Traída pelo Sangue~
O som de vidro estilhaçado ecoou pelo quarto quando Cain jogou mais um copo contra a parede. Ele andava furiosamente de um lado para o outro, com as mãos cerradas em punhos apertados.
Isso não podia estar acontecendo com ele.
Uma companheira?
Ele passou a mão pelos cabelos, puxando as raízes. Não fazia sentido. Ele passou anos sem uma, construindo e evitando isso apenas para desmoronar em um segundo. E agora, uma garota de dezenove anos? Isso é uma piada barbaramente ridícula!
"Merda!" Cain rosnou, batendo a palma da mão contra a mesa.
A porta rangeu ao abrir. Cain nem se importou em olhar. "Saia," ele disparou.
"Você vai se matar se continuar assim," uma voz calma respondeu.
Ele virou-se bruscamente, seu olhar pousando em Lydia, sua beta. Ela estava lá com os braços cruzados. "Você tem desejo de morte? Saia daqui, porra!"
"Não, não tenho, mas ver que as empregadas domésticas estão com medo até de passar pelo corredor me diz tudo. O que você está fazendo, Cain? Está tentando destruir este lugar?" Ela respondeu, entrando completamente na sala, seu olhar passando pela bagunça no chão.
"O que diabos você quer, Lydia?" Cain rangeu os dentes.
"Impedir você de destruir este lugar, para começar. E talvez colocar algum juízo na sua cabeça." Ela respondeu calmamente.
"Não preciso do seu conselho," Cain cuspiu.
Lydia arqueou a sobrancelha. "Oh, claramente. Você está lidando tão bem com isso." Ela gesticulou para o vidro quebrado e a cadeira virada. "Fazer birra como uma criança não muda o fato de que ela é sua companheira."
O maxilar de Cain se contraiu, seu punho apertando, "Ela tem dezenove anos, Lydia. Dezenove. Você sabe o que isso significa?"
Lydia inclinou a cabeça. "Significa que você não pode rejeitá-la ainda. Não até ela fazer vinte anos e receber seu lobo."
"Você acha que eu não sei disso, porra?!" Cain rugiu, batendo o punho na mesa novamente. "Eu conheço as malditas regras. Não preciso que você me lembre."
Lydia suspirou, "Então qual é o problema? Ela é só uma criança. Deixe-a em paz até chegar a hora."
A risada de Cain foi amarga e vazia. "Não é tão simples. Ela está... na minha cabeça. Já posso sentir o vínculo me puxando como uma maldita coleira." Ele voltou seu olhar furioso para ela. "Eu não quero uma companheira. Nem agora, nem nunca."
"Então ignore," Lydia disse.
O olhar de Cain endureceu, "Não me patronize, Lydia. Se você não tem nada sensato para dizer, então saia e vá cuidar de assuntos que realmente precisam de atenção. Saia." Ele rosnou para ela.
Lydia suspirou internamente, "Alfa, talvez você devesse tentar—"
"Saia." Cain disparou, sua voz caindo para um tom mortal. Seus olhos brilharam vermelhos.
Lydia enrijeceu, "Você está sendo irracional, Cain. Essa sua teimosia só vai causar—"
O som de um vaso se estilhaçando contra a porta atrás dela cortou suas palavras. Cain nem mirou nela, mas a mensagem estava clara.
"Fora." Ele rosnou.
O maxilar de Lydia se contraiu, "Como desejar, Alfa Cain." Ela arrastou as palavras e saiu.
Cain rosnou baixo, andando de um lado para o outro. O vínculo era uma maldição—uma coleira que ele se recusava a usar. Ele não seria ligado a uma garota frágil e doente. Ele nunca se interessou em ter uma companheira. Ele odiava a ideia de estar vinculado a alguém, especialmente depois do que aconteceu. Ele se recusava a seguir as regras da deusa. Ele tinha pedido a ela, dito a ela, avisado a ela para manter essa merda de companheiro longe dele, ainda assim ela lhe deu uma.
"Lucas!" Ele rosnou e o homem que tinha trazido Avery entrou correndo no escritório.
"Sim, alfa."
"Aquela garota, mande-a para Kendra."
O homem, Lucas, arregalou os olhos para Cain, choque preenchendo seu olhar. "Kendra, alfa, você tem certeza—"
"Eu não pedi sua opinião... Faça isso, vamos ver quanto tempo ela dura." Lucas assentiu e se curvou antes de correr para cumprir suas ordens.
