A Visita Real

Natalie~

Agarrei a mão do meu pai enquanto lutava para acompanhar suas passadas longas e urgentes. Minhas pernas doíam, minha respiração vinha em arquejos agudos, mas me forcei a continuar. Diminuir o ritmo não era uma opção. Meu mundo já havia desmoronado.

Engolindo o nó na garganta, arrisquei olhar para ele. "Pai," perguntei hesitante, minha voz soando pequena. "Com tudo que está acontecendo, você acha que o Alfa Darius vai sequer nos ouvir?"

Meu pai olhou para mim, seus olhos normalmente cinza e calorosos nublados com algo que raramente via neles—medo. "Vou explicar tudo, Natalie. Ele vai entender. Apenas fique perto."

Assenti, embora o pavor arranhasse meu estômago.

À frente, a residência do Alfa se erguia, uma fortaleza de pedra escura e colunas imponentes. A estrutura era tão imponente quanto o homem que governava de dentro—Alfa Darius Blackthorn. Um líder tanto respeitado quanto temido. Meu pai, Evan Cross, era seu Beta, seu guerreiro mais confiável. Mas hoje, meu pai não carregava a confiança habitual de um homem que ficava ao lado do Alfa.

Hoje, ele parecia um homem desesperado por um milagre.

Entramos no saguão principal, seus tetos altos e luminárias ornamentadas elaboradamente fizeram meu coração apertar de uma maneira que não conseguia explicar. O piso polido brilhava sob nossos pés, mas nenhum calor vinha da enorme lareira de pedra. Meu pai mal reconheceu nada disso enquanto avançava, seus passos ecoando pelo corredor.

Quando chegamos ao escritório do Alfa, ele bateu uma vez.

"Entre," veio a voz profunda e autoritária de dentro.

Meu pai empurrou a pesada porta de madeira, e eu o segui.

Alfa Darius estava sentado atrás de uma enorme escrivaninha de carvalho, seus ombros largos eretos, seus olhos negros afiados como os de um predador. Uma cicatriz irregular cortava sua bochecha esquerda, apenas acrescentando à sua presença feroz. Mas quando seu olhar pousou em mim, a severidade habitual em seu rosto suavizou por um breve momento, um lampejo de familiaridade que eu havia aprendido a valorizar.

"Evan," disse o Alfa, sua voz firme mas decidida. "Por que você está aqui? E por que sua filha parece que viu um fantasma?"

Meu pai deu um passo à frente, suas mãos agarrando a borda da mesa. "Darius, é a Isla. Ela foi levada." Sua voz tremeu, crua de medo. "Cheguei em casa esta manhã e encontrei Natalie chorando. Ela me disse que Isla foi levada ontem."

As sobrancelhas do Alfa Darius se franziram. "Levada? Por quem?"

"Não sabemos," disse meu pai, sua voz falhando. "Mas preciso ir atrás dela. Tenho que encontrá-la."

O rosto do Alfa endureceu. "Evan, isso é sério, mas você sabe que dia é hoje. A família real estará aqui em algumas horas. Não podemos nos dar ao luxo de distrações. Você tem responsabilidades."

"Darius, por favor," meu pai implorou. "Ela pode estar em perigo. Estou implorando—deixe-me ir."

Alfa Darius inclinou-se para frente, seus olhos escuros como uma tempestade. "Não." A palavra foi final. "Você é o Beta. Sua ausência seria um insulto à alcateia. Depois que os reais partirem em quatro dias, eu pessoalmente ajudarei você a encontrá-la. Mas até lá, você fica aqui."

"Quatro dias?" A voz do meu pai quebrou. "Darius, ela pode estar morta até lá! Por favor, irei sozinho—só preciso de sua permissão."

O rosto do Alfa virou pedra. "Não. Essa é minha decisão final. Agora vá e certifique-se de que tudo esteja impecável."

Meu pai ficou paralisado por um momento, seus ombros tremendo com a dor que tentava esconder. Ele não discutiu. Não lutou. Mas eu podia ver—a angústia, a impotência apertando-o como uma cobra.

Quando saímos do escritório, seu silêncio era mais pesado que palavras. Seu maxilar estava tão apertado que pensei que pudesse quebrar os dentes.

Mas eu conhecia meu pai.

