Capítulo 06 - O presente da Azarenta Fortuna.

Após ver seu próprio status nos Olhos do Vilão Supremo, Zai franziu o cenho, intrigado com duas informações específicas.

Olhou fixamente para a janela flutuante e murmurou:

— Sistema… meu nome aqui é Dário Vauren? E o que significa esse tal de "Reino: Aprendiz Marcial de 4º nível"? Eu não entendo isso…

> [Ding. Anfitrião, seu nome neste mundo é, de fato, Dário Vauren. Quanto ao seu reino atual, você está no 4º nível do estágio Aprendiz Marcial. Antes da intervenção deste sistema, o corpo do anfitrião era considerado inútil, incapaz de cultivar energia marcial. Esse erro foi corrigido ao utilizar o fragmento de alma do antigo dono, permitindo o avanço direto de quatro níveis.]

Zai arregalou os olhos, impressionado.

Apesar de não entender exatamente o que esse “reino” significava, ele tinha certeza de que subir quatro níveis de uma só vez não era algo comum.

Para um mundo com algum tipo de sistema de poder baseado em níveis, isso soava... poderoso.

— Isso é meio absurdo... murmurou, ainda absorvendo a informação.

Respirando fundo, ele voltou a se concentrar e disse, tentando manter a calma:

— Sistema, vi que ganhei algumas fichas para a função de gacha. Posso usá-las?

> [Ding. Sim, anfitrião. Atualmente, você possui 5x fichas de sorte.]

Animado com a possibilidade de adquirir algo poderoso, Zai abriu a interface principal do sistema e navegou até a função gacha.

A tela exibiu três níveis distintos:

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> Sistema Gacha - Níveis Disponíveis:

• Mortal (ativo)

• Imortal (bloqueado)

• Divino (bloqueado)

• Nota: Cada nível possui itens mais raros e poderosos. Jogadas múltiplas (10x) concedem uma rodada extra gratuitamente.

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Zai suspirou.

Já esperava que os níveis mais altos estivessem bloqueados, mas mesmo assim sentiu um certo dilema.

Usar as fichas agora poderia significar desperdiçá-las. Por outro lado… quando ele conseguiria desbloquear os outros níveis?

— Sistema, use as 5x fichas no nível Mortal da função gacha.

> [Ding. Iniciando sorteios no modo Mortal do Gacha do Vilão Supremo...]

• [Ding. Parabéns, anfitrião recebeu: Pedra de Gravação de Imagens.]

• [Ding. Infelizmente, tentativa falhou. Tente novamente…]

• [Ding. Infelizmente, tentativa falhou. Tente novamente…]

• [Ding. Parabéns, anfitrião recebeu: Saco de Esterco.]

• [Ding. Parabéns, anfitrião recebeu: Habilidade – Camuflagem do Vilão Supremo.]

Zai ficou parado em silêncio por alguns segundos, encarando as janelas que surgiram diante de seus olhos.

Um suspiro... escapou de seus lábios.

— Um saco de esterco? Sério?

Ele balançou a cabeça, se lembrando de sua própria sorte mostrada no perfil.

“Sorte: -1000.” Aquilo explicava muita coisa. Se a função de gacha era influenciada por sorte, ele provavelmente seria o tipo de pessoa que perderia até no cara ou coroa.

Mesmo assim, ele ganhou algo realmente útil… e considerando sua sorte catastrófica, sair com uma habilidade personalizada não era nada mal.

Sem demora, ele arrastou a Pedra de Gravação e o Saco de Esterco para o Espaço de Armazenamento do sistema.

Em seguida, focou na habilidade recém-adquirida, cuja descrição apareceu imediatamente:

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> [Habilidade: Camuflagem do Vilão Supremo - Nível 1]

→ Tipo: Ativa – Requerimento: Nenhum

• Descrição: Permite ocultar atributos do anfitrião, como Reino Marcial, Corpo Especial, presença espiritual e quaisquer anomalias detectáveis. A habilidade é invisível a meios comuns de detecção. O anfitrião pode personalizar o que deseja esconder. Pode ser aprimorado. → PV: (25.000)

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Zai leu atentamente e sorriu.

Aquela era, sem dúvida, a melhor recompensa que poderia receber naquele momento.

Ele ainda não sabia como funcionava o mundo lá fora, nem quem poderia ser aliado ou inimigo.

Ter a opção de esconder suas habilidades e nível poderia ser vital para sua sobrevivência.

— Ativar habilidade ...ordenou.

Em um instante, seu corpo pareceu se fundir ao ambiente.

Era como se tivesse ficado invisível, mas ele sabia que era mais do que isso, sua presença havia desaparecido por completo.

Qualquer pessoa comum, até mesmo cultivadores, não seriam capazes de detectá-lo.

Depois de alguns testes, desativou a habilidade e refletiu.

Mesmo com as memórias do antigo Dário Vauren, nada substituía a experiência real.

Precisava sair dali e observar o mundo com os próprios olhos.

Só então poderia traçar um plano sólido para o futuro, tanto para se fortalecer quanto para cumprir seu novo objetivo: derrotar os Filhos do Céu.

Enquanto ponderava, foi interrompido por uma voz suave e familiar vinda do outro lado da porta:

— Jovem mestre? O senhor está acordado?

Antes que pudesse responder, outra voz mais grave e calma soou:

— Ri… está tudo bem? Posso entrar?

Zai congelou por um momento. “Ri” era um apelido usado por pessoas próximas de Dário.

Vasculhou rapidamente as memórias do fragmento de alma integrado e logo reconheceu a voz. Era o pai deste corpo.

Seu coração acelerou. Ele não sabia como interagir com o pai do antigo Dário, e a situação ainda era delicada.

Felizmente, tinha a habilidade de camuflagem e o sistema ao seu lado.

A voz masculina insistiu novamente, agora com um toque de preocupação:

— Dário? Você está acordado? Há algo errado?

Zai respirou fundo, mantendo a compostura, e respondeu comi uma voz calma e controlada:

— Pai… eu estou bem. Não precisa se preocupar.

Houve um breve silêncio do outro lado da porta. Zai se perguntou se havia dito algo estranho.

Mas então a resposta veio, mais suave:

— Hm… certo. Não se esqueça de jantar. Você passou a manhã e toda a tarde sem comer. Venha assim que puder.

A voz pausou antes de continuar.

— Vou sair hoje e voltarei em alguns dias. Minna... e Caelenna ficarão encarregadas de seus cuidados.

— Entendido. tenha uma boa viagem, pai... respondeu Zai.

Ele escutou os passos se afastando lentamente. Soltou um longo suspiro, aliviado por ter conseguido lidar com a situação.

Mas havia algo mais. Uma sensação sutil, quase imperceptível, como se houvesse certa… animação na voz do homem ao se despedir.

Zai ficou parado, pensativo. Talvez fosse só impressão.

Ou talvez... ele estivesse preste a descobrir que nesse mundo, nada era por acaso.

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