quatro ecos no inesperado

Olha leitores isso que eu apresento e uma breve apresentação dos personagens

"Erian nunca quis o trono. Não porque fosse fraco. Mas porque sabia o que era. O fogo corria em suas veias como um segredo proibido — meio humano, meio dragão, totalmente errado aos olhos do reino. Se descobrissem a verdade, não o aclamariam como rei. O queimariam como monstro. Mas o destino não liga para o que ele quer. A pedra o chamou. E agora, fugir não é mais uma opção."

A pedra de Sareth não é apenas uma lenda — ela é real. Forjada no coração do mundo, dizem que só responde ao sangue do verdadeiro herdeiro. E, infelizmente, ela respondeu a ele. Ninguém viu quando brilhou sob suas mãos, mas Erian sentiu. Uma corrente elétrica, quente e viva, correndo por dentro de si como se algo antigo tivesse despertado. A partir dali, tudo mudou.

Ele teve que partir. Não por glória, nem por honra. Mas porque ficar significava pôr todos em risco. Seus segredos. Sua família. O próprio reino. E então vieram eles — os únicos que souberam da verdade e ficaram. Três amigos. Tão diferentes quanto improváveis. Mas juntos, eles seriam a última chance de evitar a guerra que se aproximava como uma sombra em silêncio.

Com isso, caro leitor ou leitora, vamos voltar alguns anos — até o momento em que Erian conheceu Erit. Foi ali que nasceu uma amizade rara, forjada em fogo e confiança.

Erit o viu como ninguém jamais tinha visto. Naquela noite, na floresta sussurrante, quando o fogo escapou do corpo de Erian e sua máscara humana caiu, foi ela quem não fugiu. Foi ela quem ficou. Uma guerreira élfica, filha das chamas e do silêncio, uma entre os raros quatro elfos capazes de dominar o fogo. Erit era feita de aço e brasas, com olhos que pareciam conter o crepitar de uma lareira viva. Não perguntara o que ele era — apenas o porquê. E foi ali, entre cinzas e árvores queimadas, que nasceu a primeira faísca da aliança que mudaria o mundo

. Antes de apresentar os outros dois companheiros de jornada, vale um detalhe importante: Erian, por ser um híbrido, só consegue manter sua forma humana por tempo limitado. Erit, por outro lado, é uma elfa — uma raça antiga, já conhecida pelos humanos, o que torna sua presença mais aceitável… ao menos por enquanto.

Mas chega de explicações por agora. Vamos ao reencontro com os dois outros amigos — e com os caminhos que o destino preparou para eles.

Foi numa noite de lua vermelha que Erit viu o que ninguém deveria ver. Ela estava patrulhando a floresta de Elrien, cumprindo um dos rituais de vigília que sua ordem de guerreiras élficas realizava a cada solstício. Silenciosa como a brisa entre as folhas, seguia o rastro de uma presença estranha, algo que não era completamente humano… nem completamente besta. Então ela o viu.

No centro de uma clareira enluarada, um jovem arquejava ajoelhado, com a pele rasgando em listras de luz dourada, os olhos queimando como brasas, e chamas se espalhando em volta de si como se a floresta estivesse respirando fogo. A forma humana de Erian se despedaçava diante dela, revelando escamas, garras e asas que não pertenciam a nenhum conto contado por anciãos.

Qualquer outro guerreiro teria atacado. Ou fugido. Mas Erit não. Ela apenas avançou um passo e disse: "Você está com medo."

Ele a encarou, feral e confuso. Erian não disse nada. Mas ali, entre as chamas e a dúvida, nasceu algo raro — confiança. Erit não perguntou o que ele era, apenas por quê estava sozinho. E ao fazer isso, ela escolheu não temer o desconhecido. Escolheu lutar ao seu lado

Um encontro digno de uma balada épica, não acha? Mas calma que ainda tem mais. Agora é hora de conhecer o mais... peculiar da equipe. Aquele que foge primeiro, mas volta pra salvar depois. Sim, esse mesmo — o medroso que a gente aprende a amar.

O segundo a se juntar à jornada chamava-se Théo — embora jurasse que o nome verdadeiro era "uma vergonha ancestral" e nunca o revelaria por completo. Ele surgiu na vida de Erian da forma mais improvável possível: gritando, correndo, e caindo de cara em uma poça de lama, enquanto uma alcateia de lobos mágicos o perseguia. Erian, que havia tentado se esconder na mesma floresta para descansar, teve que lutar para salvá-lo. Só depois descobriu que Théo estava ali por engano — tinha se perdido tentando achar a casa da avó.

