A nova mansão de Harin era espaçosa e impecavelmente decorada, mas para ela, era apenas um espaço vazio repleto de caixas. Ao entrar, sentiu a frieza do lugar, algo que contrastava com o calor abafado do final da tarde.
O eco de seus passos pelos corredores amplos reforçava o quanto estava sozinha. A mãe decidira permanecer em Paris, e, como sempre, deixou para trás qualquer responsabilidade que não fosse consigo mesma. Desde que Harin começou a ganhar dinheiro, sua genitora tornou-se ainda mais distante, tratando-a como uma mina de ouro inacabável. Mas Harin nunca teve coragem de cortar o fluxo, nem de confrontá-la. O preço do conflito parecia alto demais, e tudo o que ela queria era paz. Ela praticamente saiu fugida de Paris.
Woobin, seu empresário e uma das poucas pessoas em quem confiava, havia recusado seu convite para morar com ela. Ele queria que Harin tivesse espaço e independência, algo que ela compreendia, mas que ainda assim aumentava sua sensação de solidão.
Passou a tarde desempacotando suas coisas, arrumando roupas no closet e distribuindo pertences pelo quarto. O dia pareceu interminável. Quando o cansaço começou a pesar em seus ombros, percebeu que precisava sair um pouco. Respirar um novo ar, ver algo além das quatro paredes da casa que, apesar de luxuosa, não lhe trazia conforto algum.
Sem destino certo, ela pediu que seu motorista dirigisse pelas ruas bem iluminadas de Seul. Não conhecia mais a cidade como antes, mas logo encontrou um restaurante pequeno e aconchegante. Pediu uma refeição leve, algo simples, e comeu enquanto observava o movimento tranquilo da rua.
Foi quando seus olhos captaram algo na vitrine ao lado. Uma loja de instrumentos musicais. Mais especificamente, um violino. Seu coração acelerou levemente ao ver o belo instrumento exposto. Era algo que sempre quis aprender, mas nunca teve tempo ou incentivo. Sua mãe zombava sempre que Harin tocava no assunto. Para ela, a música não era um caminho digno; não passava de um hobby sem futuro. "Artistas não vivem, apenas sobrevivem", ela dizia.
Mas Harin acreditava no contrário. Para ela, a arte era uma forma de expressão, um refúgio. Sempre sonhou em estudar em uma faculdade de artes, mas nunca teve coragem de assumir esse desejo para valer. A carreira de modelo a impulsionou para o sucesso financeiro e midiático, mas nunca preencheu sua alma.
Impulsionada pelo momento, entrou na loja. O som de uma música clássica ao fundo tornava o ambiente ainda mais cativante. Caminhou até o violino, deslizando os dedos pelas cordas sem pressá-las. O véu de nostalgia envolveu seus pensamentos.
— Tem interesse? – perguntou um atendente, sorrindo gentilmente.
Harin analisou o instrumento antes de assentir.
— Sempre quis aprender, mas nunca tive a chance.
— Então talvez seja a hora – ele disse, encorajando-a.
Ela soltou um riso baixo, sentindo uma centelha de esperança.
Talvez fosse mesmo a hora.
— Acho que tem razão. Vocês fazem entrega? — o atendente confirma com a cabeça, assim que ela entrou na loja, ele a reconheceu.
Harin caminhou até o caixa e pagou pelo violino e por um piano, em seguida, escreveu seu endereço para que fosse feita a entrega. Antes de ir embora, ela tirou algumas fotos com alguns fãs e se retirou. Indo em direção a sua casa, ela precisava descansar para o dia seguinte.
---
O segundo dia na academia foi ainda mais desafiador, fazia muito tempo que ela estava fora das salas de aula, o que a deixou atrasada dos demais. Harin sentiu a dificuldade martelar em sua mente, enquanto tentava assimilar as matérias. Quando ela chegou até a sala de aula e avistou Daehyn, ela foi educada e desejou-lhe "bom dia", mas Daehyn apenas resmungou e não respondeu diretamente.
A hostilidade que ela a tratava sem motivos, incomodava Harin, ela lembrou do que Riyeon havia dito a si. E por isso, apenas ignorou a garota ao seu lado. Muitas garotas, ao longo do dia, apareciam em sua sala para cumprimentá-la ou deixar algum presente, não demorou muito até Daehyn reclamar disso.
— Você pode por favor, pedir para suas fãs pararem de emporcalhar a minha mesa com essas bobagens? — disse ela entre dentes, enquanto Harin tomava uma garrafa com água.
— Por que isso te incomoda? As coisas estão na minha mesa.
— Não me interessa. Estão invadindo o meu espaço pessoal. Eu não estou nem aí se você é uma celebridade ou não. Apenas fique fora do meu caminho — Daehyn disse isso e virou as costas, não dando espaço para Harin rebater. Ela ficou ali parada, sem saber como reagir, era a primeira vez que outra pessoa além da sua mãe era rude com ela sem qualquer motivo.
Harin franziu a testa, sentindo uma mistura de confusão e irritação crescer dentro de si. Ela colocou a garrafa de água sobre a mesa com um pouco mais de força do que pretendia e cruzou os braços.
— Eu não estou no seu caminho, garota. Você que parece determinada a me odiar sem nem me conhecer.
Daehyn parou o que fazia, mas não se virou.
— Eu não te odeio. Só não suporto esse circo todo.
— Isso te afeta tanto assim? — Harin inclinou a cabeça, tentando entender. — Porque, sinceramente, parece mais um problema seu do que meu.
Daehyn riu sem humor, balançando a cabeça.
— Claro, porque tudo sempre tem que girar ao seu redor, né?
Harin sentiu uma pontada de incômodo com aquelas palavras, mas se recusou a demonstrar.
— Se você quer me evitar tanto assim, ótimo. Mas não me culpe por algo que eu não controlo.
Daehyn apertou os punhos, sentindo uma raiva irracional crescer. Mas, em vez de responder, apenas saiu da sala, deixando Harin para trás, ainda confusa com o que acabara de acontecer.