Não É da Sua Conta

Zane~

O tique-taque suave do relógio na minha mesa parecia estar me provocando. Marcava 2:00 da manhã, mas eu não conseguia conter o crescente sentimento de medo que apertava meu peito.

Meu escritório, geralmente um lugar de controle e decisões calculadas, parecia pequeno enquanto as horas se arrastavam. Eu andava de um lado para o outro, minhas botas ecoando contra o piso polido, um rosnado ocasional escapando dos meus lábios. Abel e Roland estavam lá fora procurando, mas seu silêncio alimentava minha frustração. Minha mente estava em caos, girando com perguntas que eu não podia responder.

"Natalie?" murmurei para mim mesmo, minha voz tingida de frustração e culpa. "Onde diabos você está?"

Me apoiei na borda da minha mesa, agarrando sua superfície com força. Meus nós dos dedos ficaram brancos enquanto eu fechava os olhos e ativava o elo mental.

"Abel. Roland. Algum sinal dela?"

A voz de Abel veio através, firme mas tensa. "Ainda estamos procurando, Sua Alteza. Vasculhamos o distrito leste, mas nenhum sinal dela ainda. Vamos verificar os arredores em seguida."

Roland interveio em seguida, seu tom igualmente sombrio. "Estamos nos movendo rápido, mas é uma cidade grande. Se ela estiver tentando se esconder, não será fácil rastreá-la."

Exalei bruscamente, esfregando minhas têmporas. "Me mantenham informado. Não parem até encontrá-la."

Seus reconhecimentos desvaneceram, me deixando sozinho com meus pensamentos mais uma vez. Eu a trouxe para cá, tirei-a de um abrigo para sem-teto de uma cidade pequena e a trouxe para esta cidade caótica. Se algo acontecesse com ela, seria culpa minha.

O relógio marcava 3:43 da manhã, os números brilhantes zombando de mim com sua indiferença. Minha inquietação se tornou insuportável. E se ela estivesse machucada? E se ela tivesse caído em mãos erradas? O pensamento enviou uma pontada através do meu peito, aguda e dolorosa. Mas por quê? Por que eu me importava tanto com uma garota que mal conhecia? Uma mentirosa ainda por cima?!

As respostas me escapavam.

Eu estava prestes a alcançar o elo mental novamente quando a voz de Abel de repente cortou meus pensamentos. "Sua Alteza! Nós a encontramos."

O alívio inundou minhas veias, mas foi seguido por uma raiva estranha e inabalável. "Ela está segura?"

"Ela está bem," Abel me assegurou. "Estamos trazendo ela de volta para a propriedade agora."

A conexão se quebrou, me deixando parado no meio do meu escritório, meus punhos cerrados ao meu lado. Uma enxurrada de emoções fervia dentro de mim—alívio, raiva e algo mais profundo que eu não conseguia nomear. Sem pensar, corri para a sala de estar, incapaz de ficar parado.

Fiquei junto à porta, meus olhos fixos na longa entrada da garagem lá fora. Os minutos se arrastavam, cada um mais pesado que o anterior. Finalmente, o ronco de um veículo se aproximando quebrou o silêncio. Faróis iluminaram o caminho de cascalho enquanto uma van se aproximava.

No momento em que as portas se abriram, a cena irrompeu em caos. Dois dos meus homens saíram, arrastando Natalie com eles. Ela estava chutando, se debatendo e gritando, sua voz rouca de desespero.

"Me soltem!" ela gritou, lágrimas escorrendo pelo seu rosto. "Eu não fiz nada de errado! Por que vocês estão fazendo isso comigo?!"

Meu coração se contorceu, mas me forcei a manter a compostura, recuando da porta e fingindo que não estava esperando por eles.

"Tragam ela para dentro," ordenei, meu tom frio e autoritário.

Eles a carregaram para a sala de estar, suas lutas diminuindo apenas quando a jogaram rudemente no chão. Ela ficou sentada lá, tremendo, seu rosto manchado de lágrimas me encarando. Mas não era apenas seu olhar que chamou minha atenção—era sua aparência.

O vestido sujo que ela estava usando mais cedo tinha sumido, substituído por uma jaqueta verde, um suéter creme, jeans escuro e botas. Seu cabelo, anteriormente desarrumado, estava penteado, e um leve aroma de rosas pairava no ar.

Estreitei os olhos. "Onde você conseguiu essas roupas?" exigi, minha voz afiada. "E como você conseguiu escapar da minha casa? Pelo que eu saiba, você não tinha dinheiro."

Seu olhar ficou mais duro. "Se você está me acusando de roubo," ela disparou, sua voz tremendo de raiva, "você está errado. Seu amigo—o homem mascarado—comprou elas para mim."

Congelei, minha mente girando. "O homem mascarado?"

Ela assentiu, seu maxilar tenso. "Sim, ele. Ele comprou roupas para mim, bugigangas e jantar. E depois me entregou para seus homens como se eu fosse algum tipo de... coisa."

Me virei para Abel e Roland, minha voz baixa e perigosa. "De quem ela está falando?"

Abel se mexeu desconfortavelmente. "Meus homens disseram que ela foi trazida até eles em um abrigo para sem-teto por alguém vestido de preto e usando uma máscara. Eles não o reconheceram."

Uma onda de fúria atravessou meu corpo. Eu não conhecia esse homem, mas ele tinha tomado para si a liberdade de interferir nos meus assuntos. E pior, ouvir sobre ele despertou algo que eu não conseguia explicar—uma possessividade que queimava em minhas veias.

Red rosnou no fundo da minha mente, agitado e inquieto. Ele nunca tinha reagido assim a ninguém além de Alexander e Emma. Não Nora. Não Charlie. Ninguém. Ainda assim, essa garota—essa frustrante, irritante, mentirosa de uma garota—despertava algo cru dentro de mim.

"Natalie," eu disse, minha voz se elevando. "Quantas vezes você vai mentir para mim? Primeiro Garrick, depois Alfa Darius, e agora esse seu amigo mascarado. Quantos homens inexplicáveis existem na sua vida?" Minha raiva aumentou, e eu não pude me conter. "Quem mandou você atrás de mim? Foi o Darius? Ou seu amigo mascarado? Fale! Quem mandou você aqui para arruinar minha vida e a do meu filho?!"

Seu rosto de repente ficou vermelho como uma cereja, e antes que eu pudesse processar o que estava acontecendo, ela já estava de pé.

"Arruinar sua vida?" ela gritou, sua voz rachando de raiva. "Tudo que você fez desde que me trouxe aqui foi me acusar de uma coisa após a outra! Sabe de uma coisa? O que acontece na minha vida não é da sua conta!"

Ela tomou um fôlego trêmulo e deu um passo à frente, suas mãos fechadas em punhos. "Estou cansada de ser tratada como lixo por todos ao meu redor. Se você quer me matar, Zane, então vá em frente e faça isso! Pelo menos finalmente terei alguma paz!"

Minha mente congelou e eu fiquei ali, sem palavras.

Ela acabou de gritar comigo?