Os dias se seguiram e a recuperação de Daehyn progredia bem. A cada visita, Harin ficava ao seu lado, ajudando-a a se alimentar, acompanhando os exames e garantindo que ela não ficasse entediada. A dinâmica entre as duas voltou a ser como antes, cheia de provocações e brincadeiras.
— Você está me mimando demais — resmungou Daehyn, enquanto Harin cortava sua comida em pedaços pequenos.
— Eu só não quero que você morra engasgada na minha frente — retrucou Harin, com um sorriso travesso. — Seria traumático demais.
Daehyn arqueou uma sobrancelha, pegando o garfo da mão dela.
— Eu ainda sei usar talheres, sabia? — disse, levando um pedaço à boca.
— Não parece, com essa cara de sofrimento pra mastigar. — Harin apoiou o queixo na mão, observando-a com divertimento.
— Se você tivesse sido atropelada, eu ia te zoar muito — Daehyn rebateu com um olhar desafiador.
— Ah, eu sei que ia — Harin riu. — Mas, para sua infelicidade, eu continuo intacta e agora posso fazer piadas à vontade.
As visitas de Riyeon, Anya e Jiwon também eram constantes. Sempre que apareciam, o quarto de hospital se tornava uma mistura de risadas e caos.
— Daehyn, nós trouxemos um presente especial pra você — anunciou Jiwon, entregando-lhe um pequeno embrulho.
Daehyn abriu a caixa com curiosidade e encontrou um sino de mesa.
— Isso é sério? — Ela olhou para elas com incredulidade.
— Agora você pode tocar quando precisar de ajuda! — Anya explicou, segurando o riso.
— E irritar a Harin o tempo todo — Riyeon acrescentou com um olhar malicioso.
Harin suspirou, pegando o sino da mão de Daehyn antes que ela pudesse testá-lo.
— Esse presente foi um erro — murmurou, escondendo-o atrás das costas.
— Devolve! — Daehyn protestou, tentando alcançar o objeto.
— Se você conseguir pegar, eu devolvo — Harin provocou, levantando-se e segurando o sino fora do alcance.
A mãe de Daehyn assistia à cena com um sorriso no rosto. Era reconfortante ver sua filha cercada de pessoas que se importavam com ela. Pela primeira vez, sentia que Daehyn tinha um verdadeiro círculo de apoio.
— Está bom ver você rindo tanto, filha — comentou, pegando levemente em sua mão.
Daehyn olhou para a mãe e apertou seus dedos de volta.
— Acho que estou cercada de malucas — brincou. — Mas não posso reclamar.
O quarto se encheu de risos e, tudo parecia leve, como se a tempestade finalmente estivesse passando. A mãe de Harin simplesmente sumiu do mapa. E para o bem dela, que continuasse assim. Ela não poderia mais chegar perto da filha, e qualquer tentativa de contato, seria presa. Miran não teria outra escolha a não ser se manter escondida por muito tempo. Harin sentiu que finalmente estava livre dela para sempre.
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O dia da alta de Daehyn finalmente chegou. Com um suporte no braço quebrado, ela sentia uma leve frustração por não poder usá-lo completamente, mas ao menos teve a sorte de não ser o braço que usava para escrever. Isso significava que poderia voltar para a academia Seonhwa sem grandes dificuldades.
Assim que saiu do hospital, Riyeon lhe entregou um cronograma detalhado com todas as matérias que perdeu nas últimas duas semanas.
— Fiz questão de organizar tudo para você — disse Riyeon com orgulho. — Agora não tem desculpa para ficar para trás.
— Você realmente é assustadora — Daehyn murmurou, olhando a pilha de anotações.
— Eficiente — corrigiu Riyeon com um sorriso.
Harin, que acompanhava tudo de perto, se aproximou e pegou uma das folhas.
— Se precisar de ajuda, estou à disposição — disse ela, dando um leve sorriso. — E nem adianta reclamar, porque eu vou te ajudar de qualquer jeito.
Aos poucos, a vida de Daehyn voltava ao normal, mas com algumas mudanças. Ela não era mais a garota ranzinza que evitava todo mundo. Agora, se via cercada de pessoas que realmente se importavam com ela. Estava mais aberta a interações, mais social.
Certa tarde, enquanto estavam na sala de estudos particular de Riyeon, Daehyn observava Harin anotando algo em seu caderno. A concentração da garota era impressionante, e Daehyn se pegou encarando-a por longos segundos, sentindo seu coração acelerar de maneira inesperada. Harin era tão linda e fofa. Que era impossível não se apaixonar pela delicadeza que ela transmitia.
— Eu te amo. — As palavras escaparam antes que ela pudesse controlar.
Harin parou no mesmo instante, o lápis congelando no meio da página. Seus olhos se arregalaram, e um leve rubor tomou conta de seu rosto.
— O quê? — perguntou, piscando algumas vezes como se tentasse processar o que acabara de ouvir.
— Eu disse que te amo — repetiu Daehyn, agora com um pequeno sorriso. — Desde que você me confessou seus sentimentos, eu nunca respondi de verdade. Então achei que já estava na hora.
Harin desviou o olhar, claramente envergonhada, mas logo soltou um riso nervoso.
— Sério? Você escolheu o momento mais aleatório possível para isso? — provocou, tentando disfarçar a vermelhidão em seu rosto.
— Bem, eu só disse quando senti vontade. — Daehyn deu de ombros, divertida com a reação de Harin.
Harin revirou os olhos, mas um sorriso bobo surgia em seus lábios. Sem dizer nada, pegou uma caneta e se aproximou do braço engessado de Daehyn.
— O que você está fazendo? — perguntou Daehyn, franzindo o cenho.
— Se você pode me surpreender do nada, eu também posso fazer o mesmo. — Harin sorriu travessa e começou a escrever alguma coisa no gesso.
Quando terminou, Daehyn olhou para a mensagem e soltou uma risada alta. No meio do gesso, em letras bem visíveis, estava escrito: "Eu também te amo". Ao lado da frase, Harin havia desenhado pequenos corações e até um rostinho sorrindo.
— Você é uma boba — disse Daehyn, ainda rindo.
— E você finalmente disse que me ama — respondeu Harin, piscando para ela.
Daehyn olhou para a escrita em seu braço e sentiu-se completamente feliz. A vida finalmente estava voltando para o caminho certo.