Cain se serviu de um copo de uísque e o virou. Deixe a deusa ver o que seu pequeno 'presente' suporta sob a vigilância de Xander. Talvez isso a ensinasse a não brincar com ele.
Uma batida o tirou de seus pensamentos, ele se virou para ver um guarda entrar cautelosamente. "Alfa, capturamos o Alfa Rowan."
Cain se endireitou, seus olhos escurecendo no segundo em que ouviu o nome do homem. Rowan. Aquele maldito covarde.
"Ótimo." Ele pegou seu casaco, "Prepare o salão. Quero que toda a alcateia testemunhe o que acontece com traidores."
No salão principal, os membros da alcateia já estavam se reunindo. Todos sabiam da traição de Rowan a Vehiron, todos antecipando o julgamento do Alfa ao traidor que se ajoelhava no meio, amarrado com correntes e brutalmente espancado. Avery estava no meio da multidão, segurada por duas mulheres que a tinham tirado do quarto onde estava hospedada.
Cain entrou no salão e tudo ficou em silêncio, os olhos de Avery estavam fixos no homem, seu companheiro. Ele exalava poder, algo que ela nunca tinha percebido.
Cain encontrou os olhos do homem e Rowan começou a tremer, seu rosto empalidecendo. "A-Alfa." Ele gaguejou enquanto Cain caminhava em sua direção com um sorriso doentio. "E-Eu posso explicar." Rowan gaguejou.
"Você me traiu, Rowan." Cain disse, sua voz baixa, olhos tão escuros quanto os do diabo. "Você sabe o que acontece com traidores, Rowan?"
Rowan engoliu em seco, seu corpo tremendo tanto, "A-Alfa Cain, por favor-eu posso explicar—"
"Explicar? Tsk, tsk, tsk," Cain interrompeu, seu tom zombeteiro. "Explicar como você vendeu Vehiron? Por que você achou que iria me trair e viver para contar a história?"
"E-Eu não quis—"
A mão de Cain disparou, agarrando Rowan pela garganta, levantando-o sem esforço do chão. A alcateia ofegou em choque, observando enquanto Rowan se debatia sufocado e arranhava a mão de Cain para respirar.
"Você não quis?" Cain rosnou, seus olhos brilhando vermelhos. "Você acha que me importo com sua desculpa, Rowan? Ações têm consequências e hoje, você vai pagar integralmente."
Cain jogou Rowan no chão, seu corpo batendo duramente no piso de mármore. Rowan gemeu, seu corpo desmoronado enquanto sangue escorria de seu lábio partido.
Cain se aproximou, observando enquanto o homem implorava, mal conseguindo mover seu corpo. Cain levantou a perna e pressionou sua bota sobre as costelas do homem, esmagando-o contra o chão duro.
"Você vai ser um exemplo, Rowan. Vehiron nunca esquecerá o que acontece com aqueles que me traem." Os olhos injetados de Rowan encontraram os de Cain e naquele instante, ele soube que estava acabado.
Cain retraiu suas garras e envolveu ambas as mãos ao redor do pescoço de Rowan, ele o levantou novamente como se não pesasse nada. Rowan ofegou e cuspiu, lágrimas escorrendo de seus olhos, suas pernas chutando fracamente no ar.
Cain torceu a cabeça de Rowan bruscamente, o som de ossos estalando preencheu a sala, suspiros ondularam pelo salão enquanto Cain arrancava a cabeça de Rowan de seu corpo, sangue espirrou por toda parte, encharcando o rosto e o peito de Cain. O corpo sem vida de Rowan caiu no chão com um baque surdo e Cain jogou sua cabeça decepada ao lado com um baque nauseante.
O salão estava mortalmente silencioso, apenas o leve pingar de sangue no chão podia ser ouvido. Cain permaneceu alto, seu peito arfando então ele encontrou os olhos de Avery Jae.
O olhar nos olhos dela, era algo que ele tinha visto várias vezes. Ela o encarava como todos os outros, como se ele fosse um monstro. Ela estava horrorizada, até enojada, seu corpo tremendo enquanto o encarava, seus lábios entreabertos como se estivesse gritando silenciosamente e por um breve segundo, ele sentiu o vínculo puxar em seu peito, mas o olhar de Cain não suavizou, pelo contrário, seu olhar ficou mais sombrio.
Ele virou as costas para ela, sua voz trovejou pelo salão. "Limpem essa bagunça." Ele ordenou friamente. "E lembrem-se. Lealdade não é opcional."