As informações do perfil de Minna apareceram diante dos olhos de Dário como uma janela luminosa que flutuava no ar.
⟨Perfil do Alvo⟩
» Nome: Minna Dorelle
» Afiliação: Empregada pessoal do jovem mestre Dário Vauren
» Reino: Guerreiro Marcial - 7º nível
» Corpo Especial: Desconhecido
» Sorte: 3700
• Descrição: Devido ao nível atual da habilidade, o anfitrião só pode ver informações básicas do alvo. Evolua a habilidade para acessar informações mais detalhadas e avançadas.
Dário arqueou uma sobrancelha. Ele esperava que Minna tivesse alguma força, talvez um ou dois níveis acima dos demais servos, afinal ela era sua empregada pessoal. Mas aquele número de sorte... 3700? Isso era completamente fora do comum. Aquilo o fez franzir a testa e murmurar mentalmente:
— Sistema, por que a sorte de uma empregada é muito maior do que a minha?
A resposta veio imediata, acompanhada do tradicional som metálico:
> [Ding. Anfitrião, a sorte das pessoas comuns normalmente varia entre 100 a 500 pontos. Indivíduos com sorte superior a esse limite são considerados anômalos, podendo ser classificados em duas categorias principais:
1. Aqueles que estão próximos de filhos do céu, geralmente heroínas, protagonistas femininas principais ou secundárias;
2. Aqueles que nasceram para confrontar um filho do céu, pessoas marcadas por um destino cruel, pois o céu favorece os filhos do céu e reprime os que ousam se opor.
O motivo da sorte do anfitrião ser inferior à deles é simples: você é um “vilão” designado pelo céu, criado para glorificar o filho do céu. Seu destino é servir como um degrau para a ascensão de outro.]
Dário ficou em silêncio por alguns segundos.
A ironia daquela situação pesava mais do que esperava. Ele respirou fundo e, com um sorriso torto, murmurou:
— Então... eu sou a experiência do filho do céu. Desde meu nascimento, fui condenado à ruína. Hahaha...
Ele riu, mas não de forma desesperada, havia convicção em sua voz. A chama da raiva se acendeu em seus olhos, alimentando sua determinação. Antes, caçar os filhos do céu era apenas parte do contrato com o sistema. Agora, era algo pessoal.
— Já que sou a prova do próprio veneno... por que não devolvê-lo ao criador?
Com essa decisão cravada em sua mente, Dário desviou o olhar de Minna e ativou novamente sua habilidade de análise, voltando-se agora para Caelenna.
⟨Perfil do Alvo⟩
» Nome: Caelenna Thorne
» Afiliação: Empregada da Casa Vauren?
» Reino: ???
» Corpo Especial: Nenhum
» Sorte: 500
• Descrição: Devido ao nível atual da habilidade, o anfitrião só pode ver informações básicas do alvo. Evolua a habilidade para acessar informações mais detalhadas e avançadas.
Dário estreitou os olhos. Mesmo sem surpresas em sua sorte, o fato do reino estar como “desconhecido” o intrigava. Ele já suspeitava que Caelenna não fosse uma simples empregada.
Porém, o que mais lhe chamou atenção foi a mudança na descrição do “Corpo Especial”. Enquanto Minna tinha como “Desconhecido”, o de Caelenna marcava claramente: “Nenhum”.
— Sistema, qual a diferença entre ‘Desconhecido’ e ‘Nenhum’ nesse atributo?
> [ Ding. Anfitrião, ‘Desconhecido’ indica que a habilidade de análise não consegue acessar as informações do corpo do alvo por dois motivos: ou o corpo especial ainda não foi despertado, ou o nível da habilidade do anfitrião é insuficiente para atravessar a barreira de ocultação. Já ‘Nenhum’ significa exatamente isso o alvo não possui nenhum corpo especial.]
Dário assentiu com um leve gesto de cabeça, compreendendo a explicação. Retratando sua análise, passou os olhos pelos demais empregados. Todos, sem exceção, estavam no estágio de Guerreiro Marcial, com variações mínimas. Nenhum deles possuía características dignas de nota.
