindo toda sua força, puxa-o para o chão. O cavaleiro, agora numa situação ainda mais desesperadora, começa a se debater. Victória cruza suas pernas no torso dele, impedindo seus movimentos. Ele já sente a falta de ar nos pulmões e, com seu único braço livre, tenta se livrar da submissão com movimentos inquietos e desengonçados...

Até que toca algo.

Era macio e almofadado. Ele aperta, sentindo os dedos afundarem levemente naquela textura lisa e aconchegante. Por um instante, Lancelot esquece a falta de ar e se perde no calor do toque, viajando por lembranças tenras de sua infância. Um sorriso gaiato de satisfação se forma em seu rosto... até que abre os olhos.

E percebe onde sua mão está...

Estava afundada no seio de Victória.

Seu rosto se petrifica, tornando-se vermelho como uma pimenta — seja pela falta de ar ou pela vergonha. Na sua mente, apenas uma frase ecoa: "Trate-a com o devido respeito" — as palavras de Alyxzandre.

Victória, com a ira de mil sóis, aperta ainda mais o pescoço dele, trazendo-o de volta à realidade. Antes que perdesse completamente a consciência, Lancelot toca desesperadamente o ombro da garota, sinalizando sua derrota.

Era o fim do terceiro assalto.

— Por dois a um, Victória vence! — anuncia Alyxzandre.

Após desovar o corpo desfalecido de Lancelot, Victória se dirige a Alyxzandre, que lhe pergunta:

— O que achou dele?

Ela responde seriamente:

— Ele é muito habilidoso, sem sombra de dúvidas. Sua adaptabilidade e força são incríveis... mas seu excesso de confiança me preocupa.

— Entendo... Então conto com você, senhorita Victória. Prepare-o, pois precisarei dos melhores guerreiros ao meu lado.

Firmemente, ela responde:

— Sim, senhor!

"GRRRROOOONNKKK!"

Um ronco alto ecoa na sala. Os dois se encaram por um instante... e voltam os olhos para a fonte do som.

Lancelot dormia como um urso hibernando, roncando e coçando a barriga despreocupadamente.

Victória volta a seus pensamentos: "E sou eu quem vai ter que cuidar desse pateta..."

Naquela noite, em seu quarto, deitada na cama e abraçada à sua pelúcia favorita, antes de adormecer, um pensamento vem à sua mente:

"Até que ele não é de todo mal..."