E sabia que nenhuma força no mundo—nem mesmo o próprio Alfa—poderia impedi-lo de ir atrás da minha mãe.

Em vez de me levar para casa, ele me levou para a casa de Malcolm, meu melhor amigo. Seus pais nos receberam calorosamente, embora seus sorrisos vacilassem quando viram a expressão do meu pai.

Agachando-se na minha frente, meu pai pegou minhas mãos nas suas. Seu aperto era forte, mas seus olhos... seus olhos estavam cheios de tristeza. "Fique aqui, Natalie. Vou trazer sua mãe de volta. Eu prometo."

"Mas e o Alfa?" sussurrei, minha voz tremendo. "E se ele ficar bravo?"

Meu pai forçou um sorriso, mas não chegou aos olhos. "Não se preocupe com isso. Eu cuido disso."

Ele me deu um beijo na testa, e fizemos nosso aperto de mão secreto—uma série boba de toques e gestos que normalmente me faziam rir.

Mas desta vez, não consegui sorrir.

"Eu te amo, Natalie," ele disse, sua voz nublada com emoções consumidoras.

"Eu também te amo, Pai."

Ele me puxou para um abraço apertado, segurando por mais tempo que o normal.

E enquanto o via sair pela porta, um sentimento terrível se instalou em meu peito.

Um sentimento que me dizia que esta poderia ser a última vez que o veria.

********

Naquela tarde, caminhei com a família do Malcolm—sua mãe, pai, irmã e irmãos gêmeos—em direção à celebração, apesar de tudo, um pouco de excitação pulsava em minhas veias. A família real sempre foi um mistério para mim, sussurrada em histórias e lendas. Escolhidos pela própria deusa, diziam que carregavam sangue divino. Minha mãe frequentemente falava de uma antiga profecia—a cada dois mil anos, a deusa enviaria sua amada filha para sua linhagem, uma herdeira celestial destinada a trazer luz e alegria ao mundo. Mas nenhuma herdeira assim havia aparecido ainda.

Ainda assim, a família real permanecia uma força de poder, envolta em mistério e respeito inquestionável.

Mas minha excitação foi curta.

Nem tínhamos chegado aos terrenos da festa quando dois guardas bloquearam nosso caminho, seus corpos massivos pairando sobre nós como estátuas imóveis. Seus olhos eram afiados, frios. "O Alfa quer ver você," um deles disse, sua voz cortando o ar da noite.

O mundo ao meu redor pareceu desacelerar. A mãe do Malcolm apertou meu ombro, mas seus dedos tremiam. Ninguém argumentou. Ninguém perguntou por quê. Simplesmente seguimos.

Enquanto os guardas me guiavam pela vila, as risadas e música da celebração desapareceram atrás de nós, engolidas pelo silêncio pesado que se infiltrava em nossos próprios ossos.

Dentro da sala de estar, Alfa Darius andava como um animal enjaulado, cada passo exalando tensão e poder contido. Vendo isso, me preparei para o que estava por vir.

No instante em que entramos em sua presença, seu olhar fixou-se em mim, e sua raiva detonou.

"Onde. Ele. Está?"

As palavras explodiram de seus lábios, cada sílaba carregada de autoridade crua.

Minha boca ficou seca.

Ele não precisava dizer um nome. Eu sabia exatamente de quem ele falava.

"Eu—ele foi buscar minha mãe," gaguejei, minha voz saiu pequena, fraca.

Alfa Darius voltou seu olhar ardente para o pai do Malcolm.

"Isso é verdade?"

O pai do Malcolm hesitou, seu pomo de adão subindo e descendo enquanto engolia. "Sim, Alfa. Ele deixou Natalie esta manhã e—"

"E você não achou apropriado me contar?" A voz de Darius baixou para um sussurro mortal.

O silêncio que seguiu foi aterrorizante.

"Eu... não achei que precisava," o pai do Malcolm conseguiu dizer, suor brotando em sua têmpora. "O Beta frequentemente deixa Natalie conosco—"

"Cale-se!"

A palavra estalou como um chicote.

Alfa Darius deu um passo à frente, sua presença fazendo todos na sala encolherem, sua fúria era como uma tempestade mal contida. Seus olhos brilhavam com escuridão, mesmo sendo criança, eu podia ver isso.

"Você acha que sou tolo?" ele sibilou. "Que não notaria meu Beta ausente num dia como este?"

