Ouvidos Surdos

Natalie~

Tudo parecia que eu estava no meio de um pesadelo. Minhas pernas tremiam enquanto o sorriso malicioso do Zane se gravava em minha memória. Suas palavras ecoavam em meus ouvidos, uma acusação coberta de diversão sombria. Ele sabe. As palavras continuavam tocando em minha cabeça como um disco; mas como? Meu coração batia forte contra minhas costelas enquanto eu o encarava, minha boca estava seca, incapaz de formar um único pensamento razoável.

"O que... do que você está falando?" gaguejei, rezando para soar confusa o suficiente para convencê-lo.

A risada do Zane preencheu a sala, mas não era uma risada de humor. Sua risada era afiada, condescendente— como se ele não pudesse acreditar que eu ousara bancar a inocente com ele— "Ah, não se faça de desentendida," ele disse, seu tom transbordando raiva contida. "Vocês humanos pensam que são espertos. Posso sentir o cheiro dele em você. O cheiro do Alfa. Você está fedendo a ele; onde ele está? Seu companheiro? E por que você está aqui fingindo ser uma garota inocente sem ninguém?"

Eu congelei. O peso de suas palavras esmagou qualquer resposta que eu pudesse ter. Minha mente corria a mil por hora. Ele é um lobisomem. A realização me atingiu como água fria. Mas ele não sabia quem era Darius. Isso estava claro pela maneira como ele falava, e também, ele parecia pensar que eu era humana.

Engoli em seco, me forçando a manter a calma. Se ele descobrisse sobre meu passado, me julgaria como todos os outros fizeram. Ele pensaria que eu era uma traidora—uma pária. A sala parecia estar me afogando, e meus instintos gritavam para eu correr, mas minhas pernas se recusavam a se mover.

"Responda!" Zane latiu, sua voz cortando minha névoa mental. Eu me encolhi, mas permaneci em silêncio. Se eu dissesse algo errado, poderia piorar tudo. Eu tinha que encontrar uma saída daqui. Mais tarde, eu poderia encontrar uma maneira de salvar Garrick sozinha.

Os lábios do Zane se curvaram em um sorriso sem humor. "Ah, entendo," ele disse, sua voz fria e calculista. "Você está quieta porque é culpada. Me diga, quem te enviou? Eles acharam que você poderia me matar usando meu querido filho como distração?"

Sua acusação me causou um arrepio na espinha. "Eu... eu não sei do que você está falando," eu disse, minha voz soando muito pequena. "Não estou aqui para machucar ninguém. Nem sei quem é seu filho! Tudo que quero é cuidar do meu amigo, Garrick. Só isso."

A risada do Zane cortou o ar novamente, desta vez mais sombria e ameaçadora. "Você realmente espera que eu acredite nisso?" Ele se inclinou mais perto, seus olhos se estreitando para mim. "Se você não me contar a verdade, nunca mais verá Garrick."

Jack rosnou, seu latido quebrando o frio na sala. Zane voltou sua atenção para ele, sua expressão suavizou imediatamente. "Nora," Zane chamou por cima do ombro. "Leve Alexander para o quarto dele."

O quarto dele? Jack tinha seu próprio quarto?

Nora hesitou por um momento mas eventualmente convenceu Jack a sair. Quando a porta se fechou atrás deles, senti uma forte onda de confusão e medo. O que estava acontecendo? Por que Zane estava tão convencido de que eu fazia parte de algum complô contra ele?

"Você não quer me contar a verdade, não é?" Zane perguntou, sua voz agora desprovida de qualquer calor. "Tudo bem. Vou descobrir por conta própria."

"Eu já te disse a verdade!" insisti, minha voz tremendo. "Ninguém me enviou. Sou apenas uma garota normal tentando salvar a vida de seu amigo. Só isso."

Zane sorriu maliciosamente de novo, mas não havia diversão em seus olhos. "Veremos sobre isso." Ele se virou para seu pai, que estava em pé silenciosamente no canto da sala de estar. "Charlie, vá buscar Abel e Ronald."

Charlie assentiu e saiu da sala. Meu estômago se revirou de pavor enquanto eu esperava, o silêncio se estendendo insuportavelmente. Momentos depois, dois homens entraram na sala. Abel era alto e magro, com cabelos escuros e olhos verde-floresta que pareciam ver através da minha alma. Ronald era mais largo, seus músculos esticavam sua camisa, e sua expressão era de frieza distante. Ele parecia que nunca tinha sorrido um dia em sua vida.

"Abel," Zane ordenou, apontando para mim. "Cheire ela, depois vá descobrir de quem é o cheiro que ela está carregando."

Abel se aproximou, seus movimentos lentos e deliberados. Eu recuei, meu pulso martelando em meus ouvidos. Ele inalou profundamente, suas narinas se dilatando enquanto seus olhos afiados se fixavam nos meus. Depois de um momento tenso, ele se endireitou e inclinou a cabeça para Zane antes de sair silenciosamente da sala.

O olhar do Zane mudou para Ronald. "Leve-a para um dos quartos de hóspedes e tranque-a. Certifique-se de que ela não vá a lugar nenhum até eu completar minha investigação."

"Não!" eu gritei, pânico correndo pelo meu corpo. "Não sou uma criminosa! Não fiz nada de errado! Por favor, você tem que acreditar em mim!" Oh, Deusa, minha vida ia acabar antes mesmo de eu ter a chance de vivê-la. Que crime eu cometi afinal?

Ronald agarrou meu braço, seu aperto era firme mas não doloroso, e começou a me levar para fora da sala. Eu lutei contra ele, minha voz aumentando em desespero. "Senhor, por favor! Estou dizendo a verdade! Só quero ajudar Garrick! É só isso que me importa!"

A voz do Zane me seguiu enquanto eu era arrastada. "É o que todos dizem."

A porta bateu atrás de nós, selando meu destino. Minhas súplicas ecoavam em minha mente, sem resposta e sem serem ouvidas. Como sempre.