Desastrado, falante, e com uma habilidade misteriosa de se meter em problemas, Théo era o tipo de pessoa que fazia tudo parecer menos sério... até que fosse. E nessas horas, ele surpreendia. Havia algo estranho nele — uma energia caótica que às vezes fazia coisas inexplicáveis acontecerem à sua volta. Uma pedra flutuar, um inimigo tropeçar do nada, uma porta trancada se abrir sozinha. Ele dizia que era só sorte. Mas Erian sabia: ninguém tem tanta sorte assim.

Com isso caros leitores vou lhes apresentar nossa última aventureira

A última a se juntar ao grupo não veio com passos, nem com palavras. Ela veio com silêncio. Com vento frio entre as árvores. Com olhos que pareciam ver mais do que o mundo mostrava. Nyra. Um nome sussurrado por antigos feéricos, esquecido pelos humanos. Erian a encontrou por acaso — ou por destino — ao seguir uma trilha de sonhos que o chamavam para a floresta de Umbren. Lá, entre raízes retorcidas e um lago escuro como breu, ele a viu. Dormindo. Presa. Encantada por uma maldição que só poderia ser quebrada por sangue real... ou por pura coragem.

Ele a libertou. E desde então, ela o seguiu. Sem exigir explicações. Sem oferecer muitas palavras. Nyra não precisava falar — seus olhos liam pensamentos, sua presença revelava emoções. Ela via além das máscaras. E por mais fria que parecesse, havia algo protetor nela, algo antigo e imenso. O grupo não sabia se podia confiar. Mas também sabiam: não poderiam seguir sem ela.

Vou contar um pouco como ela conheceu o grupo

Tudo começou com uma aventura boba. Uma aposta entre Théo e Erit sobre quem encontraria primeiro uma "erva lendária" que, segundo ele, curava tudo — o que, claro, era uma mentira descarada. Erian riu, aceitou a brincadeira e os três entraram na floresta, como se fosse só mais um dia de risadas e trilhas.

Mas então, algo mudou. O ar ficou mais denso. Mais vivo. Pequenos pontos de luz começaram a dançar entre os galhos. Fadas. De verdade. Elas se moviam como se soubessem o caminho — como se estivessem esperando por eles.

— "Alguém mais tá vendo isso ou só eu bebi água estragada?" — murmurou Théo, arregalando os olhos enquanto as criaturas aladas rodopiavam ao redor deles.

— "Fadas não aparecem por acaso," disse Erit, já com a mão sobre a lâmina presa às costas. "Se nos querem em algum lugar, é melhor irmos com cuidado."

— "Ou talvez estejam levando a gente pro jantar delas," completou Théo, mas mesmo assim, deu o primeiro passo.

Erian, por sua vez, sentia o peito apertado. As luzes pareciam cantar. Um som quase inaudível, mas irresistível. Ele não sabia por quê, mas precisava segui-las. Algo dentro dele — algo antigo — pulsava com cada passo que dava.

Eles seguiram as fadas por caminhos que nenhum mapa mostrava. Passaram por árvores com folhas que brilhavam em azul, pedras com inscrições que pareciam brilhar quando tocadas. Até que chegaram.

O lago de Teneira.

Era como atravessar para outro mundo. A água era negra e perfeitamente lisa, refletindo o céu mesmo sob o dossel da floresta. No centro, envolta por raízes entrelaçadas como garras, flutuava uma figura. Dormindo. Presa.

— "Tem… tem alguém ali!" — gritou Théo, sem esconder o pânico.

— "É uma garota," sussurrou Erit, os olhos fixos. "Mas… isso não é sono comum."

Erian se aproximou da margem, sentindo a magia vibrar no ar. As runas ao redor da prisão brilhavam em um tom escuro, como se a própria sombra tivesse sido moldada em palavras.

— "Ela tá presa," disse ele. "E… ela está me chamando."

— "Chamando como?" — Théo se encolheu. — "Ela nem abriu a boca! Isso é coisa de fantasma!"

— "Não é fantasma," disse Erian, com uma voz que não parecia dele mesmo. — "É… feérica."

Foi então que ele entrou na água. Erit protestou. Théo gritou que era loucura. Mas ele seguiu. Ao tocar as raízes, uma corrente elétrica o percorreu. As runas brilharam forte. A escuridão começou a se desfazer. E os olhos dela se abriram.

Nyra.

Ela não falou. Apenas olhou. Primeiro para Erian. Depois para cada um deles. Um por um. Como se já soubesse quem eram. Como se os esperasse há séculos