O clima dentro do hospital já estava pesado, mas quando um investigador surgiu pelos corredores, a tensão se tornou palpável. Ele se aproximou da mãe de Daehyn e pediu para conversar em particular. Logo depois, dirigiu-se a Harin.
— Senhorita Joo, precisamos falar com você. Conseguimos acessar as imagens da câmera de segurança da escola Mirae — anunciou, seu olhar firme.
O coração de Harin deu um salto. Com um aceno, seguiu-o até uma sala reservada.
— Conseguimos identificar o momento exato do acidente. — O investigador colocou um tablet sobre a mesa e pressionou o play.
O vídeo começou a rodar. Harin assistiu, sentindo o ar faltar. Daehyn estava na faixa de pedestres, esperando o sinal fechar para atravessar. Então, um carro preto, aparentemente parado mais atrás, avançou de repente, indo direto contra ela. O impacto foi brutal. O corpo de Daehyn voou pelo ar antes de cair no asfalto.
A imagem congelou no instante seguinte. O silêncio na sala era absoluto.
— Isso não foi um acidente — o investigador disse, com a voz grave. — O motorista esperou o momento exato para atingi-la. Foi premeditado. Algumas testemunhas também afirmaram que viram um carro suspeito estacionado perto da escola. Fizemos uma análise, e se tratava do mesmo carro, dias antes. Parece que o motorista estava esperando a oportunidade certa, já que a senhorita Daehyn sempre saía da escola acompanhada de você. Infelizmente, hoje, você não estava e o suspeito viu uma oportunidade infalível.
Harin levou a mão à boca, sentindo-se enjoada. Sua mente girava, tentando processar aquelas palavras.
— E tem mais. A placa do carro está registrada em uma locadora de veículos. Fomos atrás do recibo e... — Ele puxou um papel de dentro de uma pasta e colocou sobre a mesa. — O aluguel foi feito no nome de Joo Mi-ran.
Harin congelou. Um arrepio subiu por todo seu corpo.
— O quê...? — Sua voz saiu falha.
— Joo Mi-ran, sua mãe. — O investigador confirmou, observando atentamente sua reação. — Você sabe onde ela pode estar agora?
As palavras se misturavam em sua mente. O choque era tão grande que suas mãos começaram a tremer. A suspeita dela estava correta. Sua mãe foi implacável na ameaça.
— Isso... não pode estar acontecendo. — Ela sussurrou, negando com a cabeça. — Minha mãe... ela está fora de si...
Mas uma parte dela sabia que aquilo poderia ser o início do fim. A ameaça que Mi-ran fizera a Daehyn ecoou em sua cabeça. "Se você não se afastar, algo ruim pode acontecer." Ela realmente cumpriu o que disse. Harin sentiu o estômago revirar. Como sua própria mãe pôde fazer algo tão bárbaro?
Engolindo em seco, ela olhou para o investigador e começou a falar. Contou tudo. Desde o início. Como Mi-ran sempre fora controladora, como nunca aceitara suas escolhas. Relatou as ameaças, os confrontos, o terror psicológico que vinha sofrendo. Contou sobre o processo que estava em andamento para impedir que sua mãe se aproximasse dela.
O investigador ouviu tudo em silêncio. A mãe de Daehyn, que acompanhava a conversa, também absorvia cada palavra. Seu olhar permanecia fixo em Harin, sem interrupções.
Quando Harin terminou, um silêncio pesado tomou conta da sala. Finalmente, o investigador respirou fundo.
— Isso ajuda muito em nossa investigação. Vamos manter tudo em sigilo, já que você é uma figura pública. Além disso, Daehyn é uma pessoa comum e, infelizmente, acidentes assim não chamam a atenção da mídia. Vamos continuar as buscas pela sua mãe, e qualquer coisa, entraremos em contato.
Ele se levantou e se despediu, deixando Harin com a senhora Kim.
A mãe de Daehyn a encarou, os olhos cheios de perguntas não ditas. Então, com voz serena, perguntou:
— Qual a ligação entre você e minha filha, Harin? Por que sua mãe faria algo assim?
Harin engoliu em seco. Ela soube, que não podia mais esconder a verdade.
— Eu e Daehyn... estávamos juntas — confessou, sua voz falha. — Mas eu me afastei porque minha mãe estava me chantageando. Ela ameaçou machucar Daehyn se eu não terminasse com ela.
Os olhos da senhora Kim não demonstraram surpresa, apenas um entendimento silencioso. Ela cruzou os braços, ouvindo com atenção.
— Eu tentei protegê-la... mas no final, falhei. — As lágrimas começaram a rolar pelo rosto de Harin. — Se eu tivesse sido mais forte, se tivesse enfrentado minha mãe antes... nada disso teria acontecido.
Sua culpa a esmagava. O peito doía como se estivesse sendo rasgado por dentro.
— A culpa é toda minha — murmurou, cobrindo o rosto com as mãos.
Um toque suave em seu ombro a fez levantar o olhar. A senhora Kim a observava com ternura, mas também com firmeza.
— Não se culpe, querida. Você não tem culpa do que sua mãe fez. — Sua voz era calma, mas cheia de convicção. — O que aconteceu foi terrível, mas Daehyn vai ficar bem. Vamos pensar positivo.
— Me perdoe por tudo.
— Fique calma. Eu não vou dar queixa, por sua causa, não quero seu nome envolvido em nenhum escândalo por conta da sua mãe. Essa situação seria um prato cheio para a mídia, e traria danos à sua imagem irreversíveis. Não vamos dar esse gostinho à sua mãe. Vamos focar apenas na recuperação da minha filha. Tudo ficará bem.
O calor daquele abraço inesperado quebrou qualquer barreira que Harin ainda tentava manter. Ela se permitiu chorar, soluçar baixinho contra o ombro da mulher que, apesar de tudo, escolheu acolhê-la naquele momento.
Elas ficaram assim por longos minutos, compartilhando a dor, a preocupação, e a esperança silenciosa de que Daehyn abriria os olhos e voltaria para elas.
Agora, só restava esperar... e enfrentar as consequências.