A notícia tomou conta dos tabloides: "A modelo mais cobiçada das passarelas está de volta à sua cidade natal!". Joo Harin, o nome que brilhava nos maiores desfiles do mundo, estava retornando a Seul. Mas por quê? Essa era a grande incógnita que alimentava as especulações da mídia. Teria sido uma escolha profissional? Pessoal? Ou um mistério maior envolvia essa repentina mudança?
Apesar da euforia dos jornalistas e dos fãs, ninguém sabia ao certo o dia em que Harin desembarcaria. Seu empresário, Woo-bin, tratou de garantir que sua chegada fosse discreta. Ele já havia providenciado tudo: uma mansão luxuosa em um condomínio fechado de alto padrão, longe dos holofotes e do assédio incansável da imprensa. Ali, ela poderia desaparecer por um tempo e reorganizar sua vida.
Na madrugada silenciosa, um carro preto de vidros escurecidos cruzou os portões do condomínio sem chamar atenção. Harin estava ali, olhando a cidade que um dia chamou de lar, mas que agora parecia diferente. Não era mais a mesma garota que partiu há alguns anos, ingênua e cheia de sonhos. Voltava transformada, mas não sabia se para melhor ou pior.
Quando o veículo parou na entrada da mansão, Woo-bin saiu primeiro, conferindo se tudo estava em ordem antes de abrir a porta para Harin. Ela desceu com um suspiro pesado, sentindo o ar noturno de Seul tocar sua pele. As luzes da casa estavam acesas, indicando que tudo já havia sido preparado para sua chegada. Dentro, o ambiente era amplo e impecavelmente decorado, mas ainda assim, vazio. Como se, apesar de toda a grandiosidade, faltasse algo para torná-lo realmente um lar.
— Consegui despistar todo mundo. Não tem ninguém do lado de fora, sem paparazzi, sem curiosos — informou Woo-bin, deixando as chaves sobre a mesa da sala. — Pelo menos por enquanto.
Harin soltou uma risada baixa, sem humor.
— Não vai durar muito. Mais cedo ou mais tarde, alguém vai descobrir e eu serei cercada outra vez.
— Então aproveite o tempo que tem. Se precisar sumir, esse é o melhor momento.
Ela concordou com um aceno e caminhou até as enormes janelas que davam vista para Seul. As luzes da cidade piscavam ao longe, como se tentassem atraí-la de volta ao caos do qual tentava fugir. Mas tinha algo reconfortante na ideia de estar ali novamente, na cidade onde tudo começou. Talvez fosse apenas nostalgia... ou talvez fosse o destino, preparando o cenário para algo que ela ainda não compreendia completamente.
Por enquanto, tudo o que Harin queria era silêncio. Longe das passarelas, longe das cobranças. Apenas um momento de respiro antes da tempestade que, ela sabia, viria em breve.
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A manhã estava agitada na Academia Seonhwa. Desde cedo, rumores sobre a nova aluna corriam pelos corredores. Algumas alunas cochichavam animadas, outras corriam para as janelas, e os celulares vibravam com mensagens de confirmação. Joo Harin, a jovem modelo de renome internacional, estava prestes a entrar pela grande porta da instituição.
Quando o carro preto de luxo parou em frente à escola, a multidão de fãs e curiosos já se amontoava do lado de fora. Como ela previa, eles descobriam que ela já tinha chegado e o que pretendia fazer com sua estadia em Seul. A segurança teve dificuldades em conter o entusiasmo das pessoas que gritavam seu nome e erguiam celulares para tirar fotos. Harin suspirou no banco traseiro, ajustou os óculos escuros e, com um último olhar para a tela do celular, abriu a porta. Assim que desceu, flashes estouraram, vozes se elevaram, e o burburinho tomou conta do pátio.
Com passos rápidos, ela atravessou a entrada, sendo escoltada pelos guardas da escola até a recepção. Apesar do incômodo, ela sorria levemente, acenando para algumas estudantes que a cumprimentavam no caminho. Ao entrar no prédio, foi recebida por uma funcionária da administração, que a guiou pelo corredor principal. Assim que virou a esquina, avistou uma figura conhecida de pé, com a postura impecável e um olhar tranquilo. Lee Riyeon.
Riyeon a conhecia há anos, desde que eram crianças no jardim de infância. Embora seus caminhos tenham seguido trajetórias diferentes, havia um respeito mútuo entre elas. Quando Harin se tornou uma celebridade internacional, ocasionalmente se falavam por directs no Instagram, mas nunca tinham sido próximas. Ainda assim, Riyeon foi designada para recebê-la e escoltá-la até a sala.
— Seja bem-vinda, Harin — disse Riyeon, com um tom educado e cordial.
— Obrigada, Riyeon. Que bom te ver — respondeu Harin, sentindo-se estranhamente confortável pela primeira vez desde sua chegada.
