O silêncio no corredor do hospital era sufocante. Todos estavam tensos, presos na incerteza enquanto aguardavam notícias. O tempo parecia se arrastar, cada segundo uma tortura para aqueles que esperavam por Daehyn.
Quando as portas da ala cirúrgica finalmente se abriram, o pai de Riyeon surgiu com um semblante sério, mas menos carregado de preocupação do que antes. Todos se levantaram de imediato, os olhares fixos nele, esperando por qualquer informação.
Ele respirou fundo antes de falar:
— A cirurgia foi finalizada com sucesso.
Um suspiro coletivo de alívio percorreu o grupo. Harin sentiu suas pernas vacilarem e precisou se segurar na lateral do banco.
— Como ela está? — A voz da mãe de Daehyn soou embargada.
— Daehyn tinha um inchaço no cérebro e uma fratura no braço. Conseguimos estabilizar o inchaço e colocamos uma placa para corrigir a fratura. Agora temos que aguardar como o corpo dela vai reagir.
As palavras pairaram no ar. O alívio inicial deu lugar a uma nova onda de preocupação. Esperar. Sempre esperar.
Harin, que até então segurava as lágrimas, não conseguiu mais. Seus olhos se encheram, e sua voz saiu trêmula quando perguntou:
— Ela vai acordar logo?
O doutor Yoo suspirou pesadamente.
— Não sabemos. O corpo dela passou por um trauma severo. Agora, só podemos aguardar.
Harin apertou os punhos. Sentia-se impotente, como se nada que fizesse fosse suficiente para trazê-la de volta.
A mãe de Daehyn fechou os olhos, tentando conter a emoção, e depois murmurou:
— Obrigada, doutor Yoo.
Ele assentiu em cumprimento. Riyeon e Anya se abraçaram, compartilhando um alívio silencioso. Mas, apesar do sucesso da cirurgia, a incerteza ainda pairava sobre todos.
Agora, tudo o que restava era esperar... e ter fé.
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O quarto de hospital era silencioso, exceto pelo som rítmico dos aparelhos monitorando os sinais vitais de Daehyn. A luz suave refletia sobre sua pele pálida, e Harin sentiu o coração apertar ao vê-la ali, imóvel, cercada por fios e tubos. Era doloroso demais. Faziam três dias que Daehyn estava em coma, sem sinais de que acordaria logo. A equipe médica monitorava seu progresso lento.
Com passos cautelosos, Harin se aproximou da cama, sentindo o peso esmagador da culpa sobre si. Sentou-se ao lado, pegando com delicadeza a mão fria de Daehyn entre as suas. Lágrimas começaram a se formar em seus olhos antes mesmo de dizer qualquer palavra.
— Eu sinto muito... — sua voz saiu em um sussurro trêmulo. — Eu sinto muito por tudo, Daehyn. Por ter te afastado, por não ter sido forte o suficiente... por não ter te protegido como eu queria.
Ela engoliu em seco, apertando os dedos da jovem inconsciente com mais força.
— Eu tentei... juro que tentei. Tudo o que eu fiz, tudo o que eu disse, foi para te manter segura. Mas no final, nada adiantou. Minha mãe conseguiu te machucar, conseguiu te atingir da pior forma possível. — O choro rompeu sua voz, e ela abaixou a cabeça, pressionando os lábios contra a mão de Daehyn. — Eu trocaria de lugar com você se pudesse. Daria qualquer coisa para que você estivesse bem, para que estivesse sorrindo agora... para que estivesse brigando comigo por ter sido covarde.
Ela soltou um riso fraco e triste, enquanto as lágrimas escorriam pelo seu rosto.
— Eu não sei o que fazer se você não acordar... Eu preciso de você, Daehyn. Preciso ver seus olhos me olhando de novo, ouvir sua voz reclamando de como sou irritante... Eu preciso que você lute, por favor.
O silêncio do quarto a sufocava, tornando suas palavras ainda mais pesadas. Tudo o que queria era um sinal, qualquer coisa que indicasse que Daehyn ainda estava ali, que a ouvia, que voltaria para ela. Mas tudo o que recebeu foi o som contínuo do monitor cardíaco, ecoando como uma resposta vazia.
Deslizou os dedos pelo rosto de Daehyn com carinho, ajeitando sua franja de cabelo para o lado.
— Eu te amo. — Sua voz quase não saiu, mas o sentimento estava ali, cravado em cada sílaba. — Eu só queria ter tido coragem de dizer isso antes.
Ela fechou os olhos, permitindo-se chorar em silêncio ao lado da pessoa que amava. E, mesmo sem resposta, decidiu que ficaria ali, segurando sua mão, até que Daehyn estivesse pronta para voltar para ela.
— Você não deveria... declarar seu amor comigo acordada? — A voz rouca e fraca quebrou o silêncio do quarto.
Harin congelou. Seus olhos se arregalaram, o coração disparou dentro do peito. Sua cabeça se ergueu em um estalo.
— Você está me ouvindo? — perguntou, a voz trêmula, a boca entreaberta em choque.
Daehyn tentou abrir os olhos, piscando algumas vezes para ajustar a visão. Sua expressão era cansada, mas carregava um vestígio de humor.
— Claro que estou. Eu não sou surda. — Sua voz ainda era fraca, mas carregava aquela teimosia que Harin conhecia tão bem.
As lágrimas voltaram aos olhos de Harin, mas dessa vez por um motivo completamente diferente. Um soluço escapou de sua garganta enquanto ela segurava com mais força a mão de Daehyn.
— Onde eu estou...? O que aconteceu? — Daehyn franziu a testa, tentando se situar.
— Você... você sofreu um acidente. Você foi atropelada. — A voz de Harin falhou no final da frase. — Mas você está bem agora. Você voltou pra mim.
Daehyn encarou Harin, absorvendo a informação. Então, esboçou um pequeno sorriso.
— Eu voltei... então não precisa mais chorar. — Seus dedos se moveram fracamente, tentando tocar o rosto de Harin.
Harin riu entre as lágrimas, levando a mão de Daehyn até sua própria bochecha, fechando os olhos ao sentir o toque.
— Eu achei que ia te perder... — confessou.
Daehyn respirou fundo, cansada, mas seu olhar permaneceu fixo em Harin.
— Eu não iria te deixar. — Ela apertou levemente a mão de Harin. — E agora que eu sei que você me ama, acho que tenho um bom motivo para me recuperar logo.
Harin riu de leve, fungando.
— Você sempre foi convencida...
— E você sempre me amou assim mesmo. — Daehyn fechou os olhos, exausta, mas ainda segurando a mão de Harin.
Harin observou o sorriso fraco nos lábios dela e, sentiu esperança.