Capítulo 97: A Verdade Sob as Estrelas

O salão diante deles parecia ser uma extensão da realidade, mas, ao mesmo tempo, uma completa distorção do mundo que Tang San, Elyss e Aeterna conheciam. As paredes estavam cobertas por uma tapeçaria de estrelas, como se o próprio universo estivesse à sua volta, distorcendo o espaço e o tempo. No centro do salão, uma esfera luminosa flutuava no ar, sua luz suave e prateada iluminando os três como se fosse uma espécie de farol. A atmosfera estava carregada de um poder incompreensível, algo que transcendia o físico e o espiritual.

Tang San olhou ao redor, sentindo a intensidade do lugar. A experiência do labirinto havia sido um teste não apenas de sua coragem, mas também de sua mente e espírito. Ele sabia que estavam mais próximos de uma verdade crucial, algo que poderia mudar tudo o que ele sabia sobre o seu caminho.

— O que é isso? — perguntou Elyss, sua voz baixa e reverente, como se ela temesse quebrar a quietude do momento. Ela caminhou lentamente em direção à esfera luminosa, seus passos silenciosos sobre o chão de pedra. — Isso... é alguma espécie de portal?

Aeterna se aproximou também, seu olhar atento fixo na esfera.

— Não é um portal, mas uma conexão com algo muito mais profundo. — Aeterna tocou a superfície da esfera com a ponta dos dedos, e um brilho intenso envolveu sua mão. — Esta esfera representa a essência do Labirinto das Almas. Ela não apenas guarda a verdade do que é, mas também os segredos mais profundos sobre o que vocês são.

Tang San franziu a testa, sentindo uma tensão crescente no ar. Ele olhou para Aeterna, que parecia profundamente imersa no poder da esfera. Ele sabia que estavam prestes a descobrir algo que talvez não estivessem preparados para ouvir.

— O que você quer dizer com isso? — perguntou Tang San, seu tom sério, mas com uma pitada de preocupação. — O que a esfera está tentando nos mostrar?

Aeterna retirou a mão da esfera, olhando agora para Tang San e Elyss. Sua expressão era enigmática, como se estivesse lidando com algo muito maior do que ela mesma.

— O Labirinto das Almas não é apenas um teste — explicou ela lentamente. — Ele é uma manifestação de algo que transcende o tempo e o espaço, algo que conecta todas as realidades, todas as existências. Ele não testa apenas quem vocês são agora, mas também quem foram e quem poderiam ser. Ele revela as verdades ocultas, as que estão além de nossa compreensão imediata.

Tang San, embora hesitante, se aproximou da esfera. Ele podia sentir uma energia pulsante emanando dela, como se estivesse em sintonia com seu próprio ser, mas de uma maneira que ele nunca tinha experimentado antes. Ele estendeu a mão cautelosamente e tocou a esfera. Instantaneamente, uma onda de poder atravessou seu corpo, e uma série de visões rápidas o envolveu.

Ele viu flashes de um futuro distante, cenas de batalhas que nunca havia travado, de um mundo que poderia ser completamente diferente do que ele conhecia. Em meio a essas imagens, ele viu figuras distorcidas, algumas familiares, outras desconhecidas. Ele viu a destruição e a criação de novos reinos, e no centro disso, ele viu a si mesmo — não como o jovem que havia chegado ao mundo de Douluo Dalu, mas como uma versão mais velha e poderosa, um homem marcado pelas escolhas que fizera.

E no último flash, ele viu a imagem de um grande conflito, uma batalha entre ele e algo muito maior que ele, algo que representava uma ameaça não apenas para este mundo, mas para todos os mundos possíveis. O que ele viu foi claro e nítido: um momento em que ele precisaria escolher, e essa escolha definiria o destino de tudo o que existia.

Quando as visões desapareceram, Tang San retirou a mão da esfera, sentindo-se tonto e desorientado. O impacto das imagens era imenso, como se seu próprio futuro tivesse sido revelado de uma forma brutal. Ele olhou para Aeterna e Elyss, as palavras presas em sua garganta.

Aeterna, que havia observado a reação de Tang San com atenção, deu um passo à frente.

— O que você viu? — ela perguntou, sua voz suave, mas cheia de expectativa.

Tang San olhou para ela, os olhos ainda carregados com a intensidade das visões.

— Eu vi o futuro... ou pelo menos, uma versão dele. Eu vi uma batalha, uma luta que... que pode destruir tudo o que conhecemos. Vi algo muito maior que eu, mais forte, mais perigoso do que qualquer inimigo que já enfrentei. E eu... eu estava no centro disso, lutando para salvar este mundo. Mas o preço, Aeterna... o preço pode ser alto demais.

Aeterna permaneceu em silêncio por um momento, processando as palavras de Tang San. Ela sabia que a revelação não era algo simples de lidar, mas também sabia que ele estava começando a compreender a gravidade de sua jornada.

— O Labirinto das Almas revela o que está por vir, mas o que você viu não é um destino inevitável — disse ela finalmente. — O futuro não é algo fixo, Tang San. O que você viu são as possíveis consequências das suas escolhas, mas ainda há tempo para mudar. Cada ação que tomamos cria uma ramificação, e com cada ramificação, o futuro se reconfigura.

Elyss, que até então estava em silêncio, deu um passo à frente, sua expressão reflexiva.

— E o que isso significa para nós agora? O que devemos fazer com o que sabemos?

Aeterna olhou para a esfera mais uma vez, e então, com um suspiro, respondeu:

— Agora, o Labirinto das Almas está nos oferecendo a verdade, mas não devemos deixar que ela nos paralise. O que está à frente será difícil, e talvez a maior prova seja aprender a lidar com o peso das escolhas que tomamos. Cada um de vocês tem um papel crucial nesse futuro, mas para seguir em frente, é preciso que se libertem das amarras do que viram. O verdadeiro teste é o que farão com esse conhecimento.

O salão à sua volta começou a tremer levemente, e as estrelas no teto começaram a brilhar com mais intensidade. A esfera luminosa emitiu um som suave, como se estivesse chamando-os para algo além.

— É hora de seguir — disse Aeterna, sua voz firme, mas tranquila. — A jornada ainda não terminou.

Tang San e Elyss trocaram olhares, a compreensão se formando entre eles. Eles haviam recebido a verdade, mas agora precisavam seguir em frente. Não seria fácil, mas sabiam que as respostas estavam à frente, aguardando-os.

Com um último olhar para a esfera, os três avançaram, o salão se fechando atrás deles, como se o labirinto os testasse mais uma vez. O que aguardava a frente era incerto, mas o caminho estava claro: eles precisavam enfrentar o que estava por vir, não como indivíduos, mas como uma equipe, unidos pela verdade que acabaram de descobrir.