finalmente, paz

As portas da Academia Seonhwa se abriram para elas naquela manhã como se o mundo estivesse um pouco mais brilhante. Daehyn e Harin caminhavam lado a lado, seus semblantes radiantes. Elas compartilhavam sorrisos cúmplices e toques sutis enquanto seguiam para a sala de aula. A novidade entre elas ainda era fresca, mas carregava um peso confortável de felicidade.

Ao chegarem, Riyeon, Anya e Jiwon já estavam em seus lugares. Assim que Harin e Daehyn se sentaram, Riyeon lançou um olhar demorado para o pescoço da amiga e sorriu de lado. Seus olhos brilharam ao reconhecer os colares combinando.

— Não acredito! — Jiwon praticamente saltou em sua cadeira, apontando para os colares. — Vocês estão namorando também?!

Daehyn ergueu uma sobrancelha e cruzou os braços.

— Isso é inveja? — alfineta, Daehyn.

— Um pouco — Jiwon fez um beicinho. — Eu vou ter que segurar vela para dois casais agora? Isso é tão injusto.

— Então está na hora de arrumar alguém também — Riyeon sugeriu, com um sorriso travesso. — Não quero ninguém solitário nesse grupo.

Anya riu, concordando.

— Exato! Quem sabe esse não é o seu ano de sorte?

Daehyn, sempre reservada, lançou um olhar sério para as amigas.

— Nem preciso dizer que isso fica entre nós, certo? — avisou, fazendo questão de reforçar. — Não quero que as pessoas saibam, para não prejudicar a Harin.

— Sim, senhora! — Riyeon brincou, fazendo uma saudação teatral.

— Nem namorando ela deixa de ser mandona — Jiwon revirou os olhos e Riyeon a acompanhou na provocação.

— Não é curioso... — Jiwon começou, como se estivesse analisando um grande mistério. — Daehyn começou sendo a vilã da história de vocês. E agora ela é protagonista de outra história de amor com um final feliz. Quando vai ser a minha vez?

— Calma, vai chegar a sua vez, Jiwon! — Anya assegurou, batendo no ombro da amiga. — Está cheio de garotas nessa escola.

— Você vai encontrar sua metade — Harin acrescentou, dando um empurrãozinho amigável nela.

— Se a Daehyn encontrou, ainda há esperança para a humanidade — Riyeon alfinetou, arrancando uma risada geral.

Daehyn apenas mostrou o dedo para ela, sem paciência para discutir.

— Falando nisso... — Jiwon estreitou os olhos para Daehyn. — Que tipo de pedido você fez?

Daehyn deu de ombros, um sorriso travesso nos lábios.

— Vai morrer de curiosidade — ela disse, lançando um olhar de canto.

— Que malvada! — Jiwon suspirou dramaticamente. — Eu gosto de pessoas mais velhas que eu — disse de repente, desviando a conversa para si mesma. — Aqui não tem ninguém que me interesse. A Riyeon é uma exceção. Eu gosto da mente dela, e não da parte física.

Anya e Riyeon se entreolharam, confusas.

— Espera, você gosta das mais velhas? — Anya repetiu, como se estivesse processando a informação. — Nunca imaginaria isso.

— Você já gostou de alguém mais velha antes? — Harin perguntou, curiosa.

Jiwon deu de ombros, pensativa.

— Já, mas nunca deu certo. Pessoas mais velhas normalmente não me levam a sério.

— Talvez você devesse mudar sua abordagem — Riyeon sugeriu. — Algumas pessoas mais velhas gostam de maturidade. Você pode tentar demonstrar isso.

— É, mas ser madura dá muito trabalho — Jiwon lamentou, fazendo todas rirem.

Daehyn apenas observava tudo, um sorriso discreto nos lábios. Ela nunca imaginou que, meses depois, estaria ali, cercada por pessoas que realmente se importavam com ela. E agora, tinha Harin ao seu lado, de um jeito que nunca achou que seria possível.

Harin notou o olhar contemplativo dela e cutucou seu braço de leve.

— No que está pensando? — perguntou, baixinho.

Daehyn virou-se para ela e sorriu.

— Que eu tenho sorte de ter você.

Harin ficou momentaneamente sem palavras, sua expressão suavizando.

— Eu também tenho sorte de ter você — respondeu, apertando de leve a mão dela sob a mesa.

Jiwon revirou os olhos ao ver a troca de olhares.

— Meu Deus, alguém me tire daqui antes que eu vire um mascote oficial de casal.

Todos caíram na gargalhada, e o clima leve e descontraído tomou conta do grupo. Entre provocações, risadas e promessas de futuro, elas sabiam que, independentemente do que acontecesse, sempre teriam umas às outras. E para Daehyn, isso era tudo o que importava.

Durante a noite, depois de sair do escritório Kim Advocacia, Harin resolveu parar na cafeteria, ela sentiu o seu celular vibrar sobre a mesa. Pegou o aparelho e viu uma mensagem de Kyler. Eles não se falavam desde que ele foi embora.

Kyler: "Tive notícias da sua mãe. Soube que ela foi vista com um milionário. Estão até comentando sobre casamento. Pelo que disseram, ele é um velho muito rico e ela anda falando para algumas pessoas que nunca mais colocará os pés na Coreia. Parece que não quer mais saber de você. Pelo jeito, encontrou um novo banco particular. Acho que finalmente ela vai te deixar em paz."

Harin leu a mensagem mais de uma vez, tentando absorver as palavras. Sua mãe realmente havia desaparecido de sua vida? Isso significava que ela poderia respirar em paz? Guardou o celular no bolso, sentindo um misto de emoções. Daehyn e Woobin chegaram pouco depois, ela tinha chamado os dois para um café. Assim que eles sentaram, ela soltou a novidade:

— Recebi uma mensagem do Kyler. Ele disse que minha mãe foi vista com um milionário e que estão falando de casamento. Pelo que disseram, ela nunca mais vai voltar para a Coreia. Parece que desistiu de mim de vez — Harin comentou, ainda incerta sobre como se sentir em relação a isso.

Daehyn olhou para ela.

— Eu espero que seja verdade. Afinal, ela sabe que se colocar os pés aqui, vai ser presa pelo que fez comigo. No fundo, ela percebeu que não tem mais controle sobre você, Harin — disse, firme, mas tentando transmitir conforto.

Woobin, assentiu em concordância.

— Eu também acho isso. Miran não é burra. Ela sabe que, se voltar, as consequências a alcançam. O tempo vai se encarregar de fazer ela pagar tudo o que fez. Pessoas como ela não escapam para sempre — afirmou.

Harin olhou para os dois e sentiu alívio e incerteza. Seria mesmo o fim de tudo isso? Poderia, enfim, seguir com sua vida sem medo? Suspirou, sentindo conforto no coração e na mente por finalmente se livrar da sombra que a perseguia por toda sua vida. Ela estava livre. Livre daquelas amarras que machucavam sua alma e sua mente. Livre da causadora de todos os gatilhos que ela desencadeou, mas que Daehyn estava ajudando-a a superar e seguir em frente.