feira semestral

A feira semestral da Academia Seonhwa estava a todo vapor. Os corredores decorados com luzes e banners coloridos refletiam a empolgação dos alunos, que se divertiam entre os estandes de jogos e comida. O evento deste ano trazia novidades, incluindo o tão comentado "Encontro às Cegas", um jogo em que dois participantes, desconhecidos ou não, tinham um minuto cronometrado para se conhecerem dentro de uma tenda.

Daehyn caminhava despreocupada pelo evento quando sentiu alguém puxar seu braço.

— Você vai ser a primeira a testar o jogo! — disse uma colega de classe, a arrastando para dentro da tenda antes que pudesse protestar.

— Espera, eu nem me inscrevi nisso! — Daehyn tentou argumentar, mas foi ignorada.

Com um suspiro, ela se acomodou na cadeira dentro da tenda, sentindo o olhar curioso do rapaz à sua frente. O cronômetro foi acionado, e os dois começaram uma conversa superficial sobre hobbies e a feira. Do lado de fora, uma pequena multidão de alunos se reuniu, esperando ansiosa para ver quem sairia de lá junto com Daehyn.

Enquanto isso, Joo Harin passava pelo local acompanhada de algumas colegas quando notou a movimentação. Intrigada, aproximou-se e perguntou o que estava acontecendo.

— Ah, é o jogo do encontro às cegas! Daehyn foi a primeira a participar, está lá dentro com um cara — explicou uma garota animada.

Harin sentiu uma pontada estranha no peito, um incômodo que não queria admitir. Com os braços cruzados, observou a tenda com expressão neutra, mesmo que, por dentro, um sentimento se revirasse.

Quando o tempo acabou, Daehyn e o rapaz saíram da tenda. O momento mais aguardado chegou: ele teria a opção de revelar sua identidade ou permanecer anônimo. Ele sorriu e decidiu mostrar o rosto, arrancando gritos animados da plateia, que já começava a torcer por um casal improvável. O rapaz parecia satisfeito, enquanto Daehyn, visivelmente desconfortável, apenas acenava de maneira educada.

A essa altura, Harin já se afastava do grupo, sentindo o sangue ferver. Seu coração batia rápido, e ela precisava se controlar. "Isso não tem nada a ver comigo", repetia para si mesma, tentando ignorar a irritação crescente. Mas, no fundo, ela sabia a verdade.

Do outro lado, Daehyn percebeu a saída abrupta de Harin e franziu o cenho. Será que aquilo tinha a ver com o jogo? Mas descartou a ideia rapidamente. Harin foi quem colocou um ponto final entre elas, não fazia sentido ela se importar com algo assim. Talvez fosse só impressão sua. Com um suspiro, decidiu não pensar mais nisso e continuou aproveitando o evento, mesmo que, no fundo, uma pequena parte de si desejasse que Harin estivesse ao seu lado.

A noite seguia animada, com risadas ecoando pelo campus. No entanto, Harin não sentia vontade de estar no meio daquela multidão. Depois de ter visto Daehyn no encontro às cegas, a raiva e o ciúme tomaram conta dela de um jeito que a sufocava. Então, ela se afastou e encontrou refúgio na arquibancada mais alta do campo da escola. Dali, poderia assistir aos fogos de artifício sem ninguém por perto para incomodá-la.

Enquanto isso, Daehyn se esquivava habilmente do rapaz que, animado pelo jogo, insistia em puxar assunto com ela. Ela não queria ser rude, mas sua paciência já estava se esgotando. A solução mais óbvia era procurar um local afastado, e foi assim que seus passos a guiaram para a arquibancada. Ela subiu os degraus sem prestar muita atenção e se sentou, aliviada por ter um momento de paz.

O céu começou a ser tomado por tons rosas e prateados, enquanto os primeiros fogos explodiam no alto. A beleza da cena fez Harin murmurar para si mesma:

— Isso é lindo...

Ao ouvir a voz, Daehyn virou-se, percebendo só então que não estava sozinha. Seus olhos encontraram os de Harin sob a luz pulsante dos fogos. As duas lembraram-se da Disney, do momento que compartilharam. Elas se encararam, sentindo a tensão do passado recente misturar-se com a atmosfera mágica do momento.

Daehyn foi a primeira a desviar o olhar, soltando um riso soprado e sem humor.

— Parece que a arquibancada é um esconderijo popular hoje.

Harin cruzou os braços, mantendo o olhar fixo nos fogos.

— Você que se sentou aqui. Eu cheguei primeiro.

— Eu não sabia... — Daehyn murmurou, sentindo-se estranhamente vulnerável.

Por um momento, tudo o que se ouviu foram os estouros no céu. Mas o silêncio entre elas não era confortável. Era carregado de tudo o que não haviam dito desde a briga. Já tinha se passado duas semanas.

Harin respirou fundo e disse:

— Sobre o que aconteceu...

Daehyn fechou os olhos, interrompendo-a.

— Não tem o que falar. Você já deixou claro que eu não significo nada para você.

O peito de Harin se apertou. Aquilo não era verdade, mas ela não podia contar o real motivo de seu afastamento. O olhar de Daehyn estava firme, mas quebrado, uma expressão que Harin queria desesperadamente consertar.

O céu explodiu em um mar de cores, iluminando os rostos delas novamente. Daehyn, tomada pela mistura de raiva, frustração e dor, simplesmente agiu. Antes que pudesse se censurar, inclinou-se e beijou Harin.

O contato foi firme e decidido. Um choque quente percorreu ambas, e Harin demorou meio segundo para corresponder. Seus lábios se encaixaram, e tudo ao redor desapareceu. Não havia arquibancada, nem fogos de artifício, nem feira. Apenas elas e o sentimento que, por tanto tempo, tentaram ignorar.

Mas então, a realidade bateu. Harin se afastou primeiro, respirando de forma irregular. Seus olhos estavam arregalados, como se estivesse assustada com o que tinha acabado de acontecer.

Daehyn a observou, o coração batendo rápido. Achou que Harin fosse dizer algo, mas a garota apenas desviou o olhar, mordendo o lábio inferior.

— Eu... preciso ir — murmurou Harin, levantando-se abruptamente e descendo os degraus.

Daehyn ficou ali, observando-a desaparecer entre a multidão, sentindo-se realizada e mais confusa do que nunca.