Uma Semana Depois
A chuva não dava trégua. Os pneus do carro cortavam a estrada molhada enquanto Harin tentava controlar a respiração acelerada. O telefone ainda tremia em sua mão, a tela acesa com a última mensagem que recebera: "Daehyn foi atropelada. Está no hospital."
Seu coração martelava contra o peito. O caminho parecia interminável, cada semáforo um obstáculo insuportável. Assim que o carro parou diante do hospital, Harin saltou, ignorando a chuva que ainda caía forte. Correu para dentro do prédio, os corredores frios e brancos fazendo sua pele arrepiar. Seu olhar varreu o espaço, buscando desesperadamente por alguém que pudesse lhe dar informações.
Quando encontrou a mãe de Daehyn, o estômago revirou. O rosto dela estava abatido, os olhos avermelhados, e a postura rígida indicava o quanto tentava manter a compostura.
— Como isso aconteceu? — A voz de Harin saiu cortante, sem esconder o desespero.
A mulher soltou um suspiro pesado antes de responder:
— Foi perto da escola Mirae. Disseram que ela atravessou a rua e... o carro veio rápido demais.
Harin sentiu o sangue fugir do rosto. Escola Mirae. O local onde Daehyn ficava presa toda vez que chovia... dessa vez, ela não estava lá para ajudá-la a chegar em segurança. Um pensamento sombrio se infiltrou em sua mente. E se aquilo não tivesse sido um acidente? E se sua mãe estivesse envolvida? Ela deixou uma ameaça clara.
Antes que pudesse aprofundar essa linha de raciocínio, Riyeon, Anya e Jiwon apareceram no corredor. O rosto de Riyeon refletia angústia, Anya segurava um casaco contra o peito, e Jiwon tinha as mãos fechadas com força ao lado do corpo.
— Como ela está? — Riyeon perguntou, ofegante.
A mãe de Daehyn abriu a boca para responder, mas foi interrompida pela chegada de uma mulher que impunha respeito. O jaleco bem passado e o crachá reluzente denunciavam sua posição: a vice-diretora do hospital. Mais que isso, a mãe de Riyeon.
Ela caminhou até o grupo com uma expressão séria. Parou diante da mãe de Daehyn, trocando um olhar pesado com ela antes de se dirigir a todos.
— Daehyn precisa passar por uma cirurgia de emergência. A lesão na cabeça é grave — anunciou, com um tom que não permitia dúvidas.
O coração de Harin apertou. As palavras giravam em sua mente como navalhas afiadas. Lesão na cabeça. Cirurgia de emergência.
— Meu marido será o responsável pela operação — acrescentou ela, pousando uma mão no ombro de Riyeon em um gesto sutil de conforto.
O silêncio caiu sobre o grupo. Não havia nada a ser feito além de esperar.
Harin sentou-se em um dos bancos do hospital, os braços apoiados sobre os joelhos e as mãos entrelaçadas. Seu corpo inteiro parecia tenso, a respiração superficial. Sua mente repetia imagens de Daehyn sorrindo, Daehyn irritada, Daehyn segurando sua mão na sala de aula, Daehyn caminhando sob a chuva.
Ela fechou os olhos com força, tentando conter as lágrimas que ameaçavam transbordar.
O tempo se arrastava cruelmente. Cada minuto parecia uma eternidade. Anya mordia o lábio inferior, Jiwon olhava para o chão sem foco, e Riyeon não desgrudava os olhos da porta por onde os médicos haviam desaparecido.
A mãe de Daehyn permanecia imóvel, os braços cruzados, mas seu olhar traía o medo profundo que sentia.
Não importava o que acontecesse, não importava se Daehyn ainda a afastava ou se seu perdão nunca chegaria. Tudo o que importava naquele momento era que ela sobrevivesse. Que voltasse para elas.
O relógio na parede marcava cada segundo como um martelo batendo em sua consciência. Cada batida trazia lembranças que ela tentava suprimir, mas não conseguia.
Jiwon foi a primeira a quebrar o silêncio:
— E se... e se algo der errado?
Anya imediatamente segurou a mão dela, apertando firme.
— Não vai — sua voz tremeu. — Ela vai sair dessa.
Riyeon não disse nada, apenas olhava fixamente para a porta. Sua mãe, em pé um pouco mais afastada, verificava algumas informações com os médicos.
Harin se levantou de repente. Precisava de ar. Caminhou até um dos corredores menos movimentados e apoiou-se contra a parede, fechando os olhos. Seu peito subia e descia rapidamente.
— Por favor... — sussurrou para si mesma. — Volte para nós.
Um toque em seu ombro a fez sobressaltar. Era Riyeon.
— Ela é forte — disse, a voz mais firme do que parecia sentir. — Mas se precisar desmoronar um pouco... estamos aqui.
Harin assentiu, sentindo os olhos arderem.
A espera continuou. Cada segundo, uma tortura. O destino de Daehyn estava nas mãos dos médicos, e tudo que restava era esperança.