Engoli em seco, minhas pernas ameaçando ceder sob mim.

O olhar de Darius voltou-se para mim, me pregando no lugar.

"O que exatamente ele disse antes de partir?" ele latiu, seus olhos fixos nos meus como um lobo caçando sua presa. "Ele mencionou para onde estava indo? Quem ele achava que tinha levado sua mãe?"

Balancei a cabeça rapidamente. "Nada! Ele não me disse nada—"

Um sorriso cruel tremeu em seus lábios. "Mentiras."

Ele levantou uma mão e, antes que eu pudesse reagir, seus dedos apertaram minha garganta—não o suficiente para sufocar, mas o suficiente para me lembrar quem detinha o poder nesta sala.

"Você está mentindo para mim," ele murmurou, sua voz impregnada de ameaça silenciosa. "E eu não tenho tempo para jogos."

O terror pulsava através de mim como algo vivo, mas me forcei a encontrar seu olhar. "Eu juro, não sei de nada," sussurrei.

Alfa Darius manteve meu olhar por um momento longo e agonizante. Então, sem aviso, me soltou com um empurrão, me fazendo cambalear para trás.

"Levem todos eles," ele ordenou, sua voz como trovão. "Joguem-nos na masmorra. Veremos quanto tempo até a verdade começar a escorrer."

Dois guardas me agarraram, seus apertos inflexíveis.

O pânico surgiu através de mim. "Não! Por favor, Alfa! Eu não fiz nada—"

Meus gritos foram ignorados.

A última coisa que vi antes de sermos arrastados foi o olhar frio e impiedoso de Darius me observando desaparecer na escuridão.

********

A cela fria e úmida tornou-se meu mundo pelos próximos quatro dias. O medo apertava meu coração, a fome roía meu estômago e a sede queimava minha garganta. Malcolm, seus irmãos e eu nos amontoamos juntos para nos aquecer, o medo em seus olhos igual ao meu, enquanto seus pais foram colocados em outra cela.

No quinto dia, os guardas nos arrastaram para fora. Estávamos fracos e sujos e tropeçamos na luz do sol apenas para sermos marchados direto para o local da execução.

A multidão se abriu quando fomos forçados a nos ajoelhar na terra. Sussurros chegaram aos meus ouvidos: "Filha do traidor."

"Todos eles vão morrer por isso."

Olhei fixamente para meus pais. Minha mãe parecia quebrada e machucada; seus olhos outrora azuis brilhantes estavam vazios, ajoelhada ao lado do meu pai que parecia ter envelhecido anos em apenas dias. Por que ele voltou? Pai não deveria ter trazido mãe de volta para cá.

"Me desculpe," ele sussurrou para mim enquanto eu me ajoelhava ao seu lado. "Seja forte, minha pequena lua. A Deusa está com você."

Alfa Darius deu um passo à frente, sua presença comandou silêncio. Sua voz trovejou, fria e dura, cortando através da multidão como um chicote.

"Evan Cross virou as costas para esta alcateia, abandonou seus deveres com a alcateia e nos envergonhou diante da família real. Sua traição é imperdoável e por isso ele e seus cúmplices morrerão."

O olhar de Darius varreu os lobos reunidos, afiado e implacável. "Como Alfa da Matilha Presa de Prata, exerço minha autoridade e sentencio todos vocês à morte—pela mordida de balas de prata."

Lágrimas escorriam pelo meu rosto enquanto eu gritava, "Não! Por favor!" Mas ninguém ouviu.

Os guardas ergueram suas armas. Um por um, executaram a família do Malcolm, eu os vi cair como doces. Então minha mãe. Seu corpo sem vida desabou no chão, e senti minha alma se despedaçar. O Alfa guardou meu pai por último, fazendo-o assistir ao massacre.

Quando chegaram a mim, Darius zombou. "Você viverá, Natalie. Um lembrete ambulante do fracasso do seu pai."

"Não!" Pai implorou. "Por favor, não a puna pelos meus erros!"

Alfa Darius o ignorou e puxou o gatilho ele mesmo. Silenciando-o com uma bala de prata. Seu corpo desabou ao meu lado, e eu me ajoelhei na terra encharcada de sangue, cercada por morte e desespero, enquanto o sorriso cruel do Alfa queimava em minha memória.

Minha vida havia acabado.