Com isso resolvido, voltou a se concentrar em sua refeição, servida meticulosamente por Minna. Apesar da tensão anterior, o sabor da comida trouxe um alívio sutil. Ao terminar, limpou os lábios com um lenço, ergueu-se e seguiu rumo ao quarto.
Ao longo do caminho, sentiu um cheiro estranho. Virou-se para os lados, cheirou o próprio braço e franziu o nariz. Estava com um leve odor natural, considerando que passara o dia inteiro se movimentando sem um banho. Com um suspiro resignado, chamou Minna com um simples gesto.
— Minna, prepare o banho.
Sem hesitar, ela se curvou levemente e saiu em silêncio. Sua eficiência beirava o sobrenatural.
Poucos minutos depois, o banho estava pronto. Dário mergulhou na água morna com óleos perfumados e extratos de ervas relaxantes.
A sensação de pureza o fez se lembrar de como era viver como um plebeu. Banho quente todo dia... isso definitivamente era um privilégio de nobres.
Após o banho, vestiu roupas limpas e retornou ao quarto. Minna o acompanhou até a porta, e ao se despedir, indicou um pequeno sino mágico preso à cabeceira da cama.
— Jovem mestre, se precisar de algo durante a noite, basta tocar o sino. Ele alertará qualquer um de nós.
— Hm. Descanse bem, Minna. Amanhã será um dia longo.
Ela hesitou por um momento antes de sorrir de leve:
— Cer-to, jovem mestre.
Agora sozinho, Dário se sentou à escrivaninha de carvalho e abriu um dos livros que havia trazido da biblioteca. Hora de organizar os pensamentos.
Primeiro: o planeta Aurelthys. Um mundo colossal, cerca de vinte vezes maior que a Terra. Apenas 30% de sua superfície havia sido explorada até então. Três supercontinentes o dominavam: Nythgard, ao norte; Elyndra, ao sul; e Velharim, ao leste.
Esses três superpoderes mantinham um equilíbrio tênue. Sempre que um tentava expandir sua influência, os outros dois se uniam para conter o avanço.
Segundo: o continente onde Dário se encontrava era Velharim.
Velharim era dividido em quatro grandes impérios:
1. Império Solar de Lysandria
2. Império Dourado de Kael’Tharyn
3. Império Marítimo de Vharados
4. Império Livre de Dharskar
Hoje, o foco de Dário era o primeiro deles: o Império Solar de Lysandria, onde ele agora residia.
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• Império Solar de Lysandria
Capital: Aetherys, a Cidade Eterna
Raças predominantes: Humanos puros e demi-humanos
Título do regente: Imperador-Sol
Cultivo predominante: Santo Marcial
O Império Solar de Lysandria era o mais antigo e orgulhoso entre os quatro. Seus cidadãos veneravam o Sol como fonte de toda ordem e poder. A luz era vista como a vontade divina encarnada e os mais dignos eram considerados escolhidos para liderar.
A capital, Aetherys, era uma joia arquitetônica esculpida em mármore branco e ouro. Torres se erguiam em direção aos céus, refletindo a luz como espelhos celestiais. No centro da cidade, um templo colossal dedicado ao Sol irradiava energia visível a quilômetros. Diziam que sua chama sagrada jamais se apagava.
A estrutura social era rígida. Nobres de linhagem solar ocupavam as posições mais elevadas, enquanto os plebeus especialmente os que não conseguiam cultivar a Energia Áurea viviam à margem da sociedade. A única exceção era feita àqueles com talentos únicos ou corpos especiais raríssimos.
Para Dário, Lysandria era um terreno fértil para o surgimento de filhos do céu. A tradição, o fanatismo e o poder espiritual criavam o cenário ideal para o nascimento de heróis abençoados.
— Fanáticos, arrogantes, convencidos de que são o centro do mundo... murmurou, com um sorriso enviesado.
— Um playground perfeito para um vilão.