“Antes de sermos soldados, éramos crianças.
Antes da guerra, existia o silêncio.
E antes do fim, existia... nós.” – Evenard, o Filósofo Errante
O mundo não caiu de uma vez só. Ele rachou lentamente — com cada escolha orgulhosa, com cada lei imposta, com cada medo cultivado. Por séculos, magia e ciência caminharam lado a lado. Uma se curvava ao instinto, à sensibilidade e ao mistério; a outra se erguia sobre cálculo, razão e método. Juntas, moldaram civilizações inteiras.
Mas o equilíbrio é um fio delicado, e o orgulho é uma lâmina invisível.
Não houve uma única guerra, mas uma sequência de choques ideológicos, traições e avanços perigosos. Quando os magos temeram que os engenheiros desvendassem a essência da alma, proibiram seus estudos. Quando os cientistas se cansaram dos mistérios e incertezas da magia, criaram armas que silenciavam feitiços. O mundo que nasceu desse colapso não era feito de convivência, mas de fronteiras. E onde há fronteiras, sempre haverá guerras.
E no meio de tudo isso, estavam eles: Nael Einsenhart, um jovem filho de camponeses, criado entre engrenagens, marchas militares e o desejo secreto por um mundo melhor; e Sayune Mikazari, uma híbrida marcada por sua herança mágica e animal, peregrina entre ruínas, buscando sentido em um mundo que só sabia julgá-la.
Eles nasceram em lados opostos. Mas suas cicatrizes, seus medos, seus sonhos… eram idênticos.
Esta história é uma jornada. Uma jornada por campos destruídos, vilarejos esquecidos e cidades onde o tempo se partiu. Mas, acima de tudo, é uma jornada ao centro do vazio que cada um carrega por dentro — e ao milagre que pode nascer quando duas almas perdidas se encontram.
Eles não queriam ser heróis.
Eles só queriam um lugar onde pudessem existir.
E juntos… construiriam esse lugar.