Elas caminharam lado a lado, enquanto as alunas ao redor tentavam tirar fotos discretamente ou cochichavam entre si. Algumas se aproximavam para dar um "oi" rápido, outras apenas olhavam de longe, impressionadas com a presença da modelo. Diferente das outras pessoas que Harin encontrou durante sua carreira, Riyeon não parecia fascinada ou deslumbrada com sua fama, e isso a agradou.
Ao chegarem à sala de aula, o professor interrompeu a explicação e olhou para a nova aluna com um sorriso acolhedor. A reitora deu ordens claras para tratá-la com máximo respeito, o seu nome de peso seria benéfico para toda a instituição.
— Ah, nossa nova estudante. Seja bem-vinda. Pode se apresentar brevemente.
Harin respirou fundo antes de falar:
— Olá, pessoal. Meu nome é Joo Harin. Estudei fora por um tempo, mas decidi voltar para terminar o ensino médio na minha cidade natal. Espero me dar bem com todos vocês.
A sala estava em silêncio, mas muitas alunas a observavam com admiração. O professor apontou para um lugar vago, o único disponível, e Harin seguiu seu olhar até encontrar Kim Dae-hyn.
Com a expressão fechada e claramente irritada, Daehyn não demonstrou entusiasmo algum com sua nova colega de classe. Ela tinha os braços cruzados e o olhar fixo na mesa. Harin ponderou, mas seguiu até a cadeira ao lado da garota.
— Olá, eu sou...
— Joo Harin, eu já sei — respondeu Daehyn friamente, sem nem ao menos olhar para ela.
Harin sentiu-se desconfortável, mas apenas sorriu de canto, sem responder. Diferente de todas as outras pessoas que tinham tentado impressioná-la, Daehyn parecia indiferente à sua fama. Mas havia algo a mais ali, algo que Harin não sabia justificar. Talvez essa experiência no ensino médio fosse mais desafiadora do que imaginava.
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Quando o sinal para o almoço tocou, Harin suspirou aliviada. A primeira manhã tinha sido intensa, e ela estava ansiosa para relaxar um pouco. Enquanto arrumava suas coisas, Riyeon se aproximou com um sorriso leve.
— Vai almoçar sozinha? — perguntou Riyeon.
— Pelo visto, sim. Não conheço ninguém ainda — respondeu Harin, dando de ombros.
— Então vem com a gente. Eu e minha namorada sempre almoçamos juntas — convidou Riyeon.
Os olhos de Harin brilharam. Ela já sabia que Jaeyi namorava uma garota.
— Eu adoraria! Obrigada pelo convite.
Elas seguiram juntas até o refeitório. Ao chegarem à mesa, Anya já estava lá, esperando Riyeon. Assim que viu a namorada, Anya sorriu e olhou para Harin com curiosidade.
— Anya, essa é Joo Harin. Harin, essa é minha namorada, Anya Suphakan — apresentou Riyeon.
Harin analisou Anya por um instante e sorriu, genuinamente encantada com a doçura dela.
— Nossa, você é realmente bonita — comentou, fazendo Anya corar levemente.
— Obrigada. Já ouvi falar muito de você — respondeu Anya, rindo.
A conversa entre as três fluiu naturalmente, mas Harin notou que várias alunas se aproximavam da mesa para pedir fotos, entregar garrafinhas de água e até mesmo pequenos presentes. No fim do almoço, a mesa estava cheia de mimos deixados pelas admiradoras de Harin.
Anya riu.
— Isso acontece sempre? — perguntou, apontando para os presentes.
— Quase todo dia — respondeu Harin, suspirando. — Ainda estou tentando me acostumar.
— Eu acho que Riyeon vai ter uma forte concorrente esse ano. Geralmente, o fã-clube dela é animado, mas o seu é bem mais fervoroso — brincou ela, fazendo Riyeon sorrir de lado, enquanto comia sua sobremesa.
Durante a conversa, Harin franziu o cenho ao lembrar da interação com Daehyn mais cedo.
— Aliás, o que há com a minha colega de assento? Ela foi bem hostil comigo — comentou Harin.
Riyeon trocou um olhar breve com Anya antes de responder.
— Daehyn tem um histórico complicado. Ela não é muito amigável, especialmente com pessoas novas. E, sendo sincera, nós temos um passado difícil com ela. Durante um tempo, ela fez bullying com a Anya.
Os olhos de Harin se arregalaram.
— Sério? Eu não imaginava.
— Sim, então um conselho: não tente forçar amizade com ela. Se ela quiser te tratar melhor um dia, que seja por conta própria — alertou Riyeon.
Harin assentiu, pensativa. Talvez sua convivência com Daehyn fosse ainda mais complicada do que imaginava.